NÃO
podia o Arquivo ficar indiferente às comemorações do 1.º centenário do
nascimento de Eça de Queirós (25 de Novembro de 1945): vai nelas
colaborar, embora modestamente. Para isso, é suficiente motivo a
circunstância de ascendentes do grande escritor haverem nascido em
região do nosso Distrito e de ele próprio nela ter vivido, quando
criança.
Se bem que não haja documentos que nos informem, com precisão, acerca do
lapso de tempo durante o qual o futuro romancista respirou os ares de
Aveiro e de Verdemilho, onde viviam os seus avós paternos, deixou-nos
ele uma frase que nos indica a sua bastante demorada permanência aqui. É
aquela em que se diz «filho de Aveiro».
Em todos os fascículos deste volume Xl da nossa revista serão publicados
estudos ou documentos que à celebração do centenário possam interessar.
Neste primeiro, damos rápida notícia a respeito da vida e actividade
literária do escritor, fundamentando-a, na parte relativa à sua
ascendência, em estudo do falecido e muito apreciado e saudoso escritor
aveirense, Dr. JOAQUIM DE MELO FREITAS, e reproduzimos o pequeno mas
penetrante e luminoso artigo, intitulado Eça de Queirós, escrito em
1890, ou seja, dez anos antes do falecimento do autor de O Crime do
Padre Amaro -- pelo também extinto e notável escrito, Dr. LUÍS DE
MAGALHÃES, grande amigo de EÇA, que laços familiares igualmente ligaram
a Aveiro, e cujos restos mortais descansam no cemitério central da
cidade, ao ladro dos de seu pai, José Estêvão.
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