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BOLETIM CULTURAL E RECREATIVO - SECUNDÁRIA JOSÉ ESTÊVÃO - AVEIRO


 

Escrita da Casa

 

Em diversos números do “Alternativas” têm surgido poetas, quer entre os alunos, quer entre os professores. Neste exemplar, coube a vez ao pessoal auxiliar da acção educativa, com um elemento jovem, Filomena Bola, cujos momentos livres são dedicados à escrita, muito particularmente à poesia.

Na selecção que fizemos, encontramos um percurso de vida em forma poética.

 

     MENINO DA RUA

Menino da rua
Sem eira nem beira,
Menino que a lua
Mesmo que não queira,
Lhe aconchega o papelão
Quando dorme no chão.
E de manhã, ao levantar,
Sem nada que comer,
Procura o que roubar
Que mais não sabe fazer.
Menino que teve mãe!
Menino que teve pai!
Porque não é de ninguém
Este menino, meu Pai!

A criança e a flor
Andam ambas de mão dada.
Se a flor quer muito amor,
A criança, ser muito amada.
                          
19-04-1999

                SÚPLICA

Quando eu era pequenino
E dormia a sorrir
Pai! Era o teu mimo
Que eu estava a pedir.
Se pegasses na minha mão,
Emoções ias sentir
Dentro do teu coração,
E comigo... ias sorrir.

Pai! Estou aqui!!!
Sei que não me quiseste!
Não fui eu que te pedi
Estou, porque me impuseste!
Pai! Olha com atenção!!!
Olha dentro dos meus olhos
E verás que tenho aos molhos,
Raízes do teu coração.

Pai! Sou a tua eternidade.
Mendigo-te um pouco de amor
Para que um dia sem dor...
Eu te lembre com saudade.
                                    
1997

 

ANDEI EU PELO ALÉM

Andei eu, pelo além,
Procurando a minha infância.
Andei por terras de ninguém,
Me alimentei de ignorância!
A correr ou a voar,
A chorar ou a gritar,
Minha alma ensandeceu
De tanto procurar.
Odisseia sem história...
Infância sem luar...
De ti não tenho memória
De ti... não quero lembrar!

                                   10-1997

     DUALIDADE

Cavaleiro homem!
Dos tempos medievais
Os ventos te movem
E eu não sei onde estais!

Cavaleiro homem!
Meu misto de divino,
Não deixeis que me toquem
E me lancem no desatino!

Cavaleiro homem!
Por quem suspiro e suspirei,
Mesmo que meu corpo tomem
De ti, não esquecerei!

Cavaleiro homem!
De armadura tão bela,
Faz desta alma jovem
A tua amada donzela.
                 07-08-2003

 

     A UM BEIJO!

Não lembro eu...
De uma noite tão calma!
Acordar sereno,
Sono tão ameno
Que me temperou a alma!

Não lembro eu...
Do que sonhei!
Mas tão rasgado sorriso,
Não foi por ter juízo
Com certeza, eu te amei!

Feliz de mim, quem me dera!
Que feliz eu te soubera!
Foi assim... que te sonhei!

                      25-10-2003

            O MEU RETRATO

Se olhasses o mar! Como eu sinto...
Não sentias a solidão do desejo.

Se olhasses a criança! Como eu sinto...
Ver-me-ias tal como eu me vejo.

Se olhasses o céu! Como eu sinto...
Serias selvagem e indomado.

Se olhasses a terra! Como eu sinto...
Lavavas-te no pranto do meu fado.

Se olhasses o transcendente! Como eu sinto...
Vias-te, na dimensão do teu olhar.

Se olhasses o fogo! Como eu sinto...
Queimavas-te na chama de tanto amar.

 

           SAUDADES

Saudades! Tantas saudades!
Do sonho que não viveu,
Do amor que já esqueceu,
Do sino a bater trindades!

Saudades! Tantas saudades!
De um prado verdejante
Onde esperançosa e errante,
Suguei mentiras às verdades!

Saudades! Tantas saudades!
Do colo de minha mãe,
Da inocência e nudez do além
Onde os sonhos renegam idades.

                                  11-11-2005

MEUS FILHOS

Rebentos do meu ser,
Nudez do meu encanto,
Por vos amar tanto
Sois a razão do meu viver!

Vestes de minha alma,
Infinitos do meu querer,
Refúgio do meu sofrer,
Imensidão que me sustém a calma.

Jardins do meu profundo,
Primavera em minha vida,
Rouxinóis, canção sentida,
Meus filhos... são meu mundo!
                      21-02-1999

 

Filomena Bola


Soluções dos Passatempos

Palavras Cruzadas

HORIZONTAIS: 1. Musa; Hera 2. Arola; Paris 3. Ia; ar; ss; si 4. Ana; agi; Eça 5. Obi; ala 6. Da, li 7. Cós; SIC 8. Eos; por; sob 9. Rá; só; ás; rã 10. Odres; solac 11. Soer; belo

VERTICAIS: 1. Maia; Eros 2. Urano; coado 3. Só; ab; ds; re 4. Ala; ids; ser 5. Ara; pós 6. Ga; dó 7. Psi; rás 8. Hás; ais; sob 9. Er; el; is; lê 10. Risca; coral 11. Ásia; Baco

ESPELHO INFIEL

Os oito erros da imagem no espelho: - extremidade superior da bóina; - extremidade da comissura labial; - ruga do queixo; - gravata às pintinhas; - prega no casaco provocada pelo botão apertado; - botão inferior do casaco; - botão na extremidade do punho; - menos um dedo na mão.


1 - Editorial      2 - Contos tradicionais portugueses     3 - Dez milhões de estrelas
4 - A Fonte dos meus Amores    5 - As raízes da Arte Abstracta - 1910 a 1920      6 - Angústia para um Natal
7 - A Torre de Anto na vertigem poética de Mário de Sá-Carneiro     8 - Notícias breves da Escola
9 - Evolução da vida - História por acabar     10 - Escrita da Casa - Poesia     11 - Hora do Recreio


 

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