Abriste teus braços e disseste.
– Segue os meus passos.
Não me movo, e
Tu vens até mim, vacilante
Como ondulante barco.
Entretanto,
(Há na vida, sempre um entretanto),
Sem que me mova, abraças-me,
Abraçamo-nos.

Ficamos então calados
Colados, unidos, e
Viscosamente presos
Na íntima e pérfida ilusão
À mercê de um sol em declínio
Que não projecta as nossas sombras!

Afinal não passamos de espectros,
De um intrigante fogo santelmo, e
Talvez nem sejamos quem somos
Pois ainda nem sequer saímos
Do virtual mundo, imaginado.

Agora,
Incapazes de transformar
O simplesmente anímico
Numa força de viver,
Seremos, em consciência,
O que não viemos a ser.