O Valor Nutritivo das Uvas de Mesa

O desejo de bem-estar físico faz-nos recorrer aos bens que a Natureza nos dá. Muito conhecida, devido aos seus efeitos benéficos, é a cura de uvas. Entretanto, o seu êxito sempre dependerá das causas que a tomaram necessária.
 

O valor nutritivo da uva está sobretudo na minuciosidade com que permite aproveitar positivamente cada uma das suas partículas, o conjunto de valores nutritivos de suas células. Uvas frescas, para a cura, não devem ser descascadas e vazias das substâncias que contêm – mas sim, com as cascas e grainhas – principalmente quando se tomam para o fim de regular as funções intestinais, pois são justamente as substâncias rudimentares dos tecidos celulares que estimulam a actividade mecânica intestinal. Também é erro mastigar minuciosamente de mais as frutas: basta despedaçá-las com os maxilares e engoli-las, após tê-las devidamente ensalivado.

É, porém, evidente que as uvas necessitam de ser lavadas antes da refeição. São, como se sabe, necessárias várias substâncias químicas – absolutamente prejudiciais ao organismo para, durante o seu crescimento e desenvolvimento, preservar as videiras do flagelo de determinados insectos parasitas e transmissores de moléstias. Para tal fim, empregam-se soluções de sulfato de cobre e de cal, etc., com várias substâncias venenosas. Também, é natural e necessário o cuidado dos dentes e da boca, após comer uvas, pois os sais e açucares diversos, que elas contêm, além do suco, podem influenciar prejudicialmente todo o sistema dos dentes.

Também se comprova a eficácia da uva nas curas purificadoras do sangue, em casos de anemia, fraqueza física, neurastenia, e em todas as fases da convalescença, bem como nas curas tanto de emagrecimento, como de engordamento.

Para a purificação do sangue, deve comer-se geralmente um cacho, de manhã, em jejum, outro antes e depois do almoço e outro à noite. Quantidades em peso, até um quilo e meio, servem para curas de engordamento, junto com uma alimentação básica, rica em gorduras e albuminas, enquanto quantidades superiores a 3 quilos retiram as gorduras demasiadas do organismo.

As uvas também podem ser indicadas para enfermidades reumáticas, ou outras similares, bem como para a escrofulose, a anemia, doenças pulmonares, etc., pois a videira e a uva são energia solar, coleccionadoras e invólucro de vida e de força vital, capazes de transmitir o vigor que contêm aos organismos humanos que dele necessitam.

A passa (ou seja a uva seca) fornece, sobretudo, pelo seu conteúdo de ferro, aos anémicos e cIoróticos um bom reforço. Assim, pois, as uvas passas são igualmente recomendáveis a todos os desportistas, e aos trabalhadores intelectuais.

Em todos os casos, possuímos na uva um factor apto para robustecer a saúde e tudo o que seja saudável, para ajudar os enfermos e eficazmente reconstruir o seu organismo. A uva é um dos mais preciosos e verdadeiro factores terapêuticos e higiénicos, por excelência.

In “Almanaque Alentejano” – 1966