BIBLIOGRAFIA ESPECÍFICA
SOBRE O BARCO MOLICEIRO
AFFREIXO, Jaime – «Pescas nacionais – A região de
Aveiro» , A Tradição, IV, 7 a 12, Serpa, 1902.
BARBOSA, José Maria – A Murtosa. A propósito da sua
autonomia, Aveiro, Tip. do «Campeão das Províncias», 1899.
Como o título indica, a obra data da altura em que a
Murtosa era uma freguesia do Concelho de Estarreja e propõe-se
contribuir para o processo de autonomia daquela freguesia.
Referências interessantes à idade da Ria de Aveiro, que o
autor considera recente... «a própria ria não existia ainda na época da
dominação romana». Informações sobre a origem do primeiro povoado.
Descrição dos tipos de pesca praticados pelos murtoseiros, com
referência a aparelhos de pesca fluvial.
O Autor computa 200 barcos construídos na freguesia, 100
dos quais destinados à recolha do moliço. Regista ainda cerca de 100
moliceiros de profissão, mais 170 lavradores que vão ao moliço em
Agosto, Set. e Outubro.
Referência à idade da Torreira. Descrição minuciosa do
funcionamento das Campanhas. Informações interessantes sobre a festa do
S. Paio.
BRANCO, Vasco – «A Canga Vareira», "Aveiro e o seu
Distrito" – publ. semestral da J. Distr. de Aveiro, n.º 20, 1975.
A intuição de uma relação de parentesco entre a canga
vareira e as proas dos moliceiros.
CASTRO, Domingos José – Estudos Etnográficos, I vol.:
Aveiro (Beira Litoral), ed. pelo Inst. para a Alta Cultura, 1943.
Obra fundamental para um trabalho – qualquer trabalho –
etnográfico sobre a Ria. Para um estudo dos barcos, é de destacar o tomo
I – Moliceiros – e o tomo IV – Marnotos e embarcações fluviais.
Dados preciosos e completos. Obra profusamente ilustrada.
CHAVES, Luís – «A Decoração dos nossos Barcos», "Brotéria".
Um estudo desenvolvido sobre os sinais visuais que as
embarcações ostentam. Referências privilegiadas aos barcos da ria, em
particular ao moliceiro. Observações pertinentes a propósito do
figurativo e do abstracto na decoração.
CHAVES, Luís – Os transportes Populares em Portugal –
Carros e Barcos. FNAT. Gab. de Etnografia, 1958.
Neste trabalho, o Autor fala sucessivamente nos Carros
(de bois e de muares) e nos Barcos, realçando as respectivas decorações.
Inclui o moliceiro na herança das embarcações romanas.
Descreve de modo interessante as formas de decoração e arruma numa mesma
categoria o moliceiro, o varino e a fragata.
No final da obra, diversas imagens sugestivas.
CHAVES, Luís – «Maré Viva de Sugestões, uma sugestão de
Arte Popular», Arquivo do Distrito de Aveiro, vol. XXXIV, 1968.
Artigo escrito em memória de Alberto Souto. Citações e
referências a autores que trataram assuntos de etnografia naval da Ria
de Aveiro. O Autor descobre um paralelismo entre a canga decorada e os
painéis pintados do moliceiro.
DIAS, Diamantino –
Moliceiros, ed. da Com. Mun. de
Turismo de Aveiro, 1971.
Informações sistematizadas sobre o moliceiro nos seus
múltiplos aspectos: construção, dimensões, decoração, meios de
propulsão, faina.
Apresentação de um Glossário sobre o tema. Registo de
existências entre 1935 e 1969.
FILGUEIRAS, Octávio Lixa – «Barcos» in LIMA, F. de C.
Pires de, Arte Popular em Portugal, vol. III, ed. Verbo.
O ensaio versa sobre os diversos tipos de embarcações ao
longo do território nacional. Descreve de forma detalhada as respectivas
características,
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fornecendo elementos sobre processos de construção naval.
Na Ria de Aveiro considera três famílias de barcos:
Moliceiro / Mercantel / Bateiras murtoseiras. Regista-os na influência
dos barcos orientais primitivos.
FILGUEIRAS, Octávio Lixa – «Barcos da Costa norte, sua
contribuição no estudo de áreas culturais».
A comunicação versa sobretudo as origens do barco
poveiro. Interessante como método. Muito interessante o mapa de
distribuição de áreas culturais ao longo da faixa litoral.
FILGUEIRAS, Octávio Lixa – «A propósito da protecção
mágica dos Barcos do Douro» in Memoriam António Jorge Dias, Inst. de
Alta Cultura, Junta de Investigações Científicas do Ultramar, Lisboa,
1974.
Tratamento privilegiado do barco poveiro. O Autor faz a
integração dos sinais pintados nos cascos num sistema de representação
mágica.
FILGUEIRAS, Octávio Lixa – «No crepúsculo das
embarcações regionais» in Publicações do XXIX congresso luso-espanhol,
Lisboa, 31 de Março a 4 de Abril de 1970.
GOMES, Celestino – Os Motivos da Decoração Ilhavense,
Minerva, ed. 1932.
Estudo inspirado, no qual o Autor cita Luís de Magalhães
e Alberto Souto. Interpretação naturalista dos frisos pintados no
moliceiro, com algumas referências a dados mágico/culturais.
GUIMARÃES, Daniel Tércio Ramos – «A Decoração do
Moliceiro»,
Boletim Municipal de Aveiro, ano I, n.º 2, 1983.
Uma perspectiva predominantemente «cultural» da
imagística do barco. Tentativa de ordenação e classificação dos signos
visuais. Devidamente ilustrado.
JACKSON-LEGROS, Gina – «Os Moliceiros», Du-Atlantis,
a. 28, n.º 328, Jun. 68.
– KÉRISIT, Henry, «Peintres de Moliceiros – Un art vivant
dans Ia Lagune d'Aveiro», Le chasse-marée, n.º 8.
Numa visão poética, o Autor situa o Moliceiro entre a
terra e a água. Descreve o trabalho de recolha do moliço. No conjunto,
estudo rigoroso e profícuo com uma visão contemporânea dos moliceiros.
Óptimas gravuras: desenhos e fotos.
LACHAUX, Geneviève de –
«Au Portugal un art populair
vivace: les moliceiros» , Jardin des Arts, n.º 178, Set. 69.
LAMY, Alberto Sousa – Monografia de Ovar, Ovar, (I vol.
– Da Idade Média à República). No cap. I o Autor discute as origens da
«ria» e sua classificação de um ponto de vista hidrográfico.
No cap. VII, o Autor trata da Pesca. Referências aos
barcos primitivos que os pescadores de Ovar teriam usado. Tratamento
desenvolvido das artes de Xávega.
Algumas informações sobre Moliceiros: informações
estatísticas (p. 204/205).
LARANJEIRA, Lamy – «Barcos da Ria de Aveiro», O Nosso
Jornal, mensário dos trabalhadores do C.F./Portucel – Cacia, n.º 106,
n.º 108, n.º 109, n.º 110, n.º 111, n.º 114, n.º 115, n.º 116, n.º 118,
n.º 120.
O conjunto dos artigos revela uma súmula interessante e
esclarecedora. Importante o Glossário sobre o moliceiro nos n.os
108 e 111 e o Glossário sobre o mercantel no n.º 116.
LOPES, Ana Maria Simões da Silva – «O Vocabulário
Marítimo Português», Revista "Portuguesa de Filologia", vol. XVI – tomos I
e II, ed. da Fac. de Letras da Univ. de Coimbra – Inst. de Est.
Românicos, Coimbra, 1972-74.
A Autora apresenta um estudo bastante completo, na linha
da obra de Baldack da Silva, que pretende actualizar na medida do
possível. A investigação incide sobre toda a costa portuguesa e tem por
base trabalhos de campo e inquéritos. Na região da Ria, a Autora
considera a grande categoria das Bateiras, provavelmente de raiz
mediterrânica.
LOPES, Cap. Frag. Agostinho Simões – «O Problema do
moliço na Ria de Aveiro»,
Aveiro e o seu Distrito, n.º 5, 1968.
No artigo discute-se a questão de saber se a apanha
desenfreada do moliço não produzirá desequilíbrios na variedade e
quantidade das espécies piscícolas. Dados estatísticos: existências de
barcos de recolha de moliço de 1889 a 1967.
MADAHIL, Rocha – «Barcos de Portugal» in Vida e Arte do
Povo Português.
Informações sobre o moliceiro. Legendas dos painéis
devidamente fixadas pelo Autor. Interpretação naturalista das cercaduras
e frisos decorados do moliceiro.
MAGALHÃES, Luís de – «Os Barcos da Ria de
/ 30 / Aveiro»
, Portugália, tomo II, fasc. I.
Registadas as dimensões da Ria de Aveiro. o Autor expõe o
que as embarcações da Ria têm em comum. Depois fornece as
características (dimensões) dos barcos: saleira, moliceiro, bateira
mercantel, bateiras de pesca e caçadeira.
MELO, Laudelino de Miranda – «Barcos de Aveiro – os
Moliceiros», Arquivo do Distrito de Aveiro, n.º 82, 1955.
PACHECO, Hélder – «Pinturas dos Barcos da Ria, um
elemento importante da personalidade cultural da região de Aveiro»,
Boletim da Associação da Defesa do Património Natural e Cultural da
Região de Aveiro, ADERAV, Maio/Junho 1980, n.º 2.
O autor regista três tipos de embarcações tradicionais:
mercantéis, moliceiros e bateiras.
Descrição topográfica dos painéis dos moliceiros. Registo
de diversas legendas, devidamente classificadas. Abordagem das mutações
verificadas no domínio da decoração.
Artigo bastante ilustrado: 22 fotos a preto e branco.
PASSOS, Carlos de – «Barcos de Pesca», Terra Portuguesa, n.os 35-36, Dez. 1922.
Interessante sobretudo na tentativa de levantamento dos
tipos de emblemas que as embarcações de pesca da costa ocidental
portuguesa ostentam. Bastante ilustrado.
REGALLA, Francisco Augusto da Fonseca – A Ria de Aveiro
e as suas indústrias, Lisboa, Impr. Nac., 1889.
REZENDE, Padre João Vieira – Monografia da Gafanha,
Ílhavo, Gráf. IIhavense, 1938. Obra esclarecida onde o Autor aborda
desde o tema da toponímia, às origens históricas e às figuras famosas da
terra, passando pelos usos e costumes. Interessantes referências aos
barcos, em especial ao moliceiro nas páginas 192 e 204.
SOUSA, Tomaz Tavares de – «Os Moliços», "Arquivo do
Distrito de Aveiro", vol. II, 1936.
O Autor refere-se ao regulamento que impõe um período de
defeso à apanha do moliço. Alguns dados estatísticos referentes aos anos
1933/1934.
Faz o Autor a listagem dos componentes botânicos do
moliço e respectiva composição química. Pronuncia-se finalmente pela
necessidade de alteração do período de defeso.
SOUTO, Alberto – Etnografia da Região do Vouga,
Coimbra, ed. 1929.
O trabalho incide sobre a viabilidade de organização de
um museu de etnografia e de um instituto de estudos da região do Vouga e
da Beira Litoral. O Autor aborda o problema das origens das populações e
põe em destaque a diversidade de tipos. Referência aos barcos da Ria,
com transcrição de um artigo do mesmo Autor, publicado na revista
Talábriga.
SOUTO, Alberto – «Ria de Aveiro – a Estética dos seus
Barcos», "Pátria", Rev. Porto de Cultura, vol. I, n.os 1-2, ed.
Pátria, Gaia-Portugal, MCMXXXI.
Sobre as origens dos barcos da ria, o Autor faz
referências aos mitos da antiguidade. Considera que na Ria de Aveiro não
há hibridismo de funções; «cada profissão tem o seu tipo», diz.
Descrição de uma série de painéis e respectivas legendas.
Referências à ironia política manifestada.
Sugere um paralelo entre os painéis e as «alminhas».
Daniel Tércio Ramos Guimarães
Não foram incluídos artigos saídos na imprensa periódica.
A bibliografia específica apresentada inclui resumidas
notas de leitura da maioria das obras, que se podem desde já tornar
úteis a outros investigadores. Considere-se, todavia, que a presente
listagem não seria suficiente para um tratamento adequado do TEMA. Este
pressupõe a consulta de obras mais gerais e globalizantes, cuja selecção
depende da linha orientadora do projecto.
Algumas das fichas bibliográficas estão por completar.
(Corrigidas as indicações bibliográficas: HJCO)
(Nota do autor)
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