Penso
que seja um erro misturar pão com nobreza,
E a meu
ver diria mais. É uma pura contradição,
Porque
um nobre, tenho a certeza, (com certeza)
Não
merece comer pão.
E se
essa cáfila de cães fosse julgada pela razão?
Decerto
que a pena capital não lhe seria uma surpresa.
Matá-los? — Sim, seria um bem para a natureza,
Porque,
nessa sociedade parasita e canalha,
É pão
roubado a quem trabalha,
O
pão que sobra à nobreza.
Não
pode aceitar-se, que esse pão produzido
Pelas
tuas mãos, meu POVO, que tanto trabalhas,
Venha
depois tão desavergonhadamente a ser comido,
Por
essa enorme corja de canalhas.
E tu
POVO, comes do teu pão, mas só as migalhas,
Que
esses abutres depois de fartos deitam para o chão,
E assim
te vão mentindo dando-te a ilusão,
Que
sempre cumprirão tudo o que te for prometido,
Para
que tu, POVO, possas ver o pão por ti produzido,
Repartido p'la razão.
Nunca
aceites meu POVO o que eles te impõem e não adormeças,
Pois
quando analisares o que eles são, então verás
Que
quanto mais acreditares em tais promessas,
Mais
migalhas do teu pão, espezinhado por eles, comerás.
Pensa
que, se neles acreditares, tu próprio contribuirás,
Para a
tua subordinação, aumentando o poder e a riqueza
Dessa
matilha de cães, que tanto te despreza,
Vivendo
à tua custa, tal como sempre o fez outrora,
E nunca
esqueças! — O que essa matilha depois de saciada deita fora,
Matava a fome à pobreza.
Se não
fosse o peso da religião, que sem vergonha
Te
esmaga, escondendo os crimes praticados pelos nobres e pelos seus,
Sem que
nenhum governo a tais práticas se oponha,
Talvez
que o que tu produzisses meu POVO te coubesse a" ti e aos teus.
E se um
dia te libertasses das garras dos nobres, da igreja e de deus,
Para
que formasses uma sociedade justa e livre, baseada na razão,
Onde só
quem trabalhasse tivesse valor, aí então...
Verias,
meu POVO, as tuas mãos laborando com mais vontade,
Poderia
comer pão, livremente, toda a humanidade,
E
ainda sobrava pão. |