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Massa de untar os quícios
1.
Massa consistente ou óleo queimado, utilizados para olear os eixos do
cilindro, quando começam a chiar e a ficar perros, tornando, ainda mais
dura, a tarefa de circiar.
2. Nas
marinhas, o trabalho é muito e quase sempre duro, não havendo domingos
nem feriados. Só se descansa, obrigatoriamente, após uma chuvada.
Nessas
ocasiões, os marnotos resolvem, por vezes, brincar com os moços de
primeiro ano, mandando-os buscar a massa de untar os quícios, a uma
marinha relativamente distante, onde o respectivo marnoto lhes entrega
um saco cheio de coisas pegajosas e com mau cheiro - por exemplo, trapos
embebidos em óleo queimado.
Os
mais ingénuos transportam o saco inútil de volta para a sua marinha,
onde são alvo da chacota do marnoto maroto e restantes colegas.
Os
mais espertos, apercebendo-se de que se trata de uma brincadeira, entram
no jogo e vão para casa, só voltando no dia seguinte, gozando, assim,
com os pretensos gozadores.
Veja-se Pedra de afiar as alfaias.
Maueiras
Hastes
do círcio, ligeiramente curvas, com um comprimento de 1,20 m., dotadas
de elos, onde se encaixam os quícios.
O
mesmo que Moeiras.
Meio sal
Qualidade de sal fino, mas baço.
Meios
Compartimentos condensadores (meios de cima) e cristalizadores (meios de
baixo) das marinhas nova e velha, com, aproximadamente, 17 m. de
comprimento, por 4 m. de largura.
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Meios arreados
Meios
onde se mete muito mais água do que a usual e que não são utilizados
para a sua função normal de cristalizadores, mas, sim, para ajudar a
suprir, temporariamente, a baixa salinidade do mandamento.
Meios de baixo
Cristalizadores principais, com uma altura de água aproximada de 2 cm.
Meios de cima
Reservatórios com uma altura de água de, mais ou menos, 2 cm., onde as
moiras se concentram antes de passarem para os meios de baixo.
Veja-se
Alimentadores.
Meios dobrados
Conjunto dos meios de cima e de baixo das duas andainas.
Meios falsos
Meios
de cima, quando utilizados como cristalizadores.
Meter água
Tomar
água da Ria para o viveiro; a melhor ocasião para o fazer é durante as
marés vivas, porquanto é nestas alturas que se verifica a maior
concentração salina na água da Ria.
Meter moiras
Veja-se Imoirar.
Moço
Ajudante do marnoto nos trabalhos de salinagem.
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63 /
Moeiras
Veja-se Maueiras.
Moira
Água
concentrada e já livre de matérias prejudiciais.
Moira gorda
Moira
com grande percentagem de sais de magnésio, que se depositam entre os 30
e 35 graus Baumé e tornam difícil a rapação, porque o sal, contendo mais
água, por efeito da presença do magnésio, escapa-se da rasoila e
dispersa-se pelo cristalizador.
Note-se que a percentagem de sais de magnésio tem tendência para
aumentar de redura para redura.
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Moiradoiro
Pau
afiado na ponta, com 80 cm., empregue na abertura dos lacrimais.
O
mesmo que Muradoiro.
Molhaduras
Veja-se Dar molhaduras.
Montear
Veja-se Emontear.
Montes de sal
O sal
é transportado para as eiras, onde se acumula, usualmente, sob a forma
de cones, cujo volume oscila entre as 80 e as 150 toneladas.
Enquanto o monte não ultrapassa as 5 toneladas, denomina-se estrela,
mancheia ou mão cheia; se toma a configuração de um prisma triangular
rematado por dois meios
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64 /
cones laterais, chama-se mula ou serra; usa-se esta configuração, quando
a largura do malhadal é insuficiente para implantar a forma cónica.
Note-se que, ao contrário do que se ouve e lê com frequência, nunca
existiu a forma piramidal, que, aliás, seria muito mais difícil de
concretizar.
Mula
Veja-se Montes de sal. O mesmo que Serra.
Muradoiro
Veja-se Moiradoiro.
Muro
Só há
dois muros numa salina: a defensão e a trave do viveiro.
Não pegar a marinha
Veja-se Ficar na areia.
Ordens
Uma
marinha divide-se em três ordens: comedorias, mandamento e marinha
propriamente dita.
Pá cova
Pá de
forma côncava com o comprimento de 1,2 m., utilizada na remoção das
lamas.
Regista-se, também, a forma pacova.
Note-se que o O de cova e pacova é idêntico ao de avô.
Pá de amanhar
Pá com
o comprimento de 1,1 m., utilizada para a vedação dos portais da andaina
de cima e das bombinhas do mandamento.
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Pá do sal
Pá com
o comprimento de 1,15 m., utilizada para fazer o coruto dos montes e
espalhar a areia nos cristalizadores, imediatamente antes da botadela.
Pá do tabuleiro
Pá
chata, em forma de cunha, com o comprimento de 60 cm., utilizada para a
abertura e vedação dos portais do tabuleiro do meio.
Pá de valar
Pá
côncava com um comprimento de 1,05 m., em ferro e com cabo de madeira,
utilizada para baldear.
Padiola
Tabuleiro de 80 x 80 cm., com guardas em três lados e quatro braços de
50 cm., a que pegam duas pessoas; emprega-se na remoção das lamas, do
moliço e do codejo para a malhada e para o malhadal.
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66 /
Pajão
Pá
chata com um cabo de 3 m., utilizada para apajar os montes.
Palheiro
Casa
rudimentar, primitivamente, em madeira e coberta a bajunça, o mais das
vezes, de chão térreo juncado com ervas ceifadas na salina, onde se
guardam as alfaias; serve, também, de abrigo para o pessoal, quando faz
mau tempo.
Por
vezes, ostenta, por cima da porta, o nome da marinha.
Palmeta
Espátula em madeira, com um cabo, chamado rabo ou rabicho; serve para
abrir e fechar todo o tipo de bombas, funcionando verticalmente.
Parcel
Fundo
das várias peças, com excepção do viveiro. O mesmo que Polmo e Praia.
Parceria de metade
Forma
de exploração, em que o sal produzido se divide, em partes iguais, entre
o patrão e o marnoto.
Neste
regime, contrata-se quais as despesas da responsabilidade do marnoto e
as que constituem encargo do proprietário.
Trata-se de um tipo de relação, em que o proprietário é, nitidamente,
beneficiado, já que o seu único risco é ter um lucro menor do que o
habitual, na medida em que os seus encargos são poucos. No que respeita
ao marnoto, detentor da maior responsabilidade financeira, pode, num mau
ano, ficar endividado, pelo que, no fim da safra, terá de trabalhar
noutra arte, para poder honrar as suas obrigações.
Assim,
estes contratos, de nítidos contornos medievais, têm vindo a
desaparecer. A partir dos anos setenta, o normal é que o proprietário
assuma todos os encargos de manutenção, exploração e fiscalidade, e o
marnoto encarregado da marinha receba um salário e uma percentagem sobre
o sal obtido.
Esta
modalidade pressupõe risco de prejuízo por parte do proprietário, sendo
uma das razões por que muitas salinas têm vindo a ficar no fundo.
Partir a marinha
Marcar
a praia com pegadas, quando ela não está suficientemente compactada,
estrago este que acontece, com muita frequência, quando se está ugalhar
de baixo.
Passadoiros
Pequenos muros ou pranchas que permitem a passagem das pessoas através
do entraval.
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68 /
Patrão
Proprietário da marinha.
Pau de medições
Vara
de madeira ou cana, com o comprimento de 1,24 m., 1,27 m., ou 1,5 m.,
com incisões que correspondem a uma escala, com que se mede o perímetro
inferior da saia, sabendo, empiricamente, os marnotos que o número de
paus obtido corresponde a uma determinada tonelagem do monte; por
exemplo, num monte bem formado, 14 paus de 1,24 m. correspondem a 10
toneladas e 17 paus a 20 toneladas.
Peças
Os
compartimentos de uma salina.
Pedra de afiar as alfaias
O
mesmo tipo de brincadeira da "Massa de untar os quícios", em que o saco
é substituído por um pedregulho de difícil transporte.
Note-se que as alfaias, quase todas em madeira, são afiadas com ajuda da
enxó ou da navalha.
Veja-se o n.º 2 de Massa de untar os quícios.
Pegar
Diz-se
que uma marinha pega, quando, na altura da botadela, as moiras são
suficientemente fortes para produzir sal em quantidade apreciável.
Peles
Qualidade de sal muito fino, puro e brilhante, que se forma à superfície
da água dos cristalizadores.
O
mesmo que Sal de espuma.
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Pesa-sais
Densímetro utilizado para verificar o grau de concentração salina da
água, em graus Baumé (º Bé).
Antes de se conhecer este instrumento, o grau de salinidade era
calculado de maneira empírica, através da maior ou menor capacidade de
flutuação de uma batata: quanto maior fosse, mais concentrada estava a
água.
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Pesa-sais e respectiva
proveta em bambu. |
Poços das encanas
Covas
onde se junta a água das encanas, que é seguidamente escoada com o
cabaço, por norma, para o entraval.
Polmo
Veja-se Parcel.
O
mesmo que Praia.
Pôr ao sol
Veja-se Dar sol.
O
mesmo que Levar a praia a seco e Secura.
Portais
Pequenas aberturas praticadas nas travessas, com as mesmas funções das
bombinhas, por onde se faz a passagem da água entre as diferentes peças
do mandamento ou dos meios de cima para os meios de baixo.
Portão
Eclusa
de comunicação entre a Ria e o viveiro, por onde se efectuam as tomas de
água; trata-se de uma comporta de madeira que funciona no sentido
vertical ao longo de rasgos abertos em encontros laterais de cimento,
por intermédio da manobra dum longo parafuso metálico, fixado na sua
parte superior.
Veja-se Bomba de toma de água. O mesmo que Tomadoiro.
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70 /
Praia
Veja-se Parcel.
O
mesmo que Polmo.
Praia calua
Parcel
muito resistente, formado por arzil.
Praia podre
Parcel
que não consegue manter a dureza necessária, por haver nascentes de água
doce no seu subsolo.
Prancha
Tábua
de 3 m. de comprimento, 30 cm. de largura e 4 cm. de espessura, usada
como plano inclinado, por onde sobem os moços para despejar o sal das
canastras para o monte, quando a altura deste excede a acessível do
solo.
Quando
o monte ultrapassa as 50 toneladas, recorre-se a outras pranchas,
apoiadas num ou dois cavaletes intermédios, a fim de tornar menos
íngreme e penosa a subida.
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71 /
Produção
Veja-se Feitura.
Punhos
Tábuas, com 40 cm. de comprimento e 20 cm. de altura, que os marnotos
utilizam, uma em cada mão, para encher as canastras.
Quebrar
Veja-se Envieírar.
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Quebrar as peles
Agitar, levemente, a água dos cristalizadores com o ugalho de bulir,
impedindo a formação, à superfície, de uma película que prejudica a
evaporação.
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Queda
Declive do fundo da salina, no sentido viveiro-andainas, cujo grau deve
permitir que a água arreie só por acção da gravidade.
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72 /
Quícios
Eixos
do círcio em madeira ou ferro.
O
mesmo que Quiços.
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Quiços
Veja-se Quícios.
Quinhão
Conjunto de trinta meios dobrados.
Rapação
Acção
de rer.
O
mesmo que Redura.
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Rapar
Puxar
para o tabuleiro do sal, com a rasoila, o sal, que foi previamente
envieirado.
O
mesmo que Rer.
Rapinhadeira
Espécie de rapão, com uma pá de 25 cm. de comprimento, por 15 cm. de
largura e 1,8 cm. de espessura, e um cabo de 1,6 m., com uma lâmina de
serra mecânica, no gume; serve para cortar os cabeços da praia dos meios
e rapar a tinha.
Rapinhar
Rapar
a tinha que se acumula nos tabuleiros, nas eiras e nos machos, com a
rapinhadeira.
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