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farol n.º 8 - mil novecentos e sessenta e dois ♦ sessenta e três, pág. 11.

Rosas

Silva Abrantes
(5.º a)

O alegre tempo primaveril chegou!
Ora, de dentro da sua verde casita,
Um lindo botão, uma rosa pequenita
Medrosa e lentamente desabrochou!


Mas quando os cravos lhe dizem que é bela,
Que nunca assim surgira outra igual,
Então ela, envaidecida... desleal,
Enfeita-se; afeia-se – não é singela!


Um grande zangão negro, quando o notou,
Com vontade que a curiosidade incita,
Se aproxima de engenhosa florita
E o delicioso pólen lhe roubou...


Aspecto triste apresenta, que flagela,
A pobre flor, envaidecida... desleal,
Alucinada, lamenta seu grave mal:
Torce, murcha tanto, que fica amarela!

*

 

NÃO SERÁ A FADO SEU,
TAMBÉM ASSIM TÃO IGUAL
AO DA ROSA QUE DESCREU,
PARA CRER NO IRREAL?

 

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06-06-2018