A biodiversidade é um facto sobre o qual o Homem
se tem questionado, desde tempos remotos, sobre a sua origem. Várias
teorias fixistas e evolucionistas têm sido formuladas. As evolucionistas
actuais dão a Teoria Sintética da Evolução (perspectiva gradualista), a
Teoria do Equilíbrio Pontuado (evolução por saltos, alternando com
períodos de acalmia evolutiva) e a Teoria do Neutralismo (mutações têm
um carácter neutro). Se é verdade que estas três teorias admitem uma
concepção evolucionista para a origem da biodiversidade, contudo, têm
concepções diferentes sobre o modo como ocorreram as transformações
adaptativas das espécies às alterações do meio, ao longo do tempo
geológico. Não há uma só teoria, o que se deve aos argumentos em que se
baseia o paradigma evolucionista, designadamente os paleontológicos e os
bioquímicos. A paleontologia fornece poucos dados, podendo dizer-se que
“é uma história à qual foram arrancadas a maioria das páginas”. A
bioquímica é uma ciência relativamente recente e, consequentemente,
ainda “numa fase embrionária”.
No entanto, dado o carácter dinâmico da Ciência,
talvez num futuro próximo seja formulada uma só teoria com os
conhecimentos que se venham a adquirir. Como exemplo elucidativo disto,
tem-se o caso da origem dos membros dos Vertebrados terrestres, cujas
primeiras formas de vida pertenciam à classe dos Anfíbios. Nas
diferentes espécies de peixes actuais, existem dois tipos de barbatanas:
as radiadas, caso dos peixes ósseos (bacalhau…) e cartilagíneos
(tubarão); e as lobadas, caso dos peixes dipnóicos, que vivem em climas
tropicais.
Admite-se que os membros resultaram da evolução
das barbatanas do tipo lobadas, dada a semelhança na organização
anatómica dessas barbatanas. Segundo a recente descoberta paleontológica,
foi encontrado na Pensilvânia (Estados Unidos da América) o mais antigo
fóssil que oferece aos cientistas novas pistas para entender as
extremidades dos Vertebrados terrestres. O úmero (ver infografia,
extraída da revista Super Interessante de Janeiro de 2005) pertenceu a
um grupo de peixes que viveu há 370 milhões de anos, no período Devónico
– Era Paleozóica. Provavelmente, teriam invadido o ambiente terrestre,
necessidade determinada pela perseguição de grandes predadores marinhos
e destes peixes teriam surgido os primeiros vertebrados terrestres –
Anfíbios. A configuração do úmero desses peixes, comparada com os das
criaturas contemporâneas, sugere que houve uma rápida evolução das
extremidades.
E assim se vão adquirindo novos conhecimentos que
confirmam ou introduzem novas concepções científicas.
João Paulo C. Dias