<<<
Caldeirões
Algumas raras marinhas, dotadas de grande superfície de evaporação,
possuem estes compartimentos que actuam como uma segunda ordem de
algibés.
Caldeiros
Reservatórios de forma rectangular, com uma altura de água aproximada de
8 cm., situados entre os algibés e as sobre-cabeceiras, e que são as
primeiras peças do mandamento; a largura de cada caldeiro é igual à de
três meios.
Cale
Canal
da Ria que permite a navegação com qualquer maré.
Cambeia
Ruptura verificada na defensão, provocada, designadamente, pelas
seguintes causas: mau tempo, correntes fortes, ondas provenientes da
navegação a motor ou, ainda, galerias abertas pelas ratazanas.
|
|
Camisa
Ligeira camada de sal que se deixa no fundo dos cristalizadores, após as
primeiras rapações, a fim de evitar que, quando se rê, a areia dos
vieiros venha misturada com o sal.
Canastras
Cestas utilizadas, principalmente, no transporte de sal, à cabeça, com
uma capacidade que varia entre 60 e 80 quilos para os homens, sendo de
50 quilos quando utilizadas por mulheres; podem transportar-se, também,
nelas, moliço, codejo e lamas.
/ 34 /
Nas marinhas, o sal é normalmente levado, pelos moços, do tabuleiro de
sal para as eiras e destas para os saleiros, enquanto que na descarga
dos barcos para os armazéns, o mais das vezes, são as salineiras que se
ocupam desta tarefa.
Hoje em dia, há armazenistas que se socorrem de passadeiras mecânicas
para carregar e, muito especialmente, descarregar as embarcações.
Canastras a secar,
encostadas ao palheiro. Foto de João Salgueiro.
Canastras de roda
Veja-se Abrir roda.
Canejas
Pequenas valas que levam a água, directamente, das carreiras dos
lacrimais para os meios de baixo, alimentando, cada uma, dois meios.
Canejeiro
Veja-se Cabeça de carneiro.
/
35 /
Capar o torrão
Separar o torrão da torroeira, com um último golpe de enxada,
fazendo-se, assim, o cu do torrão.
Capelo
Camada
de lama que remata, superiormente, a defensão.
O
mesmo que Coroa.
Carreiras de longo
Valas
que alimentam os meios com água dos talhos, durante as curas; situam-se,
geralmente, de duas em duas cabeceiras.
Quando
estas últimas peças do mandamento funcionam como cristalizadores, as
carreiras são continuadas, até aos talhos, por uma vala com esta
designação, que abastece, directamente, as cabeceiras e as marinhas
propriamente ditas.
Assim,
as carreiras grandes e pequenas são também conhecidas, respectivamente,
pelos nomes de carreiras de longo da marinha nova e da marinha velha.
Veja-se Couraça.
O
mesmo que Carreiras grandes.
Carreiras dos lacrimais e
meios de cima da marinha nova, em seco após a estrangedura. Foto de
Costa e Melo.
Carreiras dos lacrimais
Veja-se Caixas da carreira.
Carreiras grandes
Veja-se Carreiras de longo.
Carreiras pequenas
Valas
que continuam as carreiras grandes, ao longo da marinha nova, e que
sustentam a marinha velha; constroem-se, geralmente, de seis em seis
meios,
/
36 /
delimitando, assim, os talhões.
Veja-se Carreiras de longo.
O mesmo que Carreirinhas.
Carreirinhas
Veja-se Carreiras pequenas.
Casqueiros
1.
Cristalizadores suplementares, sem os correspondentes meios de cima,
cuja alimentação se processa através dos meios de cima da marinha velha
que lhe ficam próximos.
2.
Aparas de pinheiro utilizadas para a construção dos muros.
O mesmo que Falheiras.
Castanhol
Veja-se Bajunça.
O
mesmo que Junça.
Cavaletes
Veja-se Prancha.
Chão encaldado
Presença de agulhas entre o sal comum.
O mesmo que Chão entabuado e
Enjoo.
Chão entabuado
Veja-se Chão encaldado.
O mesmo que Enjoo.
/
37 /
Chapear
Reforçar com lama a cobertura de bajunça dos montes.
Circiar
Cilindrar os fundos dos cristalizadores e dos alimentadores com o círcio,
para os compactar e impermeabilizar.
Círcio
Cilindro de madeira, com um diâmetro entre 40 a 60 cm., e uma distância
entre eixos de 1,1 m., com duas hastes chamadas moeiras, cujos elos se
adaptam aos quícios; é utilizado no nivelamento do parcel dos
alimentadores e cristalizadores.
Cobrir
Revestir os montes com bajunça, para preservar o sal da chuva. Há alguns
anos a esta parte, há marnotos que têm vindo a substituir a cobertura
tradicional por telas plásticas e redes.
Codejo
Sulfato de cálcio que se deposita, principalmente, nos meios de cima e
nas cabeceiras, quando funcionam como alimentadores, entre os 13 e 27
graus Baumé, se bem que os marnotos observem a precipitação mais
significativa entre os 18° e 24° Baumé.
/
38 /
Depois de rapado, o codejo fica a secar no tabuleiro do sal, sendo, em
seguida, transportado para o malhadal, onde serve de adubo às pequenas
hortas, ou, ainda, para as peças mais fundas do mandamento, para fazer
subir o nível do respectivo parcel, quando esta ordem não tem a queda
suficiente.
O
mesmo que Gesso.
Comedorias
Ordem
onde se efectua o armazenamento de água da salina, composta pelo viveiro
e os algibés.
Coroa
Veja-se Capelo.
|
Cobrindo o monte com bajunça.
Foto de Rota da Luz. |
Coroar
Veja-se Baldear.
O
mesmo que Encapelar.
Corredor de barachinhas
Veja-se Alferes.
O
mesmo que Anafador.
Correr os liames
Compactar, impermeabilizar e alisar os liames, a fim de não os deixar
abrir fendas.
Corta barachas do mandamento
Alfaia
com uma lâmina trapezoidal, em aço, de 1 m. de base, por 18 cm. de
altura, com cabo em ferro, usada para cortar as barachas do mandamento,
quando há necessidade de aumentar as áreas dos diferentes reservatórios
desta ordem, sendo esta uma tarefa para três homens: dois para puxar
pelas cordas amarradas em orifícios abertos, no cabo, junto à lâmina, e
outro para manter a direcção pretendida.
Tanto
quanto se sabe, só existiu um exemplar.
/
39 /
Corta barachinhas
Alfaia
dotada de um cabo de 85 cm., tendo, na extremidade, uma peça em U
invertido, que envolve a barachinha de lama, que é cortada cérce por uma
lâmina metálica inserida na parte inferior do referido encaixe; precisa
do trabalho de dois homens: um para a puxar com uma corda e outro para
orientar o rumo.
|
Cortar as cabeceiras
Abrir
a água das cabeceiras, pela primeira vez, na véspera da botadela.
Cortar lama
Aluir
as lamas novas e as areias depositadas no fundo dos cristalizadores, com
o ugalho da lama, para que sejam mais facilmente removidas pelas
almanjarras.
|
Coruto
Parte
do monte de sal que fica acima das canastras de roda.
/
40 /
Couraça
Vala
que continua o entraval, no sentido do comprimento da marinha, e tem
como utilidade impedir a infiltração da géniga.
Quando
se está a reformar a água, em tempo de curas, a couraça funciona,
também, como carreira de longo, podendo, se necessário, trazer a água
dos algibés.
Cristalizadores
Compartimentos no fundo dos quais se deposita o sal.
Os
cristalizadores normais são os meios de baixo; no entanto, em anos bons
e nas marinhas valentes, podem também empregar-se, para tal função, os
meios de cima, as cabeceiras e, muito excepcionalmente, os casqueiros e
os talhos.
O solo
destes compartimentos deve ser suficientemente permeável para permitir a
infiltração de sais, considerados impurezas do sal comum.
Cu do torrão
Parte
inferior do cubo de lama.
Cura
Acção
de curar.
Curar
Endurecer a praia dos cristalizadores, alternando a exposição dos fundos
em seco, à acção do sol, durante quatro a oito dias, com a tomada de
água nova que se deixa morrer ou se arreia, ou, ainda, se ugalha.
Dar grade
Alisar, com a almanjarra de três paus, os fundos das peças do
mandamento.
Dar molhaduras
Molhar
bem o parcel dos meios de cima e de baixo, durante a cura, procurando-se
obter uma melhor compactação.
/
42 /
Dar sol
Expor
os compartimentos sem água, à acção do sol, para aquecer os fundos,
queimar o moliço e secar as lamas.
O
mesmo que Levar a praia a seco, Pôr ao sol e Secura.
Defensão
Muro
exterior da marinha, construído em torrão cimentado com lama, que
delimita a propriedade e impede a entrada da água da Ria.
Quando
a marinha se situa num local desabrigado ou onde se verifiquem correntes
de forte intensidade, ou, ainda, haja muito navegação a motor, a parte
externa deste muro deve ser consolidada com o assentamento de uma
protecção em pedra e caco. O mesmo que Muro.
Deixar morrer a água
Deixar
evaporar, completamente, a água de um reservatório.
Descascar
Cortar
os cabeços da praia do mandamento com enxadas ou pás.
Desmamadela
Última
fase da cura que consiste em passar a água concentrada dos meios de
baixo para os meios de cima, com a intenção de adiantar a botadela.
Este
trabalho é prejudicial ao bom funcionamento posterior da salina.
Dispor a praia
Plantar, em forma de pé de galinha, pequenos tufos de vegetação do
sapal, de 10 por 10 cm., no sítio donde se extraiu o torrão, para
propiciar que, nesse terreno, cresçam, de novo e o mais rapidamente
possível, as plantas que integram o torrão.
Veja-se Bessa.
/
43 /
Eira
Zona
do malhadal onde o sal é acumulado em montes; em princípio, as eiras
devem ser duas para cada quinhão,
Elos
Argolas, primitivamente em madeira e, depois, em ferro, na extremidade
mais grossa das moeiras, onde se encaixam os quícios,
Emarachar
Colocar o sal no tabuleiro do sal.
O
mesmo que Embarachar e Enfeitar.
Embarachar
Veja-se Emarachar.
O mesmo que Enfeitar.
Emontear
Pôr o
moliço em laboiros.
O mesmo que Montear.
Encamisar
Criar
camisa.
Encanar
Drenar
as nascentes de água doce existentes no subsolo da praia, com especial
cuidado quando se trata dos meios.
Encanas
Canais
de drenagem em madeira, por onde se evacuam, para os poços das encanas,
as águas doces existentes no subsolo da praia.
/
44 /
Encapelar
Veja-se Baldear.
O
mesmo que Coroar.
Encher bessa
Preencher, com terra, não só o espaço compreendido entre a fiada de
torrão e a parede de um muro que se está a reparar ou construir, mas
também um vazamento. Veja-se Abrir bessa.
Encher o monte. Foto de
Mário Marnoto.
Encher os montes
A
primeira canastra de sal é colocada no centro da eira e as seguintes vão
sendo despejadas, umas em cima das outras, sempre em pontos diferentes
do monte, seguindo-se o mesmo percurso circular; quando a estrela atinge
a altura de um homem, começa-se a abrir roda, ou seja, a colocar sal na
saia (a aba), aumentando-a, por forma a que o monte vá perdendo a sua
forma cónica, até se criar uma base plana superior, necessária para se
fazer novo coruto. Esta operação de abrir roda vai-se repetindo, até se
formar um monte com o tamanho desejado.
Veja-se Abrir roda.
Encimar
Parte
final do emarachar, após se ter deixado escorrer as moiras, no tabuleiro
do sal.
Encinho
Veja-se Ancinho.
Enfeitar
Veja-se Emarachar.
O
mesmo que Embarachar.
/
46 /
Enfenar
O
torrão enfena, quando nele se começam a desenvolver plantas, cujas
raízes ajudam à sua consolidação.
Engaço
Alfaia
formada por um cabo de madeira de 1,3 m., tendo, na extremidade, um
pente de ferro com 3 ou 4 dentes; entre outras coisas, serve para abrir
a bomba de tubo, no princípio da safra, quando a salina está, ainda, no
fundo, enganchando-se um dos dentes na palmeta submersa e puxando-a
para cima.
Engiva
Linha
de separação entre o cristalizador e o tabuleiro do sal.
Enjoo
Veja-se Chão encaldado.
O
mesmo que Chão entabuado.
Ensebar os portais
Diz-se
que os portais ensebam, quando, após a abertura do tabuleiro, ficam
entupidos com o sal que se foi depositando, durante a passagem das
moiras muito concentradas, sendo necessário desobstruí-los, para que os
cristalizadores sejam devidamente alimentados; este entupimento
verifica-se em condições atmosféricas muito favoráveis à feitura do sal.
Entraval
Vala,
com uma largura aproximada de um metro, situada entre o tabuleiro do sal
da marinha velha e a malhada; tem como função defender a marinha das
infiltrações da água da Ria e receber as águas nascidas no subsolo da
praia e as provenientes das sangraduras, sendo vazada para o esteiro,
durante a maré baixa, através da bomba de escoar.
O
mesmo que Intervalo.
|