Henrique J. C. de Oliveira, Por terras de Arouca. Quatro antigas oficinas oleícolas, In: Separata da revista "Estudos Aveirenses", n.º 2, ISCIA, Aveiro, 1994.

 

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Figura 19: Moinho de tracção hidráulica do lagar de Anterronde, no concelho de Arouca, no momento em que ainda laborava.

 

A azeitona chega ao lagar trazida em sacas pelos próprios donos, que utilizam, em regra, carros de bois (figura 18). É deitada em gigos, que levam o equivalente a um alqueire[1], sendo a medição feita de cagulo. Só depois é deitada no moinho.

O vocábulo cagulo causou-nos estranheza, já que nunca anteriormente o ouvíramos. No entanto, a explicação não tardou a ser dada pelo Senhor José: «A gente cá é deitada de cagulo. Quer dizer, uma rasa de milho arrasado são binte litros. Mas àzeitona é medida de cagulo. Bota-se até ela cair abaixo... é cagulo.»

O moinho, relativamente moderno (figura 19), é constituído por um sistema hidráulico de accionamento e pelo moinho propriamente dito, este de estrutura metálica com base de pedra, sobre a qual giram as duas mós assimétricas, igualmente de pedra, aqui chamadas galgas.


[1] - O alqueire (do árabe al-kail) é uma antiga medida de capacidade utilizada para secos e líquidos, cuja capacidade varia de região para região, oscilando entre 13 e 22 litros.


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