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1997-1998


  MARÇO 1998

Organização do Clube do Museu


Utilização do silício


Desde tempos mais recuados, o silício tornou-se indispensável ao Homem, quando este começou a fabricar os instrumentos que lhe permitiam sobreviver. E a sua utilização tem-se mantido através dos tempos. Eis algumas das suas múltiplas utilizações:

Oleiro a trabalhar na roda dando ao barro as formas que nos são familiares. Actividade demonstrada no dia da Escola Secª José Estêvão, em Maio de 2007.

● OLARIA –  O fabrico de objectos de barro teve o seu início no Neolítico. Continua a ser, ainda hoje, uma actividade indispensável, sem a qual não teríamos à nossa disposição muitos dos objectos utilizados não apenas na decoração, mas na vida quotidiana.

● PORCELANA –  No século VIII, graças à exploração pelos chineses de uma argila branca (o caulino), o Homem passou da produção de objectos em barro para um material mais fino, que lhe permitiu a criação de peças de elevador valor artístico.

Exemplar de uma peça decorativa em porcelana produzido em Portugal, na fábrica da Vista Alegre.
 

Vitral de Louis Comfort Tiffany. Fotografado por James L. Amos no Museu de Arte Americana Charles Hosmer Morse, Florida.

● VIDRO –  Primeiro pelos egípcios, mais tarde pelos romanos, o vidro foi conhecendo múltiplas utilizações.

Breve amostragem de diversos objectos em vidro de origem romana.

Mistura-se areia, soda e cal e aquece-se a temperatura elevada. Depois de arrefecer, obtém-se uma substância que pode ser soprada, moldada, fiada e estendida num número infinito de formas.

Hoje encontramos o vidro com as formas mais variadas, num elevado número de objectos de utilização diária.

● No vitral, resultante do vidro trabalhado segundo uma técnica complexa, desde o século XII.

● Nos primeiros instrumentos de óptica que apareceram nos finais do século XIII (lentes muito rudimentares) e nas lupas e microscópios, século XV.

● No fabrico de instrumentos de contagem do tempo, tendo sido a ampulheta (inventada pelos gregos na Antiguidade) o primeiro medidor do tempo de areia siliciosa. Os relógios actuais usam quartzo na forma de um minúsculo diapasão e os despertadores e calculadoras também o utilizam na forma de um pequeno disco.

A alta frequência das vibrações do quartzo e uma corrente eléctrica são a base da contagem do tempo.

Quartzo minúsculo utilizado em relojoaria.

● Como o quartzo marca o tempo em ritmos iguais, também é utilizado em aparelhos com uma cadência de avanço muito precisa, tais como a sucessão de operações nos computadores ou a sincronização de sinais vídeo para a televisão.

● O gel de silício é um material muito leve e poroso formado por agregados de moléculas de sílica, constituindo uma rede muito ramificada. Tem várias aplicações, nomeadamente, na astrofísica espacial, em painéis captadores de energia solar, em misturas catalisadoras e em muitas outras.

Quem não conhece as utilizações dos silicones?

Estes possuem propriedades antagónicas – adesivas e anti-aderentes –, o que leva à sua utilização quer em materiais autocolantes, quer em substâncias não aderentes, como os moldes de silicone.

São também usados na impermeabilização de materiais de construção, lubrificação de amortecedores de automóveis e transmissões hidraúlicas, etc.

● Na sociedade moderna, o silício é um material fundamental para o desenvolvimento das tecnologias de comunicação e informação. As fibras ópticas (fios de vidro) permitem a transmissão de informações a grande distância e têm aplicação na televisão por cabo, nos aviões e em aparelhos que permitem visualizar os órgãos, internamente, na medicina.

● A fibra de quartzo fundido das altas tecnologias é uma fibra de vidro especial, em cuja composição há 99,99% de SiO2. Pelas suas características tem aplicação nas indústrias militares e espaciais.


Mosaicos térmicos de vidro para isolamento do space shuttle Columbia. Fotografia de James L. Amos.

Tem também inúmeras outras aplicações, tais como: raquetes de ténis, canas de pesca e estruturas secundárias de aviões.

Pela sua grande resistência às radiações, a fibra de quartzo emprega-se em centrais nucleares e em estruturas espaciais que ficam expostas aos raios cósmicos.

● Na joalharia utilizam-se silicatos – gemas.

A matéria-prima de numerosas obras de arte também é constituída por rochas e minerais silicatados.


SILICATOS UTILIZADOS NO QUOTIDIANO


MINERAIS ARGILOSOS – Constituem um grupo de alumino-silicatos com características especiais, de que resulta a sua vasta aplicação na indústria – cerâmica, borracha, fabrico de refractários, produtos farmacêuticos, cosmética, papel, plásticos e tintas plásticas, filtração de cerveja, como base para insecticidas e pesticidas, na composição de agentes absorventes para limpeza...

TALCO – Reduzido a pó, utiliza-se nas indústrias têxtil, de papel, cosmética e higiene e também no fabrico de corantes, lubrificantes e isoladores de alta-tensão.

BERILO – O berilo é a principal fonte de berílio, metal usado na indústria nuclear e na aeronáutica. Algumas variedades são gemas muito apreciadas – esmeralda, água-marinha, morganite e heliodoro.

MOSCOVITE – Pertence ao grupo das micas e foi utilizada, no passado, como vidro de janelas e vigias dos barcos. É um bom isolante térmico e eléctrico, sendo ainda usada no fabrico de papéis, vernizes e tintas preparadas.

FELDSPATOS – Os feldspatos são os minerais mais abundantes da crosta terrestre. Empregam-se na indústria cerâmica como fundentes e na indústria vidreira como fonte de alumina.

Algumas variedades são usadas em joalharia e em objectos ornamentais – labradorite, amazonite e pedra-da-Iua.

AMAZONITE – É um feldspato potássico, de cor verde, que deve o seu nome ao rio Amazonas.

PEDRA-DA-LUA – A pedra-da-lua é uma variedade do feldspato potássico – adulária –, devendo o nome ao seu brilho difuso, branco acinzentado ou prateado, semelhante ao brilho da Lua.

AMETISTA – A sua cor é devida a quantidades diminutas de ferro que os cristais contêm.

MORGANITE – É uma variedade cor-de-rosa de berilo, que pode ser usada como gema.


OPALA NOBRE – A opala nobre apresenta iridescências vermelhas, azuis ou verdes que variam conforme o ponto de observação.


ÁGUA-MARINHA – É uma variedade de berilo que se apresenta em tonalidades que vão do verde-azulado ao azul mais intenso.


GRANADAS – No grupo das granadas incluem-se diversos silicatos entre os quais a almandina e o piropo. O ferro é a causa dos seus tons vermelhos.


TOPÁZIO – Apresenta diversos coloridos: amarelo, alaranjado (topázio imperial), azul e rosa.


TURMALINA – Apresenta-se numa grande variedade de cores: verde, vermelho, rosa, amarelo a castanho, preta, azul. Num mesmo cristal notam-se, com frequência, tonalidades distintas e cores diferentes.


Quadro com as diferentes utilizações do silício.
 

BIBLIOGRAFIA UTILIZADA

FRÖHLICH, François e SCHUBNEL, Henri-Jean, L'âge du silicium. Muséum National d'Histoire Naturelle, Paris, 1991.

William S. Ellis, Glass. Capturing the Dance of Light. In: "National Geographic", vol. 184, n.º 6, Dezembro 1983, pp. 37-69.

Minerais e pedras preciosas. Guia prático para os descobrir e coleccionar. Editores Reunidos S. A., Lisboa, 1993.


 

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