JORNAL
N.º 5

DEZEMBRO
1990 Ano III


ESCOLA SECUNDÁRIA HOMEM CRISTO - AVEIRO
COLABORA NO ENRIQUECIMENTO DO TEU JORNAL

SUMÁRIO

 

Editorial

 

Entrevista

 

Natal
Bares da
cidade

 

Outono
Meditando

 

Notícias
moles
Desnexos
Homem

 

Orientação
Profissional
Poesia

 

Passatempos

 

Fac-símile
da 1ª página

 

 

 

 

 

 

 

 

 












OUTONO

O Outono chega pé ante pé e traz consigo o cheiro das castanhas. O vento fica mais frio, o sol já não tem força para iluminar e aquecer a terra. Começam a cair as primeiras chuvas. As estradas, os passeios ficam molhados, e os meus pés congelam quando passam. O céu, que era claro, agora está de luto.

Na minha janela escorrem gotinhas... A janela fica embaciada, e veste-se de mil e um bonecos que eu desenho.

 

Lá fora, as pessoas estão atarefadas com a compra das roupas mais quentes: correm, correm pelas ruas à procura de abrigo.

O homem das castanhas, sempre, sempre a vender, exclama:

— Quem quer castanhas assadas!? Quem quer? Quem quer? Quentes e boas! Só vinte e cinco escudos! Compre! Compre!

O seu pregão ouve-se pela cidade inteira. As ruas estão cheias de cascas. As árvores choram folhas das mais diversas cores que tecem inúmeros tapetes multicores. Os seus ramos ficam gelados e a água penetra por elas dentro sem pedir licença.

As árvores ficam despidas todo o Outono e Inverno à espera que a Primavera chegue para tudo recomeçar.

É assim o meu Outono, é assim que ele sempre será para mim...

DIANA DORA MEALHA HENRIQUES, 7º G


MEDITANDO

Tudo na vida requer sempre, ou quase sempre, uma pré-organização, o que leva sempre, ou quase sempre, a uma tentativa quase sempre frustrada de transformar o quotidiano, organizando assim a diversificação dos assuntos e da acção.

Só meditando no pensar e no agir é que nós, portadores de uma certa inteligência, podemos actuar sobre algo que não temos coragem para derrubar, ou talvez, alterar derrubando. Só unindo todos os monstros física e psicologicamente capazes de apagar e destruir todas as mentalidades nocivas e, de alguma maneira, incapazes de introduzir qualquer dado novo no programa ao qual nos temos de submeter, é que algum dia poderemos descobrir um sol apto para iluminar todos os cantos da terra, sem esquecer obviamente todos os seres humanos, os seres quase humanas, todas as tentativas e todos os seres animais e vegetais.

Somente no dia em que pararmos de caminhar para os moinhos disfarçados de monstros, insaciáveis na capacidade de se autodestruírem, só naquela manhã em que nos levantarmos e caminharmos na mesma direcção e sentido; só quando se tornar indubitável o êxito esforçadamente construído; só aí... poderemos falar de mim!

Sabendo que, nas alturas devidas, podemos gritar bem alto, podemos dizer a alguém o que sentimos; sabendo que conseguimos alterar o nosso corpo da maneira que queremos; sabendo que gosto de ti o mais possível sem ter medo de errar... Sabendo que preciso de algo para viver, algo que necessita de mim, um algo que se completa determinadamente sem ter de responder a conceitos bestas sem significado...

Sabendo que sou livre de pensar que penso aquilo que bem entendo sem ter de compreender os objectivos globais ou individuais dos outros...

Sabendo tudo isso, e pouco mais da vida, declaro aqui guerra a tudo o que possa prejudicar ou alterar de alguma maneira a minha filosofia desconexa mas... minha! Declaro guerra a tudo o que possa mexer no íntimo das minhas pesquisas universais...

Enfim, resumindo, declaro guerra, quente ou fria, a tudo o que me possa fazer voltar a viver...

NUNO QUEIRÓS, 11º D      Início da página


Página anterior    Primeira página     Página seguinte