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Calendário Histórico de Aveiro
– Séc. XVIII –

 

1790-02-07 — Faleceu na Inglaterra, em Islington, com 68 anos de idade, o insigne aveirense João Jacinto de Magalhães, um dos mais afamados cientistas do século XVIII (Prof. A. Sousa Pinto, A vida e a obra de João Jacinto Magalhães; Prof. Joaquim de Carvalho, Correspondência científica dirigida a João Jacinto de Magalhães (1769-1789); Arthur Birembaut, Sur les lettres du physicien Magellan conservées aux Archives Nationales) – A.

1790-04-20 — A Rainha D. Maria I houve por bem conceder à Fábrica de Louça, sita no Cojo, a graça da isenção de direitos, na entrada nas alfândegas do País, para todos os materiais de que carecesse (II Livro dos Registos da Câmara Municipal de Aveiro, fl. 515v; Rangel de Quadros, Aveiro – Apontamentos Avulsos, Manuscrito, fl. 108) – J.

1790-07-08 — Foi passada carta de familiar do Santo Oficio a Joaquim Pedro Nogueira, natural de Coimbra mas residente em Aveiro (Arquivo, XXXIV, pg. 238) – J.

1790-08-26 — Na igreja da Misericórdia, realizou-se – «sub condicione por duvidar do baptismo feito em casa pela parteira por necessidade» – o baptismo solene de António Máximo da Costa Monteiro Rangel de Quadros da Veiga e Távora, que nascera em 12 de Agosto, filho de Miguel Rangel de Quadros da Costa Monteiro e de D. Maria Bárbara Rangel de Quadros Borges e Queirós, o qual viria a ser o sexto administrador da capela dos Santos Mártires e dos seus vínculos anexos; presidiu à celebração, feita «com toda a ostentação», o primeiro bispo de Aveiro, D. António Freire Gameiro de Sousa. Foi este o primeiro baptismo que nesse tempo se efectuou, após a sua elevação a catedral (Arquivo Distrital de Aveiro, Livro dos Baptismos da freguesia de S. Miguel de 1780-1833, n.º 12, fls. 82v-83; Rangel de Quadros em Aveiro – Apontamentos Históricos, III, fl. 36, e Luís da Gama Ribeiro Rangel de Quadros e Maia, Arquivo, XXI, pg. 44, indicam outra data para este baptizado, sem qualquer fundamento) – J.

1790-11-15 — O Papa Pio VI concedeu um breve à Irmandade do Santíssimo Sacramento da freguesia de S. Miguel, perdoando as missas que esta confraria tinha deixado de mandar celebrar. O breve obteve o beneplácito régio em 25 de Dezembro seguinte, foi expedido à Câmara Eclesiástica de Aveiro em 14 de Janeiro de 1791 e registado em 24 de Março (Rangel de Quadros, Aveiro – Apontamentos Históricos, I, fl. 73) – J.

1791-03-01 — Em Almeida, nasceu Pedro António Rebocho Freire de Andrade e Albuquerque, que viria a radicar-se e a casar em Aveiro com D. Ana Isequelina de Oliveira Leite e que, pelo seu valor militar, foi agraciado sucessivamente com os títulos de barão e de visconde de Santo António – nome da quinta que adquirira nesta cidade e que fora a cerca do Convento Franciscano do mesmo nome (Marques Gomes, Aveiro – Berço da Liberdade, pgs. 137 e 139, e Manuscritos-Retratos – Paysagens, cols. 56-57) – J.

1791-03-27 — Nasceu em Aveiro Joaquim José Marques Cristo, que seria cabo de Veteranos na Guerra Peninsular (Data que consta na sepultura, no Cemitério Central de Aveiro) – J.

1791-05-05 — A Câmara Municipal resolveu «representar a Sua Majestade sobre a grande precisão de um canal ou desaguadouro, por onde saissem para o mar as imensas águas que se juntavam na ria e aqui se demoravam» (Arquivo, I, pg, 229) – A.

1791-06-09 — Por incumbência da Rainha D. Maria I, o provedor da Comarca de Aveiro e encarregado da Superintendência das Obras da Barra, Nuno de Faria da Mata Amorim, apresentou a Sua Majestade o plano para a abertura de uma barra ou regueirão, junto à capela de Nossa Senhora das Areias, na Costa de São Jacinto. Executou-se o projecto, mas sem resultado duradouro (Rangel de Quadros, Aveiro – Apontamentos Avulsos, Manuscrito, fls. 43-44) – J.

1791-07-06 — A Rainha D. Maria I determinou ao provedor da Comarca de Aveiro, encarregado da Superintendência das Obras da Barra, que mandasse abrir um regueirão que cortasse o areal que separava o oceano da ria. Delineado o plano, prontamente se executou o trabalho junto da capela de Nossa Senhora das Areias, em São Jacinto; mas logo o mar obstruiu o precário canal, de tal forma que, em 1802, nem sequer restavam vestígios (Rangel de Quadros, Aveiro – Apontamentos Avulsos, Manuscrito, fls. 43-45) – J.

1791-07-16 — A Confraria do Santíssimo Sacramento da freguesia de S. Miguel, de Aveiro, obteve um breve da Santa Sé que reduziu de 137 para 56 missas anuais, a que era obrigada, mas com a condição de ir aumentando o número na medida em que subissem os rendimentos (Rangel de Quadros, Aveiro – Apontamentos Históricos, I, fl. 75) – J.

1792-02-16 — Para as obras de abertura de uma barra ou regueirão junto da capela de Nossa Senhora das Areias, na Costa de São Jacinto, foi concedida a verba de 8.000$000 réis, além de igual quantia que já se tinha gasto com tais trabalhos. O resultado foi precário (Rangel de Quadros, Aveiro – Apontamentos Avulsos, Manuscrito, fl. 45) – J.

1792-02-17 — Por escritura desta data, Francisco Manuel Couceiro da Costa Coelho, morgado de Vilarinho, vendeu à Confraria do Santíssimo Sacramento, por 200.000 réis (ou por 100.000 réis, como também se escreveu), a capela que possuía na antiga freguesia da Vera-Cruz e anexa à igreja paroquial, conhecida por capela dos Lançarotes, e que havia sido edificada pelos seus ascendentes em 1583 (Arquivo, XI, pg. 106) – A.

1792-03-01 — A Rainha D. Maria I passou uma provisão para o Senado da Câmara de Aveiro poder fazer o Partido de Médico de 160.000 réis anuais, pagos pelo Cofre da Barra, «por ser avultado o seu rendimento» (Livro dos Registos, fls. 319-319v; Colectânea, II, pgs. 622-623) – J.

1792-09-14 — Por breve desta data, o Papa Pio VI privilegiou «in perpetuum» o altar-mor da igreja da Ordem Terceira de S. Francisco (Rangel de Quadros, Aveiro – Apontamentos Históricos, VI, fl. 28) – J.

1792-09-14 — Por breve desta data, o Papa Pio VI declarou que o jubileu da Porciúncula também se podia lucrar na igreja da Ordem Terceira de S. Francisco, como noutra qualquer igreja dos Religiosos Franciscanos (Rangel de Quadros, Aveiro – Apontamentos Históricos, VI, fl. 28) – J.

1792-11-09 — Pela acta de uma sessão, que a Irmandade do Santíssimo Sacramento, com sede na igreja de S. Miguel, realizou neste dia, sabe-se que o edifício em cujo local se construíram os actuais Paços do Concelho, datados de 1797, era usufruído por António Rodrigues da Silveira, residente em Aveiro, o qual pagava anualmente àquela Irmandade o foro de 2.303 réis (Rangel de Quadros, Aveiro – Apontamentos Históricos, I, fl. 77) – J.

1793-02-17 — Nasceu em Aveiro José António da Silva Leão, barão de Almofala, que fez as campanhas da Guerra Peninsular como praça de pret, dando provas de muito valor; ascendeu ao posto de general de Brigada e ocupou o lugar de ministro da Guerra (Rangel de Quadros, Aveirenses Notáveis, II, fls. 263-267; Marques Gomes, O Districto de Aveiro, pgs. 159-161, e Subsídios para a História de Aveiro, pgs. 602-604) – A.

1793-11-09 — João Marques Saraiva de Figueiredo, exímio ourives aveirense e alferes das Ordenanças da freguesia de S. Miguel, foi, em atenção aos seus relevantes serviços, promovido ao posto de capitão, cargo de que viria a ser exonerado, a seu pedido, em 12 de Abril de 1804 (Rangel de Quadros, Aveirenses Notáveis, I, fl. 239) – A.

1794-04-16 — Porque a barra continuava fechada e as inundações causavam enormes prejuízos, a Câmara Municipal de Aveiro encarregou o Dr. Manuel Joaquim Lopes Negrão de conseguir do Príncipe Regente D. João – mais tarde El-Rei D. João VI – as providências necessárias para prosseguirem as obras de abertura de uma barra nova (Arquivo, I, pg. 229, e XXII, pg. 275; A mesma revista, Ano XIII, pgs. 26-27, indica a data de 15 de Abril de 1794) – A.

1794-10-21 — Nasceu em Aveiro D. Maria Benedita de Sousa de Quevedo Pizarro, senhora do Paço do Terreiro, nesta cidade, que veio a consorciar-se com José Osório do Amaral Sarmento e Vasconcelos, coronel de Cavalaria, par do Reino, fidalgo da Casa Real, primeiro barão de Almeidinha, em sua vida, por carta régia de 3 de Março de 1842, e senhor da casa deste nome (Rangel de Quadros, Aveirenses Notáveis, II, fls. 209-210; Arquivo, XXX, pgs. 206-207) – J.

1795-08-19 — Faleceu o aveirense Dr. António Rangel de Quadros Cabral Moura e Horta, hábil jurisconsulto que, por ser casado com D. Joana Margarida de Távora Rangel de Quadros, fora destituído pelo Marques de Pombal das funções de juiz de fora em Alenquer, tendo mesmo de homiziar-se para se livrar da vingança contra os Távoras (Rangel de Quadros, Aveirenses Notáveis, II, fls. 72-73) – J.

1795-09-20 — Foi criado mais um partido de medicina em Aveiro, que seria pago pelo Cofre da Barra, com o ordenado de 100.000 réis; para esse lugar foi despachado o Bacharel Manuel Joaquim de Azevedo (II Livro dos Registos, fls. 558 e ss.; Rangel de Quadros, Aveiro – Apontamentos Avulsos, Manuscrito, fl. 46) – J.

1795-11-18 — Faleceu em Aveiro o italiano João Baptista Locatelli, que aqui, em 1761, com a protecção do Marquês de Pombal, fundara e dirigira uma fábrica de tecidos e estamparia de algodão (Rangel de Quadros, Aveiro – Apontamentos Avulsos, – Manuscrito, fls. 111-114) – J.

1796-02-19 — O Papa Pio VI privilegiou perpetuamente o altar das Almas da igreja de Nossa Senhora da Apresentação, em todo o oitavário dos Santos e três dias em cada semana (Rangel de Quadros, Aveiro – Apontamentos Históricos, I, fls. 235-236) – J.

1796-02-23 — O Papa Pio VI concedeu uma indulgência plenária e perpétua a quem visitasse, no primeiro domingo de Novembro ou na segunda-feira imediata, o altar das Almas da igreja de Nossa Senhora da Apresentação, tendo-se confessado e comungado e orando pelas intenções da Santa Igreja (Rangel de Quadros, Aveiro – Apontamentos Históricos, I, fls. 235-236) – J.

1797-03-21 — Por um breve desta data, o Papa Pio VI concedeu a indulgência plenária e a remissão dos pecados aos fiéis que visitarem, arrependidos e tendo-se confessado, a igreja de Nossa Senhora da Apresentação nos dias de Nossa Senhora das Candeias e de Santa Ana, e aí rogarem a Deus pela paz, extirpação das heresias e exaltação da Santa Igreja (Lápide existente na sacristia da referida igreja; Marques Gomes, Memorias de Aveiro, pg. 109; Rangel de Quadros, Aveiro – Apontamentos Históricos, I, fl. 236) – A.

1797-08-23 — Por despacho do Desembargo do Paço, foi determinado que o produto das sisas sonegadas e postas em arrematação, desde 1794, revertesse para as obras da construção da nova casa da Câmara Municipal, arrematadas três anos antes, e para as obras dos aquedutos (Rangel de Quadros, Aveiro – Apontamentos Avulsos, Manuscrito, fl. 340) – J.

1797-10-20 — A Rainha D. Maria I, por uma provisão, mandou que o produto das sisas atrasadas fosse aplicado nas obras da casa da Câmara Municipal e noutras obras públicas da cidade (III Livro de Registos, fls. 61 e ss.; Rangel de Quadros, Aveiro – Apontamentos Avulsos, Manuscrito, fl. 340) – J.

1797-10-30 — O Padre Manuel Rodrigues Resende teve carta de apresentação da vigararia da igreja matriz de S. Miguel de Aveiro (Torre do Tombo, Chancelaria da Ordem de Avis, livro 20, fl. 384) – A.

1798-08-29 — Nasceu em Aveiro D. Ana Ezequelina de Oliveira Leite, primeira baronesa e primeira viscondessa de Santo António, que viria a casar em 4 de Junho de 1826 com o Tenente-General Pedro António Rebocho, primeiro barão e primeiro visconde de Santo António, um dos ilustres combatentes nas campanhas peninsulares e nas lutas liberais (Marques Gomes, O Districto de Aveiro, pg. 161) – J.

1798-09-07 — Na sequência do despacho de 21 de Março do ano corrente e da portaria do secretário de Estado dos Negócios do Reino de 14 de Abril, a Rainha D. Maria I, pelo Príncipe Regente D. João, passou uma carta de padrão de 12.000 reis anuais de tença, efectivos em vida, ao ilustre aveirense Tenente-Coronel João de Sousa Ribeiro da Silveira Magalhães, a título do hábito da Ordem de S. Bento de Avis (Documento original na posse da Assembleia Distrital de Aveiro) – J.

1799-07-13 — Nasceu em Aveiro o Dr. Francisco Tomé Marques Gomes, magistrado distinto, que prestou importantes serviços à sua terra natal (Rangel de Quadros, Aveirenses Notáveis, I, fls. 194-198).

1799-08-05 — Nasceu o valoroso aveirense João de Sousa Pizarro, irmão da baronesa de Almeidinha, o qual, seguindo a carreira militar, atingiu um posto de oficial superior; viria a morrer na batalha da Cruz de Morouços, em 24 de Junho de 1828 (Rangel de Quadros, Aveirenses Notáveis, II, fl. 250) – J.

1799-09-29 — Faleceu o ilustre aveirense Dr. Frei Padre Manuel Marques de Figueiredo, bacharel em Direito Canónico, freire da Ordem de Avis, vigário da freguesia de Nossa Senhora da Apresentação, ministro da Ordem Terceira, à qual prestou assinalados serviços, sacerdote extremamente caritativo e geralmente respeitado. Foi ele quem escreveu no livro do registo dos baptismos que, no dia 29 de Setembro de 1759, «se abriu uma carta régia pela qual Sua Majestade o Snr. D. José I, que Deus guarde, fez mercê a esta nobre e notável vila de Aveiro de criá-la cidade do mesmo nome com os privilégios das cidades mais antigas do Reino», referindo também os actos litúrgicos de agradecimento a Deus e as festas populares (Rangel de Quadros, Aveirenses Notáveis, I, fls. 232-233; Cartório Paroquial da Vera-Cruz, Livro de Baptismos da Freguesia de Nossa Senhora da Apresentação, de 1735 a 1767, 1.ª folha) – J.

1799-10-20 — Pelas dezanove horas e quarenta e cinco minutos deste dia, faleceu o primeiro bispo de Aveiro, D. António Freire Gameiro de Sousa (Arquivo Distrital de Aveiro, Livro de Óbitos da Freguesia de S. Miguel, que começa em 1787, fl. 49) – J.

1799-11-05 — Foi passada carta de juiz de fora de Aveiro ao Bacharel Clemente Ferreira França (Torre do Tombo, Chancelaria de D. Maria I, livro 62, fl. 34) – A.

1799-11-13 — Uma carta régia desta data insinuou ao arcebispo de Braga o bispo de Coimbra para administrador e curador da Diocese de Aveiro, por falecimento de D. António Freire Gameiro de Sousa (Dr. José Pereira de Paiva Pitta, Documentos comprovantes, etc., dos elementos de Direito Eclesiástico Português, 1896, pgs. 79-81) – A.

1799-11-26 — Tendo falecido o primeiro bispo de Aveiro em 20 de Outubro de 1799, o arcebispo de Braga, D. Frei Caetano Brandão, transferiu para o bispo de Coimbra, D. Francisco de Lemos de Faria Pereira Coutinho, a jurisdição espiritual e temporal na Diocese vaga (Fortunato de Almeida, História da lgreja em Portugal, Tomo IV, Parte IV, pg. 47) – J.

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