FORAL NOVO DE
SANGALHOS [PDF 1,8 MB]
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Encontra-se a presente leitura do foral de Sangalhos − única chegada ao nosso conhecimento, apesar de todas as muitas
diligências que empregámos no Arquivo da Universidade de Coimbra, em certidão autenticada incluída no
longo processo judicial debatido entre o Convento de Santa
Clara, donatário da terra, e os colonos, caseiros, enfiteutas
e moradores de Sangalhos à data de 1755.
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[Vol. XI - N.º 40 - 1945]
Já no Arquivo do Distrito de Aveiro a
ele nos referimos, ao tratar da visitação à igreja da vila em 1587 (voI.
X),
pertence ao cartório daquele Mosteiro, provindo da Direcção
Distrital de Finanças.
O leitor notará, forçosamente, a grande incorrecção da
transcrição, estropiando alguns vocábulos que em confronto com outro
qualquer foral facilmente se corrigiriam, pois,
como é sabido, a afinidade entre todos estes diplomas manuelinos era taxativa e evidencia-se à mais elementar comparação.
É assim que Ceitis nos aparece transformado em
citris, ovos em arras, Monsão em Bouca,
Castro Laboreiro em Castro limboreiro, Mogadouro em
Bogadouro, Anciães
em Atoziaeñs, Jormelo em Pormelo, Sortelha em Sortella,
Marvão em Mayão, Noudal em Mondal, Almodovar em
Almendauar, Câmara em Comarqua, e até o conhecidíssimo
Fernão de Pina mudado em Fernão de Payva...
Propositadamente deixámos tudo isso como o encontrámos; documenta várias coisas: a ignorância dos copistas judiciais a quem
inconscientemente se confiavam trabalhos de
tamanha importância como são sempre as certidões de
documentos, o nenhum caso que destes se fazia no processo, pois doutra forma o juiz necessariamente rejeitaria uma certidão deturpada de modo tão grosseiro, e, finalmente, o cuidado extremo com que o historiador deve receber qualquer
transcrição de textos, ainda que se lhe apresente oficialmente
autenticada como neste caso.
Com a maior facilidade, aliás, o leitor corrigirá esta
transcrição do
foral de Sangalhos se tiver algum empenho em o fazer.
ANTÓNIO GOMES DA ROCHA
MADAHIL |