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Abrir bessa
1.
Marcar, no sapal, com a enxada de cortar torrão, um sulco rectilíneo,
que serve de primeira linha orientadora para o corte correcto do torrão.
2.
Abrir um sulco na sapata, onde depois se assenta o torrão, quando se
constrói ou repara um muro.
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Abrir o mandamento
Alimentar o mandamento com água vinda dos algibés.
Veja-se Fechar o mandamento.
O
mesmo que Amanhar o mandamento e Governar o mandamento.
Abrir o tabuleiro
Abrir
os portais para alimentar os cristalizadores, na fase de produção;
considerando que se trata de uma operação bastante melindrosa e
importante, só deve ser efectuada pelo marnoto.
Veja-se Fechar o tabuleiro.
O
mesmo que Governar o tabuleiro.
Abrir os portais
Na
véspera da botadela, abrem-se, no tabuleiro do meio, com a ajuda da
foicinha e do balde, estes regos de comunicação entre os meios de cima e
os de baixo, por onde passarão as moiras.
Abrir roda
Quando
o monte de sal atinge a altura de um homem, as canastras passam a
descarregar-se na saia (a aba), não só para que o monte se vá alargando
e, consequentemente, perdendo a forma de cone perfeito, mas também de
maneira a que se construa uma base plana superior, que irá absorver o
primitivo vértice, e sobre a qual se fará um novo coruto; nesta fase do
enchimento, coloca-se o sal a distâncias regulares correspondentes à
largura de uma cesta, à volta do cimo da saia, de modo a que o sal
mantenha o feitio da respectiva canastra; esta operação de
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20 /
abrir roda é repetida o número de vezes suficiente para que o monte
adquira o tamanho pretendido.
As
canastras inscritas em relevo, na saia, (canastras de roda), adornam o
monte e conferem-lhe uma forma original de grande beleza. Todavia, esta
operação tem uma única finalidade de ordem bem prática: trata-se de uma
técnica empírica para calcular a tonelagem: num monte normal, 8
canastras correspondem a um barco ou a um vagão de sal (10 toneladas) e
16 canastras a 25 toneladas.
Veja-se Encher os montes.
Acamadela
Acção
de acamar.
Acamar
Impermeabilizar a praia dos cristalizadores, circiando-a, depois das
espanadelas.
Achegar
Alisar
os montes de sal com o pajão e os ugalhos da lama, antes de se proceder
à sua cobertura com bajunça ou tela plástica.
O
mesmo que Apajar e Bater.
Açude
Veja-se Tranqueira.
Água de alagamento
Água
com que se inunda a marinha, no fim da safra, a fim de proteger os
liames dos estragos provocados pela invernia; no princípio da época,
quando a concentração salina desta água é superior à da Ria,
aproveita-se para a alimentação da marinha.
Veja-se Alagar.
Água-mãe
Água
que fica nos cristalizadores, depois da redura.
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21 /
Aguentar pé
Diz-se
que a praia aguenta pé, quando tem a consistência necessária para que os
marnotos e os moços possam andar sobre ela sem a danificar.
Agulhas
Cristais de sais de magnésio finos e alongados, que aparecem no sal
comum, quando as moiras ultrapassam os 30 graus Baumé.
Veja-se Chão encaldado.
O
mesmo que Alfinetes.
Alagar
Inundar a marinha com água da Ria, pondo-se termo à safra.
Veja-se Água
de alagamento.
Alborque
1.
Contrato de prestação de serviço, compra ou venda, ratificado com um
copo, na taberna mais próxima.
2. O
acto de ratificação em si mesmo.
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Alfaias
Utensílios usados na arte de salinagem, quase todos em madeira, cujas
medidas, indicadas neste Glossário, são, na sua grande maioria,
aproximadas.
Alferes
Alfaia
de madeira ou ferro, em forma de V, com cabo, tendo o comprimento de 1,1
m.; usam-se na reparação dos liames finos: canejas e barachinhas.
O
mesmo que Anafador e Corredor de barachinhas.
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Alfinetes
Veja-se Agulhas.
Algibés
Reservatórios de forma rectangular, com uma altura de água aproximada de
10 cm., situados entre o viveiro e os caldeiros, e separados de um e de
outros, respectivamente, pela trave do viveiro e pela trave do
mandamento; numa marinha dotada de boas comedorias, devem existir dois
ou três algibés para cada quinhão. |
Alferes |
Alimentadores
Meios
de cima da marinha nova e da marinha velha, que alimentam os meios de
baixo.
O
mesmo que Meios de cima.
Almanjarrar
Trabalhar com as almanjarras. |
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Almanjarras
Rodos com cabos cruzados. Existem duas espécies de almanjarra:
— a de três paus, utilizada para apancar, uniformizar os fundos
do mandamento e empurrar as lamas da praia dos cristalizadores, sendo
este último trabalho feito conjuntamente com a de dois paus; as suas
dimensões são as seguintes: pá com 2,2 m. de comprimento, por 20 cm. de
largura e 2 cm. de espessura; cabos laterais de 1,6 m. e central de 1,35
m.;
— a de dois paus, com as mesmas dimensões, mas menos um cabo;
emprega-se, unicamente, para limpar as lamas do fundo dos
cristalizadores.
Alqueire
Medida
de capacidade, na transacção a retalho do sal, correspondente a 20
litros.
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23 /
Amanhar a marinha
Reparar, conservar e explorar a salina.
O
mesmo que Fazer a marinha.
Amanhar o mandamento
Veja-
se Abrir o mandamento.
O
mesmo que Governar o mandamento.
Anafador
Veja-se Alferes.
O
mesmo que Corredor de barachinhas.
Anafamento
Acção
de anafar.
Anafar
Reparar os liames; para esta operação, emprega-se o anafador, a enxada
de correr liames e o balde ou uma pá.
Ancinho
Alfaia formada por um cabo de 1,5 m., tendo, numa das extremidades, um
pente com 10 a 12 dentes, utilizada para emontear o moliço previamente
envieirado com a cabrita.
O mesmo que Encinho.
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Andaina
Conjunto de meios de cada marinha — a de cima e a de baixo.
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Ândoa
Barro
azulado, que se encontra na margem interior da Ria, aplicado para barrar
o fundo dos cristalizadores, antes da botadela, para o tornar mais duro
e impermeável. Não se regista a forma constante do dicionário — andoa.
Andoar
Colocar ândoa com o vasculho; esta técnica foi substituída pelo arear.
Apajar
Veja-se Achegar.
O
mesmo que Bater.
Apancar
Apagar
as pegadas deixadas no parcel.
Aparelhar
Reparar, antes da estrangedura, os estragos ocasionados nos liames,
durante o Outono e o Inverno.
Aquecer a água
Deixar
aquecer ao sol a água existente nas poças da praia dos meios, a qual irá
servir para as espanadelas.
Arear
Espalhar uma camada de areia no fundo dos cristalizadores, a fim de
evitar que, nas primeiras reduras, a lama do fundo se misture com o sal.
Arreadela
Operação que consiste em empregar, antes da botadela, as águas mais
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concentradas dos meios de cima, misturadas a 50% com a água dos talhos,
para acelerar, não só a compactação da praia dos meios de baixo, mas
também todo o processo de salinização.
Esta
técnica, com que se pretende efectuar mais cedo a botadela, tem sempre,
a curto prazo, efeitos negativos durante a produção, dado que a marinha
tem tendência para ficar pobre.
Arrear a água
Deixar
correr a água de um compartimento para o seguinte, no sentido
descendente.
Arregaçar o sal
Botar
coruto, puxando o sal da saia com o ugalho da lama ou a rasoila.
Arzil
Mistura de argila e areia fina, utilizada no revestimento do fundo dos
cristalizadores, para os tornar mais duros.
Bajunça
Planta, parecida com o junco, que se cria nas margens e ilhas da Ria,
com que se cobrem os montes de sal, no fim da safra, a fim de os
proteger da chuva durante o Outono e o Inverno.
O
mesmo que Castanhol e Junça.
Balde
Espécie de pá de madeira e ferro, com 1,15 m. de comprimento; usa-se
para compor o torrão e remover as lamas. |
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Baldeação
Acto
de baldear.
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26 /
Baldear
Aumentar a altura da defensão com lama do esteiro contíguo.
O
mesmo que Coroar e Encapelar.
Barachar
Reparar os estragos ocasionados nas barachas, durante a época invernal.
Barachas
Muretes feitos de lama, paralelos ao eixo viveiro-marinha propriamente
dita.
O
mesmo que Marachas.
Barachinhas
Pequenas barachas que separam, entre si, os meios de cima e, também, os
meios de baixo.
Na
maior parte das salinas, as barachinhas dos meios de baixo são
substituídas por tábuas colocadas de cutelo, o que provoca um aumento da
superfície de cristalização e, bem assim, uma diminuição da
possibilidade do sal se conspurcar com as escorrências provenientes das
divisórias.
Barachões
Grandes barachas.
Barco de sal
1.
Medida de peso, na transacção por grosso do sal, correspondente a 10
toneladas.
O
mesmo que Vagão de sal.
2.
Embarcação de transporte de sal.
Veja-se Saleiro.
|
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27 /
Barco de torrão
Barcada correspondente a 500 torrões.
Bater
Veja-se Achegar.
O
mesmo que Apajar.
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Beiras
Pedaços de lama aderentes aos liames.
O mesmo que Bimbaduras.
Bessa
1.
Sulco de 20 cm. de fundo, por 20 cm. de largura, que fica no sapal,
depois de se cortar e retirar o torrão.
Veja-se Dispor a praia.
2.
Sulco na sapata dos muros.
Veja-se o n.º 2 de Abrir bessa e Encher bessa.
Bimbaduras
Veja-se Beiras.
Bimbar
Limpar
as beiras.
Bomba de escoar
Canal
em madeira, de secção rectangular, com um postigo que fecha,
automaticamente, quando a maré sobe; serve para escoar a marinha e, dado
o seu engenhoso tipo de fecho, só actua durante a baixa-mar, ou seja,
quando o nível de água do esteiro, onde desemboca, está mais baixo que o
da salina.
O
mesmo que Bomba de tubo.
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28 /
Bomba de toma de água
Comporta constituída por um canal de madeira de secção quadrada, tendo,
numa das extremidades, uma palmeta ou postigo, que funciona
verticalmente; estabelece a comunicação entre a Ria e o viveiro, só se
abrindo para tomar água.
Veja-se Portão.
O
mesmo que Tomadoiro.
Bomba de tubo
Veja-se Bomba de escoar.
Bombear
Trabalhar com o bombeiro.
Bombeiro
Aparelho rudimentar com que se escoa a água, quando a marinha é mais
funda que o esteiro adjacente; é constituído por uma grande pá, suspensa
por intermédio de uma corda fixa ao vértice da tranqueira; quando se
trata de um grande volume de água, trabalha-se com vários bombeiros,
suspensos de uma trave, apoiada, pelas extremidades, em duas tranqueiras.
Nos
últimos anos, este instrumento tem vindo a ser substituído por
motobombas.
Bombinhas
Pequenos tubos, pelos quais a água passa do viveiro para os algibés,
destes para os diversos compartimentos do mandamento e, ainda, entre as
várias carreiras.
Este
sistema de passagem de água veio substituir os portais, que só
subsistem, praticamente, no tabuleiro do meio.
Borrascada
Chuva
miúda tocada a vento.
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31 /
Botadela
Acção de botar.
O dia da botadela é de festa, comemorando-se com comes-e-bebes, para que
se convidam os amigos e o pessoal das marinhas vizinhas.
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g
Botar
Última
parte da fase preparatória da marinha; consiste na alimentação dos
cristalizadores com a água utilizada para se iniciar a extracção do sal.
Botar coruto
Rematar o monte de sal.
Bulir
Agitar, levemente, a água dos cristalizadores com o ugalho de bulir,
evitando, assim, a formação de cristais de sal demasiado grandes.
Cabaço
Alfaia
composta por um cabo e um reservatório, em madeira ou lata, com 1,3 m.
de comprimento, usada para escoar os poços das encanas.
|
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Cabeça de carneiro
Alfaia
com 1,2 m. de comprimento, formada por um cabo, tendo, na extremidade,
uma peça em forma de prisma com três lados, dos quais um é arredondado;
serve para abrir as canejas.
O
mesmo que Canejeiro.
Cabeçadas
Lamas
estrangidas da marinha nova, que ficam depositadas na praia dos meios de
cima, até serem transportadas para a malhada.
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Cabeceiras
Reservatórios de forma rectangular, com uma altura de água aproximada de
5,5 cm., situados entre os talhos e os meios de cima da marinha nova e
que constituem as quartas e últimas peças do mandamento; as suas
dimensões são sensivelmente iguais às dos talhos.
Num
ano bom, estes compartimentos podem trabalhar como cristalizadores;
assim, a maioria das marinhas tem as cabeceiras divididas em duas zonas:
a superior, cuja largura corresponde à de três meios, não tem
subdivisões e desempenha as funções de meios de cima, e a inferior,
subdividida em três partes, que funcionam como meios de baixo, ou seja,
como cristalizadores.
Cabrita
Ancinho com um cabo de 1,75 m. e, mais ou menos, 30 dentes curtos, em
madeira, que, quando se partem, são, por vezes, substituídos por
cavilhas de ferro, de igual tamanho; emprega-se para envieirar o moliço,
que se desenvolve durante o Outono e o Inverno.
Caixa de sal
Medida
de peso, na transacção por grosso do sal, correspondente a 50 quilos;
assim, para carregar um vagão, contam-se 200 caixas.
Caixas da carreira
Valas
para abastecimento de água das duas marinhas propriamente ditas — a nova
e a velha.
O
mesmo que Carreiras dos lacrimais.
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