Henrique J. C. de Oliveira, Por terras de Arouca. Quatro antigas oficinas oleícolas, In: Separata da revista "Estudos Aveirenses", n.º 2, ISCIA, Aveiro, 1994.

 

<<<

Figura 27: Objectos diversos encontrados no lagar de Anterronde. Da esquerda para a direita: tabuleiro circular com canados de 10 e 15 litros e um funil; tabuleiro rectangular com diferentes medidas; latões para o transporte de azeite.

 

Com pequenos paus de 10 a 15 centímetros, geralmente três, são levantadas as abas das seiras, facilitando-se deste modo o trabalho de caldeamento ou caldas. Designados pelo termo escantilhões em Vila Viçosa, eram conhecidos, em Canelas, por frades. Poderemos ver alguns exemplares destes pequenos objectos de madeira nas figuras 10 e 11.

Para o transporte da água a ferver, é utilizado um recipiente de lata, de forma cilíndrica, designado na região de Arouca pelo nome de coco, do qual poderemos ver exemplares não só na figura 26, atrás transcrita, mas ainda nas figuras anteriores: 14 e 16. Uma vez despejada a água nas seiras, a massa é mexida com a ajuda de uma colher de madeira, especialmente concebida para este fim e de que fizemos um esboço na figura 26, n.º 3.

Sobre a pilha de seiras, é colocado um estrado circular de madeira[2] De diâmetro ligeiramente superior ao das seiras, este objecto tem a finalidade de permitir uma distribuição homogénea da pressão por toda a superfície das seiras. O nome por que é conhecido varia de região para região; no caso do concelho de Arouca, registámos as seguintes designações: trincho, nos lagares de Canelas; porta, no lagar de Anterronde.

Por cima do trincho são colocadas várias pranchas de madeira, também designadas por tabuões, bem visíveis nas figuras 22, 23 e 24.

Para a verificação do nível da água nas tarefas, talhas ou potes, utilizam os mestres uma pequena vara de madeira, por vezes um ramo de oliveira, ou mesmo uma pequena cana, que mergulham no líquido[3]. A água que nas tarefas se separa do azeite por decantação foi simultaneamente designada, em Anterronde e Vila Viçosa, pelas expressões água-churra e água-ruça.

Para medição do azeite, é utilizada toda uma série de objectos, que tivemos a oportunidade de encontrar reunidos no lagar de Anterronde.


[2] - Este estrado de madeira está bem visível nas figuras 8, 10, 11 (n.º 2), 15, 16, 17 (n.º 2), 22, 23 e 24.

[3] - Observem-se atentamente as figuras 25 e 27. Se repararmos atentamente, poderemos ver uma cana com uns 60 a 80 centímetros de comprimento sobre a tampa circular de madeira, que cobre a boca da talha ou tarefa da direita.


Página anterior    Página inicial    Página seguinte