«A
admiração [thaumázein] que deixa suspenso o homem
que crê saber
perfeitamente aquilo de que se ocupa,
quando um certo
dia descobre que aquilo que julga saber melhor
é, no fundo,
desconhecido, ignorado» (Zubiri, 1963, 39).
5.1 –
Teorias e Filosofia da Educação
Não será demasiado pretensioso teorizar uma
"área" tão dispersa, tão abrangente e tão dependente de outras
áreas, e cujo corpo nuclear é ele próprio destituído de consenso? Na
impossibilidade de um estudo exaustivo sobre as várias posições a
este respeito, arriscamos uma colheita breve mas pelo menos
sugestiva e, atendendo à qualidade dos intervenientes,
representativa. Por trás dela, e por trás do afã em discutir se
estamos a tratar com teorias, “fundamentalidades”, técnicas,
suspeita-se a característica nuclear da filosofia da educação como
área.
O uso de
«teoria» no plural já levanta, só por si, uma questão fundamental, a
elucidar de algum modo no último capítulo. A um primeiro olhar,
parece que se põe de lado a teoria como visão geral
unificante. Contudo, a unicidade e originalidade da pessoa humana,
ao debruçar-se sobre esse conceito, recupera nesse acto de olhar
perturbado e extasiado pela unidade do ser, a riqueza que só pode
existir como sujeito (temos como ponto de referência o actor-pessoa,
mas seria interessante, em filosofia da educação, aprofundar o tema
schopenaueriano do «mundo como vontade e representação», ou «a
posição do homem no mundo» segundo Max Scheler). Parece oportuno
citar Ricoeur (1955, 69-71) sobre «A história da filosofia e a
unidade do verdadeiro»: «Pressentimos que é este Uno que
unifica em uma história as singularidades filosóficas e faz
desta única história uma philosophia perennis. Contudo o
acesso a este Uno faz-se pelo debate entre diversas
filosofias». Continua dizendo que o Uno não coincide com
nenhuma filosofia nem sequer com a identidade de afirmações comum às
várias filosofias: é a «esperança ontológica» de «estar na
verdade» (diferente de «ter a verdade») correspondente ao meu
acto que deseja a «abertura» própria do ser. Este desejo de abertura
significa que «as múltiplas singularidades filosóficas – Platão,
Descartes, Espinosa – são a priori acessíveis uma à outra,
que todo o diálogo é possível a priori, porque o ser é este
acto que, precedendo e fundamentando toda a possibilidade de
questionar, funda a mutualidade das mais singulares intenções
filosóficas».
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