Os Principais malefícios das Tecnologias na Primeira Infância
 

Vivemos num mundo cada vez mais tecnológico, o que, aliado à complexidade e decrescente disponibilidade horária das famílias tem vindo a originar uma constante exposição a ecrãs por parte das nossas crianças, logo desde os primeiros meses de vida. Mas quais serão afinal as consequências do uso e abuso de ecrãs desde tão tenra idade?

Independentemente do tipo de ecrã (televisão, tablet, telemóvel…), a Ciência afirma que todos eles, quando ligados, emitem uma luz azul que não só parece afetar negativamente a saúde ocular, mas também inibe a produção de uma hormona (a melatonina) responsável por nos ajudar a adormecer e a dormir bem à noite. Portanto, a exposição noturna a dispositivos eletrónicos prejudica muito a qualidade do sono, o que se torna deveras preocupante em idade pediátrica, sendo o sono essencial para o ótimo desenvolvimento cognitivo, físico e psicossocial.

Por outro lado, enquanto as crianças estão “vidradas” em frente a um ecrã, não estão a BRINCAR, logo, não estão a conviver, a explorar, a aprender ou a interagir com o meio envolvente… Estão sim a perder muitas oportunidades para se desenvolverem em pleno.

Para além disso, as crianças precisam de se mexer, de gastar energia, de desenvolver os ossos e músculos de uma forma naturalmente adaptada à idade. A atividade física é para todos, incluindo os “bebés de colo”, para os quais se recomenda que, quando acordados, passem pelo menos 30 minutos diários de barriga para baixo (“tummy time”). A partir do ano de idade, os especialistas recomendam pelo menos 3 horas de atividade moderada a intensa, o que mais facilmente se atinge se as crianças efetivamente brincarem! Assim se compreende que as crianças que privilegiam os ecrãs tenham maior predisposição para apresentarem excesso de peso ou até mesmo obesidade.

Deste modo, os primeiros anos de vida são a nossa janela de oportunidade para a implementação de estilos de vida saudáveis, e, no que diz respeito ao tempo de ecrã, a dose faz mesmo o veneno! Mas vamos a números concretos: abaixo do ano de idade, NENHUM tempo de ecrã é recomendado, e, entre 1 a 5 anos, os peritos indicam sempre menos de 1 hora mas, quanto menos, melhor!

Precisamos que as crianças durmam bem, brinquem e se mexam, para crescerem saudáveis! Os ecrãs prejudicam tudo isto, apesar de serem uma forma bastante tentadora de entreter as nossas crianças!

No entanto, perante estes potenciais malefícios, não podemos, de todo, seguir o caminho mais fácil, até porque cada criança dispõe de uma e uma só oportunidade para crescer e se desenvolver

Dr.ª Inês Rosinha
Interna de Pediatra (CHBV)
 

Recomendações Internacionais quanto à duração de sono, atividade física e tempo de ecrã para crianças menores de 5 anos de idade

 

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