João
Gaspar Simões, Perspectiva
Histórica de Poesia Portuguesa, pp. 214-215.
O
MODERNISMO POR J. GASPAR SIMÕES
Também
em Portugal, à volta de 1915, isto é, no momento em que
a primeira grande guerra concentrava na Flandres a esperança
de um mundo melhor e a Europa preparava, com a derrota dos
Impérios Centrais, a primeira Sociedade das Nações,
também entre nós, dizíamos, que participaremos na luta
pouco depois, vai fazer-se sentir a efervescência
dessas novas concepções estéticas, particularmente de
origem francesa. O regresso a Portugal de alguns dos
artistas nacionais residentes em Paris ou dispersos por
outras capitais estrangeiras, pensionistas do Estado uns,
outros estudantes universitários, mercê da situação
internacional, concentra em Lisboa um grupo de
intelectuais
que de outro modo talvez se não tivessem chegado a
encontrar. É o caso de Mário de Sá-Carneiro, de
Santa-Rita Pintor, de Raul Leal, de José Pacheco, do próprio
Amadeu de Sousa Cardoso, possivelmente de José de
Almada Negreiros, e até do próprio Luís de Montalvor.
Alguns vinham de Paris, outros do Rio de Janeiro, e outros
ainda permaneciam em Lisboa por não lhes ser possível
demandar os centros europeus da arte e da cultura. Foi em
grande parte tal circunstância que tornou viável o
aparecimento da revista Orpheu
no segundo ano da guerra na Europa, quando,
precisamente, se calavam lá fora todas as ambições de
escritores e artistas, a maior parte deles mobilizados
para combater nas trincheiras.
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