3ª
PARTE - PROGRAMA
PROGRAMA
DE
"OFICINA DE TEATRO"
DESENVOLVIMENTO
DO PROCESSO ENSINO/APRENDIZAGEM
FINALIDADES
O
objectivo/génese de todas as actividades expressivas
reside na aquisição de instrumentos de cultura e no
desenvolvimento de capacidades para um melhor equilíbrio
do ser. Numa "Oficina de Teatro", na Escola,
interessa-me vencer bloqueios para uma melhor linguagem de
vida, para desenvolver autonomia e cooperação, para
explorar linguagens, para promover a disponibilidade
psicológica, tão importante no acto criador . No fundo,
pretende desenvolver a expressão e a comunicação através
de criações lúdicas colectivas. Em termos pedagógicos,
é tão importante o processo como o resultado.
Criar
é um processo com etapas bem definidas, em que o indivíduo
quer ir mais longe, vencendo obstáculos, produzindo uma
nova unidade de significação. A definição do ponto de
partida provoca, naturalmente, uma selecção de soluções.
Os planos detalhados implementam e avaliam as soluções e
os resultados. Por isso, ter confiança nos alunos
proporcionando-lhes a vivência de experiências
positivas, acreditar nas suas potencialidades, valorizar o
seu trabalho sem inibir a experiência são as verdadeiras
atitudes, que levam o professor a cultivar a abertura e a
implementação da originalidade. Mas, tudo é possível
de desmoronamento, se não existir um ambiente físico
adequado, se o professor fizer uma orientação
prepotente, originando dificuldades na comunicação, se a
cultura e as estruturas forem extremamente
organizacionais, se o volume de serviços impedir a
liberdade e autonomia impedindo o treino e as relações
interpessoais atempadas.
Face
aos dados recolhidos nos pontos de partida para as
actividades expressivas, em conjunto com a escola e com os
participantes, perspectiva-se o "a viver". Em
vez de uma educação voltada para o "ensino" de
"conhecimentos" tidos como importantes, certos e
imutáveis, tendo por finalidade "formar",
entendo ( principalmente nas áreas expressivas ) ter
melhor efeito uma educação voltada para a satisfação
das necessidades do jovem. Pretendo uma mutação, não só
nos aspectos administrativos e programáticos da educação,
mas também nos métodos e princípios pedagógicos. Penso
numa Escola onde haja espaço, onde o jovem, de acordo com
o seu carácter, se eduque, através da experiência livre
e vivida por ele próprio.
Não
é desejável impor padrões pseudo-estéticos. A prática
do acto criador propõe iniciativa, formando assim as
aptidões e a personalidade, ao mesmo tempo que ensina a
viver com os outros. Numa "Oficina de Teatro" na
Escola, o acto criador está parcialmente subordinado a um
conjunto de aspectos técnicos e artísticos, desde a
pesquisa à defesa de ideias, levando os processos a serem
complicados, mas muito entusiasmantes.
Estas
actividades, inseridas numa Escola têm a intenção de
dar resposta como escola dentro de outra escola, como meio
para o indivíduo se servir e servir, para um melhor
conhecimento de si próprio, dos outros e do que o rodeia,
de o tornar receptivo à intervenção de qualidade.
Não
é possível "abrir" uma escola sem correr
riscos, porque a mudança pode levar ao frenesim da
novidade e ao consumo rápido e desenfreado de ideias
amorfas. Por isso, ensinar a pensar torna o jovem num
cidadão mais crítico, mais dinâmico e mais equilibrado.
No
fundo, trata-se de uma base cultural que visa contribuir
para a construção da identidade pessoal e social dos
jovens, para a concretização da educação, para a
cidadania democrática.
OBJECTIVOS
COMPETÊNCIAS
A DESENVOLVER
A
minha ideia de programar é uma estrutura mental que me
proporciona prever a tentativa de controlar uma futura acção.
Nesta área das expressões, programar não significa,
exactamente, reduzir ao mínimo possível a intervenção
do acaso ( como professor / gestor do imprevisto devo
estar sempre em alerta total ). Trata-se de um processo de
ordenação de meios, modos e ideias fundamentados, através
de um conjunto de dados científicos e da experiência,
tanto no domínio da especialidade como no conhecimento
dos destinatários, para se atingirem objectivos específicos.
Naturalmente, um processo de planificação tem na sua essência
a previsão, a selecção e a organização. Os elementos
dessa planificação são os objectivos, os conteúdos, as
técnicas de ensino, as actividades de ensino, os recursos
auxiliares e as técnicas de avaliação. Na estratégia
que irei usar terei, sempre, em conta o diagnóstico dos
destinatários. Programarei perante o clima de grupo a nível
físico, afectivo, social e intelectual, proporcionando
facilidade em aplicar as situações de trabalho, actuando
com organização, para se (re)aprender a saber estar na
vida, e a minha actividade docente ser energia geradora da
aprendizagem, porque, neste caso, o ensino está centrado
na própria actividade. Qualquer actividade deve ser
apresentada e conduzida com cautela, para evitar conflitos
difíceis de gerir e situações embaraçosas, tanto para
o professor, como para o aluno. Todas as actividades,
nesta disciplina, pretendem apetrechar o aluno com
instrumentos básicos de cultura, num aprofundamento de si
próprio, dos outros e do meio, no sentido de se ser
melhor cidadão.
OBJECTIVOS
ESPECÍFICOS
1-
TRABALHAR A CONFIANÇA, EM SI E NOS OUTROS, PARA GERAR E
DOMINAR A EXPRESSÃO;
2-
GERAR IMPLICAÇÃO DE GRUPO PARA MINORAR EGOÍSMOS,
AUMENTAR O VALOR DA PARTILHA E DA TOLERÂNCIA;
3-
DESBLOQUEAR FÍSICA, AFECTIVA E INTELECTUALMENTE PARA
RESPEITAR
AS
DIFERENÇAS;
4-
VALORIZAR A PREOCUPAÇÃO SAUDÁVEL NO CONHECIMENTO DE SI
PRÓPRIO, DO OUTRO E DO MEIO, ATRAVÉS DA EXPRESSÃO DE
SI, DA
INTERACÇÃO
COM O OUTRO, COM O ESPAÇO FÍSICO E SOCIAL ENVOLVENTE,
PARA SE PERDEREM AS INIBIÇÕES QUE PROBLEMATIZAM A EXPOSIÇÃO
DE SI COM UM "PÚBLICO";
5-
TRABALHAR LINGUAGENS VERBAIS E CORPORAIS PARA IMPLEMENTAR
MELHOR COMUNICAÇÃO COM SENTIDO ESTÉTICO;
6-
INTERIORIZAR A LINGUAGEM DRAMÁTICA, NUMA ABORDAGEM QUE
IMPLICA A APLICAÇÃO E
DESENVOLVIMENTO DE CAPACIDADES E COMPETÊNCIAS,
LIGADAS À EXPRESSÃO PELO MOVIMENTO, ÀS FUNÇÕES
INTELECTUAIS E ÀS CONSTRUÇÕES DE LINGUAGEM;
7-
FAZER A PASSAGEM DA SINALÉTICA DA EXPRESSÃO PELO DRAMA
AO TEATRO, E DA EXPRESSÃO PELO MOVIMENTO À DANÇA;
8-
SABER INTERIORIZAR E SABER TRANSMITIR, ATRAVÉS DA
DISCIPLINA DE OFICINA DE TEATRO, O CONCEITO/REGRA
"FAZER ACREDITAR".
CONTEÚDOS
TEMÁTICOS
CONFIANÇA,
EMPATIA E CUMPLICIDADE
-
características da disciplina;
- regras de conduta e de avaliação na disciplina de
Oficina de Teatro;
- reconhecimento das fontes de interesse comuns e
individuais;- o saber observar e escutar;
- percepções sensoriais;
- histórias de vida - auto-conhecimento e conhecimento do
outro, gradual e lento;
- exercícios físicos e intelectuais que promovem a
confiança em si próprio e nos outros;
- o dossier/registo das aulas.
PARTILHA,
AFECTIVIDADE E RESPEITO PELAS DIFERENÇAS
-
exercícios facilitadores de dinâmica e coesão de grupo
para um bom desenvolvimento social.
- exercícios de estímulo às percepções sensoriais,
relaxamento e concentração, para provocar facilidade de
desinibição e respostas convenientes a estímulos.
UTILIZAÇÃO
EXPRESSIVA DO CORPO
-
conhecimento e controle de posturas mais convenientes;
- controle posicional;
- controle e coordenação dos movimentos globais e
segmentares;
- os elementos do movimento;
- as qualidades do movimento;
- a criatividade na expressão pelo movimento;
- os tipos de movimento.
UTILIZAÇÃO
EXPRESSIVA DO ESPAÇO E DO TEMPO
-
exploração expressiva dos factores do espaço;
- dimensões, direcções, planos e focos, localização e
orientação espacial;
- noções e estruturas espacio-temporais;
- manifestações rítmicas.
LINGUAGENS
DE ACÇÃO
-
noção de conflito, personagem e local de acção;
- exploração de codificações não verbais;
- jogo cénico e jogo dramático;
- a improvisação;
- construção de linguagens dramáticas;
ELEMENTOS
DE SUPORTE ÀS LINGUAGENS DRAMÁTICAS
-
elementos cenográficos, de adereços, de som e luz;
A
PALAVRA
-
dicção e voz;
- tipos de leitura;
- explorar as circunstâncias do "saber dizer"
para "fazer acreditar".
O
TEXTO
-
construção de textos dramáticos e sua exploração;
- contacto com textos dramáticos de autor e sua exploração.
O
TEATRO
-
o teatro profissional, o teatro amador e a criação
teatral na Escola;
-
conhecer e produzir as diferentes fases de construção,
para apresentações de trabalhos a público.
PROCESSO
PEDAGÓGICO
O
processo de transmissão de conhecimentos quer na sua
forma formativa, quer na sua forma meramente informativa,
é um processo informativo.
A teoria da informação ensina-nos que, em todo o
processo informativo, existe um emissor,
um receptor e um canal de informação,
que liga o emissor ao receptor. Para que as mensagens
enviadas pelo emissor ao receptor sejam recebidas, é,
obviamente, necessário que o receptor esteja sintonizado
com o emissor e seja capaz de receber ao ritmo
que o emissor envia. Se estas duas condições não
existirem, a informação perde-se. Para que a informação
seja transmitida a um bom ritmo, é também necessário
que o canal seja o mais adequado a esse ritmo de transmissão.
No
processo pedagógico o emissor é quem dá as aulas, o
receptor é o estudante e o canal de informação são as
ferramentas de que o docente se serve para transmitir a
sua mensagem, por isso o ensino tem de ser motivante.
Nesse
sentido o docente tem de ser capaz de motivar o aluno,
respondendo às suas interrogações e, num processo
formativo, ser capaz de lhe criar novas interrogações
para que ele se sinta interessado a responder. O acto de
ensinar implica uma atenção constante aos métodos de
ensino, que constitui o canal de informação. Conforme os
assuntos a abordar, devem ser utilizados os meios mais
convenientes para aproximar o docente do aluno. Esta
proximidade implica que o método de ensino seja democrático, ou seja, é necessária a participação activa do
aluno. Este processo de realimentação é de capital
importância. A participação deve ser encorajada, tendo
como objectivo fundamental o desenvolvimento de um
conjunto de qualidades, que farão falta a qualquer
quadro. São elas:
decisão
planificação
organização
trabalho em equipa
domínio técnico-científico.
É
pela discussão do trabalho continuamente desenvolvido,
que se deverá procurar aumentar estas qualidades no
aluno. O trabalho em equipa deve ser particularmente
estimulado. Mas, para que o ensino seja efectivamente
democrático, é necessário encorajar os alunos à
procura da verdade pelos seus próprios meios,
ultrapassando os limites da sala de aula, acabando por ser
uma das formas de participação. Embora o docente deva
fazer publicações dedicadas à actividade da
aprendizagem, não devem ser essas obras as únicas a que
o aluno tem acesso para consulta. Tal seria uma prática
totalitária, contrária ao desenvolvimento dum pensamento
aberto e dialogante. O desenvolvimento das capacidades dos
alunos está ligado à forma prevista, executada e
consequente dos docentes. O docente é responsável pelo
conhecimento de todas as condicionantes ao seu trabalho.
METODOLOGIAS
GERAIS
DIDÁCTICAS
ESPECÍFICAS
Qualquer
didáctica específica, estuda cientificamente as formas
mais adequadas de se transmitir conhecimentos. As didácticas
ligadas às artes performativas não fogem a essa regra.
Ter em conta sempre o como, o porquê, o onde
e o que foi, leva , o docente, a tornar-se mais
performant, consciente, eficiente e responsável, à
medida que evidencia uma autonomia que lhe será necessária
para sempre na sua prática. É claro que a formulação
de uma metodologia só é entendida se houver
conhecimentos básicos de História da Pedagogia, para que
os conceitos escolhidos sejam aplicados, compreendendo as
evoluções, tanto na sociedade como nas pesquisas científicas,
consequencializando princípios pedagógicos. É por isso
que as didácticas não podem funcionar como receita,
porque o reestudo dos métodos leva sempre a reformular
novos conceitos e novas fórmulas. Deve é ter-se em conta
uma realidade específica - o conhecimento e a realidade
dos componentes dos grupos com quem se trabalha para que a
utilização de uma estratégia e método não se
transforme numa experiência gratuita. Qualquer situação
pedagógica deve facilitar a análise explícita e
justificada que provoque deduções pertinentes e
coerentes ao processo. Daí a grande necessidade de uma
planificação actualizante, que considere as condições
epistemológicas e as circunstâncias didácticas. Se se
prevenir da justeza das circunstâncias escolhidas, todas
as situações que se improvisem para além da programação
correm menos riscos de insucesso. Os alunos têm tendência
em ser mais colaboradores se as actividades preconizadas
lhes parecerem úteis no sentido de resultados, e credíveis
se se aplicar rigor na manutenção e na orientação dos
conteúdos. É evidente que quando se definem objectivos,
tem que se pensar que se está a definir um pouco a
"construção humana" que se espera. Daí que os
conceitos de vida devem respeitar a construtividade
positiva a todos os níveis. Nunca se poderá só
programar por programar, jogo pelo jogo, prazer pelo
prazer, mas sim programar para construir sabendo,
jogo pelo dinamismo do controle das regras sabendo
fazer, prazer para que a alma estética do indivíduo
se eleve com amor sabendo ser.
Tudo
isto leva sempre a uma avaliação, que no caso do uso de
didácticas específicas da Criação Teatral na Educação
não deixa de se fazer em dois sentidos - a avaliação do
trabalho como formador e a avaliação do trabalho do
formando, sempre mais no sentido de uma avaliação
criterial do que normativa.
As
actividades começam por ser ligeiramente fechadas no
grupo. Os princípios que norteiam esta corrente são
baseados na pedagogia do não directivo que obriga o
orientador, a controlar todas as atitudes de emissão/recepção,
de forma a que o grupo não entre em anarquia, mas que
perceba, ou não percebendo, sinta a harmonia tão necessária
para que a disponibilidade psicológica funcione. Em
termos de estratégia, também se utiliza a
indirectividade para que o jovem não se sinta uma cobaia
em experimentação, mas que a experimentação seja uma
necessidade, um meio e uma luta que cada um terá de
travar em função do seu próprio desenvolvimento. Não
se deve esquecer um aspecto importantíssimo - o amor,
para sensivelmente usar o saber e a intuição. Não impôr
completamente e sem sensibilidade as propostas, é para o
grupo se sentir em situação de verdadeiro trabalho
colectivo ( sempre debaixo de uma auréola ficcional para
melhor intrusar as linguagens dramáticas ).
É
este estatuto disciplinar de prática do drama, como
promotor para o conhecimento e para a formação estética,
que leva a um género de planificação que contemple
factos e princípios como:
1- O Jogo e o Teatro estão interligados por laços
de Jogo/Acção onde o acreditar funcione;
2- Ao acreditar que o
Jogo é pensamento em acção, o sustento do jogo é o
enredo, e quando o jogo se sustenta no enredo, efectuam-se
aprendizagens nas descobertas objectivas ao elaborar
conceitos praticados em abstracções. Consequentemente
delineiam-se valores, atitudes e sentimentos; tudo é
claro quando se joga o Jogo que se produz e entende,
quando se constrói o sentido de colectivo na focagem de
ideias para soluções;
3- Como professor, não se pode valorizar só a
intuição, deve-se dominar uma série de técnicas para
poder dominar as situações;
4- A planificação deve ser clara no percurso da
aprendizagem, no sentido de criar ambiente propício e
espaço mágico de indução, na (re)construção de um
mundo interior a partir da relação com o mundo exterior.
Ao
explorar situações para serem aplicadas posteriormente,
deve haver a preocupação em fazer entender ao jogador as
linguagens, que ele próprio vai descobrindo, a sua análise
e reflexão, para um futuro encontro com um destinatário
em situação de Expressão/Comunicação. Claro que tal
implica sempre uma exploração estética da criação e,
neste caso, deve haver a preocupação que o grupo não
fique em relação directa com estereótipos formais.
Abrem-se outras perspectivas de fundamentar o trabalho, não
só no conteúdo, mas também na forma de construção,
que implicam todos os apêndices da Linguagem Dramática.
Não será só um ensino centrado no Jovem, nem na
actividade, nem só centrado em atingir objectivos do domínio
cognitivo, como já oportunamente foi dado a conhecer.
Para
além do que é nitidamente comum a todas as correntes didácticas,
saliente-se a ideia de que todos podem ser
"actores". É que, também se devem propôr
esquemas de trabalho, ligados à realidade da própria
vida e conceitos de "ser-se pessoa".
Os
princípios básicos procuram definir a sua causa estética/pedagógica,
pelo facto de se entender que todas as pessoas têm
capacidade de expressão. Precisam é que um orientador,
bem formado, saiba fazê-las "acordar", vindas
de dentro pela sua própria existência e vindas de fora
através da observação social. Em qualquer projecto de
trabalho que se enceta, há conceitos estruturais que
definem as respostas de improvisação. Quer-se sempre,
através do trabalho, que se valorize esteticamente o
conteúdo, mas pensa-se que não se deve ficar pela
mensagem de um conteúdo. A composição formal/estética
também implica qualquer instrumento de linguagem possível.
Pode
concluir-se que as teorias apresentam um perfil pedagógico
e filosófico que vão além do querer desenvolver as
capacidades do indivíduo. A Arte, a sua prática efémera,
como o é na CRIAÇÃO TEATRAL NA ESCOLA - EXPRESSÃO PELO
DRAMA, onde as coisas acontecem em teia e se reconstroem
constantemente, é o estandarte que norteia estas teorias
e exigem do professor, a tal noção artística e pedagógica
de GESTOR DO IMPREVISTO / ARTÍFICE / PEDAGOGO / ARTISTA /
COMUNICADOR / CIENTISTA.
AVALIAÇÃO
INTRODUÇÃO
Conceitos
de saber usar o corpo, a voz, a imagem, a cor, a luz, o
som, a percepção de tudo o que nos rodeia, a composição
de uma personagem com dados do jogador, dados da própria
personagem, dados do orientador e de outros jogadores, domínio
da focalização, tensão, contraste e simbolismo, são
referências da Linguagem Teatral da qual nos devemos
munir para se apresentar um trabalho destas linguagens de
acção. O sentido da palavra e do corpo em acção num
espaço é diferente do sentido da escrita inicial ( ponto
de partida - quando é um texto inicial ). Aqui está a
fuga ao naturalismo, como consequência do trabalho,
sempre que seja proposto pelo professor, em que a forma
estética é conseguida devido ao processo. Se o jogador
puder criar ilusão, tudo certo, mas a grande preocupação
dirige-se ao jogador no domínio do seu próprio discurso,
ao mostrar-se numa situação de Expressão/Comunicação
em que se trabalha ao mesmo tempo a forma e o conteúdo.
É sempre um trabalho que leva os alunos a interpretarem o
mundo que os rodeia, através deste espaço de criação
em que intervêm, a partir das suas próprias emoções e
sentimentos.
Todo
o animador, obriga-se a estar num local de verdade, para o
jovem se sentir e actuar na verdade, o que implica jogo,
regras, rigor, e desenvolvimento de competências tais
como:
- o estar disponível;
- o saber escutar e ser receptivo;
- o deixar-se surpreender pelo inesperado;
- o ser capaz de sentir o prazer do que é ser-se cúmplice
no jogo, criando a afectividade anímica de grupo (
implicação afectiva );
- e sempre a procura da inovação e da renovação.
Para
levar a bom porto toda esta empreitada, há que cumprir
regras, tais como:
- nunca jogar só uma vez - retomar sempre o jogo
com algo novo, nunca pensar que já está tudo feito;
- propor, escutar e olhar - são aprendizagens
constantes e evolutivas, cada um tem o seu próprio lugar
dentro de uma forma de estar colectiva;
- ter consciência de que o imaginário dá-nos
resposta às alternativas e
LEVA INCONSEQUENTEMENTE AO DESENVOLVIMENTO DA
SENSIBILIDADE, AO CONTROLE EXPRESSIVO, À ORIENTAÇÃO DO
SENTIDO DE COMUNICAÇÃO E AO DOMÍNIO DAS COMPONENTES
FUNDAMENTAIS DA CRIAÇÃO TEATRAL NA ESCOLA.
Apesar
de já terem sido nomeados as regras principais de
conduta, tanto para os alunos como para o orientador, deve
deixar-se bem explícito que, ser-se claro é
fundamental para provocar melhor comunicação, apresentar
propostas atraentes para provocar inovação, deixar
experimentar para provocar melhor conhecimento de si,
dos outros e do meio, e deve sempre reflectir-se com os
alunos sobre o trabalho feito, processo/produto e
avaliação.
A
avaliação é um meio de personalizar a educação.
Usa-se, neste caso, para reflectir na eficiência dos
processos, tanto o dos alunos como o do professor. Ajuda a
compreender o que se esperava ao partilhar-se o resultado,
ajuda a compreender a análise, ajuda a compreender o
valor da reflexão para se concluir sempre algo de
positivo.
Não devo esquecer que a educação
(como dizia Dewey) não é a preparação para a
vida, é a própria vida, e para ser sempre vida, devo ser
rigoroso e maleável ao mesmo tempo.
AS COORDENADAS VALORATIVAS QUE PROPONHO PARA A
AVALIAÇÃO AOS ALUNOS, SÃO A COMUNICAÇÃO, O TRABALHO,
AS VIRTUALIDADES, A ASSIMILAÇÃO, A ASSIDUIDADE E A RELAÇÃO
DE GRUPO.
PARÂMETROS
QUE APLICO PARA AVALIAR O MEU TRABALHO
.RIGOR
NO PROCESSO
.REACÇÃO E APROVEITAMENTO DO IMPREVISTO
.RELAÇÃO AFECTIVA
.VERACIDADE E CLAREZA NA COMUNICAÇÃO
.DAR TEMPO E POSSIBILIDADES DE EXPERIMENTAÇÃO AO
PROCESSO DE TRABALHO DOS ALUNOS
.SABER ESCUTAR E VER
.SABER SE O PRODUTO LEVOU A UMA RETROSPECÇÃO
.SENTIR SE A FORMA FOI O RESULTADO DE UMA VERDADEIRA
EXPERIMENTAÇÃO E DE DESCOBERTA DO SENTIDO TEMÁTICO
.APRECIAR O VALOR QUE FOI DADO AO TEMA
.DEFINIR QUE ESTIMULAÇÃO DE QUALIDADE FOI TRANSPOSTA AOS
ALUNOS
PARÂMETROS
QUE APLICO PARA AVALIAR A RELAÇÃO DE GRUPO
.ESPÍRITO
DE INTER-AJUDA
.RESPEITO PELAS DIFERENÇAS
.INTERACÇÃO NO GRUPO
PARÂMETROS
QUE APLICO PARA A AVALIAÇÃO INDIVIDUAL DO ALUNO
.EMPENHAMENTO
.ENTREGA
.RIGOR
.SENSIBILIDADE NA COMUNICAÇÃO
.CONCEPÇÃO
.EXECUÇÃO
.AUTONOMIA
.CAPACIDADE DE ANÁLISE
.CRÍTICA E AUTOCRÍTICA
.INTEGRAÇÃO NO PROCESSO CRIATIVO
.RESPONSABILIDADE NA PONTUALIDADE E ASSIDUIDADE
.INTERVENÇÃO EXPRESSIVA
.ORIENTAÇÃO E DOMÍNIO COGNITIVO NAS ACTIVIDADES LÚDICAS
E NA INTERACÇÃO DO GRUPO
.INTERVENÇÃO COM OPORTUNIDADE
.ORGÂNICA COMPORTAMENTAL CONSTRUTIVA
GESTÃO
HORÁRIA
Tal
como vem designado nas propostas de revisão curricular do
Ministério da Educação, esta é uma disciplina dirigida
aos planos de estudo dos Cursos Gerais. Será considerada
uma OFERTA DA NOSSA ESCOLA na Componente de Formação
Específica. As últimas directrizes do Ministério da
Educação apontam para ser uma disciplina anual para o 12º
ano e possuirá uma carga horária de quatro horas e meia
por semana, dividida em três momentos de aula por semana.
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