Tendo pertencido até há poucos anos, como as restantes
linhas da rede do Vale do Vouga à «Compagnie
Française pour la Construction et Exploitation des Chemins de Fer à
l'Étranger», o ramal de
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Aveiro (como é denominado) faz hoje parte das linhas exploradas
pela chamada «Companhia Portuguesa para a Construção e Exploração de
Caminhos de Ferro». Aberto à exploração em 1911. Bitola de 1 metro. As
carruagens são do tipo salão, com entradas pelos topos.
O ramal entronca em Sarnada, ou Sernada (como escreve o
Guia Oficial) com a linha principal, de Espinho a Viseu (pág.
585). O perfil é ondulado e menos acidentado que o desta, sem grandes
desníveis e apenas com algumas fortes rampas. De Aveiro a Sernada 35 km,
em 1 h 30 m. A estação de partida é a mesma da da linha do Norte (Companhia
dos Caminhos de Ferro Portugueses). – Preferir lugar à esquerda.
De Aveiro, o ramal toma a direcção Este, seguindo por Esgueira, à
esquerda (pág. 543) e Azurva, à direita. Atravessam-se lindos campos,
ordinariamente envolvidos por uma acariciadora atmosfera. Em seguida
densos pinhais. Um viaduto. Rampa de 20 mm.
– 7 km.
Eixo
(esquerda). Povoação contígua à linha, do lado Sul (pág. 568); um ramal
da E.N. n.º 39-2.ª liga-a, por Oliveirinha, à estrada de Quintãs, na
linha do Norte (pág. 469). Depois de uma passagem de nível sobre a E.N.
n.º 8-1.ª, abre-se à esquerda o extenso vale do Vouga, por onde as águas
se espraiam na época das cheias. Ao lado do caminho de ferro segue a
estrada para Águeda, ladeada de alto arvoredo. Do lado norte do vale,
banha-se ao sol a povoação de S. João de Loure. O rio mal se vê, sob as
margens rasas de verdura.
Uma série de pontes metálicas, intercaladas de duas
alamedas com grandiosos eucaliptos e tufos espessos de austrálias,
atravessam a larga várzea aluvional, entre o apeadeiro e a povoação de
S. João de Loure (pág. 568). É o pitoresco ponto de partida da estrada
que conduz ao Porto, por Angeja, Ovar e Espinho, (E.N. n.º 28-2.ª).
A linha férrea encosta-se à escarpa, bastante elevada, de
arenitos vermelhos que aqui interrompe a paisagem habitual da região.
– 11 km.
Eirol
(esquerda), povoação à direita, num pequeno outeiro, rodeado de
pinheirais; pedreiras donde se extraiu grande parte da alvenaria
empregada nas obras da Barra de Aveiro, em 1932-36 (pág. 329). Daqui
pode visitar-se a curiosa Pateira de Fermentelos (pág. 559), 2,6
km. SE., por estrada. Junto da estação de Eirol, pequeno túnel talhado
num esporão da falésia vermelha. À saída, bonita vista, para a Ponte
da Rata (construída um pouco a montante da confluência do Águeda e
do Vouga). Este último inflecte para o Norte, pelo vale de Alquerubim. À
direita, ao transpor-se a ponte de Requeixo, metálica (60
metros), lançada sobre o afluente, correm os olhos sobre as toalhas de
água e verdura pantanosa que marcam o encontro do Águeda e do Cértima.
Num relance, vê-se ao
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fundo, ao Sul, o espelhar da bacia donde sai o segundo afluente.
– 13 km.
Travassô
(apeadeiro, esquerda), povoação a 900 metros, Nordeste, por estrada
municipal; – Pinheirais. À direita, numa curva serpeante corre o Águeda.
No Verão a sua corrente é afogada pela verdura alta dos milheirais.
– 14 km.
Cabanões
(apeadeiro, esquerda). À direita, além-rio, fica Óis da Ribeira, outro
ponto de acesso da Pateira (pág. 559).
– 19 km.
Casal
de Álvaro
(direita), povoação à esquerda, contígua à linha. (Foral manuelino em
1519). – Milheirais extensos. A nascente, o Caramulo.
– 20 km.
Águeda,
(estação, direita) (pág. 570). Abandonando o lindíssimo * vale do
Águeda, a linha dirige-se de novo para o Vouga, e inflecte, para
Norte. Transpõem-se sucessivos valeiros e montados divisando-se, por
vezes, nas abertas, elevações das Talhadas e do Caramulo.
A pouca distância, mas oculta, com traçado sensivelmente
paralelo, corre a estrada Porto-Lisboa. Na cota mais elevada do ramal,
72 metros, fica a estação de Mourisca.
– 24 km.
Mourisca
(esquerda), povoação contígua e do lado esquerdo da linha, disposta de
um lado e outro da estrada. A 2 km Oeste por estrada municipal poderia
facilmente visitar-se o notável panteão dos Lemos, na igreja da
Trofa (pág. 577).
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A linha, em seguida, afasta-se da estrada e desce
(desnível de 25 mm, de 1572 metros) por entre pinhais. À direita, pelas
abertas do arvoredo, reconhecem-se os vultos das montanhas que se
aproximam ou afastam.
– 26 km.
Aguieira
(direita,), apeadeiro, povoação 600 metros à direita, próximo da qual há
uma extensa mata, propriedade do conde de Águeda.
De Aguieira à Ponte de Alfusqueiro (10,5 km
E.N. por estrada e cam.) – seguindo a estrada a macadame até (1,4 km),
Arrancada, terra antiga com restos de boas edificações, não tarda
a encontrar-se um caminho que, após 5 km, leva a A-dos-Ferreiros.
É entre esta aldeia e a do Préstimo, a 4 km Este daquela, que se
acha a lendária ponte de Alfusqueiro, passo impressionante de uma
das vias de acesso da serra do Caramulo.
Vê-se à direita, após o apeadeiro, Valongo do Vouga,
com a sua igreja paroquial, e a Arrancada. A linha, permitindo a
cada Instante a descoberta de novos aspectos das montanhas, aproxima-se
do vale do Vouga. Campos de milho e de linho. Viaduto sobre o ribeiro de
MarneI.
– 28 km.
Valongo
(direita), (pág. 594). Em frente, a ponte sobre o Vouga, que dá passagem
à estrada de Lisboa ao Porto, lugar ligado à recordação de alguns
episódios de guerra (pág. 592). É nesta freguesia que começa a região
dos vinhos verdes do vale do Vouga.
Quando o comboio se põe em movimento, o olhar estende-se
sobre uma larga várzea verdejante; é a…
– 32 km.
Macinhata do Vouga
(esquerda), povoação antiga, do lado esquerdo da estrada, situada num
lindo sítio, duma encantadora largueza de vistas.
Fronteira a Macinhata, do outro lado do rio, próximo da
estrada de Lisboa ao Porto, fica Serém, com a confortável
pousada de Santo António (construída em 1940 pelo Estado) e os
restos de um convento de capuchos (1635-38), cuja cerca António Gomes,
da firma Brandão, Gomes & C.ª transformou em aprazível quinta
(pág. 595).
Uma barca de passagem permite fazer a travessia do Vouga
e visitar o local. O edifício conventual nada conserva de interessante,
mas o sítio, uma colina cujo panorama se estende sobre Macinhata, o rio
e as serras das Talhadas e Caramulo, é encantador. A mata possui algumas
árvores seculares. A água da quinta, puríssima, é aparentada das águas
do Luso e Caldelas; têm aplicação nas doenças dos rins e da nutrição.
Terminando os terrenos avermelhados começam as colinas boleadas (de
xistos), revestidas de urze, vistas à distância, dum tom violeta
aveludado. À direita, Jafafe de Cima e de Baixo. A linha transpõe o
Vouga sobre a ponte de Jafafe, de alvenaria, de 7 tramos (de 20
metros cada vão), com 150 metros de comprimento.
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A jusante do viaduto o rio descreve um indolente rodeio. Logo ao pé
encontra-se a estação de…
– 35 km.
Sernada
(direita), entroncamento com a linha principal do Vale do Vouga, que de
um lado leva a Espinho e do outro a Viseu.
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