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Rapões
Rasoila mais pequena, de que existem dois modelos:
— o
do sal, com um cabo de 1,30 m. e uma pá de 50 cm. de comprimento, por
25 cm. de largura e 1,3 cm. de espessura, cujo o bordo inferior é, por
vezes, forrado a zinco ou cobre, para o proteger do desgaste;
utiliza-se para encher as canastras de sal;
— o
da lama, cujas medidas são, respectivamente, 1,75 m., 50 cm., 17 cm. e
1,5 cm.; serve para juntar as lamas, no tempo das limpezas.
O
mesmo que Rodo. |
Rapão do sal e rapão
da lama |
|
|
|
/ 74 /
Rasoila
Rodo
com um cabo de 2,2 m. e uma pá de 85 cm. de comprimento, por 25 cm. de
largura e 1,8 cm. de espessura, cujo bordo inferior é, por vezes,
forrado a zinco ou cobre, para o tornar mais resistente ao desgaste;
usa-se para rer. |
Rateira
Toca
de ratos, no muro de uma salina, que pode provocar uma cambeia.
Redura
Veja-se Rapação.
Reformar a água
Acrescentar os meios de baixo, com água proveniente dos talhos,
compensando a evaporação, antes da passagem da última água anterior à
botadela.
Refundeador de barachas
Alfaia em ferro, com um gume em cunha, nascendo de uma base plana, que
estabiliza a profundidade do sulco, e um cabo de madeira, de 1,40 m.,
utilizada para abrir o rego, onde se encaixam as barachinhas de
madeira; dado que se trata de um utensílio baseado no princípio do
arado necessita de dois homens: um para o puxar, por intermédio de uma
corda amarrada a um argolão, e outro para manter o movimento
rectilíneo.
/ 75 /
Regar o mandamento
Enviar, pela primeira vez, água das comedorias para o mandamento, após
a fase de limpezas e securas deste.
Rer
Veja-se Rapar.
Rer. Foto da Rota da
Luz |
Rodo
Veja-se Rapões.
Safra
Época de trabalho; começa no início da Primavera e termina com as
primeiras chuvas de Outono.
|
Saia
Aba
do monte de sal.
/ 76 /
Sal
Sal
das cozinhas ou sal comum, obtido por evaporação da água da Ria, que
se deposita no fundo dos cristalizadores.
Para
se obter este sal, onde predomina, largamente, o cloreto de sódio, a
concentração óptima das moiras situa-se entre os 25 e os 29 graus
Baumé. Conforme o tamanho dos cristais, o sal classifica-se,
comercialmente, em três tipos: fino, traçado e grosso.
O
Salgado de Aveiro só produz, praticamente, sal fino; por exemplo, em
1954, a produção total foi de 57 360 toneladas, das quais 56 610 de
sal fino e 750 de sal grosso. Como termos de comparação, refere-se
que, nesse ano, o segundo maior produtor deste tipo de sal, com 33 007
toneladas, foi o salgado da Figueira da Foz, e que, no total das
salinas portuguesas, se obtiveram 117 625 toneladas.
Sal de espuma
Veja-se Peles.
Sal de revolta
Sal
da primeira redura, após ter chovido, grosso e sujo com a lama
arrastada pela chuva.
Sal de troca
Sal
que se permuta com outros produtos, por exemplo, a areia necessária
para a preparação da salina.
Sal fino
Qualidade de sal comum, composta por pequenos cristais.
Sal grosso
Sal
formado por cristais maiores que o normal.
/ 77 /
Sal navego
Sal
que se destina à exportação por via marítima; há alguns anos, os
Açores e o norte da Europa assumiam-se como os mercados mais
importantes.
Sal traçado
Mistura de sal fino e sal grosso, recolhido nas reduras seguintes à
que dá o sal de revolta.
Sal vermelho
Por
vezes, o sal toma uma coloração avermelhada, resultante da existência
de colónias da "Halobacterium", que nele prolifera.
Note-se que esta bactéria é a responsável pelo "rouge", que se vê no
bacalhau.
Saleiro
Designação do barco mercantel quando transporta sal.
De
fundo plano e pouco calado, mede, aproximadamente, 20 m. de
comprimento, por 2,5 m. de boca e 0,9 m. de pontal, deslocando, em
média, 10 toneladas; aparelha uma vela de pendão, com uma superfície
ligeiramente superior a 32 m2, auxiliada, às vezes, por um
traquete içado, à proa, num mastaréu, mas, hoje em dia, recorre-se,
com frequência, a motores auxiliares.
/
78 /
Salgado
Área
da Ria de Aveiro ocupada pelas marinhas de sal. Das mais de duzentas
salinas existentes em 1970, só trabalharam, em 1995, trinta.
As
salinas de Aveiro podem classificar-se, segundo a sua situação
geográfica, em cinco grupos: Monte Farinha, Norte, Mar, Sul e São
Roque/Esgueira.
Os
melhores meses para a extracção de sal são, por ordem decrescente:
Agosto, Julho, Junho, Setembro e Maio.
Salineiras na descarga,
no Cais dos Mercantéis. Fotografia de João Salgueiro.
Salgar
A
marinha salga, quando o sal se está a depositar, normalmente, no fundo
dos cristalizadores.
Salina
Veja-se Marinha de sal. O mesmo que Marinha.
Salineira
Mulher
que transporta o sal à cabeça, em canastras de 50 quilos, dos barcos
para os armazéns.
Por
vezes, trabalham, também, na salina, carregando, para a malhada, nas
referidas canastras, as cabeçadas.
A
falta de mão-de-obra levou a que, durante alguns anos, se vissem, em
certas marinhas, mulheres a desempenharem as duras funções dos
tradicionais moços.
Salineiro
Veja-se Marnoto.
Salinidade
Quantidade de sal que se encontra dissolvido numa determinada porção de
água.
O
mesmo que Salsugem.
/
79 /
Salsugem
Veja-se Salinidade.
Sangradeiras
Aberturas praticadas no tabuleiro do sal, por onde se sangram os
cristalizadores.
Veja-se Sangrar.
O
mesmo que Sangradoiras.
Sangradoiras
Veja-se Sangradeiras.
Sangradura
Acção
de sangrar.
Sangrar
Quando
as moiras estão muito fortes, é necessário retirá-las dos
cristalizadores para o entraval, através das sangradeiras, e meter água
menos concentrada nessas peças, para aumentar o índice de produção de
sal.
Sapal
Terra
alagadiça e inculta à beira-ria, onde se corta o torrão.
Sapata
Base
da defensão, feita com estacaria, casqueiros e torrão.
Secura
Veja-se Dar sol.
O
mesmo que Levar a praia a seco e Pôr ao sol.
/
82 /
Serra
Veja-se Montes de sal.
O
mesmo que Mula.
Sobre-cabeceiras
Reservatórios de forma rectangular, com uma altura de água aproximada de
7 cm., situados entre os caldeiros e os talhos e que constituem as
segundas peças do mandamento; as suas dimensões são sensivelmente iguais
às dos caldeiros.
Algumas marinhas, por insuficiência de área, não têm sobre-cabeceiras.
Esta pobreza de mandamento pode ser compensada das seguintes formas:
aumentando, ligeiramente, as dimensões das restantes peças do
mandamento; ou construindo, apenas, uma marinha singela.
Sol da estrangedura
Primeira secagem dos meios, depois das limpezas do início da época, até
a praia se fender em sulcos largos e fundos.
Sustentar a marinha
Meter
água nos meios.
Tábuas dos ugalhadoiros
Tábuas, com o mesmo comprimento da pá do ugalho de bulir, que se
encostam ao tabuleiro do meio, quando se está a ugalhar, para que este
não sofra estragos provocados pelo bater, não só do ugalho, mas também
da água que se está a atirar, violentamente, para o compartimento
anterior.
Tabuleiro do meio
Travessão que separa os meios de cima dos meios de baixo.
/
83 /
Tabuleiro do sal
Travessão com uma largura aproximada de 2 m., em plano inclinado na
direcção da engiva e revestido, por vezes, de madeira, que remata os
cristalizadores e para onde se rê o sal.
Talhão
Conjunto de seis meios dobrados.
Talhos
Reservatórios de forma rectangular, com uma altura de água aproximada de
6 cm., situados entre as sobre-cabeceiras e as cabeceiras e que são as
terceiras peças do mandamento; a sua largura é igual à dos caldeiros e
das sobre-cabeceiras, tendo, no entanto, um comprimento ligeiramente
menor.
Num
ano bom e numa marinha valente, alguns destes compartimentos podem
trabalhar como cristalizadores, a partir do meio da safra.
Tapagem à providência
Construção de uma defensão comum a um conjunto de marinhas contíguas,
sendo o seu custo dividido pelos respectivos proprietários, em função da
área de cada salina.
Tinha
Poeira, proveniente das lamas, que se torna peganhenta com a humidade,
sendo necessário limpá-la dos tabuleiros, dos machos e das eiras, com
auxílio da rapinhadeira, não só para que não polua o sal, mas também
para que o chão não fique escorregadio, dificultando a passagem do
pessoal.
Tiragem das lamas
Transporte das lamas removidas durante a estrangedura.
/
84 /
Tirar o entraval
Remover as lamas depositadas no entraval.
Tirar sal
Transportar o sal do tabuleiro do sal para as eiras, em canastras
levadas à cabeça pelos moços.
Tirar sal
Toma de água
Acção
de tomar água.
O
mesmo que Tomadela de água.
Tomadela de água
Ver
Toma de água.
Tomadoiro
Veja-se Bomba de toma de água e Portão.
Tomar água
Abastecer o viveiro com água salgada da Ria, de preferência, de quinze
em quinze dias, durante as marés vivas, dado ser nestas alturas que se
verifica o maior grau de salinidade da água.
Torrão
Lama
argilosa dos sapais, endurecida e cortada em cubos de 20 cm. de aresta,
contendo raízes de plantas que, mais tarde, se desenvolvem, enfenando o
torrão.
/
85 /
Torroeira
Zona
do sapal donde se extrai o torrão.
Tranqueira
Tripé
formado por varas atadas em cima, com uma altura, ao centro, de 2,3 m.,
onde se suspende a pá do bombeiro.
Por
baixo do tripé, monta-se uma tábua de cutelo, perpendicular ao entrava!,
que funciona como açude, para não deixar entrar a água da Ria, cujo o
nível está mais alto.
Travar a água
Manter
a água nos compartimentos, durante a fase preparatória de limpeza e
consertos, tendo em vista não deixar endurecer, extemporaneamente, as
lamas.
Trave das bombinhas
Travessão que separa os algibés dos caldeiros.
O mesmo que Trave do
mandamento.
Trave do mandamento
Veja-se Trave das bombinhas.
Trave do viveiro
Muro
de torrão e lama entre o viveiro e os algibés.
Travejar
Reparar os estragos ocasionados nas travessas, durante a época invernal.
Travessas
Muretes feitos de lama, paralelos às traves, que separam os diferentes
tipos de reservatórios do mandamento.
/
86 /
Travessões
Grandes travessas.
Treita
Rasto
deixado na praia pelo círcio.
Ugalhamento
Acção
de ugalhar.
Ugalhadoiro
Parte
de uma travessa, quase sempre o tabuleiro do meio, sobre a qual se
ugalha.
Ugalhar de cima.
Fotografia C. M. Aveiro. |
Ugalhar
Atirar
a água de um compartimento para o anterior, no sentido ascendente, por
cima da travessa de separação, com o ugalho de bulir ou com o da lama,
podendo-se ugalhar de baixo, empurrando a água, ou ugalhar de cima,
puxando-a.
|
Ugalhos
Rodos
de que existem duas espécies:
— o da
lama serve para todos os trabalhos de limpeza de lamas e, ainda, para
achegar os montes; tem as seguintes dimensões: pá de 80 cm. de
comprimento, por 12 cm. de largura e 1,8 cm. de espessura; cabo de 2,4
m.;
— o de
bulir, usado para bulir e quebrar, tem por medidas: pá de 1 m. de
comprimento, por 11 cm. de largura e 1,5 cm. de espessura; cabo de 2,6
m.
/
87 /
Vagão de sal
Veja-se o n.º 1 de Barco de sal.
Vasa
Lama
mole do fundo da Ria.
Vasculho
Espécie de grande vassoura, com um cabo de 70 cm., para espalhar a ândoa
no fundo dos cristalizadores.
Vazamento
Acção
de vazar.
|
Ugalho da lama e ugalho
de bulir |
Vazar
Quando
um lacrimal ou a zona envolvente de uma bomba ou bombinha se deterioram,
torna-se necessário efectuar a sua reparação, procedendo-se, em primeiro
lugar, a um vazamento: cortar o respectivo liame ou muro, com a ajuda do
balde e de uma enxada, até encontrar a respectiva ruptura.
Posteriormente, enche-se bessa e, no caso dos lacrimais, abre-se, de
novo, a passagem para a água.
Age-se
de igual modo, no caso do conserto de estragos causados, nos muros,
pelas rateiras.
Vieiro
Faixa
de areia, com, aproximadamente, um metro de largura, que se põe no eixo
dos cristalizadores, a fim de tornar mais dura esta zona do
compartimento, permitindo que as rapações se façam sem trazer lama
misturada com o sal.
Vinca
Cada
uma das camadas de bajunça empregues na cobertura dos montes e que se
/
88 /
colocam por forma a que a segunda camada se sobreponha, ligeiramente, à
primeira e, assim, sucessivamente.
Viradela
Veja-se Marinha virada.
Viveiro
Compartimento com uma profundidade média de 50 cm., situado na parte
mais elevada da marinha de sal, constituindo um depósito de água
salgada, cuja capacidade deve ser a suficiente para alimentar a salina,
durante os quinze dias que medeiam entre as tomas de água.
Usual
e tradicionalmente, procede-se à criação extensiva de peixe (enguias,
tainhas, robalos, douradas e linguados) e bivalves (berbigão), que
entram, durante as tomas de água, neste reservatório.
Esta
utilização do viveiro, que, durante séculos, foi entendida como uma
fonte de rendimento secundaríssima, se bem que, por vezes, produzisse
lucros apreciáveis, tem vindo a ser encarada, nos últimos anos, como a
actividade económica que pode vir a substituir a cultura do sal na Ria
de Aveiro, havendo várias salinas que foram totalmente reconvertidas em
estabelecimentos de piscicultura.
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