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N.º 13

Publicação Semestral da Junta Distrital de Aveiro

Junho de 1972 

Colóquio «Aveiro rumo ao futuro»

ESTUDO  SOBRE  O EQUIPAMENTO
ESCOLAR DO DISTRITO DE AVEIRO

1 – Introdução     2 – Exposição     3 – Elementos de Estatística do INE     4 – Conclusões

CONCLUSÕES

1 – Analisámos realidades e exigências de «Aveiro – Rumo ao Futuro», no campo do ensino.

Não se pretendeu esgotar o assunto, mas tão-somente, através de um estudo sério e fundamentado de problema tão vital como é aquele sobre que nos debruçamos, dar uma achega para a sua solução.

De quanto se afirmou, fácil é concluir, que determinados aspectos e questões ultrapassam o âmbito do Distrito, e acerca deles, resta-nos esperar que, tão rapidamente quanto possível, sejam encarados e resolvidos, à escala nacional, como se impõe.

Na verdade, o aumento do nível cultural, com oportunidades iguais para todos e a dinamização da escola, encaminhando-a para uma educação permanente, constituem metas cuja acuidade parece inútil justificar.

2 – Mas a nossa preocupação dominante foi Aveiro e o seu Distrito, que desejam e necessitam de um ensino ao nível da sua projecção económica e condizente com a sua explosão demográfica estudantil.

Para tanto, vimos ser instante a necessidade

a) da criação, com carácter oficial, de estabelecimentos de ensino infantil;

b) da construção de novas unidades para os ensinos primário e liceal, mas com características adequadas ao fim a que se destinam, nelas se considerando a prática da educação física e o recreio dos alunos;

c) da criação de escolas de formação profissional adequadas às actividades básicas do distrito, sem esquecer a pesca e a agricultura;

d) de um aproveitamento mais racional das estruturas escolares existentes e das boas vontades que já há e das que hão-de forçosamente aparecer;

e) de uma acção médico-social extensiva a todas as actividades escolares e verdadeiramente eficiente;

f) de um centro regional de investigação psicopedagógica, que oriente devidamente o quase inesgotável potencial humano de que o Distrito dispõe.

3 – No contexto geral do País – e pensando já em termos da Reforma do Ensino, ora ainda em discussão, mas cujas directrizes gerais se supõem fixadas – o Distrito de Aveiro poderá, com relativa facilidade, atingir o mínimo indispensável, no que respeita ao ensina liceal – clássico, técnico e artístico.

Com efeito, neste momento, e em tal domínio, c cobertura distrital pode considerar-se das melhores do País, embora longe do que todos pretenderíamos.

Simplesmente – a partir do ensino liceal nada mais possuímos, e isso tem reflexos imediatos e desastroso num sem número de alunos que, por carência de meios, se vêem impossibilitados de prosseguir os seus estude e, consequentemente, de se valorizarem; por outro lado, a referida carência representa um dos maiores travões ao progresso económico do Distrito que, embora sendo rápido, seria ainda muito mais sensível, se houvesse técnicos e dirigentes habilitados para as inúmeras funções que os exigem.

Desta maneira, e desde logo, impõe-se criar as infra-estruturas que permitam, a todos aqueles que não podem ou não querem frequentar o Ensino Superior, uma melhor preparação para a vida, e neste sentido se sugere a criação no Distrito do ensino do Magistério Primário, do Magistério Infantil, da Enfermagem, do Serviço Social, da Educação Física e Náutico uma vez que para a respectiva frequência, basta o curso geral dos liceus.

4 – Mas o esquema proposto continua incompleto, por falta da cúpula, que é o Ensino Superior, cada vez mais uma necessidade e menos um luxo, mas agora ainda quase um privilégio de uns quantos.

A projectada Reforma do Ensino Superior expressamente prevê, na sua Introdução, novos centros universitários, a implantar, prioritariamente, em zonas definidas e a partir de critérios precisos, que enumera.

Ora, na altura própria deste estudo, demonstrou-se, à sociedade, que Aveiro satisfazia todos os requisitos exigidos para ser considerada, com absoluta justiça e inteiro direito de preferência, zona de implantação do Ensino Superior.

Não cabe aqui, como é evidente, repetir argumentos e insistir em dados estatísticos já referidos.

Importa, sim, e apenas, pôr em destaque o interesse e a premência de que se reveste a criação, em Aveiro, dos estudos universitários.

Sabe-se que não será tarefa fácil, nem seriam legítimas pretensões a, de imediato, a Universidade local incluir todos os graus do Ensino Superior – bacharelato, licenciatura, e doutoramento.

Sabe-se, igualmente, que, dentro do Ensino Superior, nem todos os cursos e especializações poderiam logo aqui funcionar.

Mas ninguém ignora, e isso é que tem fundamental interesse, / 32 /

a) que Aveiro dispõe já, em pleno funcionamento, de estabelecimentos de ensino liceal clássico (Liceu), técnico (Escola Industrial e Comercial) e artístico (Conservatório Regional);

b) que, desses estabelecimentos e de tantos outros congéneres, espalhados por todo o distrito, saem anualmente centenas de alunos com as habilitações bastantes para o ingresso no Ensino Superior;

c) que muitos mais alunos nele se matriculariam, se a frequência das Universidades os não obrigasse a deslocações e estadias incomportáveis para as respectivas economias familiares.

O conhecimento destas realidades e tudo o mais que anteriormente se disse, aconselha, ou melhor, impõe

1.º) Que em Aveiro se crie, com a urgência possível, uma Universidade;

2.º) que nela se ministrem os cursos mais adequados às características regionais e necessidades nacionais;

3.º) que na escolha daqueles cursos, se tenha na devida conta o facto do Distrito já dispor, e perfeitamente consolidado, do ensino liceal clássico, técnico e artístico;

4.º) que, na fase inicial, o ensino universitário em Aveiro se confine ao ciclo de formação básica, embora, a longo prazo e se as circunstâncias o justificarem, se instituam os ciclos de formação complementar e de especialização profissional.

Paul Valery afirmou um dia que «o mundo de hoje já não pode enfrentar o futuro recuando»; pois neste momento, melhor se diria – «o mundo de hoje já não pode enfrentar o futuro, estagnando

Todos queremos e devemos avançar; para isso, organize-se a Universidade de Aveiro, e então, sim, teremos a Cidade e o seu Distrito no verdadeiro Rumo ao Futuro.

Aveiro, 8 de Abril de 1971

A COMISSÃO

1 – Introdução     2 – Exposição     3 – Elementos de Estatística do INE     4 – Conclusões

 

páginas 19 a 32

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