Adolfo Faria de Castro, Ex-libris do distrito, Vol. 1, pp. 47-48.

EX-LIBRIS DO DISTRITO

Começarei por dizer que data do século XV a origem do ex-libris. Seguiu paralelamente ao desenvolvimento das artes do desenho a sua natural evolução. A gente requintada e palaciana de setecentos dedicou-lhe desvelos só próprios de estetas e de sequazes das Belas-Artes, então em franca florescência. E se as vinhetas deram ao ex-libris, no doirado século XVIII, encanto particularmente sedutor, verifica-se que, em nossos materialistas dias, as águas-fortes e as xilogravuras, tão peculiares aos desenhistas da Checoslováquia e da Holanda, onde os «ex-libristas» constituem disciplinados grémios, fazem realçar o valor artístico e o significado cultural do ex-libris.


Deve o ex-libris apresentar um sentido psicológico, afirmando ou deixando adivinhar a personalidade de quem o utiliza em seus livros. É uma evidente manifestação de gosto bibliográfico, que se torna necessário animar e estimular. Esta é a função que me proponho, dando pouco a pouco, no Arquivo, sucinta nota dos ex-libris de pessoas ilustres do distrito.


Em lugar secundário são colocados os ex-libris carimbados. Gravados e impressos em papel, eis a forma usual. Por vezes gravam-se na própria encadernação, e tomam o nome de ex-libris exteriores (e não, como erradamente se diz, super libris.)


Dentro dos ex-libris cabe o vasto mundo da ilimitada fantasia, desde os ornamentais aos heráldicos. Uns assinalam a preferência pelo expressionismo das linhas e das divisas; outros procuram bases nas árvores genealógicas.


O espírito tem as suas exigências. A de possuir um ex-libris existirá, por certo, latente no espírito de todos aqueles que se interessam pelos livros.


O ex-libris é um pertence, uma marca de posse, um direito de uso, uma propriedade inalienável.
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REPRODUÇÕES

I

 

 
     


D. FERNANDO DE TAVARES E TÁVORA (VILA DA FEIRA)

Ex-libris individual gravado (zincografia) armoriado.

Desenhado pelo próprio, em 1914.

Gravado por O. Garcia, da Casa da Moeda, na casa H. Gris & C.ª, de Lisboa.

Impresso a preto.

Composição: Escudo partido de Tavares e Távoras.

Divisa: Findit quascunque.

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Ex-libris reproduzido por exemplar da nossa colecção.

ADOLFO FARIA DE CASTRO

 

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