Acesso à hierarquia superior.

Revista Alentejana (2ª série) in memoriam. Um texto para memória, o Estatuto Editorial e 26 editoriais. Lisboa, 2011, 36 páginas.


O abate das esperanças

N.º 23 – Junho de 2002

“Vemos ouvimos e lemos / Não podemos ignorar

Assim é. De facto é impossível ignorar, mesmo querendo fazê-lo, o que se passa a todos os níveis neste país.

O futebol comanda a vida, numa estranha e absoluta promiscuidade com a política.

Os órgãos de informação, salvo honrosas excepções, são propriedade de grandes grupos financeiros, funcionando forçosamente e por isso mesmo como elemento manipulador, empurrando tudo e todos para a voracidade consumista que alimenta a mesma gente.

Faz-se, desfaz-se e volta-se a fazer legislação, não pela sua real importância e necessidade, mas sim por pequenas vinganças e chantagens, que somente servem grupos, no mínimo, desfasados da realidade do Povo que produz e paga, em quem falam tanto e tão pouco pensam.

Fala-se com ênfase em melhorar a escolaridade, aumentar o conhecimento e a formação, mas logo de seguida fecham-se escolas e acabam-se com os cursos nocturnos,

Promete-se melhorar as condições de vida e a capacidade de compra dos Portugueses, para de imediato condicionar os aumentos de salários, planear despedimentos e aumentar os impostos.

Já não se discute quem mente, mas sim quem mais ou quem mente menos

Quando ouvimos com atenção o que nos dizem e procuramos entender o seu correcto significado, para além do que de imediato está à vista, ou quando conseguimos descortinar o que está nas caves e bastidores, verificamos que a desvergonha é tal que, definitivamente, é o desencanto e o abate de todas as esperanças.

 

 
Página anterior Página inicial Página seguinte

apontamentos datados