(ASCENDÊNCIA PELA LINHA
DOS GOUVEIAS)
D. Maria Francisca de Moura Coutinho e Paiva Cardoso de Almeida de Eça
− Nasceu no Porto, freguesia da
Vitória, rua de S. Miguel, em 8 de Julho de 1842. Internada,
como pensionista, no Recolhimento de N. S. da Esperança,
na rua de S. Lázaro, de lá saiu para casar com seu primo José Maria Cardoso de Lima, casamento que se realizou
em 16 de Outubro de 1866 na igreja da Vitória, no Porto.
José Maria Cardoso de Lima nasceu em Coimbra, freguesia de S.
Bartolomeu, na sua casa da rua da Calçada depois Ferreira Borges −, em 9
de Junho de 1838. Matriculou-se na faculdade de Direito da Universidade de Coimbra em 1854, terminando a formatura com distinção em 1859.
Fez mais, na mesma Universidade, o curso administrativo,
que concluiu em 1861. Administrador substituto do concelho de Coimbra em 14-7-1862, exonerado a seu pedido
a 13-5-1864. Por decreto de 21-4-1864 nomeado delegado
do procurador régio na comarca de Arganil, cargo que igualmente exerceu em
Águeda, Estarreja, Covilhã e Anadia.
Promovido a juiz de Direito em 28-10-1875 e colocado na
comarca de Vinhais, de onde transitou sucessivamente para
Penacova − comarca então criada −, Montemor-o-Novo e
Caldas da Rainha, onde faleceu a 11 de Maio de 1881 tendo
apenas 43 anos de idade e sendo um dos juízes mais novos
do quadro e da sua classe.
/ 178 /
O Dr. José Maria Cardoso de Lima era filho de
António
José Cardoso Guimarães, nascido em 26-5-1798 em Cabo
de Cima de Selho, freguesia de S. Torcato, Guimarães, cavaleiro da Ordem
de Cristo, vogal e por vezes presidente da Câmara Municipal de Coimbra,
conselheiro do distrito,
servindo por vezes de governador civil, capitão da guarda
nacional, antigo negociante, proprietário e capitalista abastado, tendo casado em Coimbra, freguesia de S. Tiago, em 12-2-1836, com
D. Antónia Albina de Paiva e Lima,
nascida no Porto, freguesia de S. Nicolau, em 18-11-1807,
filha de José Eleutério Barbosa de Lima, cavaleiro professo da Ordem de
Cristo, proprietário quartado no ofício de escrivão dos órfãos da
Vila da Feira, onde foi senhor da casa da
Praça, e um dos principais negociantes da praça do Porto,
e de sua mulher D. Ana Norberta de Paiva e Sousa, com
quem casou na freguesia da Vitória, no Porto, em 11-4-1796.
António José Cardoso Guimarães faleceu em Coimbra no
palacete da viscondessa do Espinhal, em 29-6-1872, e sua
mulher na mesma cidade, na sua casa da rua da Calçada,
em 14-8-1899, e estão sepultados, com seu filho, em jazigo
próprio no cemitério da Conchada.
D. Maria Francisca de Moura Coutinho casou em segundas núpcias com outro seu primo, em Coimbra, freguesia da
Sé Nova, a 19-4-1884, João Maria de Almeida e Moura,
bacharel formado em Direito pela Universidade de Coimbra,
advogado e professor do liceu de Aveiro, filho do Dr. João
de Moura Coutinho de Almeida de Eça, como adiante se
dirá, e que faleceu em Matosinhos a 5-10-1886 e jaz em Aveiro
em jazigo da família materna, não deixando deste matrimónio geração.
Faleceu D. Maria Francisca de Moura Coutinho em Braga, numa casa de
renda no largo da Senhora-a-Branca, em 1-11-1919 e do seu primeiro
casamento houve os seguintes
Filhos:
− N. − Um menino, que nasceu morto.
− D. Maria Inês, que nasceu em Estarreja e faleceu
em Coimbra, em 1868, com 7 meses, vitimada pelo garrotilho.
− Francisco de Moura Coutinho e Paiva Cardoso de Almeida de Eça; nasci
em Estarreja em 4 de Outubro de 1869 e fui baptizado na igreja de S.
Tiago, sendo meus
padrinhos o tio Dr. João de Moura Coutinho de Almeida de Eça e minha
avó materna D. Inês Francisca de Sales
Paiva de Sousa e Brito. Entrei em 1889 para o serviço do Estado, sendo
colocado na direcção das Obras Públicas de Braga, e em 1897 passei para
o serviço do Banco de Portugal, tendo sido, respectivamente, director
das
/
179 /
agências de Évora, Santarém, Braga, Bragança, novamente
Santarém e ultimamente de Viseu, para onde, fui
transferido em 21-11-1917(2).
− João de Moura Coutinho e Paiva Cardoso de
Lima de Almeida de Eça − Nasceu em Anadia em 25-3-1872,
afilhado da viscondessa do Espinhal e do tio paterno João
/
180 /
Cardoso Guimarães. É arquitecto distinto e são trabalhos seus os projectos do Teatro-Circo de Braga, o do
Asilo Conde de Agrolongo da mesma cidade, o da filial
do Banco do Minho no Porto, filiais do Banco de Portugal em Braga e em Viseu, etc., etc.
Casou em Penacova a 25-4-1891 com D. Maria Eduarda Guedes e Silva,
/
181 /
nascida a 25-4-1874(3), filha de João Manuel Duarte
Silva, proprietário na Lourinhã, e de sua mulher D. Maria
Eduarda Guedes, de Penacova; deste casamento não houve
geração. Casou depois com D. Lucília de Oliveira Costa, de Lisboa, de
quem tem dois filhos: João Rui, nascido
em Lisboa, freguesia de S. Paulo, a 28-12-1903 e D. Maria
Amélia, nascida na freguesia de S. Lázaro, em Braga,
a 29-3-1905.
− D. Maria da Conceição
de Moura Coutinho e
Paiva Cardoso de Almeida de Eça, − Nasceu em Anadia
em 18-5-1875; casou em Coimbra, na igreja de S. João
de Almedina, a 9-6-1895 com Artur Duarte de Almeida
Leitão, bacharel formado em Medicina na Universidade
de Coimbra, nascido nessa cidade a 29-11-1873, filho de
José Duarte de Almeida Leitão, industrial, e de sua
mulher Rosa Pessoa. Deste casamento houve dois filhos: Rui Leitão, nascido em Coimbra a
11-5-1896, e Ângelo,
que nasceu em 1899 e morreu de poucos meses.
− Francisco de Moura Coutinho de Almeida de Eça.− Nasceu em Esgueira, na casa da Cruz que era dos seus pais, a 7-1-1816.
Fidalgo da Casa Real por sucessão dos
seus maiores. Muito novo assentou praça e seguiu a carreira militar e, sendo alferes de lanceiros no exército de
D. Miguel, não quis, apesar das ofertas que teve, continuar
na vida militar quando aquele príncipe perdeu a causa nas
lutas com seu irmão D. Pedro. Recolheu-se à sua quinta
de Tarrio, perto de Vila Nova de Famalicão, e por muitos
anos foi considerado o chefe do partido de D. Miguel na
/
182 /
província do Minho(4). Casou a primeira vez em Março de 1839 com sua
tia D. Inês Francisca de Sales Paiva de Sousa e Brito, natural do
Porto, e que já era viúva do desembargador da casa da suplicação e
cavaleiro da Ordem de Cristo, Bento de Macedo de Araújo e Castro, a quem pertencia a
quinta de Tarrio, e era filha de José de Paiva Ribeiro, negociante de
grosso trato da praça do Porto, proprietário e, capitalista abastado, e
de sua mulher D. Maria Joaquina de Paiva e Sousa.
D. Inês Francisca de Paiva, que não teve filhos do primeiro matrimónio,
era senhora do palacete Vilar de Perdizes, no Porto − onde faleceu a
1-1-1879 − e da quinta de Tarrio, além de outros bens importantes.
Meu avô, Francisco de Moura Coutinho, casou segunda
vez em 12-5-1879 na capela de Tarrio, com sua prima D. Emília Máxima Barbosa de Lima, nascida na Vila
da Feira
a 3-8-1829, filha de José Eleutério Barbosa de Lima, nascido no
Porto a
26-6-1797, educado na Inglaterra, escrivão
dos órfãos na Vila da Feira, Ovar e muitos coutos anexos,
professor de inglês na Academia do Comércio e da Marinha
do Porto, tendo, em 14-5-1833, carta de lente proprietário e substituto
da língua francesa, depois professor de inglês e
francês no liceu de Coimbra, donde foi transferido para
idêntico lugar no liceu de Viana do Castelo, e de sua mulher D. Maria Teresa Pacheco Ferreira, filha de Torcato José Ferreira
− o
Torcato do Porto, que foi secretário do 1.º marquês de Palmela − e de sua mulher D. Teresa Pacheco, do
Porto. D. Emília Máxima faleceu em Tarrio a 19-4-1906, não deixando
filhos. Jaz em Mouquim.
Em 11-3-1899 faleceu Francisco de Moura Coutinho na
sua casa de Tarrio, e foi sepultado no cemitério de Mouquim
/
183 /
em jazigo próprio que tem estes dizeres: «Aqui jaz Francisco
de Moura Coutinho de Almeida de Eça. Nasceu em Esgueira
a 7 de Janeiro de 1816 e faleceu na sua casa de Tarrio em 11
de Março de 1899. Orai por ele».
A quinta de Tarrio, que é uma óptima vivenda com bela
casa apalaçada, capela e outras dependências, tinha o portão
de entrada brasonado com o escudo dos Mouras Coutinhos,
Almeidas e Eças. A casa de Vilar de Perdizes tinha o brasão
dos Britos.
De Francisco de Moura
Coutinho e de sua 1.ª esposa
D. Inês Francisca de Paiva, ficaram os seguintes
Filhos:
− D. Maria Francisca de Moura Coutinho e
Paiva
Cardoso de Almeida de Eça, nascida no Porto a 8º7-1842. Vide pág.
177.
− Francisco de Moura
Coutinho e Paiva de Almeida
de Eça − Nasceu no Porto em 15-2-1844. Fidalgo da Casa
Real. Morreu novo, estudante em Coimbra, solteiro, s. g.
− João de Paiva de Moura Coutinho de Almeida
de Eça − Nasceu no Porto em 24-5-1845. Herdou de sua
mãe o palacete de Vilar de Perdizes e outros bens, que os
seus sucessores perderam por má administração. Casou com D. Elisa
Augusta da Costa Pinto de Magalhães, filha do Dr. Alexandre da Costa Pinto Coelho de
Magalhães, advogado no Porto, de família distinta. O Dr. Alexandre foi o
advogado de Manuel Pinheiro
Alves na célebre querela que este promoveu contra sua
mulher D. Ana Augusta Plácido, quando ela fugiu com
Camilo Castelo Branco. João de Paiva e sua mulher tiveram três filhos:
António Alexandre, nascido no Porto em 16-10-1869, e que faleceu naquela cidade
em 17-2-1896, solteiro, s. g.; D. Maria Elisa, que nasceu no
Porto em 16-5-1872, e que casou em 4-12-1890
com João Sabino de Almeida Pimentel, funcionário
das Obras Públicas, irmão do conhecido escritor Alberto
Pimentel, e ambos filhos de Fortunato Augusto Pimentel, médico no Porto,
ali nascido em 1807 e falecido
em 1889, cavaleiro do hábito de Cristo, professor da
Escola Médica e médico da Casa Real − nomeação de
D. Miguel que não prevaleceu. D. Maria Elisa e seu
marido João Pimentel têm geração. Foi ainda filha de
João de Paiva e de sua mulher, D. Natália de Paiva de
Moura Coutinho, que nasceu em Esgueira em 24-12-1884
e faleceu no Porto, solteira, em 6 de J unho de 1898
− Dionísio de Moura Coutinho de Almeida de Eça,
− Nasceu na casa da Cruz, em Esgueira, a 15-11-1778 e baptizado
/
184 / a 22 do mesmo mês, sendo padrinhos
o seu parente Dionísio Pacheco
Soares, capitão-mor de Esgueira e Arada, e D. Josefa Rosália da
Silveira, de Aveiro. Foi fidalgo da Casa Real por sucessão dos seus
maiores, senhor da casa da Cruz em Esgueira, capitão-mor de Esgueira e
Arada, cavaleiro cofesso da Ordem de Cristo e foi condecorado com a
medalha de fidelidade de D. João VI. Pelo seu primeiro casamento foi
ainda senhor dos morgados do Vidigal, Macieira e Fonte Arcada e
padroeiro do convento de S. Cornélio das Arrábidas de Lisboa.
Casou duas vezes, a primeira, em 7-11-1801, com sua prima
D. Maria Tomásia de Moura e Eça de Morais Rebelo, viúva de Custódio dos Santos
Álvares e Brito, cavaleiro da Ordem de Cristo, homem de negócios, com
bom trato
diz um genealógio do Dr. José Machado, de Braga − com
quem casou no Porto, senhora dos morgados do Vidigal, Macieira e Fonte
Arcada, etc., já citados, e filha de Tomás Borges de Morais Rebelo,
senhor dos referidos morgados, fidalgo da Casa Real, e de sua mulher D.
Brites Angélica
de Moura Coutinho de Almeida de Eça.
D. Maria Tomásia fez testamento à favor de Dionísio de Moura em 4-2-1803
e em 28-11-1801 havia-lhe feito doação de todos os seus bens. Não
ficaram filhos deste casamento.
Em 25-11- 1811 casou segunda vez o capitão-mor Dionísio de Moura
Coutinho com D. Teresa Febrónia de Paiva e Sousa, que era parenta do
primeiro marido de sua primeira mulher, e filha de José de Paiva
Ribeiro, negociante de grosso trato, proprietário e capitalista do
Porto,
e de sua mulher D. Maria Joaquina de Paiva e Sousa, que era filha do
capitão de mar-e-guerra, cavaleiro professo da Ordem de Cristo e
familiar do Santo Ofício António de Sousa Pires e de sua mulher
D. Maria Josefa Pereira de Jesus e Sousa. D. Teresa Febrónia havia nascido no
Porto em 17-6-1784 e faleceu em Esgueira, na casa da Cruz, a 18-3-1849;
o capitão-mor havia falecido antes, na mesma casa. Deste segundo
matrimónio ficaram
Filhos:
− Dionísio de Moura Coutinho de Almeida de Eça
− Nasceu em Esgueira, na casa da Cruz, em 11-12-1812. Residiu na sua casa de Salreu, perto de
Estarreja. Fidalgo da Casa Real. Casou em 24-1-1847 com D. Ana Margarida
da Silva Valente do Couto Brandão, do Outeiro, freguesia de Salreu,
filha do bacharel José Valente da Silva e de sua mulher D. Rosa
Margarida Nogueira
da Silva, do Outeiro. Dionísio. de Moura morreu em
Salreu, a 23-2-1868 e sua mulher a 18-4-1892. Com geração.
/ 185 /
− José de Moura Coutinho de Almeida de Eça
− Nasceu em Esgueira a
2'8-10-1813. Bacharel formado em
direito pela Universidade de Coimbra, fidalgo da Casa
Real e senhor da casa da Praça na Vila da Feira. Casou
com sua prima D. Maria Máxima de Paiva e Lima,
filha de José Eleutério Barbosa de Lima, cavaleiro professo da Ordem de Cristo, proprietário do ofício de
escrivão dos órfãos da Vila da Feira e coutos anexos, e
negociante matriculado pela Real Junta de Comércio − hũ dos principais da praça do Porto, diz uma provisão
de D. Maria I passada em 25-8-1807 −, e de sua mulher, D. Ana Norberta de Paiva e Sousa, nascida a 6-6-1774,
no Porto, e filha de José de Paiva Ribeiro e de sua
mulher D. Maria Joaquina de Paiva e Sousa, já citados.
Com geração.
− João, nasceu em Esgueira a
18-1-1815, e morreu
novo.
− Francisco de Moura Coutinho de Almeida de
Eça, O meu avô já atrás citado. Nasceu na casa da Cruz,
em Esgueira, a 7-1-1816. Seguiu a vida militar, que
abandonou. Teve a casa de Tarrio em Vila Nova de Famalicão e casou duas vezes: a primeira com sua tia
D. Inês Francisca de Safes Paiva de Sousa e Brito,
com geração, e a segunda com sua prima D. Emília
Máxima Barbosa de Lima, sem geração. Vide atrás, pág. 181.
− D. Teresa Elvira de Moura Coutinho de Almeida
de Eça − Nasceu em Esgueira em 1-1-1817 e faleceu, solteira, em 16-12-1840.
− João de Moura Coutinho de Almeida de Eça
−
Nasceu em Esgueira em 20-2-1818. 'Fidalgo da Casa Real.
Doutorou-se em direito na Universidade de Coimbra
em 12-2-1843, reitor do liceu de Aveiro por muitos anos,
conselheiro do distrito e rico proprietário. Foi-lhe. oferecido um título, que rejeitou. Faleceu em Esgueira
a 29-12-1885 e havia casado com sua prima D. Antónia
Jesuína da Rocha Colmieiro, filha do brigadeiro Manuel
Maria da Rocha Colmieiro, fidalgo da Casa Real e
senhor de vários morgados, e de sua mulher D. Maria
Emília Leite Pereira de Berredo. Com geração.
− Vicente de Moura Coutinho de Almeida de Eça
− Nasceu em Esgueira a 21-1-1819, fidalgo da Casa Real,
bacharel em matemática pela Universidade de Coimbra,
engenheiro civil do quadro, tendo diversas comissões
nas Obras Públicas nos distritos de Braga, Coimbra e Aveiro e morreu em
Esgueira em 9-5-1888, sendo inspector de pesos e medidas nos distritos de Coimbra,
Aveiro e Viseu. Havia casado no Porto (Cedofeita)
/
186 /
em 12-10-1850 com sua prima D. Maria Júlia Barbosa de Lima, nascida na
Vila da Feira em 13-12-1825, e filha de José Eleutério Barbosa de Lima e
de sua mulher D. Maria Teresa Pacheco Ferreira, já citados. Com
geração.
− D. Maria de Moura Coutinho de Almeida de Eça,
− Nasceu em Esgueira em,
16-3-1820 e faleceu em 16-8-1821.
− Bento Fortunato de Moura Coutinho de Almeida de Eça
− Nasceu na casa da
Cruz em Esgueira a 17-10-1825. Bacharel em matemática pela Universidade
de Coimbra, com o curso de engenharia da Escola do Exército de Lisboa e
com o de Pontes e Calçadas de Paris. Assentou praça em 19-7-1845,
alferes de engenharia a 5-9-1853 e foi seguindo nos diversos postos até
que foi promovido a general de brigada em 30-12-1893 e reformado em
general de divisão em 4-1-1897. Gran-Cruz da Ordem de Avis, comendador
da Legião de Honra de França, comendador de S. Tiago da Espada, etc.,
etc., do conselho de Sua Majestade, do Conselho Superior de Obras
Públicas e Minas, engenheiro inspector de 1.ª classe do quadro das Obras
Públicas, vogal do Supremo Tribunal Administrativo, por muitos anos
director geral das obras Públicas e Minas, vogal permanente da comissão
inter-nacional do congresso do Caminho de Ferro, vogal da comissão
superior de guerra, director da exploração do Caminho de Ferro da
Beira Alta − cujo traçado estudou − director das Obras Públicas nos
distritos de Lisboa, Viana do Castelo e Vila Real, engenheiro consultor
da Companhia das Lezírias do Tejo e Sado, etc., etc. Convidado para
ministro das Obras Públicas, não aceitou.
Casou em Março de 1854, nas Caldas da Rainha, com D. Maria Eduarda Barreto de Figueiredo Perdigão de Vilas Boas, que
faleceu a 29-5-1863 em Vila Real, filha de José Sanches Barreto de
Figueiredo Amaral, fidalgo da Casa Real e senhor de um vínculo na
vila de Góis, e de sua mulher D. Maria Carolina Henriques Seco e
Albuquerque. O general Bento de Moura faleceu em Lisboa, na sua
casa da Rua Maria ao Bairro Andrade, em 2-2-1906. Com geração.
− António de Moura Coutinho de Almeida de Eça
− Fidalgo da Casa Real. Nasceu em Esgueira a 1-11-1826. Bacharel formado em direito na Universidade de Coimbra e advogado nas Caldas da Rainha, onde faleceu, em 18-4-1870. Casou
com D. Ana de Jesus Barreto de
Figueiredo Perdigão de Vilas Boas, filha de José Sanches Barreto de
Figueiredo do Amaral, atrás citado,
e de sua mulher D. Maria Carolina Henriques Seco e
/
187 / Albuquerque. D. Ana de Jesus Barreto, depois de viúva, passou a segundas núpcias com o
Dr. Francisco Eduardo
de Andrade Pimentel, do conselho de Sua Majestade,
bacharel formado em medicina e administrador do Hospital Real das Caldas da Rainha, que faleceu em 1698
em Coimbra e de quem não ficaram filhos. Do Dr. António de Moura Coutinho ficou
geração.
|
Da esquerda para a direita, sentados: Dionísio
de Moura Coutinho de
Almeida de Eça, abastado proprietário e o Dr. João, reitor do liceu de
Aveiro, conselheiro
do distrito e rico proprietário. Em pé: Dr. Bento Fortunato, general de divisão, engenheiro de
renome, director geral das Obras Públicas, etc.; Francisco, oficial do
exército, chefe do partido miguelista do Minho,
avô do autor deste artigo, e Dr. Vicente, engenheiro e inspector de
pesos e medidas na
região de Viseu-Coimbra-Aveiro. |
− Francisco Caetano da Gama de Sequeira Coutinho
de Almeida de Eça − Nasceu em Esgueira, na casa da Cruz,
em 7-8-1742. Fidalgo da Casa Real e senhor da referida casa
da Cruz. Era linhagista e escreveu diversos trabalhos genealógicos, dos quais tenho dois
acerca da sua casa. Casou com D. Angélica Jacinta Pacheco Cardoso Soares de Albergaria, que nasceu em Esgueira a 2-1-1739, filha de
Gregório
de Almeida Barreto, fidalgo de linhagem, de Esgueira, e de
/
188 /
sua mulher, D. Angélica Jacinta Pacheco Soares (casados
em Esgueira em 27-7-1735), filha de Baptista Pacheco Soares, de Esgueira, e de sua mulher
D. Mónica da Costa, todos
pessoas nobres e de boas famílias de Esgueira.
Filhos:
− Manuel de Sequeira Coutinho de Almeida de
Eça − Julgo ter sido o primogénito, mas não sei quando nasceu.
Fidalgo da Casa Real. Inquisidor, distribuidor
e contador da vila de Esgueira. Depois de velho casou com uma mulher de
baixa condição, Maria Angélica,
e teve geração.
− D. Teresa de Sequeira Coutinho de Almeida de
Eça − Nasceu em Esgueira em 14-4-1765 e casou, também em Esgueira, em
6-2-1783 com Paulo Correia Botelho, que não sei o que foi nem de quem
era filho. Tiveram
uma só filha que morreu em seguida à mãe, tendo falecido esta em 7-12-1783.
− Fr. José Caetano da Gama de Almeida de Eça
− Nasceu em Esgueira a 29-1-1768. Religioso de S. Domingos e pregador régio. Tomou o hábito no convento de S. Domingos, em Aveiro, em 15-8-1785, e professou
em 16-8-1786.
− Luís da Gama de Almeida de Eça
− Nasceu em
Esgueira em 25-8-1770 e morreu criança em 5-3-1773.
− D. Maria Cândida de Sequeira Coutinho de
Almeida de Eça − Nasceu em 20-12-1772 e casou com António Caldeira Leitão de Albuquerque Cardoso Brito
Moniz, fidalgo da Casa Real, filho de Francisco Caldeira
Leitão Moniz de Albuquerque, da Certã, cavaleiro professo da Ordem de Cristo, capitão-mor da vila de S. Vicente da Beira,
senhor de vários vínculos, e de sua mulher D. Inês Caetana de Morais
Sarmento e Andrade, filha herdeira e sucessora de Manuel Caetano de
Morais Sarmento e Andrade, familiar do Santo Ofício e capitão-mor de S.
Vicente da Beira. António Caldeira era
irmão de Gonçalo Caldeira Leitão de Albuquerque
Cardoso Brito Moniz, moço fidalgo com exercício na
Casa Real (alvarás de 13 de Maio e 21 de Junho de 1835),
do conselho de D. Maria lI, prefeito da província da
Beira-Baixa em 1835, casado com D. Josefa Margarida
de Macedo Mascarenhas de Abreu Castelo Branco, senhora da casa da
Borralha, em Águeda, de quem descendem os condes da Borralha. D. Maria
Cândida teve três filhos: D. Maria Caldeira e Albuquerque de Moura Coutinho, freira professa no mosteiro de Jesus em
Aveiro, D. Ana Caldeira de Moura Coutinho, sem mais
/
189 /
notícia, e Francisco Caldeira Leitão de Albuquerque
de Moura Coutinho, que morreu moço e solteiro.
− João da Gama de Sequeira Coutinho de Almeida
de Eça − Nasceu em Esgueira em 18-6-1775.' Embarcou
para o Brasil em 20-12-1791 e lá morreu.
− Dionísio de Moura Coutinho de Almeida de Eça
− Nasceu em Esgueira em 15-11-1778; foi capitão-mor de Esgueira e Arada,
etc., e atrás já largamente referido.
− Manuel de Sequeira Coutinho de Almeida de Eça
− Nasceu em Esgueira em 15-4-1679 e foi seu padrinho Cristóvão Pinto, de Aveiro. Fidalgo da Casa Real e senhor da
casa da Cruz em Esgueira. Casou em 28-1-1739 com D. Josefa
Angélica de Almeida Cabral, do Porto, nascida em 14-11-1722
e falecida em 20-6-1798, filha de Francisco de Almeida Cabral,
cirurgião, familiar do Santo Ofício, e cavaleiro professo da
Ordem de Cristo, que nasceu em 24-7-1700 nas Eiras, freguesia de S. Nicolau da Vila da Feira, filho de André da Silva
e de Rosa Maria da Fonseca, e que casou (Francisco de Almeida Cabral)
em Viana do Castelo a 2-2-1722 com D. Rosa Maria do Nascimento de
Araújo Malheiro, nascida em
Viana do Castelo em 27-12-1693, filha ilegítima de Manuel
de Araújo Malheiro, fidalgo da Casa Real e senhor da casa
de Jolda, e de Páscoa Soares, moça solteira de Alvarães,
termo de Barcelos.
Filhos:
− D. Maria Angélica de Sequeira Coutinho de
Almeida de Eça − Não sei quando nasceu, mas que morreu em Setembro de 1792. Casou com o
Dr. Fernando
José da Costa e Silva, sargento-mor de ordenanças da vila de Esgueira e
Arada, filho do capitão-mor de Esgueira
e Arada António José da Costa e Silva. Tiveram duas
filhas: D. Ana Rosa de Sequeira da Costa e Silva e D. Josefa Sequeira da Costa e Silva, de quem não tenho
outras notícias.
− Francisco Caetano da Gama de Sequeira Coutinho de Almeida de Eça
− Nasceu, como já disse, em
Esgueira a 7-8-1742 e casou com D. Angélica Jacinta
Pacheco Cardoso Soares de Albergaria, como se viu
atrás.
− Manuel de Sequeira Coutinho de Almeida de
Eça. − Não sei a data do seu nascimento. Fidalgo da
Casa Real. Casou com D. Maria Angélica Saraiva de
Leão, filha de André Pacheco e Lima e de D. Augusta
Saraiva de Leão. Tiveram dois filhos: André Pacheco
e Lima e D. Maria Pacheco e Lima; o primeiro morreu
solteiro, sem geração, e a segunda casou com Manuel
/
190 / Pedro Godinho, filho de
Pedro Leilão Pinto, capitão-mor de Esgueira, e de sua mulher D. Brites Godinho. Manuel Pedro
Godinho era irmão de D. Maria Gomes Godinho, mulher de Bento Pacheco
Soares, capitão, que teve brasão passado em 26-10-1688, ascendente de D. Angélica Jacinta
Pacheco Soares de Albergaria, mulher de Francisco Caetano da Gama de
Sequeira Coutinho de
Almeida de Eça (vide pág. 187). D. Maria Pacheco e
Lima teve uma única filha, D. Maria Pacheco Godinho, recolhida no
convento de Jesus de Aveiro; Manuel Pedro Godinho casou segunda vez e
teve então muitos filhos.
− D. Angélica de Almeida de Eça
− Nasceu em Esgueira
mas não sei a data e foi senhora da casa da Cruz, administradora da
capela de Alquerubim e do prazo de Alaguela do reguengo da vila de Eixo.
Casou com Manuel de Sequeira Coutinho, nascido em Tentúgal, campo de
Coimbra, fidalgo
de geração, senhor do morgado de N.ª S.ª da Lapa em Condeixa a Nova, filho de
António de Moura Coutinho, fidalgo de geração que
nasceu em Condeixa a Nova a 14-9-1604, que foi escrivão dos órfãos e
juiz dos mesmos em Tentúgal, onde casou com D. Mecia Nunes Cardoso da
Gama, que nasceu em Tentúgal em 1601 e era filha de Manuel Alves Frade,
de Olivença, instituidor do Morgado dos Frades em Tentúgal, e de sua
mulher Leonor Cardoso da Gama. D. Mecia era já viúva de Gaspar Pessoa de
Amorim e Faria.
Manuel de Sequeira Coutinho teve, pelo seu casamento, o ofício de
escrivão dos órfãos da vila de Esgueira, que pertencia à família de sua
mulher pela linha materna.
Filhos:
− Sebastião de Sequeira Coutinho de Almeida de
Eça − Fidalgo da Casa Real, que morreu novo e solteiro.
− D. Brásia de Sequeira Coutinho de Almeida
de Eça − Morreu nova e solteira.
− João de Sequeira Coutinho de Almeida de Eça
− Fidalgo da Casa Real. Morreu na batalha de Almança em 25-4-1707, sendo
capitão de infantaria. Solteiro e sem geração.
− D. Francisca da Silveira de Eça
− Nasceu em
Esgueira a 4-10-1676 e casou a primeira vez com José de Barros da Silveira, familiar do Santo Ofício, morador em Esgueira, filho de
António Resende de Paiva e de sua mulher D. Maria de Barros. Casou
segunda vez com Félix Pereira de Eça, que não sei o que era nem de quem
era filho, mas que devia ser parente de D. Francisca. Ambos os maridos
pertenciam a famílias nobres. Sem geração de ambos.
/
191 /
− Tomé de Moura Coutinho de Almeida de Eça
− Nasceu em Esgueira a 8-4-1678 e foram seus padrinhos
João Ribeiro da Costa e D. Luísa da Silveira, ambos de
Esgueira. Herdou o morgadio de N.ª S.ª da Lapa em Condeixa, a capela de Alquerubim e o prazo de
Alaguela do reguengo de Eixo, e, pelo seu casamento, teve ainda os morgados da
Conceição e Perrães. Casou em Esgueira com D. Josefa Jacinta Cardoso
Soares Castelo Branco, senhora dos referidos morgados da Conceição e Perrães,
filha de Bento Pacheco Soares e de sua segunda mulher D. Teresa Coelho do Amaral, com larga
geração onde segue a
primogenitura da casa.
− D. Joana de Sequeira Coutinho de Almeida de Eça
− Nasceu em Esgueira e
casou com Matias Coelho
de Figueiredo e Vasconcelos, fidalgo de geração, de
Esgueira, filho de Agostinho Coelho de Figueiredo,
familiar do Santo Ofício (carta de 8-3-1667) e de sua mulher D. Maria Resende de Paiva.
− Manuel de Sequeira Coutinho de Almeida de
Eça. − Nasceu em Esgueira a 15-4-1679 e casou com D. Josefa
Angélica de Almeida Cabral, como dito fica atrás.
− Henrique de Almeida Homem
− Nasceu em Recardães (hoje do concelho de Águeda, mas foi vila), naturalmente na casa da Póvoa que pertenceu a seus avós e, em parte, a sua mãe,
como adiante se dirá. Foi «fidalgo da
casa de Sua Majestade», diz FRANCISCO CAETANO DA GAMA nos seus
genealógios, e pelo seu casamento administrador
da capela de Alquerubim e do prazo de Alaquela do reguengo
de Eixo, bem como teve o ofício de escrivão dos órfãos da vila de
Esgueira, onde igualmente foi senhor da casa da Cruz.
Casou em Esgueira com D. Violante Botelho da Silveira
de Eça, natural da mesma vila, e filha herdeira de António
Borges da Silveira de Eça, fidalgo da Casa Real, escrivão
dos órfãos, senhor dos referidos bens, e de sua mulher Angélica do Rego de Almeida.
A Henrique de Almeida Homem só apontam os genealógios uma
Filha:
− D. Angélica de Almeida de Eça, natural de
Esgueira e que herdou toda a casa. Casou com Manuel
de Sequeira Coutinho, como ficou dito.
− Luzia de Almeida − Nasceu na quinta de Recardães,
chamada da Póvoa, que pertenceu a seus pais e da qual herdou parte e depois vendeu, ainda em vida de sua mãe, como
adiante se dirá mais minuciosamente. Casou com João de
/
192 / Oliveira da Gama, natural do Botão, concelho de Coimbra, que os genealógios de FRANCISCO CAETANO DA GAMA fazem
governador de Pernambuco e de Paraíba, no Brasil, que era fidalgo de
geração e filho de Simão de Oliveira de Figueiredo e de Vicência da
Gama Lobo. Incidentalmente direi que João de Oliveira da Gama não
deveria ter sido governador de Pernambuco, e isto por duas razões: 1.ª
porque na Torre do Tombo não foi encontrada notícia de tal e, 2.ª,
porque numa relação que tenho dos governadores e capitães-generais de
Pernambuco, a principiar em Duarte Coelho
Pereira, que em 1534 teve a doação da capitania de Pernambuco, não vejo
lá o nome de João de Oliveira da Gama. Houve um João da Maia da Gama, de
Aveiro, que foi capitão-mor de Paraíba (patente de 12-4-1708) e
governador e capitão-general do Maranhão (carta de 26-1-1722), mas não
foi este o João de Oliveira da Gama. Enfim, é assunto que mais
detalhadamente fica para dizer e estudar.
Filhos:
− Simão de Oliveira da Gama
− Capitão de cavalos
nas guerras com Castela quando da aclamação de D. João IV.
Cavaleiro professo da Ordem de Cristo, capitão-mor de Salvaterra e
governador do castelo de Penamacor. Existem na Torre do Tombo duas
cartas, a primeira trata dos seus postos, honras e grandes serviços
prestados ao rei nas fronteiras da Beira desde 15-4-1641 até 13-2-1652,
a principiar na praça de alferes, etc., etc., a segunda, sendo ele
capitão-mor de Salvaterra e governando a cavalaria daquele partido,
também trata dos seus feitos, entre eles correr com
100 cavalos à campanha do Sacranim, e despachando-o para Penamacor.
Creio que não casou e dizem os genealógios da casa que teve uma filha
ilegítima que foi freira.
− Henrique de Almeida Homem
− Nasceu em Recardães, foi fidalgo da Casa Real e casou com D. Violante Botelho da Silveira de Eça, senhora da casa de Esgueira, como
digo na página anterior.
− Diogo de Lemos − Nasceu na casa da Póvoa de
Recardães, da qual foi senhor, e fidalgo de linhagem. Tenho documentos a
respeito da quinta da Póvoa, mas para abreviar copio textualmente o que
a págs. 1028 do voI. V do dicionário Portugal se lê até à altura deste
Diogo de Lemos, porque na nota traz diversos erros. «Póvoa de Recardães
− «(Quinta e casa da)................. Esta quinta chamou-se antigamente do Crasto em virtude de ter pertencido a D. Pedro
de Castro, sobrinho da célebre D. Inês de Castro, e filho do Conde D. Álvaro
Pires de Castro, irmão daquela senhora.
/
193 /
[VoI. XI - N.º
43 - 1945] O primeiro aforamento dela foi feito pelo dito Pedro de Castro ao seu chanceler Álvaro Afonso e à mulher deste, Joana Rodrigues, para
eles e seus descendentes, por carta em pergaminho do dito D. Pedro, assinada de seu punho
e selada com seu selo, em a dita Póvoa a 10 de abril de 1417. O chanceler e sua mulher obrigaram-se a pagar em seu nome e no dos seus descendentes até ao fim do mundo o foro anual de quatro libras de 20 soldos cada uma, das que corriam em Riba d'Ágada. O foro era pois de 160 réis sem sem algum outro foro ou ração. Das confrontações, cuidadosamente restabelecidas a
10 de Agosto de 1656, se vê a enorme porção de terreno que o aforamento compreendia. Pelo casamento de D. Violante de Sequeira, neta de Álvaro Afonso, e filha de Pedro Afonso de Aguiar, com João Gomes de Lemos, 2.º senhor da Trofa, passou a quinta para esta
família dos Lemos, na qual continuou, existindo ainda na capela da Quinta da Póvoa a campa de D. Isabel Quaresma, falecida a 20 de abril de 1574, e esposa que era de Diogo de Lemos, 4.º senhor que foi da dita Póvoa. Sucedeu-lhe seu filho, tambem de nome Diogo, que casou com D. Isabel de Almeida, filha de Francisco Pinto de Almeida e de sua mulher D. Leonor de Macedo.
Estes últimos foram senhores da quinta do Morangal que vincularam em 1580. António Gomes de Almeida, filho de Diogo de Lemos e, de D. Isabel de Almeida, que foi o 6.º senhor da Póvoa, comprou aos irmãos em 1605, 1607 e 1611, as partes que lhe não
pertenciam na dita Póvoa, e com metade dela fez um dote para sua filha D. Maria
Pinto de Macedo casar com Fernão Cardoso...» etc., etc.
O Diogo de Lemos, senhor da casa da Póvoa, casado com Isabel de Almeida,
é a personagem de quem trato neste capítulo, e, a meu ver, o António Gomes de Almeida que
comprou aos filhos e à viúva de Diogo de Lemos a quinta
da Póvoa de Recardães não era irmão deles nem filho de
Isabel de Almeida e de Diogo de Lemos, nada tendo, portanto, a geração que se seguiu na posse da casa da Póvoa com os Lemos e Almeidas até então seus senhores.
Ora vejamos: João de Oliveira da Gama e mulher Luzia de Almeida, atrás citados, sendo esta filha de Diogo de Lemos,
senhor da casa da Póvoa, foram autores de uma acção «contra Antonio dalmeida e sua molher moradores na quinta do
espinheI termo da vila dois da ribeira reos sobre a quinta da
povoa no limite de recardaes» e tiveram sentença contra
em 1615, sentença assinada por Gabriel Pereira de Castro,
do qual documento tenho cópia tirada do original que está
em poder de D. Fernando Tavares de Távora, descendente
do tal António Gomes de Almeida, que é o «Antonio dalmeida» morador com sua mulher na Quinta do
Espinhel,
/
194 /
termo de Ois da Ribeira. Nesse documento se diz mais que
os autores o demandavam (ao António de Almeida) «sobre a quinta da povoa çita no limite de recardaes e fruitos dela que lhes demãdavão salvo a noouna parte dela que nela tinha Antonio
homẽ seu cunhado do qual fuztio (ou feytio?) se tomou conhecimento neste juizo das acçois novas por os ditos autores n'elle
justifiquarẽ ser pobres e o escolhẽ por bẽ de seu privilegio e per elle se mostrava que sendo os ditos reos citados pera este dito juizo
e nele apreguados e a sua revelia avidos por citados para a dita causa termos e autos judiçiais nela nassairos os ditos autores por seu
procurador aos 27 dias do mez de fevereiro do anno proximo passado de 1614 annos hofereçerão contra elles huũ libelo por escripto dizẽdo nele q. anter os mais beẽs de raiz que pertencião a eles autores e de que tiverão em posse quieta e pacifiqua por si e seus anteçessores per muitos annos
bẽ asy sa a quinta da povoa çyta no limite da villa de recardães e partia cõ pasaes da igreja da mesma vila e de outra parte cõ matos maninhos a qual constava de muitos cãpos devezas ortas propriedades e vinhas e que estãdo elles autores na dita
pose os reos sem titolo que justo nẽ valido fose de dous annos ao presente...(5) etc. etc. e depois continua:
«... q. a quinta da contenda fora de isabel dalmeida e de seu primeiro marido dioguo de lemos e como beĩs reguengos fiquarão por morte dele pertensẽdo a todos
os seus filhos e os filhos que dãtre anbos nacerão farão dioguo de lemos antonio
homẽ e luzia dalmeida e que a dita isabel dalmeida e seu filho dioguo de
lemos ẽ março de seis centos e synquo venderã a elle reo hua deveza da dita quinta da povoa por 21$000 por lhe pertencer aos vendedores e sẽdo já dotados os autores João doliveira e luzia dalmeida vẽderã outras duas devezas da mesma quyta ao reo hũa em abril de seis sẽtos
e nove outra no anno de seis sẽtos e onze por 17$000 huã outra por 9$000 ho
que se via das compras e que ẽ setenbro de seis sẽtos e sete symão de holiveira pay do autor ao dito dioguo de lemos o quinhão que mais tarde
na dita quinta ẽ preço de 80$000 e depois ẽ dezẽbro de seis sẽtos e honze venderão os autores e o dito symão doliveira
seu pay e sua sogra izabel dalmeida e o dito dioguo de lemos ao reo tudo o que mais tinhão na dita quinta e por qualquer via lhe podia pertencer
ẽ preço de dozẽtos e vinte mil reis como se via da escretura que ajũtavão e que todas las compras se fizerão cõ as
solenidades devidas...» etc. etc. etc.
/
195 /
Ora, sem dúvida, por este documento se infere que o
comprador da quinta da Póvoa não era filho de Isabel de
Almeida, pois não só como tal o não apresenta, como ainda,
mencionando os filhos de Diogo de Lemos e de Isabel de
Almeida, cita um António Homem, sem dizer que esse
António Homem era o António de Almeida comprador da
quinta. Mas temos mais uma prova em outros documentos:
Uma bisneta de Isabel de Almeida, D. Francisca da Silveira de Eça, atrás citada, casou, como lá se diz, com José de Barros da
Silveira, que foi familiar do Santo Ofício; na
respectiva inquirição (Torre do Tombo, hab. J.-M 18.n.º 311)
lá vem a depor Manuel Tavares Pacheco, morador «em a sua quinta da Povoa, freguezia de Sam Miguel de Recardains»,
de 80 anos pouco mais ou menos, e lá declarou «que nam
tinha parentesco algum» com a inquirida D. Francisca da
Silveira de Eça, e o depoente, Manuel Tavares Pacheco,
como se vê no artigo citado do «Portugal» foi casado com
duas filhas (nem menos!) de D. Maria Pinto de Macedo,
casada com Fernão Cardoso, sendo esta D. Maria filha do
comprador da quinta António Gomes de Almeida, ou simplesmente António de Almeida. Se este fosse filho de Isabel de
Almeida e de Diogo de Lemos, Manuel Tavares Pacheco,
pelas suas duas mulheres, seria parente de D. Francisca da Silveira de
Eça.
Este processo do Santo Ofício é muito interessante e
traz notícias valiosas para o estudo desta família; por exemplo, depõe o licenciado Manuel Tavares Pacheco, referido acima, que «conheçera
muito bem a Henrique de Almeida Homem escrivam que fora dos horfos da dita Villa de Esgueira, adonde fora cazar
com Violante Botelho da Silveira como sempre ouvira dizer geralmente na dita villa de Esgueira e na de Aveyro e que o perdito Henrique de Almeida fora filho de Joam de Oliveira natural do Botam e de Luzia de Almeida natural desta villa de Recardais e que hera
filha de Izabel de Almeida que aqui vivera e morrera nesta freguezia o que elle testemunha sabia por papeis que tinha visto e tradição de outras pessoas naturais desta freguezia porque a quinta em que vive ella a vendera aos antepassados de sua mulher porem que nam sabia se o dito Henrique de Almeida Homem naçera nesta freguesia ou na de Botam porque Luzia de Almeida lá fora viver com seu marido Joam de Oliveira...» etc. Nisto enganou-se, pois
Henrique de Almeida era natural de Recardães e nasceu na
quinta da Póvoa; os pais foram viver para Botão depois da venda da
propriedade.
Continuando, em outro ponto: «... que a perdita Dona Francisca por parte de seus pais e avós sempre ouvira dizer que hera inteira legitima christam velha sem raça alguma
/
196 / de judeu mouro ou mulato ou de qualquer infecta naçam das reprovadas
em direito o que elle testemunha sabia por ser natural da Villa d'Aveyro e ter inteiro conhecimento de todas as familias nobres das ditas Villas de Aveyro e Esgueira e que nunqua ouvira dizer o contrario e que quanto a Henrique de Almeida Homem sempre ouvira dizer que hera inteiro legitimo christam velho asi pella parte de seu pay Joam de Oliveira e principalmente pella de sua may
Luzia de Almeida de Recardãis».
Todas estas testemunhas, que foram muitas, confirmam
isso e no processo prova-se que pelos diferentes ramos desta
família eram pessoas nobres, das principais das suas terras e que viviam à lei da nobreza.
Mais se prova que Isabel de Almeida casou segunda vez
e que ela e sua filha Luzia de Almeida com o marido João
de Oliveira da Gama, depois da venda da quinta da Póvoa,
ficaram pobres e passaram necessidades.
Recapitulando: − Diogo de Lemos foi fidalgo de geração,
foi senhor da quinta e casa da Póvoa de Recardães e casou com Isabel de
Almeida. De quem era filha esta Isabel de Almeida? Que era de gente
nobre e pertencia à linhagem dos Almeidas chamados do secretário das
mercês em Madrid,
não há a mais pequena dúvida. Descendia de Henrique de
Almeida, camareiro de D. Afonso V, pajem de toalha de
D. João II por carta passada em Évora a 22-2-1526 (MANSO DE
LIMA, Famílias de Portugal, ms. da Biblioteca Nacional,
tomo 2.ç pág. 651), que serviu em África e depois veio para Aveiro (ALÃO
DE MORAIS, nobiliário da Biblioteca do Porto),
cavaleiro honrado de Tanger que veio viver para Aveiro, diz
JOSÉ BARBOSA. Teve carta de brasão de armas passada em Lisboa em
1-3-1494, passado pelo rei de armas Portugal e
nela se declara que Henrique de Almeida era fidalgo da casa
de D. João II e que por pertencer ao tronco «dos Almeidas
bons se lhe davam as armas desta família» com a diferença que de direito deve ter. Esta carta está copiada no livro das
provas e documentos que tenho, e vem transcrita a pág. 641
do «Archivo Heráldico-Genealógico» do visconde de SANCHES DE BAÊNA. D. Manuel, por carta de 1512 dada em
Évora,
lhe fez mercê de certos privilégios, o que foi confirmado por
carta de D. João III em 20-5-1530 (Torre do Tombo, chancelaria de D. João III, liv. 52, fIs. 84 v.). Na Torre do Tombo há ainda o
registo de cartas de aforamento da mata de Perrães e paul no reguengo de Eixo, acima da ponte da Azurva,
onde chamam Lavaquins, o que fazia parte dos bens que herdaram os seus descendentes. Era filho de
Martim Anes de Almeida, também
fidalgo. Mas, repito, quem eram os
pais de Isabel de Almeida? Ainda não cheguei a uma conclusão definitiva, mas o que sei irá depois.
/
197 /
Foram seus
Filhos:
− Diogo de Almeida − Que ainda não apurei o
que
fosse, o seu estado e se teve geração.
− António Homem − Que querem seja António Gomes de Almeida, comprador
da Quinta da Póvoa, da
qual fazem 6.º senhor, mas que está provado que não era.
Deste António Gomes de Almeida descende D. Fernando
Tavares de Távora, de quem por outras linhas ascendentes sou parente; muita honra teria em sê-lo também
por esta, mas não o sou.
− Luzia de Almeida, que casou
com João de Oliveira da Gama, atrás
referidos.
− Isabel Quaresma − Foi casada com
Diogo de Lemos,
senhor da casa e quinta de Recardães e fidalgo de geração
da linhagem dos Lemos da Trofa, família muito nobre e das
principais do país. Em nota direi deste e da sua estirpe o que sei.
Isabel Quaresma jaz na capela da referida quinta em campa que tem este
epitáfio:
«Aqi iaz Isabel Qoresma molher q. foi de
D.º de Lemos faleceo a vinte dabril de 1574 anos e ẽ seu tẽpo ãbos fizerã esta casa de Nosa Sn.ª e de Sã Sebastian
e ouverã os
perdois cõteudos na bula.»
Este epitáfio lá está ainda e possível é que outros houvesse e fossem destruídos. Só sei que tivesse sido, seu
Filho:
− Diogo de Lemos, que herdou a quinta da Póvoa
e que casou com Isabel de Almeida, atrás referidos.
− Pedro Nunes Barreto − Fidalgo de geração e dele
mais nada sei. Foi o primeiro marido de Catarina Quaresma, filha de
Afonso Anes Quaresma, natural de Serpa, «pessoa de bom ser e qualidades e por tal conhecido e estimado de todos, veiu a esta Ilha Terceira quasi nos primeiros tempos da sua povoação, casado com Maria Annes
da Costa, sua legitima mulher,
e com os cabedaes que trouxe, que eram de boa subsistencia, adquiriu muitas herdades, e nas que lhe
pertenceram livres instituiu morgado e capella, na matriz da Praia do orago S.
Thiago, que administram seus descendentes», escreve-me um linhagista açoriano. De
Afonso Anes Quaresma ficaram dois filhos: João Quaresma, que teve o foro
de fidalgo e herdou o tal morgado,
e Catarina Quaresma, que casou segunda vez com António
/
198 / Lopes de S. Luís, de quem nasceu, filha única, Antónia Quaresma que
casou com Pedro Homem de Castro, do tronco dos Homens na Terceira, e
deles descendem os viscondes de Noronha e outras famílias ilustres dos
Açores.
Sei só que de Pedro Nunes Barreto e de Catarina Quaresma
foi
Filha:
− Isabel Quaresma, mulher de Diogo de Lemos,
fidalgo de geração e senhor da Quinta da Póvoa, na
anterior página referidos.
NOTA −
Um genealógio que possuo dá ainda por filho de Catarina
Quaresma e de Pedro Nunes Barreto, que diz ter vivido em Aveiro,
um João Quaresma, pai de Fr. Gaspar Quaresma, frade dominicano de grande
fama, diz, e que bem poderá ser o João Quaresma acima apontado como
filho do segundo marido. Mais diz este genealógio que Maria Anes da
Costa era de Viseu.
− João Nunes Cardoso − o rico de Aveiro. «Em 17 de março de 1524,
escreve-se a pág. 134 da «Voz de Santo «António», número
de maio de 1901, João Nunes Cardoso, Cavaleiro da Ordem de Cristo, e
sua mulher D. Isabel da Costa Côrte-Real, natural de Aveiro, deram o
terreno de uma horta para aí se dar princípio à construção desta casa
religiosa (convento e Igreja de Santo António em Aveiro). Aquêle
indivíduo era abastado e tinha grande trato de comércio e grandes
embarcações, que destinadas à pesca do bacalhau saíam daqui para a
Terra Nova. Era irmão segundo de Gaspar Nunes Cardoso, de quem herdou
o senhorio de Gafanhão, no actual concelho de Castro-de-Ayre. E, por
isso, era conhecido pelo nome da terra, de que era donatário. Tinha
também o senhorio dos Coutos de Freiriz, no actual concelho de Vila-Verde; e o de Penegate, na freguezia de Nespereira, no concelho
de Guimarães».
Foi mais, João Nunes Cardoso, fidalgo da casa de el-rei,
foi senhor, por compra − como por essa forma o foi também dos coutos de Freiriz e Penegate
−, de uma grande quinta em S. João da Madeira. Dos
seus haveres darei mais completa notícia, mais tarde.
Casou duas vezes; a primeira com
Leonor Nunes Barreto, que um dos
genealógios que possuo faz filha de Aires Gomes de Quadros e de
Brites
Gil Barreto, e de que outros, com mais segurança, fazem filha de Nuno
Gil Barreto, e de
sua mulher Brites de Quadros, ou Leonor Nunes de Quadros, neta de André Gil Barreto, fidalgo da casa do Infante D. Pedro, vedor-mor das obras do reino, e seu monteiro-mor,
e de sua mulher Joana de Melo; bisneta de Gil Barreto, fidalgo da
casa de el-rei, e de sua mulher Antónia Pessanha.
/
199 /
Terceira neta de Gonçalo Nunes Barreto, fidalgo muito honrado dos tempos
dos reis D. Pedro e D. Fernando, e de
sua mulher Beatriz Fernandes, pela qual foi senhor de Cernache;
quarta neta de Nuno Soares, o velho, que foi bisneto de D. Arnaldo de
Baião, tronco dos Barretos e Azevedos.
Mais: Joana de Melo, atrás referida, era filha de João de
Melo, alcaide-mor de Serpa, e de sua mulher Isabel da Silveira, filha
de Nuno Martins da Silveira, o velho. E a referida Antónia Pessanha,
filha de micer Bartolomeu Pessanha, almirante, e de sua mulher Leonor
Gonçalves de Azevedo.
Mas tudo isto fica para melhor estudo, que mais tarde
farei.
Casou segunda vez João Nunes Cardoso com
Isabel da Costa Côrte-Real, no
princípio deste artigo referida, que fazem filha de Pedro Vaz
Côrte-Real, e que também dizem
ter casado em segundas núpcias com Aires Pinto, senhor de
Paramos.
A respeito dos filhos dos dois matrimónios de João Nunes Cardoso, que
foram muitos, fazem os linhagistas, na forma do costume, grande
confusão; mas direi de que tenho notícia e depois, em notas, irei
rectificando e acrescentando
o que for sabendo.
Filhos:
1.º MATRIMÓNIO
− Fernão Nunes Barreto, apontado por todos
− Cavaleiro-fidalgo. Herdou os
coutos de Freiriz e Penegate. Casou com Isabel Ferraz, filha de
Afonso Rodrigues Aleboram e de Brites Ferraz. Destes descendem
os senhores de Freiriz e Penegate, com nobilíssima e difusa geração.
Depois se dirá.
− Pedro Nunes Barreto, também apontado por todos os linhagistas que
conheço e que trataram desta estirpe. Casou com Catarina Quaresma, atrás
referidos.
− Isabel Nunes Barreto
− Casou duas vezes, a primeira com Sebastião de Almeida, e depois, em Aveiro, com
Tomás Coelho, filho de Gonçalo Aires e de Leonor Coelho. Tomás
Coelho era cavaleiro do hábito de Cristo e juiz da alfândega de Aveiro.
− Filipa Nunes Barreto −
Casou com Diogo Homem
Ferreira, de Coimbra.
− Brites Nunes Barreto − Casou em Aveiro com
Gil Homem da Costa, o
velho, «que foi provedor dos
metaes neste reyno». C. g.
− Catarina Nunes Barreto
− Casou com Lopo Álvares Barreto e Cerveira, de
Aveiro, filho de Diogo Lopes Barreto e de Leonor Anes, filha de
João
Esteves da
/
200 / Veiga e Nápoles e de
Aldonsa Afonso, sua primeira mulher e senhora da
capela de S. Vicente na igreja de
S. Miguel, de Aveiro, demolida em 1835. Com geração.
− Leonor Nunes Barreto − Citada só por alguns
linhagistas. Não vem citada no testamento de João Nunes
Cardoso.
− Antónia Nunes Barreto − Também só referida
por alguns. Casou com Cristóvão de Almeida, de Moura,
filho do desembargador João ou Gonçalo de Almeida,
que foi contador em Safim (Vide ALÃO DE MORAIS, Sedatura Lusitana, tit. dos Almeidas, de Moura, voI. 2.º).
Com geração.
− Violante Nunes Barreto
− Casou com Rui Botelho, de Coimbra.
E, possivelmente, outros.
2.º MATRIMÓNIO
− Manuel da Costa
Côrte-Real − Que herdou o
senhorio de Gafanhão. Teve diversos filhos bastardos,
«lá diz a trova», que perfilhou, e entre eles Isabel da
Costa Côrte-Real e Joana da Costa Côrte-Real, que foi a 2.ª mulher de Manuel Pais Bonicho, escrivão de
Aveiro − (No original, à margem do nome desta D. Joana,
lê-se o seguinte: «N. B. Joana da Costa Côrte-Real, a mulher do Bonicho, não era filha do Manuel da Costa, mas sim do seu sobrinho
João, filho de Tomás da Costa Côrte-Real, que
se segue»).
− Tomás da Costa Côrte-Real
− Que herdou o senhorio do couto do Gafanhão
por morte de seu irmão. Casou duas vezes, a primeira com Ana da Mota,
filha de João
Fernandes da Mota, com geração, e a segunda com Ana
ou Brites Pinto de Almeida, filha de Rui ou Rodrigo
de Almeida e de sua mulher Inês Pinto, filha de Gonçalo Pinto, de Paramos, com geração.
− Nuno da Costa Côrte-Real
− Casou em Torres Vedras com Maria Pimenta da
Silva.
− Fernão Nunes Cardoso − Fidalgo da casa de el-rei,
senhor de Gafanhão e da quinta do Telhado em Vale de
Besteiras, e da honra de Nandufe que herdou com a obrigação de usar o apelido materno de Cardoso. Mais dizem que
foi alcaide-mor de Gouveia e que esteve ao serviço do Infante
D. Fernando, pai de D. Manuel (1433-1470). Casou a primeira vez com Catarina Pires do Quintal, e a segunda,
com Leonor de Azevedo, filha de João Álvares de Azevedo
e de Beatriz Afonso de Alcór, senhores da quinta de Azevedo, na terra da Feira. Outro genealógio
que tenho fá-lo
/
201 / casado a primeira vez com D. Helena de Góis, filha de Lançarote Teixeira e de Catarina Pires do Quental.
A respeito dos filhos de Fernão Nunes Cardoso também
há divergência nos genealógios que tenho. Nenhum deles,
por exemplo, lhe cita como filho Gaspar Nunes Cardoso,
que a «Voz de St.º António», no artigo atrás citado, faz
irmão de João Nunes Cardoso, de quem este, diz, herdou
o senhorio de Gafanhão. Violante e Antónia Nunes Cardoso atrás citadas como filhas de João Nunes Cardoso, como dizem
outros linhagistas, e, portanto, netas deste Fernão
Nunes Cardoso, vem, num outro genealógio, como filhas
deste.
Filhos:
1.º MATRIMÓNIO
− João Nunes Cardoso, o rico de Aveiro, casou
em primeiras núpcias com Leonor Nunes Barreto e em
segundas com Isabel da Costa Côrte-Real, como já atrás referi.
− Filipa Nunes Cardoso − Casou com
Henrique
Esteves da Veiga e Nápoles, fidalgo da casa de el-rei,
senhor de Molelos, Botulho, Leal e Castanheira no termo
de Besteiros, e que serviu D. Afonso V nas guerras de
de África. Com geração.
− Mecia Nunes Cardoso, que casou em Aveiro com
Martim Afonso, com geração.
− Isabel Nunes Cardoso −
Casada, vão dizendo os
genealógios que aqui tenho, com Gonçalo Pires Bandeira.
− Garcia Nunes Cardoso − Clérigo e capelão de
de D. Afonso V e que morreu frade em Jerusalém.
− Pedro Nunes Cardoso, capelão do rainha D. Leonor, mulher de D. João
II.
− Sebastião Nunes de Gouveia, que dizem ter casado
na Ilha da Madeira com Bárbara Utra, filha de Cláudio
de Utra, com geração.
− Nuno Fernandes Cardoso da Gaula
− Dizem ter
tomado este último apelido porque na Madeira há uma
quinta na Gaula. Lá casou com Leonor Dias, c. g.
− Gil Fernandes Cardoso −
Que casou também na
ilha da Madeira com Bartolesa da Cunha, e lá viveu e
morreu.
2.º MATRIMÓNIO
− Lopo Fernandes de Azevedo
− Casou na ilha da
Madeira com Brites Afonso da Gran Coutinho, com
geração.
/
202 /
− Diogo de Azevedo − Viveu em Chaves e casou no
Porto com Briolanja Correia, filha, segundo uns, de Diogo Mendes Correia, e outros de
Simão Correia, com geração.
− Leonor de Azevedo − Sem mais notícia.
− Garcia de Azevedo, que foi morto nas terras de
Santa Maria.
− António de Azevedo −
Abade de Gafanhão, de que
os seus pais e irmão tinham o senhorio.
− Fr. Aires de Azevedo − Provincial da Ordem de
S. Domingos.
NOTA − Estou convencido de que há nesta enumeração diversos
erros, mas mais tarde rectificarei o que for melhor sabendo.
− Nuno Fernandes de Gouveia
− Foi senhor da honra do Telhado em Besteiros
e viveu em tempo de D. João I
(1358-1433). Casou com Aldonsa de Vasconcelos, filha de Luís Vaz Cardoso e de Leonor de Vasconcelos.
Filhos:
− Marta Nunes de Gouveia
− GAYO a faz casada com D. Fernando Afonso da Costa, vassalo de D. Afonso
V, com geração.
− Fernão Nunes Cardoso −
Senhor de Gafanhão e da
quinta do Telhado, que era honrada, e da honra de Nandufe, etc., atrás citado.
− João Nunes de Gouveia −
Casou com Catarina Dias
de Gouveia, filha de Gonçalo Dias de Gouveia e de Leonor
Gonçalves de Ataíde, filha de Gonçalo Dias de Sousa,
colaço de D. Duarte, com geração.
− Fernão Nunes de Gouveia
− O primeiro que usou o apelido de Gouveia, que tomou da vila deste nome, onde viveu
e se diz que foi alcaide-mor por mercê de D. Fernando
(1345-1383) e que desta vila teve o senhorio pelo seu casamento, e ainda senhor de Almendra.
Casou com D. Brites de Melo e Castro, filha de
Rui Vaz
de Melo, senhor de Gouveia, e de sua mulher D. Aldonsa de
Castro, que era filha de D. Pedro Fernandes de Castro, senhor
de Fornellos, na Galiza.
Filhos:
− Vasco Fernandes de Gouveia
− Alcaide-mor de Gouveia, senhor de Almendra e Castelo-Melhor com todos
os direitos e rendas de juro e herdade para si e seus
descendentes por mercês de D. João I e D. Duarte; mais
/
203 / teve as terras de Loriga,
Alcobaça da Serra, Aldeia Nova de Famalicão, Valhelhas, Botulho e Castelo Bom. Valido de D. Fernando e
D. João I, etc. Não sei se chegaria para tanta coisa, mas, enfim, lá vai por conta e risco de quem tal escreveu. Dizem uns que casou com
D. Leonor Álvares de Queirós, senhora da casa destes
na Galiza e descendente de Bernardo deI Cárpio, que passou a Portugal no tempo de D. Fernando, que lhe deu o senhorio de Valhelhas; segundo outros, casou com
D. Brites de Melo, filha de Martim Afonso de Melo, senhor de Barbacena e outras terras e alcaide-mor de
Évora, e de sua mulher D. Briolanja de Sousa, filha de Martim Afonso de Melo, senhor da Castanheira; outros dizem que foi casado em primeiras núpcias com a D. Leonor e em segundas com a D. Brites; e ainda outros dizem que houve dois Vascos
Fernandes de Gouveia, um o velho, e outro o novo, tendo casado o velho com D. Leonor e o novo com D. Brites. Como se vê, trataram do caso dando-lhe todas as formas e com muita variedade, Deus louvado! Com geração.
− Nuno Fernandes de Gouveia
− Senhor da honra do
Telhado em Besteiros, na página anterior citado.
− D. Inês Fernandes de Gouveia, sem mais notícia.
− Nuno Fernandes Bavica −
Teve o senhorio de Almendra
e casou com Tereza Anes. Ele era de Bobadela.
Filho:
− Fernão Nunes de Gouveia
− O primeiro que usou
deste apelido, que tomou da vila de Gouveia, onde se diz
que foi alcaide-mor. Casou com D. Brites de Melo e Castro. Atrás
citados.
− Fernão Nunes Bavica −
De Bobadela. Casou com N...
Filho:
− Nuno Fernandes de Bavica, atrás citado.
− Nuno Fernandes Bavica − Natural de Bobadela, e diz o genealógio que me serve de muleta que esta terra antes
se chamava Bobadilha. Viveu em tempos de D. Dinis.
Filho:
− Fernão Nunes Bavica − Retro citado.
− D. Fernão Bavica − Assim diz um estudo genealógico sobre esta família, que pertence ao conselheiro Jaime Forjaz
/
204 /
de Serpa Pimentel, que este teve a bondade de me emprestar e que eu
copiei:
«D. Fernão Bavica, tronco de onde procede a família do apelido Gouveia, foi um fidalgo contemporâneo de El-Rei D. Afonso
III, que casou com D. Tanja Pires de Vides, filha única e
herdeira de Pedro ou Payo Pires de Vides, natural de S. Miguel de Bobadella, e de sua prima e mulher
D. Maria Francisca Fernandes Guedos ou Guedes, a qual era filha de
D. Fernão Guedos e de sua mulher D. Mayor ou Mór Martins, de Calvelo,
têrmo da vila de Barcelos, onde era o seu solar; neta de Pedro Viegas
e de sua mulher N....., bisneta de D. Egas Gomes Barroso, que tomou parte na conquista de Sevilha, e de sua mulher
D. Ur..... Vasques
de Ambia, filha de Vasco Guedelhas de Ambia; 3.ª neta de D. Gomes
Mendes Gurdão e de sua mulher D. Chamoa Mendes de Sousa, filha de
D. Mem Viegas de Sousa e de D. Elvira Fernandes de Toledo; 4.ª neta de
D. Mem Guedes, o velho, e de sua
mulher D. Sancha; 5.ª neta de D. Guedos, tronco da família do apelido Gueda, Guedão ou Guedes, cujo solar primitivo fôra na Noruega e da qual descende a maior nobreza de Hespanha, segundo diz o Marquês de MONTEBELLO nas suas notas ao
Nobiliário do Conde D. PEDRO. D. Maria Francisca Fernandes Guedos ou
Guedes era também neta de D. Guedos Gomes, que também tomou parte na
conquista de Sevilha, e de sua mulher D. Urraca Henriques de
Portocarreyro, a qual era filha de D. Henrique Fernandes Magro e de sua
mulher D. Oroana Reymão de Portocarreyro, e neta de D. Fernando Afonso de
Toledo, tronco dos Portocarreiros, e bisneta de D. Gomes Mendes Guedão, sendo D. Guedos Gomes irmão segundogenito do acima referido D. Egas Gomes Barroso, chamado também de Barroso por ter o seu solar em terras de Barroso, num lugar chamado Sepões.»
De D. Fernão Bavica e de sua mulher
D. Tanja Pires
de Vides foram
Filhos:
− Nuno Fernandes Bavica − Referido na página
anterior.
− Afonso Fernandes Bavica.
RESUMO
Francisco de Moura Coutinho.
Pais − D. Maria Francisca de Moura Coutinho e Paiva
Cardoso de Almeida de Eça, casada com o Dr. José Maria Cardoso de Lima.
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205 /
Avós − Francisco de Moura Coutinho de Almeida de Eça,
casado com D. Inês Francisca de Sales Paiva de Sousa e Brito.
Bisavós − Dionísio de Moura Coutinho de Almeida de Eça,
casado com D. Teresa Febrónia de Paiva e Sousa.
3.os avós − Francisco Caetano da Gama de Sequeira Coutinho de Almeida de Eça, casado com D. Angélica Jacinta
Pacheco Cardoso Soares de Albergaria.
4.os avós − Manuel de Sequeira Coutinho de Almeida de
Eça, casado com D. Josefa Angélica de Almeida Cabral.
5.os avós − D. Angélica de Almeida de Eça, casada com Manuel de Sequeira Coutinho.
6.os avós − Henrique de Almeida Homem,
casado com
D. Violante Botelho da Silveira de Eça.
7.os avós − D. Luzia de Almeida, casada com João de Oliveira da Gama.
8.os avós − Diogo de Lemos,
casado com D. Isabel de Almeida.
9.os avós − Isabel Quaresma, casada com Diogo de Lemos.
10.os avós − Pedro
Nunes Barreto, casado com Catarina Quaresma.
11.os avós − João
Nunes Cardoso, casado com Leanor Nunes Barreto.
12.os avós −
Fernão Nunes Cardoso de Gouveia, casado com
Maria Catarina Pires do Quental.
13.os avós − Nuno Fernandes de Gouveia, casado com Aldonça
Cardoso ou de Vasconcelos.
14.os avós −
Fernão Nunes de Gouveia, casado com D. Brites
de MeIo.
15.os avós − Nuno Fernandes Bavica, casado com Teresa Anes.
16.os avós −
Fernão Bavica, casado com N. . . .
17.os avós − Nuno Fernandes Bavica.
18.os avós − D.
Fernão Bavica, casado com D. Tanja Pires
de Vides.
FRANCISCO DE MOURA COUTINHO
(Publicação póstuma) |