N.º 25 –
Dezembro de 2002
Venham, venham,
aproveitem, é fartar vilanagem...
Para alguns, hoje, este País é o paraíso dos paraísos. É evidente que
são poucos, como sempre, pois sozinhos (...meia dúzia) dominam a
enorme/esmagadora maioria de todos os nossos recursos. Alguns aparentam
nem sequer saberem bem como tão gorda fatia lhes chegou às mãos, sabem
somente que até com o pai e o avô já foi assim. Manobram estes nossos
recursos tudo e todos comprando, sendo corruptos e corruptores. Navegam
com bordadas airosas e desfilam aparentando sempre “bondade”, “moral e
bons costumes”, falinhas mansas de “cónego Queiroseano”, bem como até
com alguma “generosidade” e impante “verticalidade”. Anulam/esmagam
quase todos aqueles que com rara coragem (ingénuos) os querem denunciar
e pôr no devido lugar.
Outros, a eterna maioria, continuam sem sair da “cepa-torta”,
ora-caem-ora-se-levantam, também como o pai e o avô. Alguns também são
corruptos, mas esses mais-dia-menos-dia vão engrossar a grande população
das nossas cadeias, sem apelo nem agravo. Mas há ainda outros que
julgam, sendo naturalmente deste segundo grupo, dele poderem sair
tornando-se empresários, pequenos às vezes pequeníssimos, que com imensa
facilidade vão há falência, boa parte das vezes não por incompetência
mas porque dependem sempre, de uma maneira ou de outra, do primeiro
grupo, que não lhes paga os serviços prestados ou paga-os tarde e a más
horas. Como consequência, este pobre sonhador que julgou poder ser
gente/furar o bloqueio, para pagar a quem deve (trabalhadores,
fornecedores, etc...) recorre à banca que o come até às entranhas.
Depois consequência-da-consequência fica a dever ao estado que, através
de penhoras e outras acções que tais, lhe tira o que já não tem, fazendo
actuar a lei (a do funil), que no primeiro grupo (corruptos,
corruptores, branqueadores de dinheiro, traficantes de influencias e de
pessoas e de armas e de drogas...) é outra, recordo: anulam quase sempre
quem a quer fazer cumprir.
Entretanto, de uns casos e dos outros vão desviando as atenções de todos
através de camuflagens várias, tais como: baixa política, programação
televisiva sem conteúdo mas espalhafatosa, com batoteiros (de batota e
de batuta) habilidosos disfarçando com o seu vazio o vazio dos próprios
programas, com piedosas missas, espampanantes inaugurações, promessas
sem fim que nunca são cumpridas, futebol com fartura, etc., etc..
Pensamos que é demais. Como em outras vezes dissemos, apesar da muita
gente séria existente, a hipocrisia e a desvergonha grassam já como se
fossem uma coisa normal.
Sinceramente, pensamos que é assustador. |