N.º 17 –
Dezembro de 2000
Em todo o lado, mas
especialmente nos grandes centros, a proliferação de homens vestidos de
vermelho, com grandes cabeleiras e enormes barbas brancas, é
assustadora. São os dos centros comerciais, são os das empresas e
instituições nas suas festas e, até em suas casas, alguns pais para a
mascarada se predispõem
A televisão
bombardeia-nos com eles envoltos em muita luz e muita cor, estimulando
mais o nosso natural apetite para comprar.
Nas ruas vendem-se
gorros vermelhos debruados a branco para que o cidadão passante, a pé ou
de carro, não deixe de dar o tom.
É de mais!
É desnecessário dizer
que estamos falando do PAI NATAL – Oh! Oh! Oh!, Do tal Pai Natal mais
símbolo do consumismo desesperado e descontrolado do que da fraternidade
e do amor. Do tal Pai Natal cientificamente “construído” para aliciar as
crianças para as prendas/compras.
Tudo nesta época nada
mais é do que apelo ao consumismo. Os homens do marketing nesta altura
ainda inventam mais necessidades desnecessárias, para que não olhando a
meios nos endividemos, mas compremos... compremos... compremos...
É uma época de
excessos. Excessos estimulados por especialistas que nos levam até ao
absurdo. Nada é natural, nem aquilo que convencionaram chamar de
“espírito natalício”.
Era bom que as festas
fossem feitas com sinceridade, que toda a aparente alegria fosse real.
Era bom, sobretudo, que durante todo o ano a fraternidade, a
sinceridade, a bondade, o respeito pelos direitos e necessidades dos
outros fossem respeitados. Era bom que já no próximo ano de 2001, logo
de inicio, nos anavalhássemos e traíssemos menos, pensando que em
Dezembro basta dar uma prenda, uma palmada nas costas e desejar bom
Natal, e tudo fica esquecido. Era bom que, neste inicio de século, os
homens, os tais especialistas, se juntassem para criar uma figura
vestida de vermelho ou de “cor de burro quando foge”, que ajudasse a
destruir a hipocrisia e não a engordá-la.
O Natal pretende
comemorar o nascimento de um Homem bom, humilde e justo, que certamente
voltaria a correr com os vendilhões do templo se à vida voltasse de
novo.
Para
todos um bom ano de sinceridade. |