Sobre o poema IX, “Sou um guardador de rebanhos”
(pág. 97 do Guia):
«É o poema em que Alberto Caeiro se explica como
pastor/metáfora, como guardador de rebanhos. Assim, diz,
explicando os termos da metáfora: “O rebanho é os meus
pensamentos/ e os pensamentos são todos sensações”. Todo
o poema se vai então construir sobre a oposição sentir (=
ter sensações)/pensar. Segundo diz, pensa com todos os
sentidos (“Penso com os olhos e com os ouvidos / e com as mãos
e os pés / e com o nariz e a boca”). E acrescenta:
“Pensar uma flor é vê-la e cheirá-la” (sentir), “E
comer um fruto (sentir) é saber-lhe o sentido.” A última
das três estrofes que constituem este poema surge natural
como qualquer conclusão – daí o iniciar-se por um "Por
isso". Saber a verdade é, pois, um saber que vem dos
sentidos, do sentir a relva, não do pensar – e corresponde
ao saber a verdade – que, por sua vez, corresponde ao ser
feliz.» [Bibl.]
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