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Envieirar
Juntar
o sal ou, durante a fase de preparação da marinha, o moliço, nos vieiros.
O
mesmo que Quebrar.
Enxada de correr liames
Enxada
pequena utilizada para compactar os liames.
Enxada de cortar torrão
Enxada
com uma pá de 20 x 20 cm., usada, não só com o fim específico que o seu
nome indica, mas também em reparações diversas, por exemplo, dos muros.
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Escabelada
Destruição da parte superior de um muro, provocada pela passagem da água
em marés anormalmente altas, estrago este que, se não for reparado a
tempo, provoca o aparecimento de uma cambeia.
Escada
Escada, por vezes, de lanços, que se encosta ao monte de sal, para
colocar a bajunça na sua parte superior, durante a operação de cobrir.
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Escoar a água-mãe
Ugalhar a água-mãe dos meios de baixo para os meios de cima, por cima do
tabuleiro do meio, com o ugalho de bulir.
Escoar a marinha
Trabalho preparatório que consiste em vazar a água de alagamento do ano
anterior, através da bomba de tubo.
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Espanadela
Acção
de espanar.
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Espanar
Dar
molhaduras aos meios, com o ugalho da lama, com o fim de compactar e
salgar a praia.
Estar com barbeiro
Quando, durante a fase de produção, a água chega aos cristalizadores com
uma graduação inferior a 25 graus Baumé, logo, insuficiente para uma
satisfatória produção de sal, diz-se que a marinha está com barbeiro, o
que equivale a dizer que está com pouca força.
Esteiro
Canal
da Ria que não permite a navegação na maré baixa.
Estrangedura
Acção
de estranger.
Estranger
Limpar
os cristalizadores das lamas e moliço, utilizando os ugalhos da lama e
as almanjarras.
Estrela
Veja-se Monte de sal.
O
mesmo que Mancheia e Mão cheia.
Estrelar
Iniciar o monte de sal.
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Extrema
Divisória entre duas salinas de diferentes proprietários, definida por
um muro ou uma simples baracha.
Falheiras
Veja-se Casqueiros.
Faxinas
Estacas de madeira usadas para construir a sapata da defensão.
Fazer a marinha
Veja-se Amanhar a marinha.
Fechar o mandamento
Quando
as peças desta ordem têm água suficiente para o governo do dia seguinte,
fecham-se as respectivas bombinhas, com as palmetas, e encosta-se-lhes
lama, com a pá de amanhar, para garantir uma boa vedação.
Veja-se Abrir o mandamento.
Fechar o tabuleiro
Quando
os cristalizadores têm água para suprir as necessidades do dia,
fecham-se os correspondentes portais, com um pouco de lama, depois de os
desensebar convenientemente; dado que se trata de uma operação de muita
responsabilidade e que requer muita técnica fica a cargo do marnoto.
Veja-se Abrir o tabuleiro.
Feira dos moços
Até
princípios dos anos oitenta, no dia 25 de Março — data da inauguração da
secular Feira de Março — e nalguns Domingos subsequentes, os moços, que
pretendiam trabalhar nas marinhas, reuniam-se, nos Arcos e na Ponte
Praça — antes desta existir,
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o local de encontro era a ponte do lado poente —, esperando serem
contactados pelos marnotos, que os poderiam contratar para toda a safra,
por uma importância a acordar entre as duas partes interessadas, em
função dos conhecimentos do trabalho de salinagem e da aptidão física.
O
contrato era normalmente ratificado com o tradicional alborque.
Feira dos moços, em 25
de Março de 1976. Fotografia de Énio Semedo.
Feitura
Fase
da safra que se segue à botadela e durante a qual se procede à colheita
e conservação do sal.
O
mesmo que Produção.
Ficar na areia
Diz-se
que a marinha fica na areia, quando se tenta fazer a botadela sem que as
moiras tenham a concentração necessária, pelo que os resultados não são
os melhores.
O
mesmo que Não pegar a marinha.
Ficar no fundo
Uma
marinha fica no fundo, quando se mantém inundada, sem se recuperar para
a sua actividade principal.
Foicinha |
Foicinha
Foice
que serve para abrir os portais, para além da função normal de cortar a
bajunça e ceifar as ervas dos muros, as quais, especialmente depois de
secas, podem ser mais uma impureza a juntar a muitas outras contidas na
água.
Folsa
Pequeno canal sem saída que liga o esteiro à marinha.
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Forrar
Revestir, em especial, as carreiras, os machos e o tabuleiro do sal, com
tábuas, tendo em vista reduzir a conspurcação das moiras, com o Iodo que
escorre destas divisórias, quando chove.
Géniga
Água
da Ria que se infiltra através da defensão.
Gesso
Veja-se Codejo.
Governar o mandamento
Veja-se Abrir o mandamento.
O
mesmo que Amanhar o mandamento.
Governar o tabuleiro
Veja-se Abrir o tabuleiro.
Greiros
Aberturas na defensão, para facilitar o escoamento da marinha.
Imoirar
Meter
águas concentradas das cabeceiras, nos meios de cima.
O
mesmo que Meter moiras.
Intervalo
Veja-se Entraval.
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Junça
Veja-se Bajunça.
O
mesmo que Castanhol.
Laboiros
Pequenos montes de moliço, juntos com o ancinho, na altura da limpeza
das marinhas.
Lacrimais
Orifícios de comunicação entre as carreiras dos lacrimais e os meios de
cima. O mesmo que Lagrimais.
Lagrimais
Veja-se Lacrimais.
Lamas novas
Lamas
depositadas durante a época invernosa.
Levar a praia a seco
Veja-se Dar sol.
O
mesmo que Pôr ao sol e Secura.
Liames
Conjunto das barachas, barachinhas, canejas, carreiras, machos,
tabuleiro do meio, tabuleiro do sal e travessas.
Veja-se Liames finos e Liames grossos.
Liames finos
As
barachinhas e as canejas.
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Liames grossos
As
barachas, as carreiras, os machos, o tabuleiro do meio, o tabuleiro do
sal e as travessas.
Limpeza
Trabalhos preparatórios da salina, no início da época, essenciais para o
seu bom funcionamento.
Transporte do sal da marinha nova ao longo de um macho. Foto C. M.
Aveiro
Lodo
Pó
proveniente dos liames, arrastado pelas chuvas, que suja o sal
depositado nos cristalizadores.
Machos
Muretes de secção rectangular, situados de seis em seis meios, por onde
passa o pessoal; por vezes, são forrados, lateralmente, com tábuas, para
melhor resistirem aos estragos provocados pela invernia e se reduzir as
possibilidades de poluição do sal com o lodo.
Maço |
Maço
Grande
martelo de pau rijo, com um cabo de 1,1 m., utilizado para cravar e
consolidar a estacaria e as barachinhas de madeira.
Malhada
Espaço
entre o intervalo e o malhadal, onde se depositam, para secar, as lamas
e o moliço, que, mais tarde, se levam para o malhadal, onde servem de
adubo às pequenas hortas.
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Malhadal
Muro
largo que se segue à malhada e onde se situam as eiras e o palheiro.
Por
vezes, o marnoto cultiva, neste terreno, uma pequena horta, onde é
frequente ver
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uma figueira ou uma parreira arrimada ao palheiro, cujos frutos são
utilizados como sobremesa, nas parcas refeições do pessoal.
Manchas
Aglomerados de sal, nos meios de cima, provocados por uma grande
concentração das moiras provenientes do mandamento.
Quando
tal acontece, passam, também, a utilizar-se, como cristalizadores, as
cabeceiras, os meios falsos e os casqueiros.
Mancheia
Veja-se Monte de sal.
O
mesmo que Estrela e Mão cheia.
Mandamento
Ordem
evaporadora da salina, em cujos reservatórios (caldeiros,
sobre-cabeceiras, talhos, cabeceiras e, excepcionalmente, caldeirões),
se deposita grande parte, não só das impurezas transportadas pela água,
mas também dos sais de ferro, carbonato de cálcio e gesso.
Mandamento dormente
Mandamento cuja queda é insuficiente, pelo que as águas arreiam com
dificuldade; para compensar este defeito, aumenta-se a altura de água
nos algibés e caldeiros.
Mandamento verde
Mandamento que não está, ainda, devidamente curado.
Mão cheia
Veja-se Monte de sal.
O
mesmo que Estrela e Mancheia.
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57 /
Mãos
Uma
salina divide-se, para fins de redura, em três mãos, cada qual com um
terço dos meios da marinha, podendo-se, assim, rer, todos os dias, uma
das mãos, já que três dias, com condições climatéricas favoráveis (vento
e calor), são suficientes para que o sal se deposite em quantidade
satisfatória, no fundo dos cristalizadores.
Marachas
Veja-se Barachas.
Marinha
1.
Ordem cristalizadora da salina, ou seja, a marinha propriamente dita,
composta pelos meios.
2.
Veja-se Marinha de sal.
O
mesmo que Salina.
Marinhas Balacozinha, Rata e
Ponte, do grupo de S. Roque / Esgueira. Foto C. M. Aveiro.
Marinha botada
Salina
que se encontra na fase de produção.
Marinha da borda
Salina
situada longe do canal de comunicação entre a Ria e o mar.
Marinha de baixo
Andaina que se segue à marinha de cima.
O
mesmo que Marinha velha.
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58 /
Marinha de cima
Andaina contígua ao mandamento.
O
mesmo que Marinha nova.
Marinha de popa ao Norte
Salina
cujo eixo está orientado no sentido Norte-Sul, com o viveiro a Norte e a
marinha propriamente dita a Sul.
Esta
orientação é a mais recomendável, na medida em que permite que os ventos
de Noroeste, dominantes na região durante a safra, percorram a salina
diagonalmente, auxiliando a evaporação e facilitando a mistura das águas
frescas, provenientes do viveiro, com as águas antigas, que se encontram
nos restantes compartimentos.
Marinha de popa ao Sul
Salina
mal orientada, com o viveiro a Sul.
Veja-se Marinha de popa ao Norte.
Marinha de sal
Instalação a céu aberto, destinada a obter, por evaporação, o sal
dissolvido na água da Ria.
Numa
salina, há as seguintes peças principais: viveiro, algibés, caldeiros,
sobre-cabeceiras, talhos, cabeceiras, meios de cima e meios de baixo.
É
construída, essencialmente com lamas, em plano inclinado, situando-se o
viveiro na parte superior e as andainas na inferior, para que a água
passe de um compartimento para o seguinte só por acção da gravidade.
Deve
situar-se num local bem exposto aos ventos dominantes, tendo em vista
facilitar a evaporação, e o mais próximo possível do canal de
comunicação entre a Ria e o mar, para tomar água com boa concentração
salina.
O
mesmo que Marinha e Salina.
Marinhas. Foto Mário Marnoto.
Marinha de viveiro à ilharga
Salina
irregular, com o viveiro paralelo à couraça, ou seja, no sentido do
comprimento, que, por força desta disposição, toma e escoa água pelo
mesmo esteiro.
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59 /
Marinha do mar
Salina
situada perto do canal de comunicação entre a Ria e o mar.
Marinha dobrada
Salina
com duas andainas — uma na marinha nova e outra na marinha velha.
Marinha forte
Salina que possui grandes comedorias e um bom mandamento e
cuja situação lhe permite tomar água de alta concentração salina, nas
marés vivas. O mesmo que Marinha Valente.
Marinha fraca
Salina
cujas comedorias são insuficientes para alimentar as restantes ordens,
durante quinze dias, pelo que tem de tomar água fora das marés vivas.
Marinha fria
Diz-se
que a marinha está fria, quando, na altura das espanadelas, a água das
poças dos meios tem menos de 23° Baumé.
Marinha mista
Salina
em parte dobrada, em parte singela, ou que tem casqueiros para além dos
cristalizadores normais.
Marinha moleirinha
Salina
cujo solo é de natureza argilosa.
Marinha nova
Veja-se Marinha de cima.
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60 /
Marinha podre
Salina
que não consegue manter a dureza necessária do fundo dos
cristalizadores, por existirem nascentes de água doce no seu subsolo.
Marinha velha. Foto de
Joaquim Félix.
Marinha quente
A
marinha está quente, quando se está a espanar e a água das poças dos
meios tem 25° Baumé, estando, portanto, a salgar.
Marinha singela
Salina
com uma só andaina.
Marinha valente
Veja-se Marinha forte.
Marinha velha
Veja-se Marinha de baixo.
Marinha virada
Segundo os marnotos, quando, por força das condições atmosféricas
(Nordeste e muito calor), a secura é muito forte, abrem-se rachas na
praia do mandamento. Assim, se a água da primeira rega é muito doce, os
sais de ferro, existentes no subsolo, vêm à superfície, tornando a água
avermelhada; diz-se, então, que a marinha está virada ou com viradela,
sendo necessário dar de novo sol, a fim de recuperar a praia.
O
mesmo que Viradela.
Marnoto
Homem
que trabalha nas marinhas de sal e dirige a sua exploração, sendo este o
nome que prevalece no Salgado da Ria de Aveiro.
O
mesmo que Salineiro.
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