Acesso à hierarquia superior.

Boletim n.º 6 - Ano III - 1985

BIBLIOGRAFIA ESPECÍFICA
SOBRE O BARCO MOLICEIRO

AFFREIXO, Jaime – «Pescas nacionais – A região de Aveiro» , A Tradição, IV, 7 a 12, Serpa, 1902.

 

BARBOSA, José Maria – A Murtosa. A propósito da sua autonomia, Aveiro, Tip. do «Campeão das Províncias», 1899.

Como o título indica, a obra data da altura em que a Murtosa era uma freguesia do Concelho de Estarreja e propõe-se contribuir para o processo de autonomia daquela freguesia.

Referências interessantes à idade da Ria de Aveiro, que o autor considera recente... «a própria ria não existia ainda na época da dominação romana». Informações sobre a origem do primeiro povoado. Descrição dos tipos de pesca praticados pelos murtoseiros, com referência a aparelhos de pesca fluvial.

O Autor computa 200 barcos construídos na freguesia, 100 dos quais destinados à recolha do moliço. Regista ainda cerca de 100 moliceiros de profissão, mais 170 lavradores que vão ao moliço em Agosto, Set. e Outubro.

Referência à idade da Torreira. Descrição minuciosa do funcionamento das Campanhas. Informações interessantes sobre a festa do S. Paio.

 

BRANCO, Vasco – «A Canga Vareira», "Aveiro e o seu Distrito" – publ. semestral da J. Distr. de Aveiro, n.º 20, 1975.

A intuição de uma relação de parentesco entre a canga vareira e as proas dos moliceiros.

 

CASTRO, Domingos José – Estudos Etnográficos, I vol.: Aveiro (Beira Litoral), ed. pelo Inst. para a Alta Cultura, 1943.

Obra fundamental para um trabalho – qualquer trabalho – etnográfico sobre a Ria. Para um estudo dos barcos, é de destacar o tomo I – Moliceiros – e o tomo IV – Marnotos e embarcações fluviais.

Dados preciosos e completos. Obra profusamente ilustrada.

 

CHAVES, Luís – «A Decoração dos nossos Barcos», "Brotéria".

Um estudo desenvolvido sobre os sinais visuais que as embarcações ostentam. Referências privilegiadas aos barcos da ria, em particular ao moliceiro. Observações pertinentes a propósito do figurativo e do abstracto na decoração.

 

CHAVES, Luís – Os transportes Populares em Portugal – Carros e Barcos. FNAT. Gab. de Etnografia, 1958.

Neste trabalho, o Autor fala sucessivamente nos Carros (de bois e de muares) e nos Barcos, realçando as respectivas decorações.

Inclui o moliceiro na herança das embarcações romanas. Descreve de modo interessante as formas de decoração e arruma numa mesma categoria o moliceiro, o varino e a fragata.

No final da obra, diversas imagens sugestivas.

 

CHAVES, Luís – «Maré Viva de Sugestões, uma sugestão de Arte Popular», Arquivo do Distrito de Aveiro, vol. XXXIV, 1968.

Artigo escrito em memória de Alberto Souto. Citações e referências a autores que trataram assuntos de etnografia naval da Ria de Aveiro. O Autor descobre um paralelismo entre a canga decorada e os painéis pintados do moliceiro.

 

DIAS, Diamantino – Moliceiros, ed. da Com. Mun. de Turismo de Aveiro, 1971.

Informações sistematizadas sobre o moliceiro nos seus múltiplos aspectos: construção, dimensões, decoração, meios de propulsão, faina.

Apresentação de um Glossário sobre o tema. Registo de existências entre 1935 e 1969.

 

FILGUEIRAS, Octávio Lixa – «Barcos» in LIMA, F. de C. Pires de, Arte Popular em Portugal, vol. III, ed. Verbo.

O ensaio versa sobre os diversos tipos de embarcações ao longo do território nacional. Descreve de forma detalhada as respectivas características, / 29 / fornecendo elementos sobre processos de construção naval.

Na Ria de Aveiro considera três famílias de barcos: Moliceiro / Mercantel / Bateiras murtoseiras. Regista-os na influência dos barcos orientais primitivos.

 

FILGUEIRAS, Octávio Lixa – «Barcos da Costa norte, sua contribuição no estudo de áreas culturais».

A comunicação versa sobretudo as origens do barco poveiro. Interessante como método. Muito interessante o mapa de distribuição de áreas culturais ao longo da faixa litoral.

 

FILGUEIRAS, Octávio Lixa – «A propósito da protecção mágica dos Barcos do Douro» in Memoriam António Jorge Dias, Inst. de Alta Cultura, Junta de Investigações Científicas do Ultramar, Lisboa, 1974.

Tratamento privilegiado do barco poveiro. O Autor faz a integração dos sinais pintados nos cascos num sistema de representação mágica.

 

FILGUEIRAS, Octávio Lixa – «No crepúsculo das embarcações regionais» in Publicações do XXIX congresso luso-espanhol, Lisboa, 31 de Março a 4 de Abril de 1970.

 

GOMES, Celestino – Os Motivos da Decoração Ilhavense, Minerva, ed. 1932.

Estudo inspirado, no qual o Autor cita Luís de Magalhães e Alberto Souto. Interpretação naturalista dos frisos pintados no moliceiro, com algumas referências a dados mágico/culturais.

 

GUIMARÃES, Daniel Tércio Ramos – «A Decoração do Moliceiro», Boletim Municipal de Aveiro, ano I, n.º 2, 1983.

Uma perspectiva predominantemente «cultural» da imagística do barco. Tentativa de ordenação e classificação dos signos visuais. Devidamente ilustrado.

 

JACKSON-LEGROS, Gina – «Os Moliceiros», Du-Atlantis, a. 28, n.º 328, Jun. 68.

 

– KÉRISIT, Henry, «Peintres de Moliceiros – Un art vivant dans Ia Lagune d'Aveiro», Le chasse-marée, n.º 8. Numa visão poética, o Autor situa o Moliceiro entre a terra e a água. Descreve o trabalho de recolha do moliço. No conjunto, estudo rigoroso e profícuo com uma visão contemporânea dos moliceiros. Óptimas gravuras: desenhos e fotos.

 

LACHAUX, Geneviève de «Au Portugal un art populair vivace: les moliceiros» , Jardin des Arts, n.º 178, Set. 69.

 

LAMY, Alberto Sousa – Monografia de Ovar, Ovar, (I vol. – Da Idade Média à República). No cap. I o Autor discute as origens da «ria» e sua classificação de um ponto de vista hidrográfico.

No cap. VII, o Autor trata da Pesca. Referências aos barcos primitivos que os pescadores de Ovar teriam usado. Tratamento desenvolvido das artes de Xávega.

Algumas informações sobre Moliceiros: informações estatísticas (p. 204/205).

 

LARANJEIRA, Lamy – «Barcos da Ria de Aveiro», O Nosso Jornal, mensário dos trabalhadores do C.F./Portucel – Cacia, n.º 106, n.º 108, n.º 109, n.º 110, n.º 111, n.º 114, n.º 115, n.º 116, n.º 118, n.º 120.

O conjunto dos artigos revela uma súmula interessante e esclarecedora. Importante o Glossário sobre o moliceiro nos n.os 108 e 111 e o Glossário sobre o mercantel no n.º 116.

 

LOPES, Ana Maria Simões da Silva – «O Vocabulário Marítimo Português», Revista "Portuguesa de Filologia", vol. XVI – tomos I e II, ed. da Fac. de Letras da Univ. de Coimbra – Inst. de Est. Românicos, Coimbra, 1972-74.

A Autora apresenta um estudo bastante completo, na linha da obra de Baldack da Silva, que pretende actualizar na medida do possível. A investigação incide sobre toda a costa portuguesa e tem por base trabalhos de campo e inquéritos. Na região da Ria, a Autora considera a grande categoria das Bateiras, provavelmente de raiz mediterrânica.

 

LOPES, Cap. Frag. Agostinho Simões – «O Problema do moliço na Ria de Aveiro», Aveiro e o seu Distrito, n.º 5, 1968.

No artigo discute-se a questão de saber se a apanha desenfreada do moliço não produzirá desequilíbrios na variedade e quantidade das espécies piscícolas. Dados estatísticos: existências de barcos de recolha de moliço de 1889 a 1967.

 

MADAHIL, Rocha – «Barcos de Portugal» in Vida e Arte do Povo Português.

Informações sobre o moliceiro. Legendas dos painéis devidamente fixadas pelo Autor. Interpretação naturalista das cercaduras e frisos decorados do moliceiro.

 

MAGALHÃES, Luís de – «Os Barcos da Ria de / 30 / Aveiro» , Portugália, tomo II, fasc. I.

Registadas as dimensões da Ria de Aveiro. o Autor expõe o que as embarcações da Ria têm em comum. Depois fornece as características (dimensões) dos barcos: saleira, moliceiro, bateira mercantel, bateiras de pesca e caçadeira.

 

MELO, Laudelino de Miranda – «Barcos de Aveiro – os Moliceiros», Arquivo do Distrito de Aveiro, n.º 82, 1955.

 

PACHECO, Hélder – «Pinturas dos Barcos da Ria, um elemento importante da personalidade cultural da região de Aveiro», Boletim da Associação da Defesa do Património Natural e Cultural da Região de Aveiro, ADERAV, Maio/Junho 1980, n.º 2.

O autor regista três tipos de embarcações tradicionais: mercantéis, moliceiros e bateiras.

Descrição topográfica dos painéis dos moliceiros. Registo de diversas legendas, devidamente classificadas. Abordagem das mutações verificadas no domínio da decoração.

Artigo bastante ilustrado: 22 fotos a preto e branco.

 

PASSOS, Carlos de – «Barcos de Pesca», Terra Portuguesa, n.os 35-36, Dez. 1922.

Interessante sobretudo na tentativa de levantamento dos tipos de emblemas que as embarcações de pesca da costa ocidental portuguesa ostentam. Bastante ilustrado.

 

REGALLA, Francisco Augusto da Fonseca – A Ria de Aveiro e as suas indústrias, Lisboa, Impr. Nac., 1889.

 

REZENDE, Padre João Vieira – Monografia da Gafanha, Ílhavo, Gráf. IIhavense, 1938. Obra esclarecida onde o Autor aborda desde o tema da toponímia, às origens históricas e às figuras famosas da terra, passando pelos usos e costumes. Interessantes referências aos barcos, em especial ao moliceiro nas páginas 192 e 204.

 

SOUSA, Tomaz Tavares de – «Os Moliços», "Arquivo do Distrito de Aveiro", vol. II, 1936.

O Autor refere-se ao regulamento que impõe um período de defeso à apanha do moliço. Alguns dados estatísticos referentes aos anos 1933/1934.

Faz o Autor a listagem dos componentes botânicos do moliço e respectiva composição química. Pronuncia-se finalmente pela necessidade de alteração do período de defeso.

 

SOUTO, Alberto – Etnografia da Região do Vouga, Coimbra, ed. 1929.

O trabalho incide sobre a viabilidade de organização de um museu de etnografia e de um instituto de estudos da região do Vouga e da Beira Litoral. O Autor aborda o problema das origens das populações e põe em destaque a diversidade de tipos. Referência aos barcos da Ria, com transcrição de um artigo do mesmo Autor, publicado na revista Talábriga.

 

SOUTO, Alberto – «Ria de Aveiro – a Estética dos seus Barcos», "Pátria", Rev. Porto de Cultura, vol. I, n.os 1-2, ed. Pátria, Gaia-Portugal, MCMXXXI.

Sobre as origens dos barcos da ria, o Autor faz referências aos mitos da antiguidade. Considera que na Ria de Aveiro não há hibridismo de funções; «cada profissão tem o seu tipo», diz.

Descrição de uma série de painéis e respectivas legendas. Referências à ironia política manifestada.

Sugere um paralelo entre os painéis e as «alminhas».

Daniel Tércio Ramos Guimarães


Não foram incluídos artigos saídos na imprensa periódica.

A bibliografia específica apresentada inclui resumidas notas de leitura da maioria das obras, que se podem desde já tornar úteis a outros investigadores. Considere-se, todavia, que a presente listagem não seria suficiente para um tratamento adequado do TEMA. Este pressupõe a consulta de obras mais gerais e globalizantes, cuja selecção depende da linha orientadora do projecto.

Algumas das fichas bibliográficas estão por completar.

(Corrigidas as indicações bibliográficas: HJCO)

(Nota do autor)


 

 

Página anterior

Índice Geral

Página seguinte

págs. 28-30