PÁGINA 1
O Ensino Recorrente
Prof. João Paulo
PÁGINA 2
Dois castigos sem ter de quê
Prof. H. J. C. O.
PÁGINA 3
Dia da Poesia
Entrevista a Teresa Castro
Profª Paula Tribuzi
PÁGINA 4
A família há alguns anos
Odete Nogueira, 12º Turma E
PÁGINA 5
Voltar de novo a estudar?
A. Alberto Teixeira, 12º M
PÁGINA 6
Avaliação do Ensino Recorrente
Profs. Cristina Campizes e João Paulo
PÁGINA 7
Dia da África
PÁGINA 8
Literatura Africana em Língua Portuguesa
Nilton Garrido Sec. Turma SA
PÁGINA 9
O Movimento da Negritude
Nilton Garrido Sec. Turma SA
PÁGINA 10
Poetas da Casa
PÁGINA 11
Televisão - Janela aberta para o mundo?
Trabalho de grupo Sec.
PÁGINA 12
Hora do Recreio |
A Negritude tem a sua
origem nos movimentos culturais protagonizados por negros, brancos,
mestiços que, desde as décadas de 10, 20, 30 (século XIX), vinham
lutando por renascimento negro (busca e revalorização das raízes
culturais africanas, crioulas e populares) principalmente em três
países das Américas, Haiti, Cuba e Estados Unidos da América, mas
também um pouco por todo o lado.
A ideia de
renascimento, indigenismo e negrismo surge como consequência das
luzes e do romantismo, que levaram à abolição da escravatura e
finalmente à possibilidade de, após a Revolução Francesa de
1789, os povos supostamente poderem assumir a liberdade e igualdade.
O termo
"Negritude" aparece pela primeira vez escrito por Aimé
Césaire, em 1938, no seu livro de poemas, "Cahier d'un
retour au pays natal"; está intimamente associado ao
trabalho reivindicativo de um grupo de estudantes africanos em Paris,
nos princípios da década de 30, de que se destacam como principais
responsáveis e dinamizadores Léopold Sédar Senghor (1906)
senegalês, Aimé Césaire (1913), martinicano, e Leon Damas (1912),
ganês. Estes autores da Negritude legaram-nos uma obra literária da
máxima importância; mas foi Senghor que, com a Presidência do seu
Pais (Senegal) e uma larga aceitação Ocidental (política
literária e académica) contribuiu decisivamente para a
divulgação da Negritude.
É a Senghor que são
atribuídas as primeiras tentativas de definição do conceito de
Negritude: "Conjunto dos
valores culturais do mundo negro”.
Eis alguns valores
característicos do homem negro:
- o homem negro é
essencialmente religioso e cultural, ritual e celebrante, porque
para ele existe um ente supremo, o "sagrado", que é o
verdadeiro real
- o homem negro é
simbólico, porque o seu mundo é o mundo das imagens e do concreto;
todas as realidades materiais, visíveis e imediatas são
anunciadoras e portadoras de outras realidades
- o homem negro é o
homem de coração, porque, para além do corpo, da forca vital, da
habilidade, do entendimento e de todas as outras qualidades humanas,
é ainda pelo coração que o homem se define, que o homem vale e é
julgado; para usar a categoria de um provérbio africano: "o
coração do homem é o seu rei".
Importa revelar ainda
que chegou mesmo a haver grandes figuras Ocidentais dizendo
que a negritude era também um movimento racista. Mas isso não
corresponde à verdade, porque se para Césaire a
"Negritude", no início, se fez racista simplesmente para
realçar os seus valores, a sua dignidade e afirmá-los, para
Senghor era ainda algo mais do que isso: a "Negritude" é
um humanismo, porque todas as raças tinham lugar neste universo
civilizacional de inspiração do homem.
É de capital
importância referir-se ainda que a "Negritude" não
surgiu apenas com o objectivo da recuperação da dignidade e
da personalidade do homem africano, mas também como um movimento
propulsionador da descolonização em África.
Nilton Garrido -
SEUC Sec - Turma SA
|