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        OS 
            sinos da Cidade do Vouga badalaram festivamente e longamente, na 
            manhã do dia doze de Abril de 1774. Queriam dizer a toda a gente, 
            surpreendida, − que uma Nova Diocese acabava de nascer em Portugal. 
            Houve alegria e cantos nas almas. Mas, parece, nasceu débil. Apenas 
            se honrou com três Bispos residenciais, um Bispo eleito e alguns 
            Vigários Gerais. Passado pouco mais de um século, − 108 anos − os aveirenses, no meio duma dor 
        imensa, assistiram à sua agonia e à sua morte. Houve luto. Aveiro jamais 
        se pôde conformar com a morte prematura da querida Diocese. Exigiu a 
        ressurreição. E ela chegou.  | 
            
             
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            | 
             
            D. JOÃO EVANGELISTA DE 
            LIMA VIDAL 
            
            Arcebispo-bispo de 
            Aveiro  | 
           
         
        
        Em Carta de 23 de Agosto de 1938, o Grande Papa Pio XI restaurava a 
        Diocese. Imagina-se, facilmente, o entusiasmo e vibrante ansiedade do 
        povo, do povo cristão e bom, − pelo ressurgimento da Cadeira Episcopal, 
        na cidade de Aveiro. O dia 11 de Dezembro de 1938 − dia da entrada 
        solene do Administrador Apostólico nos domínios da Nova Diocese − foi, 
        na 
        
        / 136 / verdade, um dia de delírio e apoteose. É indescritível a 
        graça das ornamentações, a frescura dos sorrisos, os gritos de nobre 
        altivez, de liberdade, de emancipação; as lágrimas a rolar de muitas 
        faces, a alegria saltitante, irreprimível, − a ressumar das coisas, das 
        almas, das areias do caminho, da verdura dos campos: do povo admirável e 
        bom. 
         
        Em festa constante, seguiu o Prelado desde a Branca até Aveiro. Foi em 
        Dezembro de 1938. Há mais de um ano. Os ecos dessa festa inolvidável 
        ainda se não sumiram. 
        
        
        * 
        *      * 
        
        Mas a Santa Sé, que olhou com ternura, desde o começo, a Diocese de 
        Aveiro, − deu ocasião a alegria maior. O Senhor Administrador 
        Apostólico da Diocese de Aveiro, Senhor D. João Evangelista de Lima 
        Vidal, − é nomeado, em noivado definitivo, Bispo Residencial desta 
        Diocese. Filho e amigo desta Terra, − foi, como amigo e filho, recebido 
        no meio de carinho e com ternura. 
         
        A Bula de Nomeação data de 12 de Janeiro de 1940. A 27 do mesmo mês, 
        entrava na Sé Catedral, em triunfo, − para jurar na sua igreja, na 
        igreja que lhe pertence por título, a doação total da sua vida a favor 
        da Diocese, para que a Diocese se vivificasse em seu holocausto. Na bela 
        frase de Tertuliano: é da morte que salta a vida: − de morte vita! Não 
        se pode ler sem comoção a Carta do Cardial Maglione ao Senhor D. João 
        Evangelista, a participar-lhe a escolha que dele fizera ó Santo Padre 
        Pio XII para bispo de Aveiro. Sua Santidade, impondo-lhe mais este 
        sacrifício, − espera dele, ansiosamente, toda a força e todo o zelo da 
        sua alma de Apóstolo e de Bispo. 
        
        Aveiro, 3 de Maio de 1940 
        
        PADRE RAUL MIRA 
        
        Vigário Geral da Diocese de Aveiro 
        
        _____________________ 
        
        DOCUMENTOS 
        
        
        I 
        
        PIUS EPISCOPUS SERVUS SERVORUM DEI 
        
        VENERABILI Fratri Joanni Evangelistae de Lima Vidal, hactenus
        Archiepiscopo titulari Oxyrynchitano, electo Archiepiscopo-Episcopo 
        Avei-rensi, saltitem et apostolicam benedictionem. Commissum humilitati 
        Nostrae ab aeterno Pastor um Príncipe supremi apostolatus officium, quo 
        universo christiano orbi praesidemus, onus Nobis imponit diligentissime 
        curandi, ut Ecclesiis omnibus tales praeficiantur Antistites, qui sibi 
        creditum dominicum 
        
        / 137 / 
        gregem salubriter pascere, regere et gubernare sciant ac valeant. Cum 
        itaque cathedralis Ecclesia Aveirensis, olim suppressa, Apostolicis sub 
        plumbo Litteris Omnium Ecclesiarum a fel. rec. Pio Undecimo, Decessore 
        Nostro, die quarto et vicesima Augusti mensis anuo Domini millesimo 
        nongentesimo tricesimo octavo datis, in pristinum restituía, suo sit 
        nunc providenda pastore, Nos, de venerabilium Fratrum Nostrorum S. R. E. 
        Cardinalium consi-lio, Tibi eam concredere statuimus. Quare de 
        apostolicae Nostrae potestatis
        plenitudine Te a vinculo Archiepiscopalis Ecclesiae Oscryrxnghitanae, 
        cujus
        titulum hucusque gessisti, absolvimus et ad cathedralem Ecclesiam ilIam 
        Aveirensem transferimus eique Episcopum praeficimus et Pastorem; nec non 
        eiusdem Ecclesiae curam, regimen et administrationem tum in spiritualibus .tum in temporalibus Tibi plenarie committimus una rum omnibus
        iuribus et privilegiis, oneribus et obligationibus pastorali huic 
        officio inhaerentibus. lndulgemus insuper et, intuitu archiepiscopalis 
        tituli, quem hactenus gessisti, cathedralem 1ianc Ecclesiam assumens, 
        nomen geras Archiepiscopi-Epis'Copi Aveirensis. Volumus vero ut, ceteris 
        quoque impletis de jure
        servandis, antequam dioecesis Tibi creditae canonicam capias 
        possessionem,
        in manibus alicuius quem malueris catholici Antistitis, gratiam et 
        communionem Sedis Apostolicae habentis, catholicae fidei professionem et 
        praescriptum fidelitatis iuramentum iuxta statutas formulas emittere, 
        harumque exemplaria, Tuis dictique Antistitis subscriptione ac sigillo 
        munita, ad S. Congregationem Consistorialem quantocius transmittere 
        omnino tenearis. Firmam autem spem fiduciamque concipimus fore ut, 
        dextera Domini Tibi assistente propitia, Ecclesia Aveirensis per tuam 
        pastoralem sollicitudinem et studium
        fructuosum r.egatur utiliter et maiora in dies in spiritualibus ac 
        temporalibus incrementa suscipiat. Datum Romae apud S. Petrum anuo 
        Domini millesimo nongentesimo quadragesimo, die sexta decima mensis 
        Januarii, Pontificatus Nostti anuo primo. = A. L. = 
        
        Th. Pius Cardo Bogiani 
        
        Cancell. S. R. C. , 
        
        «Expedita» die trigesima Januarii Anno «primo» 
        
        Alfridus Marini, Plumbator 
        
        _____________________ 
        
        VERSÃO DA BULA PRECEDENTE 
        
        PIO BISPO SERVO DOS SERVOS DE DEUS 
        
        Ao Venerável Irmão João Evangelista de Lima Vida!, até agora Arcebispo titular de Ossirinco, eleito Arcebispo Bispo de Aveiro, saúde e 
        Bênção Apostólica. O munus apostólico que à Nossa humildade foi confiado
        pelo Príncipe eterno dos Pastores, em virtude do qual Nós presidimos a 
        todo o orbe cristão, impõe-Nos a obrigação de procurar 
        diligentissimamente que a todas as Igrejas tais pastores sejam dados que 
        saibam e possam apascentar, reger e governar a grei do Senhor que lhes 
        seja confiada. E assim
        como a Igreja Catedral de Aveiro, em tempo suprimida, tenha sido 
        restaurada pelas Letras Apostólicas sob selo de chumbo OMNIUM 
        ECCLESIARUM do Nosso Antecessor Pio XI, de feliz memória, datadas de 24 
        do mês de Agosto do ano de 1938, tenha sido provida de Pastor próprio, 
        Nós, de conselho dos Nossos Veneráveis Irmãos Cardiais da Santa Romana 
        Igreja, resolvemos confiá-la a Ti. Pelo que, pela plenitude da Nossa 
        Autoridade
        Apostólica te libertamos do vínculo da Igreja Arquiepiscopal de 
        Ossirinco,
        cujo título até agora trouxeste e te transferimos para a mesma Igreja 
        Catedral de Aveiro e a ela te exaltamos como Bispo e Pastor; como 
        também te
        cometemos plenariamente a cura, regímen e administração da mesma Igreja,
        tanto nas coisas espirituais como nas temporais, juntamente com todos os 
        direitos e privilégios, encargos e obrigações inerentes a este Ofício 
        Pastoral. Concedemos além disso que, em atenção ao título arquiepiscopal com 
        
        / 138 / 
        que até agora Te distinguiste, sejas designado, assumindo esta Igreja, 
        por
        Arcebispo-Bispo de Aveiro. Queremos, porém, que, cumprido tudo o que
        de direito se deve cumprir, antes de tomares posse canónica da Diocese a
        Ti confiada faças a profissão de Fé e o Juramento de fidelidade 
        prescrito
        segundo as formas estabelecidas nas mãos de algum Bispo católico à tua 
        escolha em graça e comunhão com a Santa Sé Apostólica, devendo rigorosamente transmitir o 
        mais depressa possível um exemplar das 
        mesmas fórmulas, com a Tua assinatura e a do referido Bispo, 
        convenientemente selado,
        à Sagrada Congregação Consistorial. Temos firme esperança e confiança de
        que, assistindo-Te propiciamente a mão do Senhor, a Igreja de Aveiro 
        pela
        Tua pastoral solicitude e frutuosa diligência seja regida com utilidade 
        e receba cada vez maior incremento, tanto nas coisas espirituais como 
        nas temporais. Dada em Roma, junto de São Pedro, no ano do Senhor de 
        1940, no dia 16 de Janeiro, primeiro ano do Nosso Pontificado. 
        
        Th. Pio Cardo Bogiani 
        
        Chanceler da S. I. R. 
        
        «Expedido» no dia 30 do mês Janeiro do Ano primeiro. 
        
        (a) Alfredo Marini, Chumbador. 
        
        __________________ 
        
        II 
        
        VERSÃO DO ORIGINAL 
        
        PIO BISPO, SERVO DOS SERVOS DE DEUS 
        
        Ao Venerando Irmão Arcebispo de Braga, Saúde e Bênção Apostólica. 
        
        Hoje mesmo, a conselho, dos Nossos venerandos Irmãos Cardiais da
        Santa Igreja Romana e por plenitude do Nosso poder apostólico, 
        desligamos
        o venerando Irmão João Evangelista de Lima Vidal do vínculo da Igreja
        titular Arquiepiscopal de Ossirinco e o transferimos para a Igreja de 
        Aveiro, ultimamente restaurada como Catedral sufragânea da Tua Igreja 
        metropolitana, e o constituímos Bispo e Pastor dela; permitindo-lhe, em vista do
        titulo que até aqui usava, uma vez que tome posse da nova Igreja, usar o
        título de Arcebispo-Bispo de Aveiro. Por estas Nossas Letras certificamos-Te estas coisas e Te mandamos no Senhor, que ao mesmo João
        Evangelista, eleito Teu Bispo Sufragâneo, por Nosso respeito e da Sé 
        Apostólica o recebas como Irmão e lhe prestes o auxilio que puderes. 
        
        Portanto afagamos a esperança de que Tu, movido pelo zelo de promover a glória de Deus e o bem da Igreja, não recusarás prestar ao mesmo
        João Evangelista, Arcebispo-Bispo, o auxilio que ele de Ti implore, de 
        modo que ele possa mais facilmente cumprir o munus a ele confiado para
        maior prosperidade da sua Igreja. Dado em Roma, em S. Pedro, no ano de
        mil novecentos e quarenta, aos dezasseis do mês de Janeiro, ano primeiro
        do Nosso Pontificado. = A. S. 
        
        Th. Pio Cardo Bogiani 
        Chanceler da S. I. R. 
        
          
            (a) Cón. Alfredo Liberati, Ajudante 
        de estudo da Chancelaria Apost.
        Reg. na Chanc. Apost. − Volume LXII, N.º 64. 
        (a) Aloísio Trussardi. | 
            
         
        (a) Afonso Carinci, Prot. Apost. 
        (a) Carlos Respighi, Prot. Apost. 
        (a) Domingos Franciús, Escritor  Apost. 
             | 
           
         
        
        «Expedido» no dia 30 
        do mês Janeiro do Ano primeiro. 
        (a) Alfredo Marini, Chumbador. 
         |