BIBLIOGRAFIA

O ARQVIVO DO DISTRITO DE AVEIRO dará sempre notícia das obras à sua Redacção enviadas quer por autores quer por editores.

De harmonia com a prática seguida pelas publicações suas congéneres, fará também algum comentário crítico aos livros de que receba dois exemplares.


ÉMILE SCHAUB-KOCH. − Faria de Castro et ses dessins; éditions ARS, 1941; 8 págs; ilustr. fora do texto.

É sempre altamente consolador ao espírito de quem acompanha o movimento cultural do seu país, com patriótico e impessoal interesse, encontrar casos de projecção do trabalho nacional nos meios estrangeiros. E quando esse trabalho logrou impressionar mentalidades como a do autor da notícia crítica acima registada, que excedem em muito o nível do simples homem culto de nossos dias, podemos ter a certeza de estar em presença dum caso que merece atenção, e o interesse da referência aumenta, como é evidente.

ÉMILE SCHAUB-KOCH é um dos mais eminentes críticos de Arte da Europa contemporânea; a sua produção bibliográfica, como tivemos ocasião de notar quando, não há muito ainda, transpusemos para português o primoroso estudo critico que dedicou à obra do poeta católico de Cuba, Armand Godoy, é assombrosa, tendo abordado os mais transcendentes problemas de Estética e de História de Arte. O prof. SCHAUB-KOCH é um pensador, e os seus pontos de vista virão a codificar-se num corpo de doutrina estética interessantíssima, pois não lhe falta base científica nem a observação directa das melhores colecções de Arte, públicas ou particulares, aliado, tudo, a um admirável e invulgar senso critico.

Foi este eminente homem de Ciência que o prof. FARIA DE CASTRO teve a boa sorte de conhecer num dos seus estágios no Estrangeiro. SCHAUB-KOCH é grande amigo de Portugal, cuja Arte e História muito o interessam; publicou já algumas impressões sobre a arte portuguesa do século XV e o retábulo dos Navegadores, e sobre as esculturas do nosso grande estatuário Teixeira Lopes; colabora também assiduamente na revista do Instituto de Coimbra, de que é membro honorário.

Acolheu com simpatia os desenhos do nosso compatriota, neles descobrindo a centelha prometedora das grandes realizações; conhecedor do esforço que o Prof. FARIA DE CASTRO tem posto ao serviço da renovação do ensino do Desenho entre nós, presta-lhe calorosa homenagem que o valor da sua obra de crítico eminente, e a responsabilidade do seu nome, de prestígio mundial, mais valorizam e realçam.

Sinceramente nos congratulamos pela distinção que o grande Mestre suíço acaba de conferir ao nosso ilustre compatriota.

R. M.

REVERENDO M. FERNANDES DOS SANTOS. − A minha terra: breves apontamentos sobre Romariz; Porto, 1940; 388 págs. + XXXVII de música regional.

«Situada no extremo Nordeste do concelho e comarca da Feira, a freguesia de Romariz confina: do Norte com as freguesias de Guizande, Louredo e Vale; do Nascente com as de S. Miguel do Mato, Fermedo e Escariz, todas três do concelho de Arouca; do Sul com as de Fajões e Cesar, de Oliveira de Azeméis, e com a de Milheirós de Poiares; e de Poente com a de Pigeiros».

A esse risonho e desde sempre apetecido retalho da boa terra da Feira, povoado já nos tempos pré-históricos, dedicou o Rev.º FERNANDES DOS SANTOS / 174 / o estudo aqui registado, valioso repositório de notícias de elevado interesse, amorosamente pensado e cuidadamente escrito.

Alinha, sem favor, entre o que de melhor se tem publicado do nosso distrito; e se os capítulos relativos à Pré-história e à História também tivessem recebido mais amplo desenvolvimento, dificilmente outra monografia regional levaria a primazia a este notável trabalho sobre a antiga villa romarici; propositadamente o seu ilustre autor evitou aprofundar essas épocas, com a preocupação maior, compreensível, de dar o aspecto vivo, actual, da terra que lhe foi berço.

Não nos cumpre discutir o critério; registamo-lo apenas, agradecendo os magníficos elementos folclóricos que ele generosamente nos proporciona.

A arrumação monográfica fez-se desta forma: geografia, em 1.º lugar; história, a seguir; depois, demografia; geologia; religião; folclore e etnografia; vária. Em apenso, a notação musical de 4 trovas religiosas e de 64 coreográficas, preciosidade a que não estamos habituados apesar da riqueza melódica conservada pelo povo português. A recolha destas canções e a correcção invulgar com que estão escritas constituem, só por si, inestimável serviço que muito importa acentuar, não sendo de menor curiosidade as canções actuais registadas, com alusão à vida contemporânea (cantigas ao comboio, à camioneta, etc.), novidades para a Etnografia geral.

Muito haveria a pôr em relevo ainda, neste precioso repositório, cujo interesse ultrapassa o âmbito local e se projecta na história geral do Distrito; assim, o capítulo relativo a vias de comunicação, tudo o que se regista da ocupação pré-histórica, etc.

Bastará porém que se diga que todo o material informativo foi utilizado com prudente critério e que, apesar de Romariz se encontrar afastado dos grandes centros arquivísticos, é evidente a diligência que o Rev.º FERNANDES DOS SANTOS empregou para se documentar, ao menos, no essencial.

Acompanham a obra um esplêndido e proveitosíssimo esquema topográfico da freguesia, e boas ilustrações gerais dos lugares dela. São, tudo, eloquentes exemplos a apontar ao clero ilustrado do nosso distrito, de quem a História e a Etnografia muito têm a esperar, como é sabido.

R. M.

GRANDE ENCICLOPÉDIA PORTUGUESA E BRASILEIRA

Prossegue a publicação deste monumental dicionário português com o método e segurança habituais.

Honra duma geração que tomou a peito dotar o país com um material de trabalho intelectual à altura da época em que vivemos, a Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira presta inestimáveis serviços que dia a dia consolida, mercê da sua escolhida colaboração e exaustivo registo vocabular.

R M.

 

Dr. CARLOS TEIXEIRA. − Sur quelques insectes fossiles du Carbonifère de l'Alentejo. Porto, 1941.

Dr. J. M. COTELO NEIVA. − Capas de alguns fósseis vegetais. Porto, 1938.

Dr. M. C. DE RESENDE PINTO. − Fungi Vallongi. Porto, 1939.

Dr. JOSÉ M. BRAGA. − A Balaenoptera da Praia do Paraíso. Porto, 1940.

Anuário − agenda Propaganda regional. Águeda, 1941

A Grã-Bretanha de hoje. − N.os 22 a 30. Oxford.

Altitude. − Boletim mensal da Federação de Municípios da Beira Serra. N.os 3 a 6. Guarda.

Arquivo do Concelho de Sintra. N.º 1. Sintra, 1941.

Boletim da Casa das Beiras. N.os 21 e 22, II série. Lisboa.

Douro-Litoral. Boletim da Comissão Provincial de Etnografia e História. N.º 3. Porto, 1941.

Clínica, Higiene e Hidrologia. Revista mensal. N.os 2 a 5, ano VII. Lisboa, 1941.

Estudos. Órgão do C. A. D. C. N.os 194 a 196. Coimbra.

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