Ezequiel Arteiro, Palavras que eu canto,  1ª ed., Aveiro, O Nosso Jornal - Portucel, 1984, 96 pp.

Desde que fale verdade

 

Se em versos faço orações
A Deus, Rei da Humanidade,
Vale a pena fazer versos
Desde que fale verdade.

Se em versos tanto recordo
Os tempos da mocidade,
Vale a pena fazer versos
Desde que fale verdade. 

Se em versos digo que alguém
Dá esmolas por vaidade,
Vale a pena fazer versos
Desde que fale verdade.

Se em versos digo que não
Concordo com falsidade,
Vale a pena fazer versos
Desde que fale verdade.

Se em versos vou refilando
Ao ver desonestidade,
Vale a pena fazer versos
Desde que fale verdade. 

Se em versos peço justiça
Compreensão e honestidade.
Vale a pena fazer versos
Desde que fale verdade. 

Se em versos digo que sou
Pedreiro contra vontade,
Vale a pena fazer versos
Desde que fale verdade. 

Se em versos digo que não
Me entendem na realidade
Vale a pena fazer versos,
Desde que fale verdade.

 Se nos versos digo sempre
O que sinto tal e qual
Vale a pena desejar-vos
Neles um Feliz Natal.

 

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