Àquelas raparigas tristes, retraídas

Levanto para ti meus olhos acesos
e teu meigo olhar logo se retrai:
ficam teus olhos quietos, sossegados, presos...
presos ao chão onde teu olhar te cai.


Serena, quase em silêncio, recolhida,
rezas baixinho em jeito de revoltada.
Não queres ser tu, decerto, freira em tua vida!
ou essa «ladainha» é de moça enamorada?


Em tua Primavera és planta delicada...
sedenta d’algo que te faça arrebitar:
rega teus olhos com gotas de alvorada


e, assim, não murcharás, serás planta florida,
quente, sedosa, pura, perfumada;
e darás vida à vida que há em tua vida!

                     Aveiro, 1997

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