Nesta tarde de nevoeiro
Onde o olhar se espreguiça
Vem do lado do Barreiro
O som de uma campaniça
Vem do lado do Barreiro
Passa por cima do Tejo
Mas o som chega inteiro
Como no Baixo Alentejo
Oiço o coro já se arrasta
No fundo da minha rua
Mas o coro não me basta
Quero ouvir a voz que é tua
Eu faço de cada poema
As cordas de uma viola
E escondo-me no cinema
Sempre que falto à escola |
Julgo ver o teu olhar
Na linha do horizonte
Silhueta a atravessar
A estrada para o monte
São casa, são corações
Onde quero ser habitante
Procuro nestas canções
Chegar ainda mais adiante
Quero ouvir-te em directo
Sem recurso ao diferido
Quero um poema concreto
O titulo está estabelecido
O titulo está no teu nome
Os versos são os teus dedos
Os meus olhos têm fome
Do
doce dos teus segredos |