João Carlos Gonçalves
Pereira
(1.º ano)
Há muito quem chame a Aveiro a «Veneza de Portugal», por causa da
sua ria. Isto é muito bonito de dizer, mas estou a sentir-me com poucas forças para fazer a sua descrição.
Que o digam os nacionais e
estrangeiros que nos visitam e soltam exclamações de encantamento perante tanta beleza: são
os seus canais que cruzam a cidade em todas as direcções, são os
seus barcos moliceiros, são as suas salinas, são as figuras dos
marnotos que dão mais cor ao
ambiente.
Mas isto tudo dizem-no eles, que nós, aqui nascidos e criados,
sentimos toda essa beleza dentro da alma, mas até trazemos a vista
cansada de tanto a apreciar. Os
que visitam, não; esses de todo
se deixam prender por tanto encantamento.
Muitos passam pela casa
abrigo de S. Jacinto e deliciam-se ali
com uma caldeirada de enguias pescadas na mesma ria; e, não
poucos, regam aquilo com um garrafão de genuíno «Bairrada»,
criado aqui perto das margens do
Vouga. Depois disto vão-se embora e ainda a alma aqui lhes fica presa. Eu, por mim, reconheço
que me falta o «Engenho e Arte» para contar isto tudo.
Desisto. |