Já lá
vão 50 anos sobre a fundação, assim se deve verdadeiramente chamar,
de AveiroArte.
Foi o
encontro mágico de um grupo de aveirenses, na nossa terra nascidos,
ou por opção a ela ligados, que deu origem a uma gesta que sempre se
soube traduzir em manifestações de um acendrado amor às coisas da
Arte.
Essa
gesta conseguiu ser vivida, intensamente vivida, mantendo unidos não
só os membros fundadores, mas muitos mais, que ao longo dos anos, se
lhes foram juntando. E isto tudo sem intervenção de notários a
reduzir – isso mesmo: a reduzir! – a escrito regras de comportamento
que primaram ao longo de quase 30 anos, pela espontaneidade da
inventiva acima de tudo de três dos nossos fundadores: Vasco Branco,
Artur Fino e Jeremias Bandarra.
Hoje
somos uma instituição que a Edilidade Aveirense entendeu ser digna
da medalha de prata da nossa cidade. Hoje, temos número de pessoa
coletiva, temos estatutos vertidos em escritura pública, quiçá
limitadores de irreverente imaginação.
Em
contrapartida, dispomos de uma Galeria que a Municipalidade nos
confiou, e que a Direção Eleita pelos nossos associados tem vindo a
converter num centro de extraordinária vida cultural, com um
excelente ritmo expositivo criador de hábitos de leitura das
multímodas manifestações de criatividade artística que têm sido
disponibilizadas a quem nos frequenta.
A
direção do AveiroArte, tem sabido intercalar exposições dos nossos
sócios com outras de artistas de fora, portadores de qualidade
reconhecida e enriquecedora, e ainda aquelas que de algum modo
constituem forma de mostrar gratidão a quem, pelo seu exemplo de
artistas, tanto ajudou à nossa formação: Júlio Resende e Vasco
Branco. Olhando para trás ganhamos renovadas forças para encarar o
futuro.
É
que, mais do que nunca, vale a pena esforçarmo-nos por encontrar
respostas para as questões que o meu velho amigo e nosso associado
Professor Joaquim Correia colocou no seu texto introdutório do
catálogo da nossa exposição anual de 2004, e que ora, com renovada
intenção, transcrevemos:
«Para
que serve a arte se ela não se comunica ao povo? Como é que uma
comunidade se afirma se, a par do desenvolvimento económico e
social, não se desenvolve a necessidade da beleza, sobretudo a
necessidade daquela beleza profunda que envolve, como defendia a
filosofia antiga, a justiça, o amor, a virtude? Será o ter o que
mais importa no mundo? Não será o ser em toda a sua busca de
equilíbrio, de harmonia, de dignidade conscientemente procurada o
que mais importa à sociedade humana?
Talvez comecemos a descortinar pontas da meada que envolve todos
estes pontos de interrogação na arte que, mais uma vez, os artistas
de AveiroArte nos apresentam.”
Gaspar Albino |