Henrique J. C. de Oliveira, Por terras de Arouca. Quatro antigas oficinas oleícolas, In: Separata da revista "Estudos Aveirenses", n.º 2, ISCIA, Aveiro, 1994.

 

6 - OS DIVERSOS UTENSÍLIOS DOS LAGARES VISITADOS

Figura 26: Objectos do lagar: 1-gamela para transporte da massa; 2-coco para transporte da água quente; 3-colher de madeira para mexer o bagaço (ou massa) nas seiras.

 

Além dos elementos já apresentados ao longo da análise dos quatro lagares visitados no concelho de Arouca, existe toda uma série de utensílios vários utilizados durante e após o fabrico do azeite, desde simples colheres de madeira para mexer a massa, até às diferentes medidas para azeitona e azeite, passando por pequenos objectos de uso variado. Sem pretendermos, de modo algum, efectuar um estudo exaustivo desses utensílios, iremos ver alguns, procurando saber para que servem e quais os nomes por que são designados.

Transformada a azeitona em massa por acção das pedras do moinho, esta é retirada e transportada para a zona de prensagem. Para este trabalho utilizam-se diferentes objectos, variáveis de lagar para lagar. Na zona de Canelas, encontrámos vulgares sachos e sacholas ou mesmo simples pás, com as quais retiravam a massa do vaso do moinho. No final, com um bassourinho, pequena vassoura de piaçaba, o fundo de pedra era devidamente varrido antes de voltar a ser carregado com nova quantidade de azeitona. Em Anterronde, a descarga da massa processava-se automaticamente, sendo depois utilizada uma vulgar pá, como oportunamente vimos quando falámos deste lagar[1].

O transporte da massa é feito em recipientes apropriados, cujo formato, material de construção e designação variam de terra para terra. Em Canelas de Baixo, o objecto para transporte da massa é feito de madeira e designado por gamela; em Vila Viçosa, o mesmo objecto é de lata, tomando o nome de escudela; em Anterronde, é de madeira e conhecido pelo nome de masseiro. Em qualquer dos locais, o formato é idêntico e similar ao da figura 26, n.º 1, objecto este que poderá ser visto em plena utilização nas figuras 19 e 21, que ilustram o decurso deste trabalho no lagar de Anterronde. Aqui, a massa é lançada automaticamente do moinho para um grande recipiente rectangular de madeira, designado muito simplesmente por caixa ou caixa da massa.


[1] - Veja-se a figura 19.


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