|
Em cada grão de romã
O teu singelo olhar
Perdendo-se na bruma dos receios;
E o meu mundo e o teu,
Afinal os nossos desiguais mundos,
Reduzidos a esta lágrima de rubi
Matizada de sentimentos intimistas,
Perdendo-se no final de cada dia,
Esbatendo-se na placidez da angústia.
Em cada grão de romã, a idade,
A nossa idade a sumir-se
Ágil como fumo ritual
Saindo das cinzas informes
De memórias ainda mornas
De um tempo de perpétuas vivências
A correr de mansinho
Para futuros inviáveis.
Em cada grão de romã a saudade
Daquilo que não chegamos a ser
Ou do que tivemos e perdemos
Por não o merecermos. |