Jorge Abreu
(7.º ano)
Século XX: paradigma do
desembaraço, da confusão, do desassombro....
Perfeitamente, serei desassombrado.
Uma das maiores qualidades dum curso,
algo que perdura pelos anos adiante, que é contado calmamente à lareira, olhar saudoso
ao longe, são as questões de camaradagem.
Ficam eternamente na memória de quem quer que seja os momentos em
que verifica que não está só, que há uma mão que poisa
carinhosamente no seu ombro e uma voz simples que o conforta.
Que isto, meus amigos, é
como tudo: as rosas são belas, mas possuem espinhos!
O verdadeiro camarada é aquele que não monopoliza o seu triunfo, é
o
que o compartilha com todos, principalmente com os que se situam
abaixo de si. O verdadeiro camarada não pensa na sua derrota, pensa na
dos outros e irmana-se com eles. O bom colega
não cria grupos, dá-se com todos e a todos pede e oferece a sua
opinião. Por fim, o bom colega procura compreender os
outros, criar com eles laços de verdadeira amizade, fazê-los
acreditar que o
mundo é bom e as esperanças fundadas.
Meu Deus, que Idealista eu sou! Voltemos à terra. O que poderei eu
ver? (Sosseguem, amigos, que o que vou dizer é enfermidade geral).
Poderei ver um daqueles eleitos da natureza fechar-se consigo
próprio e olhar muito superiormente os seus companheiros
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menos favorecidos ou, ainda pior, formar elites distintas, em que os
menos cotados não contam!
Ou então reparar naquele grupo, onde a penetração dum «forasteiro»
é uma afronta. Aí nem sequer se procura disfarçar: a mínima intromissão,
cessam esses assuntos misteriosos, como que a afirmar ao «estranho».
– Não és bem-vindo! Vai-te!
Mas o que me provoca verdadeiro asco é o novo
Feudalismo, ou melhor, a hierarquização sistemática que quantas vezes
surge, a separar os colegas em classes, baseadas, ou na cara mais
bonita, ou na roupa mais fina, ou nas melhores condições económicas
dos respectivos papás!
Meus amigos, parece-me não ser bom isto. Um indivíduo, ou porque a
sorte o não bafejou e lhe deu um palminho de cara mais feio, ou
porque mercê eu sei lá de que misteriosos desígnios, nasceu pobre e
não traja «à Ia mode», poderá ser considerado gato-sapato e posto
de lado?
Repito: Não!
Estas ligeiras considerações vieram-me ao bico da pena, baseadas
não em factos deste ou daquele estabelecimento de ensino, mas sim
em factos que assentam na generalidade. Por isso, o melhor, meus
amigos, é cada um meter a mãozinha na consciência e reflectir um
pouco.
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