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farol n.º 24 - mil novecentos e sessenta e seis ♦ sessenta e sete, págs. 14, 15 e 18.

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 1º Ciclo

O 1.º ciclo em excursão

João José Pereira Campos Lopes
(1.º ano)
 

Se há uma coisa que me entusiasma, é um passeio. E com condiscípulos, então muito mais. É que, por sorte, todos eles iam alegres e bem dispostos. Sim, porque viajar com pessoas que se enredem por tudo e por nada é o mesmo que ir à missa e não ver os santos! Chega a gente a casa e sente que alguma coiso não correu bem.

Ora, no passeio anual dos alunos do 1.º e 2.º anos do Liceu de Aveiro, realizado em 13 de Março, tudo se passou sem uma única nota discordante.

Partimos num belo dia às 9 horas da manhã, a cantar, sorrir e até às gargalhadas por causa das piadinhas dos mais galhofeiros. A primeira paragem que fizemos foi em Albergaria-a-Velha, para comprarmos jornais.

Depois seguimos para Paradela do Vouga, onde visitámos a conhecida fábrica de massas.

Continuámos o passeio para Sever do Vouga, onde visitámos a barragem de Duarte Pacheco, que serve para rega de uma grande / 15 / área de terrenos até agora incultos.

Mais adiante, próximo de uma igreja, parámos para comer.

Depois seguimos para Vale de Cambra, onde visitámos uma fábrica de lacticínios.

Daqui seguimos para Oliveira de Azeméis, para irmos ver a fábrica de vidros. Muita pena tenho de não poder explicar bem as transformações que aqueles materiais sofrem até ficarem reduzidos a copos, garrafas e outros objectos que utilizamos nas nossas casas. Aqui comprámos recordações, até que, por fim, regressámos. Comemos a merenda na jornada e mesmo assim nos soube bem.

Chegámos a Aveiro eram 19 horas, roucos de tanto cantar, mas com a satisfação que nos dá um dia bem passado. Por mim deitei-me e adormeci logo, na santa paz do Senhor.


AVEIRO

 

Aveiro, por ser Aveiro,
Por ter marinhas de sal...
Não há terra como Aveiro,
Neste nosso Portugal.
                   João Manuel Vilarinho
                  
(1.º ano)


VISITA PASCAL

José António Ferreira C. Rodrigues
(r.º ano)

Como é costume toda a família se reuniu numa aldeia da Beira, em casa dos meus avós, para festejar a Ressurreição do Senhor.

Depois de muitos dias de calor veio um dia chuvoso e frio. Mesmo assim a aldeia não estava triste. As raparigas cantando, espalhavam pelos caminhos palmas, rosmaninho e alecrim, por onde passaria o festivo cortejo. Por todos os lados se ouvia o «Aleluia».

Os sinos repicavam...

Em todas as casas a azáfama era grande.

Ninguém queria que faltasse  / 18 / o «folar» e o «pão de ló» característicos deste dia. Tudo estava limpo e asseado.

Em breve se ouviria a campainha anunciando a aproximação do Senhor Abade que viria abençoar todos os lares. Com ele vinham o homem que trazia a campainha e outros que o acompanhavam.

Chegaram a nossa casa, já encharcados. A alegria era geral. O meu avô foi receber o Senhor Abade e levou-o até ao corredor onde principiou a dar a bênção. Toda a família de joelhos beijou a Cruz.

Depois preparou-se a merendo para o Senhor Abade e para os outros homens.

Após a refeição, o Senhor Abade foi mudar de roupa, pois estava todo molhado.

Quando voltou, jantou connosco e esteve a conversar até altas horas...

Assim se passou a Visita Pascal na Lavandeira, uma aldeia da Beira, pertencente ao conselho de Oliveira de Frades.


O CHANCUDO

Mário L. D. Gama
(2.º ano)

Vivia em certa aldeia
Um pobre e certo rapaz,
Que tinha uma cara tão feia,
Que parecia o Barrabás!


E toda aquela rapaziada
Não o gramava nem a pago,
Porque parecia que não fazia nada
E, por onde passasse, fazia estrago,


Era chamado o chancudo,
Porque usava tamancos,
E, como usava casaco de veludo,
Para todos era um espanto!

 

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08-06-2018