índice do almanaque
 

CLIMA DE GUERRA OU A GUERRA DO CLIMA

• • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •

Guilherme Alves Coelho

Uma sucessão crescente de catástrofes “naturais”.

2010, foi mais um ano de catástrofes ambientais suspeitas. Por todo o mundo se bateram recordes de inundações, sismos, fogos, secas, mortos, feridos e desalojados Se estes acontecimentos foram surpreendentes pela sua quantidade e amplitude, eles inscrevem-se porém numa série incomum de fenómenos geo-climáticos semelhantes, que se foram multiplicando ao longo dos últimos anos, um pouco por todo o mundo, a uma cadência e com uma magnitude crescente de ano para ano.

Especialistas, técnicos ou simples cidadãos, interrogam-se sobre as razões destes acontecimentos. Serão consequências das tão propagandeadas e pouco debatidas alterações climáticas? Serão fruto da negligência e da ganância sem limites? Ou será ainda algo mais grave?

O ano de 2010 veio, de certo modo, dar resposta a muitas destas interrogações; veio reforçar as opiniões anteriores de muitos especialistas acerca da responsabilidade humana na maioria das catástrofes ditas naturais; veio revelar facetas da intervenção humana até agora pouco conhecidas; veio confirmar que muitos desses desastres até proporcionam lucros fabulosos; veio levantar a suspeita de que por esse motivo, e de acordo com a lógica do mercado, alguns possam ter sido provocados propositadamente para obtenção de lucro; e veio finalmente revelar que esse procedimento já estava a ser levado às ultimas consequências com um objectivo mais vasto e perverso: a sua utilização como arma de guerra.

As cheias na Madeira: um exemplo de “catástrofe natural”

O caso mais grave ocorrido em território português deu-se no inicio do ano na Ilha da Madeira. Uma conjugação pouco habitual de chuvas intensas num curto intervalo de tempo, provocou o transbordo das águas das ribeiras e o arrastamento de toda a espécie de detritos, não só os naturais - rochas, lama, árvores, etc, mas também, e principalmente, os construídos – estradas, pontes, casas, veículos, para além de animais e pessoas.

Clicar para ampliar.

Segundo os últimos balanços terá havido pelo menos 42 mortos e vários milhões de euros de prejuízos. Ainda de acordo com algumas informações, os prejuízos materiais e humanos serão muito superiores a anteriores situações semelhantes.

Situada em pleno Atlântico, a ilha da Madeira é uma das duas únicas regiões autónomas de Portugal. Vive essencialmente do turismo e do dinheiro dos contribuintes do Continente. É um paraíso fiscal. A sua orografia mostra um pico e encostas íngremes em todos os quadrantes, pelas quais descem inúmeros cursos de água: as ribeiras. A sobreocupação destas encostas com construções é um facto conhecido.

Corre na internet um pequeno documentário apresentado há 2 anos na TV, em que vários técnicos alertavam para o perigo das construções que continuavam a erguer-se na ilha em leitos de cheia, em clara violação da lei. Bastaram dois anos para confirmar a justeza desses avisos. Porém, para os dois responsáveis máximos por estes assuntos na Madeira – o Presidente do Governo Regional e o Presidente da Câmara do Funchal – estes alertas não passavam de calúnias de “alguns irresponsáveis”. Na sua perspectiva tudo estaria em ordem. Tudo estaria nos lugares certos. À excepção da natureza.

A Comunicação Social corporativa, como é sua missão, rapidamente se apressou a dar cobertura a esta versão apresentando a situação como uma “catástrofe natural”. Para ela solicitavam a habitual onda de solidariedade em part time, vulgo caridade, afastando assim, subliminarmente, qualquer responsabilidade humana no assunto.

O planeamento do território, a prevenção, bem como o seu cumprimento rigoroso, não fazem parte do ideário do capitalismo, seja ele aplicado por socialistas, democratas-cristãos ou social-democratas, como é o caso. Sem planos urbanísticos a especulação imobiliária avança melhor. E com ela aumentam a incúria e o desleixo, multiplicam-se os erros. Se algo correr mal, como agora, serão assacadas responsabilidades à natureza. Para o capital o desastre até tem vantagens: fazer reverter a reconstrução não como prejuízo, mas como lucro para a economia (de alguns). Ao contrário do aforismo popular, a sua máxima parece ser “mais vale remediar do que prevenir”.

O furo do Golfo do México: a ambição para além da razão

O acontecimento mais marcante do ano no mundo, em termos de desastre provocado pelo homem, será provavelmente a fuga de crude do furo petrolífero no golfo do México, ao largo dos E.U.A., da responsabilidade da empresa petrolífera BP. Depois do tufão Katrina, na mesma zona (quiçá fruto também de experiências mal sucedidas), esta catástrofe ameaça pôr em causa a vida naquela parte do globo e poderá alastrar-se para além dela de forma descontrolada.

A autorização para a exploração foi especialmente dada por Obama por se tratar de uma zona de captação profunda onde não havia qualquer experiência anterior, nem esquemas de segurança adequados. Embora as autoridades norte-americanas tivessem sido alertadas para isso não deram muita importância ao caso. Após algum tempo de exploração a plataforma explodiu e a fuga de crude para o mar entrou em descontrole total. As várias tentativas de estancar o derrame não produziram qualquer resultado. O que ficou demonstrado foi que, com uma tecnologia totalmente virada para a guerra, quer norte-americanos quer ingleses, pouco ou nada sabiam sobre a forma de curar uma ferida daquele tipo. A tão badalada superioridade técnica anglo-saxónica ficou bastante abalada.

Não obstante, com a arrogância que lhes é própria, prosseguiram galhardamente, exibindo a sua ignorância e leviandade. Alguns chegaram ao extremo ridículo de acusar outros países de um hipotético ataque aos E.U.A.. O escândalo tomou tais dimensões que, na tentativa de esconder esta incapacidade e a gravidade da situação, os jornalistas foram proibidos de informar sobre o assunto e aplicadas pesadas multas a quem quer que se aproximasse do local. Enquanto as imagens autorizadas oficialmente, repetidas à exaustão nas televisões de todo o mundo mostravam uma aparente pequena fuga, as poucas notícias que se conseguiam obter, não oficialmente, iam revelando que a situação se agravava de dia para dia e a solução para estancar o derrame estava cada vez mais longe. Especialistas chegaram a afirmar que se estaria não apenas perante um simples acidente de percurso, embora difícil de resolver, mas face ao maior acidente ecológico jamais ocorrido no país, senão mesmo o mais grave de sempre em todo o mundo. Se a principio se falava numa fuga diária equivalente a cerca de um navio tanque ( o que já seria dramático), mais tarde esse número passava a quatro.

Manchas de petróleo no golfo México, as chamadas «panquecas». Clicar para ampliar.

Após a anunciada solução final ter mais uma vez redundado em fracasso, em Julho, alguns especialistas afirmaram que, longe de se tratar de um simples furo, a verdade era que o crude jorrava descontroladamente por uma ou várias fendas que avaliavam ser já do tamanho do Himalaia. Por baixo estaria uma toalha de proporções gigantescas, cujo esgotamento não estava à vista.

Manchas de petróleo no golfo México, as chamadas «panquecas».

Esses técnicos previam que, a manter-se esse ritmo de fuga, o que seria bastante provável, ela iria durar anos e a mancha inundaria todas as costas do golfo, passando depois para o Atlântico arrastada pela Corrente do Golfo. Prognosticavam ainda que, se isso acontecesse, o mais provável seria a eliminação irreversível de toda a vida no Atlântico Norte. Chegada às costas ocidentais da Europa, estas tenderiam a gelar. A Inglaterra seria a primeira vítima.

Nunca mais houve notícias excepto a de que o problema estava solucionado. Mas a suspeita de que os acontecimentos ultrapassaram as capacidades humanas adensa-se. Hoje um silêncio sepulcral como os que precedem a revelação das más notícias alastra como a própria mancha de crude. Organizações ambientalistas, tão lestas em outras ocasiões, estão mudas e quedas, segundo se diz, para não afrontarem o gigante BP.

Nada parece fazer parar a ambição desmedida do capital na rapina incontrolada deste esgotado planeta. Desde o ar e a água à exploração mineira e petrolífera, vale tudo. Esta ganância desenfreada conta com a cumplicidade de muitos governos ditos democráticos.

O número de derrocadas em explorações mineiras seja na China, seja no Chile, ou nas inúmeras plataformas petrolíferas, já para não falar nos desastres ocultos que diariamente ocorrem nas mais diversas obras por todo o planeta, mostra bem esse desprezo do capital pelas condições de trabalho a que são sujeitos os trabalhadores.

No Golfo do México como em tantas ocasiões ao longo da história, mais uma vez a ambição se sobrepôs à razão.

HAARP: uma nova arma de destruição maciça?

Mas quando julgávamos que já tudo tinha sido dito e as incriminações eram mais que suficientes para levar o capital ao banco dos réus, eis que surgem revelações sobre prováveis novas causas de alterações climáticas. Desde há alguns anos que havia suspeitas sobre o desenvolvimento pelos E.U.A. e provavelmente outros países, de um novo dispositivo técnico de ionização da atmosfera, denominado HAARP, que provocaria fenómenos geo-climáticos, como sismos, furacões, tsunamis, etc., com a aparência de terem origem natural.

Segundo um alto quadro da marinha russa, esse dispositivo seria uma nova arma que estaria em desenvolvimento tendo em vista uma guerra climática global. Ela permitiria lançar o caos no país a atacar, enfraquecer as defesas e facilitar a subsequente invasão.

As últimas catástrofes, em várias partes do globo, seriam já consequência de experiências nesse sentido. Um programa do canal televisivo Canal História apresentado em Julho deste ano, afirma mesmo que tal dispositivo teria já terminado a fase de experimentação e estaria pronto a ser utilizado por todo o mundo. As instalações seriam localizadas em pelo menos cinco locais, sendo dois em território dos E.U.A., um numa base norte-americana na América Central, outro algures na Europa e um último na Ásia.

Foi o sismo do Haiti que despoletou a questão da HAARP com mais acuidade. Deu nas vistas o aparato militar norte-americano que nas vésperas do sismo cercava o território. As tropas, logo após este suceder apressaram-se a desembarcar. Não para levarem ajuda humanitária, mas para garantirem a segurança! No próprio momento do sismo os comandantes militares já se encontravam na embaixada norte-americana, por sinal um edifício de construção antisísmica. Daí a suspeitar-se que o sismo tenha sido provocado foi um pequeno passo.

Revela o analista francês Thierry Meyssan que as experiências com a nova arma climática teriam tido inicio nos finais da 2ª guerra mundial, levadas a cabo por técnicos neo-zelandeses. Objectivo: provocar tsunamis contra os japoneses. Prosseguidas por australianos foram depois desenvolvidas pelos norte-americanos que lhe atribuíram um grau de importância equivalente ao da bomba atómica.

Durante a guerra do Vietname a nova tecnologia era usada com eficácia do ponto de vista técnico/climático, mas com pouco êxito militar. A partir de 1975 os soviéticos tinham desenvolvido um programa pacífico com o objectivo de provocar pequenos sismos de molde a “esvaziar” os grandes sismos da sua energia e evitar maiores catástrofes. Após a derrota da URSS, Boris Yeltsin vendeu os técnicos e os laboratórios soviéticos aos militares norte-americanos e que os integraram no programa HAARP.

Alguns usos possíveis da nova arma teriam sido na Argélia e na Turquia, mas o caso mais discutido é o do sismo de Sichuan na China em 12 de Maio de 2008.

Nada disto surpreende. Considerando os antecedentes históricos e a ambição de domínio planetário larga e claramente expressa pelos E.U.A. e seus aliados, não admira que todos os meios sirvam esses fins.

Como é obvio porém, nada disto nos poderá fazer esquecer que o urânio empobrecido continua a ser derramado sobre iraquianos, afegãos e palestinianos, provocando milhares de mortes imediatas e doenças genéticas por gerações, e que no Vietname, trinta e cinco anos depois da guerra, o Agente Laranja despejado sobre os seus habitantes ainda hoje continua a matar.

Conclusão

Voltamos à questão inicial. Não há catástrofes naturais. Existem sim fenómenos naturais que a acção do homem transforma em catástrofes. A maioria delas por necessidade ou negligência de muitos e quase todas por ambição de alguns, aproveitando-se, como os abutres, das circunstâncias e da desgraça alheia. Para estes tal parece já não chegar. Se as catástrofes dão lucro porque não ampliar o mercado, provocando-as? E já agora – autêntico dois em um – que tal utilizar esse conhecimento para fazer a guerra? Aí temos mais uma vez a inteligência humana ao serviço da perversidade e da insanidade. Não para salvar as pessoas das catástrofes, mas para submeter ainda mais aquelas que sobrarem vivas.

Como sempre, por trás de tudo isto, o suspeito do costume, a plutocracia, o governo dos ricos, um relativamente reduzido grupo de fanáticos que se instituiu a si próprio como guardião da civilização em todo o mundo, e se julga imune á barbárie que provoca.

Como já é, infelizmente, habitual, os E.U.A. e o seu satélite Israel, ansiosos por experimentar as novas maravilhas de destruição maciça que engendram em tempo de defeso, proclamam irresponsavelmente uma guerra santa como salvação da humanidade, que bem poderá ser a última. Como se, após terem aberto a Caixa de Pandora pudessem escapar à maldição dos Deuses, numa qualquer Arca de Noé espacial.

Clicar para ampliar.

Até quando o mundo o irá permitir?

 

cimo da páginapágina anteriorpágina seguinte