Henrique J. C. de Oliveira, Por terras de Arouca. Quatro antigas oficinas oleícolas, In: Separata da revista "Estudos Aveirenses", n.º 2, ISCIA, Aveiro, 1994.

 

4 - O LAGAR DE VILA VIÇOSA

Figura 13: Aspecto interior do lagar de Vila Viçosa, no concelho de Arouca. Em primeiro plano, o moinho de tracção animal; ao fundo, a zona de prensagem.

 

Em 10 de Outubro de 1969, continuámos as nossas digressões por terras de Arouca. Começámos por visitar a povoação de Espiunca, onde já tínhamos estado precisamente dois meses antes, e, após reduzida volta, desta vez com melhor tempo, prosseguimos o percurso pelo mesmo estradão. Com muito pó deixado para trás, alcançámos o lugar de Vila Viçosa, ainda na freguesia da Espiunca. Aqui, visitámos o lagar de vara, pertencente a Aníbal da Fonseca Pinheiro(1), que detalhada e pacientemente nos foi falando da sua oficina.

Segundo pudemos apurar recentemente, este lagar encontra-se ainda em estado de laborar; pelo menos, não existem quaisquer referências ao seu cancelamento na Delegação da J. N. A., em Coimbra. A sua estrutura é idêntica à dos lagares de Canelas: a mesma porta larga para entrada dos carros; os mesmos materiais de construção, com as pedras sobrepostas, sem qualquer argamas­sa. Quanto a iluminação, é talvez um pouco superior: uma janela lateral permite iluminar a zona de prensagem; a porta principal de acesso permite a entrada plena de luz, iluminando perfeitamente o moinho.

O moinho (veja-se a figura 13), sendo de tracção animal, é de longe superior aos que anteriormente estudámos. De grandes dimensões e com duas grandes mós, conhecidas também na região pela designação de galgas, apresenta um amplo vaso de granito, cilíndrico exteriormente e de forma tronco-cónica no seu interior. Curiosa e invulgarmente, as mós ou galgas não são de igual dimensão, tendo sido respectivamente designadas pelo informador por galga maior e galga menor. Accionadas por meio da almanjarra, giram em volta de um grosso eixo de ferro, encimado por um prato cilíndrico, onde colocam «o gasóimetro». A almanjarra é atrelada ao animal por meio de uma corda ou um pedaço de correia, conhecidas por açoga ou soga.

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(1) - Para audição das palavras de Aníbal da Fonseca Pinheiro, poderão descarregar da Internet o ficheiro em MP3.


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