Henrique J. C. de Oliveira, Por terras de Arouca. Quatro antigas oficinas oleícolas, In: Separata da revista "Estudos Aveirenses", n.º 2, ISCIA, Aveiro, 1994.

 

7 - RELAÇÃO DOS ANTIGOS LAGARES DO DIST. DE AVEIRO

De acordo com o que dissemos no começo deste trabalho[1], passaremos a apresentar, por ordem alfabética, uma relação de todos os antigos lagares de vara e de parafuso do distrito de Aveiro de que há referência na Delegação, em Coimbra, da Junta Nacional do Azeite. Provavelmente, de alguns não restarão mais do que simples vestígios ruinosos, se é que, por ventura, não terão desaparecido por completo.

Para uma mais fácil localização no espaço geográfico deste distrito, procuraremos marcá-los no mapa que acompanha esta relação[2]. Note-se que apenas indicamos os antigos lagares, o que significa que, além destes, existem diversos lagares modernos espalhados por todo o distrito e ainda em funcionamento, num total de 40, repartidos do seguinte modo pelos diferentes concelhos: 6 em Águeda, 2 em Albergaria; 11 em Anadia; 6 em Arouca; 1 em Aveiro; 9 na Mealhada; 3 em Oliveira do Bairro; 2 em Sever do Vouga.

 

Concelho de Águeda

1 - Aguada de Cima: pertencente a Maria Martins Estima de Oliveira Coelho, foi este lagar cancelado em 1972 e, segundo parece, existe nesta altura apenas o edifício.

 

Concelho de Anadia

2 - Ferreiros, freguesia da Moita: pertence a Adelino Martins Ferreira, foi cancelado em 1972. O lagar já não existe. Todo o material foi vendido para sucata e a casa está em ruínas, restando apenas bocados de parede cobertos de silvas.

3 - Lameirinhas, freguesia de S. Lourenço: pertencente a Isac Oliveira Castanhas, este lagar está há muito tempo parado e praticamente abandonado. De tracção animal, ainda apresentava, até há poucos anos, o moinho e a prensa de parafuso.

4 - Moita: pertencente a Luís Martins M. de Castro, é um antigo lagar de vara. Não está ainda cancelado, embora sirva, segundo informação, de arrecadação.

5 - Póvoa do Pereiro, freguesia de Moita: pertencia aos herdeiros de Manuel Rodrigues Simões, tendo sido cancelado em 1972. Após ter sido vendido, foi totalmente desmantelado, existindo em seu lugar um aviário.

 

Concelho de Arouca

6 - Alvarenga: pertencente aos herdeiros de Manuel José Duarte, foi cancelado em 1974. É um lugar de vara com moinho de tracção hidráulica e, provavelmente, não mais voltará a trabalhar.

7 - Alvarenga: pertencente a Maria da Conceição Galvão Noronha, mantém válido o alvará e, em 1969, estava em estado de funcionamento. Com moinho de tracção hidráulica, possui uma prensa de vara.

8 - Anterronde, freguesia de Santa Eulália: pertencente à viúva de Albano Alves, foi cancelado em 1973. Possui um moinho de tracção hidráulica e uma prensa de parafusos. Deste lagar nos ocupámos no capítulo IV - O Lagar de Anterronde, pelo que para aí remetemos o leitor.

9 - Canelas de Baixo, freguesia de Canelas: pertencente a Agostinho Soares de Figueiredo, com quem tivemos oportunidade de conversar durante a visita ao seu lagar, mantém válido o alvará e continua, ao que parece, em estado de funcionamento.

10 - Canelas de Cima, freguesia de Canelas: já por nós analisado no capítulo II, pertencia em 1965 a Maria Soares de Andrade e, em 1973, passou para a posse de Artur de Andrade Pinto. De tracção animal e com uma prensa de vara, foi cancelado em 1979.

11 - Espiunca: pertencente a José da Fonseca, foi por nós visitado em 10 de Agosto de 1969, não tendo encontrado qualquer ficha referente a ele na Delegação de Coimbra de J. N. A.. Lagar com moinho de tracção animal e prensa de vara, encontrava-se de tal modo cheio de lenha que não o pudemos fotografar, tendo sido, no entanto, obtidos alguns elementos com relativo interesse durante a entrevista com o dono. Recorde-se o que dissemos a este respeito no capítulo de introdução.

12 - Figueiredo, freguesia de Burgo: pertencente a Isidro de Sousa Gomes Reimão, foi cancelado em 1972, dele só existindo, actualmente, as paredes em ruínas.

13 - Moldes: pertencente a António Teixeira, é um lagar de tracção hidráulica com uma prensa de parafuso. Segundo informação colhida, embora ainda autorizado, já não funciona.

14 - Paradinha, freguesia de Alvarenga: pertencente a José Mendes, este lagar foi cancelado em 1977. Possui um moinho de tracção animal e uma prensa de vara.

15 - Quinta do Arda, freguesia de Fermedo: pertencente a Alberto Gomes Quintas, foi dado como cancelado em 1972. Transcrevemos a informação recolhida na J. N. A.: «O lagar está parado há muitos anos e completamente abandonado. O proprietário é pessoa muito idosa e não voltará a trabalhar com o lagar. Existe uma carta do proprietário (de 1972?) a comunicar que o mesmo está desmantelado.»

16 - Santa Maria do Monte, freguesia de Santa Eulália: pertencente aos herdeiros de António Teixeira de Almeida, conserva válido o seu alvará e estado de funcionamento. Possui um moinho de tracção hidráulica e uma prensa de parafuso.

17 - Seravigões, freguesia de Espiunca: pertencente a António Martins Rodrigues, mantém válido o seu alvará, embora já não funcione, segundo informações colhidas, há bastante tempo. Possui um moinho de tracção animal e uma prensa de vara. 

18 - Vila Viçosa, freguesia de Espiunca: pertencente a Aníbal da Fonseca Pinheiro, mantém válido o alvará. Possui um moinho de tracção animal e uma prensa de vara. Dele nos ocupámos no capítulo III.

 

Concelho de Castelo de Paiva

19 - Bairros: pertencente a Gisela da Silva Lousada Soares, este lagar possui um moinho de tracção animal e uma prensa de vara. Mantém válido o alvará.

20 - Casa da Póvoa, freguesia de Pedorido: pertencente a António Meireles M. A. Mendonça, foi cancelado em 1976. Possui um moinho de tracção animal e uma prensa de vara.

21 - Casa da Póvoa, freguesia de Pedorido: pertencente a Luís Meireles F. Mendonça, foi cancelado em 1976. Possui um moinho de tracção animal e uma prensa de vara. Relativamente a este lagar, surge-nos uma dúvida: o facto de na alínea 20 nos surgir um lagar no mesmo local, com características idênticas, igual data de cancelamento e com um dono cujo nome parece ser da mesma família, leva-nos a duvidar se se tratará do mesmo lagar ou se serão efectivamente dois lagares distintos.

22 - Cruz do Vale, freguesia de Raiva: pertencente a Constantino Teixeira de Oliveira, este lagar continua autorizado a laborar. Possui um moinho de tracção animal e uma prensa de vara.

23 - Folgoso, freguesia de Raiva: pertencente a Manuel Zeferino Moreira, foi cancelado em 1972. Possui um moinho de tracção animal e duas prensas: uma de vara; a outra de parafuso.

24 - Gilde, freguesia de Real: pertencente a Manuel Gomes Moreira Cardoso, foi cancelado em 1972. Possui um moinho de tracção animal e uma prensa de vara.

25 - Gondarém, freguesia de Raiva: pertencente a Manuel Leite de Matos, foi cancelado em data não indicada nas fichas da J. N. A. Segundo aqui verificámos, possui moinho de «tracção animal e uma prensa de vara e uma de parafuso. Não trabalha há anos e costuma servir de arrecadação.»

26 - Pedorido: pertencente a José Maria de Sá Seabra, foi cancelado em 1977. O lagar já não trabalha há vários anos, segundo informação colhida, possuindo um moinho de tracção animal, uma prensa de vara e outra de parafuso.

27 - Quinta da Fisga, freguesia de Bairros: pertencente a Fernando Salema, mantém ainda válido o alvará. Possui um moinho de tracção animal e uma prensa de vara.

28 - Quinta do Outeiro, freguesia de Raiva: pertencente a Luís Paulino L. Amorim, foi cancelado em 1980, estando já parado há anos. Possui um moinho de tracção animal, uma prensa de vara e uma de parafuso.

29 - Raiva: pertencente ao Engenheiro Luís da Rocha Soares Júnior, foi este lagar cancelado em 1972. Segundo informação,  «o lagar está totalmente desmantelado e as paredes em ruínas.»

30 - Vale de Fães, freguesia de Sardoura: pertencente a Teófilo Maria Seabra, foi cancelado em 1976. Possui este lagar um moinho de tracção hidráulica, uma prensa de vara e uma de parafuso.

 

Concelho de Vila da Feira

31 - Canedo: pertencente a António Gomes Sameiro, mantém válido o alvará. Possui um moinho hidráulico e uma prensa de vara.

32 - Pessegueiro, freguesia de Vale: pertencente a Joaquim Francisco Soavinho, foi este lagar cancelado em 1972. Segundo informação colhida, «o lagar já não existe. Está desmantelado e o alpendre onde estava instalado tem agora apenas um alambique.»

33 - Pomar, freguesia de Gião: pertencente a Agostinho da Mota Pereira Valente, o lagar encontra-se totalmente desmantelado, tendo sido cancelado em 1972.


[1] - Convém recordar que os elementos aqui apresentados correspondem à recolha por nós efectuada na então designada J. N. A. em 1980.

[2] - Sempre que não haja possibilidade de uma localização rigorosa do lugar por falta de elementos nas cartas geográficas existentes (inclusive a carta de 1:25 000 dos Serviços Cartográficos do Exército, que utilizámos), limitar-nos-emos à localização da freguesia a que pertence o lugar, referenciando-a, no entanto, com o número da nossa relação.


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