Ezequiel Arteiro, Palavras que eu canto,  1ª ed., Aveiro, O Nosso Jornal - Portucel, 1984, 96 pp.

Sinto poesia

 

Sinto poesia estando nesta Quinta
Saboreando ar puro nos pulmões.
Estou certo que não há quem a não sinta
Julgando, dentro dela, ser Camões.

Sinto poesia quando nasce alguém
E como cresce no seu dia-a-dia;
Mas também sinto quando a morte vem
E tudo esconde sob a terra fria.

Sinto poesia quando sou pedreiro
Para ganhar, em cada dia, o pão;
Mas também sinto quando sou bombeiro
Sem interesse, por abnegação.

Sinto poesia aonde existe amor,
A coisa mais sublime que há na terra,
Mas também sinto aonde existe dor
Originada p'la terrível guerra.

Sinto poesia olhando bem o Mundo,
As coisas todas que ele possa ter,
Mas também sinto imaginando o fundo
Do Universo que não posso ver.

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