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OLIVENÇA D'ALÉM GUADIANA

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António João Teixeira Marques

A rua de Juromenha, em Olivença, a histórica vila que se encontra cativa há quase 150 anos. Clicar para ampliar.
A rua de Juromenha, em Olivença, a histórica vila que se encontra cativa há quase 150 anos. Repare-se no carro caracteristicamente alentejano.

O domínio exercido por Espanha sobre Olivença é exemplo gritante dos equívocos existentes nas relações Portugal /Espanha e nas dificuldades dos nossos dirigentes em defenderem os interesses nacionais.

Para quem desconheça, lembramos que Olivença é terra entranhadamente portuguesa desde sempre, situação consagrada no Tratado de Alcanizes, sendo participante maior na formação e consolidação do Reino, no florescimento da cultura nacional, nas glórias e misérias dos Descobrimentos, na tragédia de Alcácer-Quibir, na Restauração de 1640!...

A questão de Olivença nasceu há dois séculos quando Espanha, concertada com a França, invadiu o nosso país em 20 de Maio de 1801, tomando Olivença e quase todo o Norte-Alentejano, na chamada «Guerra das Laranjas».

Vencido, Portugal assinou em 6 de Junho o Tratado de Badajoz pelo qual entregou Olivença. Findas as guerras napoleónicas, as potências europeias, reunidas no Congresso de Viena em 1815, retiraram a força jurídica do Tratado de Badajoz e consagraram a ilegitimidade da ocupação espanhola, reconhecendo todos os direitos de Portugal. Assim, o Tratado de Viena, aprovado em 9 de Junho, afirmou no art.º 105.º «a justiça das reclamações formuladas por Portugal sobre a vila de Olivença cedidos a Espanha pelo Tratado de Badajoz de 1801» e impôs «a restituição da mesma como uma das medidas apropriadas a assegurar entre os dois reinos da península a boa harmonia completa e estável», comprometendo-se todos os países signatários a desenvolver os seus mais eficazes esforços para que a retrocessão de Olivença se efectivasse «o mais cedo possível»...

Espanha assinou o tratado em 7 de Maio de 1817 e reconheceu os direitos de Portugal. Todavia, não demonstrando o carácter honrado, altivo e nobre que diz ser seu, violou despudoradamente o compromisso assumido e o direito internacional, retendo para si, do modo mais ilícito, a velha Olivença portuguesa.

Entretanto, ali, ao longo de dois séculos de declarada, persistente e insidiosa aculturação castelhanizante, tudo o que estrutura e identifica a comunidade, a sua História, cultura, tradições, língua, permaneceu vivo e pleno de portugalidade.

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O Estado português, sem nunca aceitar nem reconhecer o esbulho, mas não fazendo o que pode e deve (repudiar a situação ultrajante de Olivença e exigir a sua retrocessão) permitiu que se criasse a ideia que a sua posição fosse de fraqueza, retraimento e conformismo com o status quo.

Singelamente, a «questão de Olivença traduz-se no facto de território português se encontrar ocupado por Espanha, extorsão não reconhecida por Portugal e ilegítima face ao Direito das Nações.

Até quando?

 

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