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Onde obter a informação: serviços de documentação; meios de
comunicação social; livros técnicos, obras de vulgarização e
manuais escolares; bibliotecas públicas e privadas; dicionários
e enciclopédias; meios informáticos. Algumas regras para
pesquisa da informação. Como organizar/arquivar a informação.
Saber ouvir e tomar notas. A leitura e sua classificação
tipológica. Condições para uma boa leitura. A leitura rápida. A
leitura em voz alta. O plano ou estrutura dos textos. O resumo. |
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O
PLANO OU ESTRUTURA DOS TEXTOS
Quer tenhamos de ler os textos, quer tomemos
conhecimento deles através da comunicação oral, é condição importante
para uma boa compreensão saber distinguir o plano estabelecido pelo
autor, a partir do qual foram desenvolvidas as ideias.
Do
mesmo modo que o nosso corpo, constituído pelos diferentes membros e
órgãos, necessita de um suporte ósseo devidamente estruturado e
articulado, envolvido pelos músculos, para bem nos exprimirmos,
oralmente ou por escrito, necessitamos de estabelecer previamente o
esqueleto do texto, ou seja, torna-se necessário um plano de
desenvolvimento, que deveremos estabelecer e respeitar. Todo o
enunciado produzido que apresente uma certa importância deve seguir um
plano, quer se trate de uma modesta intervenção, quer de uma conferência,
de um trabalho ou de um relatório de grande importância. Até mesmo uma
simples conversa, desde que se proponha um objectivo mais sério, apesar
da maior liberdade de expressão inerente à situação de diálogo, deverá
obedecer a um plano prévio, sem o que a sua progressão se fará de
maneira desarticulada.
Elaborar um plano de desenvolvimento, embora necessário, torna-se por
vezes difícil de realizar. Se há pessoas que, com relativa facilidade,
conseguem elaborar um plano harmonioso e coerente, outras acabam por
sair frustradas ao procurarem concebê-lo. Uma das melhores maneiras de
vencer este obstáculo consistirá em procurar descobrir os planos de
desenvolvimento a partir de textos já existentes. É esta, aliás, a mesma
técnica que usa, por exemplo, um principiante nas Belas-Artes, ou um
pintor que deseja desenvolver as suas técnicas. É a partir de trabalhos
de artistas consagrados, pela análise das suas técnicas, que as nossas
próprias capacidades poderão ser desenvolvidas e aperfeiçoadas. Será,
pois, extremamente útil, quando assistimos a uma palestra, a uma
conferência ou a um discurso, ou quando lemos um texto, procurarmos
prestar atenção, não apenas aos conteúdos ideológicos, mas a todo o
conjunto de técnicas utilizadas para exposição dessas mesmas ideias.
Vejamos o caso concreto da situação do discurso ou da conferência. Mesmo
tratando-se da apresentação de uma breve mensagem, se lhe prestarmos a
devida atenção, constataremos que apresenta uma determinada estrutura.
Geralmente, notaremos a existência de uma ideia principal ou tema,
apoiada e complementada por um conjunto de ideias secundárias, que
convergem para a principal, confirmando-a ou refutando-a, enriquecendo-a
negativa ou positivamente, de acordo com a intencionalidade do orador.
E na base das ideias, verificaremos que existe uma determinada sequência
ou estrutura de desenvolvimento, que permite uma harmonia e coerência de
todo o conjunto.
Vejamos, de maneira ainda mais concreta, por que motivo afirmamos que a
ideia principal pode ser enriquecida com ideias secundárias com carga
negativa ou positiva. Suponhamos que o orador pretende abordar o tema da
poluição, procurando acentuar-lhe os perigos. Após uma primeira chamada
de atenção, de uma maneira geral, para o perigo da poluição, o orador
passa a aspectos mais particulares, enriquecendo a afirmação geral a
partir de vários exemplos concretos, todos eles de valor negativo, que
reforçarão a ideia-chave.
Contrariamente, se pretende mostrar as virtudes ou as vantagens de
determinado produto, ideia ou princípio, irá utilizar uma estratégia
idêntica à anterior, mas de sinal contrário. Os casos particulares que
irá apresentar terão todos uma carga positiva, valorizando a ideia-chave.
Além
do recurso às palavras, no caso da situação da comunicação oral, o
orador recorre a outros elementos extra-verbais, aos quais deveremos
igualmente prestar atenção: a mímica, o gesto, e a voz, mais ou menos
rápida, com maior ou menor intensidade, com determinadas entoações, com
pausas expressivas e, sobretudo, com o recurso a certas palavras ou
articuladores do discurso, tais como fórmulas de introdução, fórmulas de
enumeração, apresentação de exemplos, etc.
Do
mesmo modo que podemos detectar todas as características anteriormente
apontadas em situações de comunicação oral, também nos textos escritos
─
e nestes de maneira ainda mais fácil, porque permitem uma análise mais
pormenorizada
─
as poderemos destacar.
De
uma maneira geral, em todos os textos encontramos uma estrutura mais ou
menos de acordo com o esquema:
I -
INTRODUÇÃO
- parte inicial do texto, que apresenta o tema ou a ideia principal, que
irá ser desenvolvida na sequência do texto. Por vezes, além da ideia
principal, enumera antecipadamente todos os pontos ou aspectos que irão
ser desenvolvidos.
II -
DESENVOLVIMENTO
- todo o conjunto de ideias ou aspectos que vão sendo sucessivamente
expostos, de maneira lógica e coerente, a fim de comprovar ou explicar
convincentemente a ideia-chave.
III -
CONCLUSÃO
- parte final de toda a exposição ou texto, que resume tudo quanto foi
exposto ou demonstrado, podendo levar a uma resposta ou a uma solução.
Deveremos desde já fazer notar que, frequentemente, quando se trata da
análise de excertos de capítulos ou de textos mais longos, é por vezes
difícil encontrar uma estrutura que esteja de acordo com o esquema atrás
referido.
Antes
de abordarmos um texto, seja ele qual for, e de procurarmos a sua
estrutura e ideias, há uma primeira etapa que importa respeitar: não se
pode entender a globalidade da mensagem se não eliminarmos previamente
as dificuldades inerentes à linguagem. Assim, a primeira preocupação,
após a leitura global do texto, deverá ser a de reflectirmos sobre os
problemas da linguagem. Deveremos efectuar o levantamento de todo o
vocabulário difícil e procurar descodificá-lo com a ajuda de um
dicionário. Do mesmo modo, quando deparamos com expressões cujo sentido
nos escapa plenamente, deveremos efectuar uma pausa para reflectirmos
mais profundamente sobre elas.
Desbravadas todas as dificuldades linguísticas, estaremos aptos a passar
à etapa seguinte: descobrir a ideia fundamental.
A
ideia fundamental vem frequentemente expressa no começo ou no fim do
texto. Por vezes encontra-se condensada no próprio título. No entanto,
convirá adoptar uma atitude de desconfiança perante os títulos pois,
frequentemente, para atrair a atenção do leitor, especialmente nos
meios jornalísticos, são centrados sobre aspectos secundários ou
parciais. Ao mesmo tempo que procuramos destacar a ideia fundamental ou
ideia-chave, é vantajoso sublinhar as expressões relativas às ideias
secundárias.
À
medida que efectuamos o levantamento da ideia-chave e das ideias
secundárias, poderemos começar a distinguir e a anotar no
texto os diferentes momentos. Para facilitar a «releitura» do texto,
podemos ir dando subtítulos a essas partes ou momentos, que podem ir
desde uma frase curta até uma simples palavra que resuma o conteúdo
dessa parte.
Convirá igualmente, para desenvolvimento da nossa técnica expositiva,
prestar atenção às articulações lógicas que se podem utilizar ao longo
da exposição das ideias, quer dentro dos parágrafos, quer sobretudo na
ligação entre eles. Estes articuladores do discurso, além de
estabelecerem a ligação entre as diferentes ideias, ajudam a descobrir
as etapas no desenvolvimento da exposição.
Podemos considerar quatro grandes classes de articuladores do
discurso: de enunciação, que anunciam ou sublinham que aquilo
que vai ser dito é apenas um momento na exposição das ideias; de
ligação, que permitem ligar o que foi com o que vai ser dito; de
chamada ou de lembrança, que reenviam para aquilo que já foi dito;
de conclusão, que indicam o termo de um desenvolvimento, o fim de
uma enumeração, a conclusão. Estes articuladores são vários e encontram-se
indicados no quadro da figura 6, juntamente com alguns exemplos. Convirá
notar que, para além dos exemplos indicados, poderemos encontrar muitas
outras formas de articulação do discurso. No quadro da figura 6 apenas
foram indicadas as mais importantes e frequentes. Encontramos diferentes
articuladores, quer a nível das conjunções, quer dos advérbios.
Figura 6: Diferentes
classes de articuladores do discurso. Apresentação de alguns exemplos.
Sugestão de trabalho 4
Leia
atentamente o texto a seguir transcrito, procurando:
1 -
Destacar a sua estrutura;
2 -
Dar um título a cada uma das partes e sintetizar as ideias;
3 -
Registar os articuladores do discurso nele presentes. (Verifique se já
estão indicados no quadro da figura 6; caso contrário, acrescente-os).
Observação: Poderá ampliar os três recortes do jornal «clicando»
sobre eles.
Dissemos já que um texto correctamente elaborado deverá obedecer a uma
estrutura organizada, a um plano previamente estabelecido, constituído
normalmente por três partes: uma introdução, um desenvolvimento e uma
conclusão. Vimos também que, para o desenvolvimento das ideias, as
diferentes partes se encontram ligadas por meio de diferentes tipos de
articuladores do discurso.
Será
agora conveniente analisarmos as técnicas de elaboração de planos,
ou seja, reflectirmos um pouco sobre as diferentes estruturas
de que nos podemos servir para a elaboração de um plano de
desenvolvimento.
A
estrutura mais simples e mais primitiva consiste na técnica da adição.
É a técnica que, numa primeira fase, todos temos tendência a utilizar.
Até mesmo uma criança a utiliza espontaneamente para contar, por exemplo,
o que fez quando brincou com os colegas: «Fizemos isto, depois aquilo,
em seguida... e depois...»
Consiste em enumerar ou inventariar factos, colocando-os uns após
os outros segundo uma determinada sequência: cronológica; crescente;
decrescente; de causa-efeito; etc.
O
plano por adição é por vezes posto de maneira mais evidente através de
diversos processos: através da apresentação de uma fórmula introdutória,
que anuncia cada um dos elementos da enumeração; pela numeração seguida
dos diferentes elementos; pelo emprego de expressões que indicam a
justaposição dos elementos ou das acções (primeiro ou em primeiro lugar,
... depois... em seguida ... finalmente.)
Este
tipo de plano apresenta a grande vantagem de permitir uma exposição
clara, bem ordenada e de fácil elaboração. É a técnica que ultimamente é
mais utilizada pelos meios de comunicação social e também em certos
discursos políticos. No primeiro momento, na introdução, apresentam-se
dois ou três factos; no momento seguinte, no desenvolvimento, retoma-se
e desenvolve-se adequadamente cada um dos aspectos apresentados na
introdução; na conclusão, faz-se a síntese de tudo quanto foi
apresentado, indicando-se a solução ou a conclusão final a que se chegou.
Quando acontece que um número de elementos a abordar é bastante elevado,
pode-se utilizar uma técnica mais elaborada mas decorrente da primeira.
Utiliza-se como que uma adição de segundo grau. Agrupam-se os
diferentes elementos por categorias, procedendo-se depois à análise de
cada uma delas.
Além
da técnica mais elementar, intuitiva e espontânea, como é a da adição,
poderemos utilizar outras: o movimento linear; a oposição ou contraste;
o raciocínio; o silogismo.
O
movimento linear é também uma técnica bastante fácil de seguir e
corresponde às duas dimensões do universo humano: o espaço e o tempo. É
a técnica que encontramos com frequência, quer quando elaboramos, por
exemplo, uma descrição, quer quando narramos acontecimentos segundo a
sua ordem cronológica.
No
caso de uma descrição, utilizamos normalmente uma sequência de tipo
espacial, começando num determinado ponto e seguindo um movimento linear
até ao ponto extremo. A partir desta técnica do movimento linear, torna-se
fácil introduzir pequenas variações na apresentação daquilo que se
pretende descrever[1].
Quando apresentamos a narração de acontecimentos, recorre-se geralmente
à ordem temporal ou cronológica. O tempo flui sempre linearmente, as
horas e os minutos sucedem-se regularmente às horas e aos minutos, os
dias aos dias, os anos aos anos, e assim sucessivamente. Deste modo,
poderemos utilizar um plano linear, com base no fluir cronológico,
apresentando os factos de acordo com o seu desenrolar temporal. É este
esquema o mais habitual no desenvolvimento de factos subordinados ao
decurso temporal. É o que encontramos, por exemplo, na apresentação de
textos de carácter histórico. No domínio da ficção literária, embora
seja este o esquema mais usual, poderemos encontrar variações a esta
estrutura. Por exemplo, em algumas obras, a acção começa na parte
final; a certa altura, dá-se um recuo no tempo e todos os acontecimentos
são apresentados linearmente até se voltar a alcançar o ponto de partida.
No entanto, outros esquemas são passíveis de ser encontrados.
A
oposição por contraste ou, como também é designada, a
estrutura
por simetria ou antonímia, é um tipo de estrutura frequentemente
utilizado. Tal como o nome permite deduzir, é um processo que recorre à
colocação lado a lado de termos ou elementos antitéticos, tais como os
ricos e os pobres, a cidade e o campo, a noite e o dia, o magro e o
gordo, o masculino e o feminino, o bem e o mal, o forte e o fraco, a
guerra e a paz, as vantagens e os inconvenientes, etc.
Um
plano de desenvolvimento pode ser elaborado tendo por base um
determinado tipo de raciocínio, partindo da apresentação de um
facto e procurando, a partir dele, as relações de causalidade e as
consequências, estabelecendo-se uma sequência do tipo: I - Apresentação
da situação; II - As causas dessa situação e as respectivas
consequências; III - As conclusões finais.
Mas
ainda com base no raciocínio, poderemos elaborar um plano de
desenvolvimento tomando como ponto de partida um conjunto de hipóteses.
Por exemplo, suponhamos que pretendemos realizar um determinado
projecto. No primeiro momento, apresentamos aquilo que iremos analisar,
ou seja, o tema; no segundo, no desenvolvimento do plano, apresentamos
um conjunto de hipóteses prováveis, prevendo-se as possíveis
consequências, caso as condições previstas se concretizem. Como é lógico,
a cada hipótese corresponderá um sub-momento, podendo estas serem
analisadas sequencialmente, segundo um critério decrescente de
probabilidades de se verificarem as condições previstas. Na terceira e
última parte, a conclusão, será feito o balanço de tudo quanto foi
analisado, apresentando-se, em síntese, as conclusões a que se chegou.
Outro
tipo de raciocínio que poderá ser utilizado na elaboração de um plano de
desenvolvimento é o silogismo. É este um tipo de raciocínio
formal, que permite chegar a uma conclusão a partir de duas afirmações,
a que se dá o nome de premissas, respectivamente a premissa
maior e a premissa menor. Como ficará um plano tendo em conta
esta forma de raciocínio? Na primeira parte, começa-se por apresentar a
premissa maior, a afirmação que vai procurar demonstrar-se. Por exemplo,
«a evolução das modernas sociedades está condicionada pelo progresso
técnico». Em seguida, é apresentada a premissa menor: «a progressão
técnica evolui de maneira uniforme». A partir destas duas premissas,
poder-se-á então concluir que a evolução das sociedades terá logicamente
de ser também uniforme. Apresentados os dados do problema e a
respectiva conclusão, na segunda parte proceder-se-ia à apresentação de
factos históricos que viessem comprovar a conclusão.
Além das técnicas apresentadas para a elaboração e
desenvolvimento de um plano de trabalho, poderemos criar outras que
resultem da combinação destas. Poderemos criar um tipo de plano que
parta do geral para o particular ou do particular para o geral.
Poderemos criar planos diferentes e mais complexos, tudo dependendo dos
objectivos, da maior ou menor complexidade do problema a analisar e,
sobretudo, da capacidade de raciocínio e do maior ou menor domínio da
língua que se utiliza. Quer tenhamos de fazer um trabalho simples, quer
bastante elaborado, para todos eles se impõe a elaboração prévia de um
plano de desenvolvimento claro e lógico, que nos forneça um caminho
seguro a seguir. De uma maneira geral, toda a gente utiliza mais ou
menos, com maior ou menor destreza, as mesmas estruturas de raciocínio.
E com um pouco de reflexão a partir de textos já existentes e da prática
pela criação dos nossos próprios textos, todos poderemos vir a criar
trabalhos devidamente planificados e redigidos, quer para uma
intervenção escrita, quer oral[2]
.
Sugestão de trabalho 5
Leia
os textos a seguir apresentados e procure efectuar as seguintes
actividades:
1 -
Desmontar o plano ou estrutura de desenvolvimento seguido pelos autores;
2 -
Procurar subdividir as diferentes partes em momentos;
3 -
Sintetizar numa frase ou num simples título o conteúdo de cada momento;
4 -
Procurar dar um título sugestivo para cada texto;
5 -
Procurar ver qual a técnica utilizada: adição; linear; oposição;
raciocínio; mista.
Texto
1
Aos bebés americanos ausentes, o semanário «Time»
─
quatro milhões de exemplares vendidos
─
dedicou a capa; aos germânicos, o chanceler alemão Helmut Schmidt, uma
sessão de trabalho perturbante: nascerão este ano menos alemães do que
morrerão. A Holanda, fatalista, fechou várias maternidades; a Suécia,
preocupada, deseja reabrir as suas. Nas águas cinzentas do Tamisa, o
recém-nascido inglês apresenta-se como um reflexo do país: anémico. Se
dar a vida mede a fé de uma civilização, o Ocidente atravessa hoje uma
das mais graves crises de confiança da sua história.
Preservada até agora, a França inclina-se, por sua vez, sobre os seus
berços vazios. Desde o começo do ano, este país, com 52,5 milhões de
habitantes, situado na 15ª posição mundial, regista uma queda
espectacular na taxa de natalidade. Um estudo, incidindo nas cento e
dez cidade mais importantes, permitiu constatar uma descida inquietante
dos nascimentos, no decurso dos sete primeiros meses do ano. Se esta
tendência se mantiver - e há todos os motivos para acreditar nela - o
país conhecerá, este ano, um défice nítido de noventa mil nascimentos.
Em 1972 nasciam ainda oitocentos e setenta e cinco mil jovens franceses.
Não serão mais do que setecentos e setenta mil este ano.
Mais grave ainda: os demógrafos situam em 2,1 crianças por mulher o
nível de crescimento demográfico zero de uma população. Até ao último
ano, cada Francesa punha neste mundo, em média, 2,36 crianças. Este ano,
a taxa de fecundidade cai para 2,05. Excluídos os períodos de guerra, a
nossa história não conheceu senão um precedente: 1935, ano negro da
natalidade francesa.
Os fenómenos de população escapam às explicações sumárias. Nenhum
demógrafo consegue explicar por que motivo, de repente, no Outono
passado, os Franceses desejaram menos crianças. Evidentemente, é
possível discernir as componentes do fenómeno. A mortalidade infantil
diminui. No começo do século XIX, um recém-nascido sobre cinco morria no
primeiro ano. Um bebé apenas em sessenta desaparece hoje com tenra idade.
A vida moderna prolonga os estudos, retarda a entrada na vida activa,
diminui o período de fertilidade da mulher.
Estas fornecem hoje à França o terço da população activa. Esta proporção
vai aumentando sucessivamente. Em cem mães, trinta e quatro trabalhavam
em 1953. Hoje elas são mais de quarenta. «As mulheres não crêem mais que
vieram ao mundo com o único objectivo de fazer filhos», explica um
psiquiatra americano, o doutor John Blitzer.
A excessiva população urbana, a asfixia das cidades, a crise de matérias
primas, os problemas do crescimento sensibilizaram uma população que
vive diariamente, no metro, nos engarrafamentos ou nas cidades
dormitórios, as agressões do excesso de habitantes.
O mundo moderno é, em suma, hostil às grandes famílias. O automóvel foi
concebido para quatro pessoas, um «seis lugares» torna-se já difícil de
encontrar.
Os peritos debatem-se com as responsabilidades do aborto. Os seus
partidários fazem simplesmente notar que a descida de natalidade
atingirá a França mesmo antes da lei ter sido votada.
Um sonho desfaz-se, o dos cem milhões de Franceses pretendidos pelo
general de Gaulle. Tudo faz prever que a França navegará ao longo do
século XXI com uma equipagem pouco mais numerosa que actualmente.
Consequências: uma mutação profunda da sociedade francesa e, mais
genericamente, ocidental. Na França contemporânea, duas pessoas
trabalham para três inactivas. A descida da natalidade reduzirá ainda o
peso dos elementos mais dinâmicos, ao mesmo tempo que crescerá o número
de pessoas idosas. Revelar-se-á talvez necessário manter em actividade
uma parte crescente dos batalhões da terceira idade. Contrariamente às
campanhas sindicais, a idade da reforma deverá ser elevada e não
reduzida. Na Suécia, acaba recentemente de passar de sessenta e cinco
para sessenta e sete anos.
O peso das velhas gerações reduzirá as possibilidades de promoção
social. Os quadros subalternos de quarenta e cinco anos serão uma legião.
Sem que por isso surjam falhados. Simplesmente, o êxito social não
poderá mais ser o critério decisivo do desabrochamento pessoal.
Os conflitos de geração arriscam-se a aumentar em vez de se atenuarem.
Os idosos são tradicionalmente mais conservadores. Quais as formas que
tomará a impaciência das gerações ascendentes? Ninguém pode hoje
responder a esta questão. A democracia é a lei do número. A juventude
acomodar-se-á facilmente se ela lhe for contrária?
J.-C. H., in "Paris-Match" nº 326 de 5 de Outubro de 1974, pág.
69.
Texto 2
A França tem, ao que parece, três vertentes que correspondem a três
caracteres diferentes. Há em França uma vertente ocidental, uma vertente
europeia e uma vertente mediterrânica.
Pela sua vertente ocidental, a França tem um fundo atlântico: ela
pertence ao Oceano, ela olha para o Ocidente, ela olha para o exterior,
ela está aberta às influências extra-continentais; significa isto que
ela está dotada, em certa medida, de um espírito de expansão e de
aventura; e, pelo facto de olhar para o Ocidente, ela pertence ao grupo
ocidental, ou seja, aos países liberais, que são a Inglaterra ou ainda
os Estados Unidos. Uma civilização franco-anglo-americana, tendo o seu
eixo no Atlântico, responde a todo um aspecto da França; mas não é este
mais do que um dos aspectos.
O segundo aspecto é a vertente continental europeia. A França,
geograficamente, pertence ao continente europeu por um laço carnal do
qual é inseparável. Este elo carnal, não o possui a Inglaterra e muito
menos a Escandinávia. Todo o nosso lado oriental, em França, pertence
já à Europa central, quer se trate da Flandres, da Lorena, da Alsácia,
da Franche-Comté, quase, numa certa medida, da Borgonha e da Sabóia.
Quando nos encontramos nesta zona oriental da França, encontramo-nos já
na atmosfera da Europa central. Uma cidade como Lyon, como Nancy, como
Estrasburgo, como Mulhouse, e ainda outras, são cidades da Europa
central. E nós somos de tal modo inseparáveis do continente europeu que
é inconcebível formar uma Europa sem a França e bem difícil conceber uma
França tendo uma existência independente fora do continente europeu.
Terceiro aspecto, de todos o mais curioso, é o nosso aspecto
mediterrânico. Pela sua frente mediterrânica, a França está em contacto
directo com a Ásia, com a África, com o Oriente, com o Extremo-Oriente,
ou seja, não apenas com um mundo extra-europeu, mas com o passado
ilustre da humanidade. Um mediterrânico tem atrás de si dois ou três mil
anos de história. Ele não é estrangeiro nem na Argélia, nem no Egipto,
nem mesmo na Ásia Ocidental. Ele está à vontade no mundo romano, no
mundo grego. Numa palavra, a nossa tradição clássica, para o
Mediterrâneo, é uma perfeita realidade. E, nestas condições, nós
pertencemos a civilizações muito antigas, a formas de cultura
tradicionais com as quais o Ocidente perdeu o contacto. A Inglaterra
perdeu este contacto, a América igualmente, enquanto nós, devido a isto,
temos relações familiares com tipos de civilizações que o Ocidente não
conhece.
Estes três aspectos, tão diferentes, unamo-los numa personalidade comum
e temos a França, uma França muito unida mas muito contraditória.
ANDRÉ SIEGFRIED, Aspects de la Société Française, Introdução,
pp. 7-9, Livraria geral de direito e de jurisprudência, 1954. (tradução
livre)
Texto 3
Desde há séculos que nos perguntamos sem encontrar respostas: a
infelicidade tornar-nos-á fisicamente doentes? Durante longo tempo foi
necessário escolher um campo, na ausência da menor prova: admitir o
facto sem o compreendermos ou, pelo contrário, negá-lo, por falta de
justificação científica. Hoje, as coisas mudam de aspecto. Os progressos
espectaculares da biologia e sobretudo de duas das suas filhas, a neuro-endocrinologia
e a imunologia, permitem conciliar o inconciliável, e começa-se a pensar
que um stress ou uma depressão podem não engendrar mas desencadear uma
doença infecciosa, até mesmo um cancro. Começa-se a demonstrar que um
optimista tem mais probabilidades "de se safar" do que um pessimista,
tudo isto porque entre o sistema nervoso central e o sistema imunológico
se descobrem ligações extremamente estreitas e sistemas de informação
plenamente notórios. Não são mais os rumores populares e as fórmulas dos
curandeiros que ditam esta lei, são biologistas moleculares que estudam
péptidos cerebrais, endomorfinas, hormonas, linfoquinas e interleuquinas.
Sabia-se que o corpo possuía duas linguagens essenciais para viver e
adaptar-se a um meio ambiente simultaneamente hostil e mutável: a
linguagem nervosa e a linguagem imunológica. Duas maneiras muito
diferentes de apreender situações infinitamente variáveis. Havia de
certa maneira uma partilha do trabalho: de um lado o cérebro, espécie
de poder executivo que vê, que ouve, que apalpa, que saboreia, que sente,
que toma decisões e organiza a adaptação; do outro, o sistema
imunitário, espécie de exército, de polícia, que está permanentemente de
sentinela para impedir que os intrusos, vírus, bactérias, enxertos,
células anormais, venham ameaçar a integridade do território humano.
Até ao presente, tinha-se um pouco a impressão de que se tratava de dois
sistemas independentes, executando cada um um trabalho distinto. Pois
bem, não é mais o caso; se no corpo social o poder político dirige o
exército e a polícia e não pode viver sem contar com a sua fidelidade,
do mesmo modo o corpo humano não vive com um sistema imunitário
independente do sistema nervoso, mas com um cérebro que orquestra tudo,
inclusive as nossas defesas, sabendo que em contrapartida a nossa
polícia o informa permanentemente da situação e da segurança nas
fronteiras, nos pontos quentes. Há uma espécie de diálogo permanente
entre as duas linguagens do corpo com predominância do cérebro. Hoje,
começa-se a comprová-lo. Se o cérebro não puder influir sobre as causas
do mal, a sua maneira de reagir intervém, para bem ou para mal, sobre a
maneira como o corpo se vai defender quando em dificuldades. À nossa
volta circulam permanentemente agressores perigosos, células tumorais. O
que pode mudar, em função do nosso tónus cerebral, é a maneira mais ou
menos forte com que os mantemos em respeito. A moral de aço, pulso de
ferro, poder-se-ia dizer. Quando o moral está excelente, tudo vai bem e
a resistência é máxima. Quando o moral baixa, as defesas diminuem e os
vírus, as bactérias e os tumores podem facilmente atacar.
MARTINE ALLAIN-REGNAULT, In: "Sciences et Avenir", Janeiro, 1986, p. 24
Texto 4
Quando há um século o leitor se sentava ao canto do lume, com os pés
enfiados nas pantufas, podia dispor do seu tempo e bastava-lhe ver no
jornal no começo de uma coluna: «Na Câmara dos Deputados...» ou «No
Palácio...», para ler o artigo de um extremo ao outro e saber o que
acontecera de importante na Câmara dos Deputados ou no Palácio. A arte
dos títulos ainda não existia. Hoje não nos encontramos mais nessa
situação: o leitor tem as suas exigências sobre as quais somos
informados pelas sondagens dos Institutos de opinião pública. Nos
Estados Unidos e na Inglaterra, muito mais do que no nosso país, os
grandes quotidianos mandam fazer inquéritos para conhecerem os tipos de
artigos, de notícias ou de colaboradores que os leitores mais apreciam.
Eis, em algumas palavras, quais os resultados.
A massa dos leitores
─
é necessário falar de massa uma vez que sabemos agora que não há
imprensa sem grande tiragem
─
lê com o maior agrado, por ordem de preferência, primeiro as notícias
relativas a grandes sinistros (inundações, terramotos, etc.); vêm
imediatamente a seguir aquilo que nós designaremos de grandes
acontecimentos ou "faits divers" (acidentes de aviação, acidentes de
comboios, etc.); em seguida, ou no mesmo plano, os crimes e os divórcios
(nos países anglo-saxónicos, os divórcios tomam muitas vezes o lugar
dado em França aos relatos de processos judiciais). Noutros termos, o
sangue e o sexo, eis o que procura o leitor. Vêm em seguida os desportos.
Têm-se visto certos jornais, cuja tiragem é medíocre, decidir fazer uma
página desportiva e felicitarem-se por esse motivo. É somente depois que
vêm as notícias políticas, excepção feita, evidentemente, a
acontecimentos de primeira ordem como, por exemplo, a morte de Staline.
Na maior parte das vezes não se lê mais do que os títulos. Quanto às
notícias científicas, nem vale a pena falar!
Por outras palavras, estamos numa época em que a curiosidade do
público se encontra ainda num estádio primário. Parece que os leitores
exigem do seu quotidiano uma leitura fácil; é-lhes indispensável títulos
e subtítulos para saberem rapidamente o que se passou, e ilustrações
fotográficas e desenhos. A primeira página de certos jornais limita-se a
apresentar títulos e imagens.
Estamos chegados a uma questão terrível: a imprensa popular será
necessariamente vulgar? Teremos de abandonar a esperança de vir a ter
uma imprensa com certo nível intelectual e moral? É difícil responder
com um sim ou com um não a esta questão, porque a imprensa é o reflexo
da sociedade onde ela aparece. Não gostaria de aqui minimizar a
responsabilidade dos jornalistas; ela é grande e mesmo maior. Os
directores de jornais não são vulgares comerciantes. Os jornais não são
apenas veículos de informações, são também veículos de opiniões; eles
têm uma importância social que nenhuma outra mercadoria possui. Neste
sentido, a responsabilidade de todo o jornalista que se preze deve levá-lo
a tentar educar o seu público; sem dúvida, ele dar-lhe-á, numa certa
medida e num certo tom, com que satisfazer-lhe a curiosidade, mas deverá
além disto procurar educá-lo, porque a imprensa é também um meio de
educação.
Todavia, muitos jornalistas a quem tem sido feita a censura de
estupidificar o público respondem: «Dêem-nos outra clientela! É culpa
nossa se as pessoas se precipitam para os jornais que lhes apresentam
crimes, sangue, etc.? Por que é que as escolas, de onde saem os leitores
de jornais, não formam leitores com outra mentalidade?»
Não se podem censurar exclusivamente os jornalistas e os directores de
jornais. O esforço tendo em vista melhorar a mentalidade do público deve
ser pedido a todos, às escolas, às igrejas, a todas as organizações
agrupando elites, do mesmo modo que aos jornalistas.
Parece-me que dois pontos devem ser postos em relevo. O primeiro, é que
os leitores deveriam consagrar um pouco mais do seu tempo à leitura dos
jornais. As sondagens revelam-nos que muitos deles não lêem mais do que
os títulos. Como familiarizar-se com as questões importantes da nossa
época se não se lê o que diz respeito à vida política, nacional ou
internacional? Importa, pois, saber dar um mínimo do seu tempo à leitura
do quotidiano na vida de todos os dias.
O segundo ponto, é o de obter jornais que tenham uma maior preocupação
com a dignidade do seu público, e em particular com a verdade. Todo o
leitor tem o direito e o dever de escrever a um director de um jornal
se entender poder censurá-lo por não ter respeitado a verdade. Certos
jornais vendidos às centenas de milhares de exemplares parecem ter um
desprezo absoluto pela verdade. Quer se trate de questões políticas ou
de assuntos privados, sobretudo se são explosivos, borrifam-se
plenamente para a verdade quando a história lhes parece divertida de
contar. Isto é inadmissível. O poder dos leitores a este respeito é
muito maior do que geralmente se pensa. As suas cartas dirigidas à
direcção de um jornal têm muitas vezes um resultado sério.
Para concluir, gostaria de responder claramente à questão que há pouco
punha a mim mesmo. Sim, penso que se pode, mesmo com grandes tiragens,
ter uma imprensa de qualidade, nas condições que indiquei. Em todo o
caso é necessário desejá-lo. Seríamos culpados de abandonar como um
caso desesperado esta imprensa, muitas vezes bastante vulgar porque o
público que a compra se resigna; está na possibilidade de cada um de nós
fazer um esforço para remediar esta situação, de tal modo que uma
imprensa de qualidade permita tirar o homem de preocupações demasiado
estreitas, para o fazer participar um pouco mais na vida do mundo.
P. DENOYER, Ce que réclame le lecteur d'aujourd'hui, in: "Aspects
de la Société Française", pp. 215-218.
Texto 5
A electrónica e a informática trouxeram novos meios ao escritório,
tornando a comunicação, a informação e a eficiência administrativas mais
rápidas e completas. Vários são os produtos e serviços que estas duas
tecnologias colocaram ao dispor da gestão empresarial.
O audifone permite a uma empresa ou a qualquer serviço, a partir
de uma linha telefónica única, difundir informações a um grande número
de pessoas que a chamam simultaneamente.
Basicamente, o audifone funciona da seguinte maneira: as
telecomunicações colocam, nas centrais telefónicas, difusores que se
adaptam de maneira muito flexível ao volume das chamadas.
Cada caixa difusora possui um ou dois circuitos de recepção da modulação
sonora (quatro por circuito) e de um a oito circuitos de modulação para
os auditores. O aparelho permite todo o tipo de configurações até à
transmissão de uma mesma modulação para 32 canais. É possível reunirem-se
vários dispositivos de 32 canais no mesmo número. As aplicações do audifone consideradas mais comuns são as de promoção de um produto ou de
um serviço (preço, características, postos de venda), informações úteis
e recreativas ou de referência (farmácias, táxis, aviões, espectáculos,
edições).
A telescrita é outro produto recente. Permite a dois
interlocutores afastados trocarem simultaneamente e a grande distância
informações gráficas. O sistema permite trabalhar-se em conjunto e
trocar impressões e comunicações. Consiste esquematicamente numa placa
electrónica
─
prancheta, dotada de teclas que permitem seleccionar cores, designar um
ponto qualquer no ecrã do televisor de recepção através de um «spot»
luminoso, safar parte de um desenho ou palavras, memorizar dados
gráficos. A esta placa está associado um processador que assegura a
gestão do sistema, particularmente a codificação das informações
gráficas, a sua emissão e recepção. O ecrã de recepção é constituído
por um vulgar monitor de TV. A telescrita pode funcionar conjuntamente
com a teleconferência e tem-se revelado muito útil para as empresas
gráficas, para os criadores gráficos e, também, para as pessoas com
deficiências auditivas. Uma característica interessante é a dos
terminais de telescrita e videotex poderem ser integrados, para
receberem e indicarem visualmente e de uma maneira simultânea páginas de
informações do tipo videotex.
A teleconferência vai tornar-se, num mundo muito denso de
transportes e cada vez com uma maior exigência de celeridade e poupança
de tempo, numa ferramenta de comunicação para a empresa.
A comunicação entre grupos e equipas, indispensável à vida económica
moderna, apresenta alguns factos contraditórios como a necessidade de,
trabalhando-se em grupo, se multiplicarem contactos e reuniões e, por
outro lado, a necessidade de dividir e descentralizar a gestão, o que
obriga a que haja sempre contacto entre grupos e pessoas. Portanto, a
necessidade de contacto é cada vez mais premente. Perante estas
dificuldades só há duas maneiras de resolvê-las: ou da forma tradicional,
que é a deslocação de pessoas e grupos, comportando isso perdas de tempo
e gastos continuados com transportes ou, para reuniões mais frequentes,
utilizar a teleconferência.
Com efeito, este meio permite que se efectuem reuniões de trabalho entre
dois grupos afastados mesmo que longinquamente, ou mesmo três ou quatro
grupos. Os participantes sentam-se em redor de uma mesa dotada de
microfones e altifalantes e dialogam livremente entre si como se
estivessem numa reunião convencional. Para trocar documentos escritos
podem dispor de telecópia e, para executarem grafismos, dispõem ainda de telescrita.
Empresa que queira dotar-se de um sistema de teleconferência terá de
dispor de um espaço próprio para este tipo de reuniões. Trata-se de um
estúdio que, no seu tamanho "standard", terá 2 m2 e algum tratamento
acústico. Os gastos com a instalação deste sistema rapidamente são pagos
pelas poupanças em todo o género de deslocações. A rentabilidade da
teleconferência é ainda mais evidente se se levar em conta a
contabilização de custos em tempo de deslocações das pessoas.
Se a teleconferência permite a troca verbal e o intercâmbio de
documentos escritos ou grafismos, a videoconferência (ou vídeo-reunião)
juntar-lhe-á a imagem dos intervenientes. Cada participante não só ouve
como vê os outros. O sistema está adequado a reuniões de quatro a seis
pessoas e não há necessidade de operador de imagens, já que o sistema é
automático e funciona por simples digitação da pessoa que está a falar.
O equipamento consta de dois monitores de TV, câmaras até ao máximo de
seis, microfones, centro de controlo e comutação automática de imagens
─
pode eventualmente ser manual
─,
podendo juntar-se uma câmara vertical para leitura de documentos,
câmaras panorâmicas, telecopiador. Este sistema está em fase de
lançamento, tendo obtido por parte de grandes empresas boa aceitação.
Prevê-se que até ao final desta presente década a videoconferência
esteja implantada por toda a Europa, América do Norte e Japão.
Sendo estas as formas mais avançadas de comunicação à distância, não se
podem esquecer as formas mais convencionadas, as quais têm sido sujeitas
a uma enorme evolução tecnológica e continuam a prestar muitos e bons
serviços. Graças ao conjunto da informática e das telecomunicações, a
transmissão tele-electrónica de documentos está em pleno auge com o
desenvolvimento de novos serviços de comunicação e transmissão de textos.
Neste contexto, o telex continua, apesar da sua «antiguidade», a
prestar óptimos serviços. Entre o telex tradicional e o novo telex a
distância é grande. Em virtude da sua grande difusão e standardização, o
desenvolvimento e o futuro do telex estão assegurados. As novas
possibilidades introduzidas pela tecnologia permitem integrar no telex
uma caixa de accionamento de terminal, um teclado maior e mais versátil,
poligrafismo, maior velocidade de batida, diminuição de ruído, maior
simplificação técnica, incorporação de ecrã de visualização de texto,
grande capacidade de memorização, inter-relação com computador tornando-se
num periférico para a transmissão à distância.
A telecópia é outro procedimento que podemos considerar como
tradicional, nascido pouco depois do telex. Depois dos aparelhos de
transmissão analógica, chegaram os de transmissão através de codificação
binária, permitindo um serviço mais rápido e de melhor qualidade. A
impressão e transmissão são feitas através das técnicas numéricas e a
telecópia inclui funções de resposta automática como a identificação do
transmissor.
Outro produto telemático é o teletex, uma máquina de tratamento
de texto que elabora documentos e faz o tratamento de texto e os
transmite à distância através de redes de telecomunicações. O teletex
permite a compatibilidade entre máquinas - mesmo internacionalmente
─
assegurando a transmissão de textos e documentos de memória a memória.
Alguns deste produtos e serviços ainda não estão implantados em Portugal
mas não tardarão a surgir. A receptividade das empresas aos meios
telemáticos é apreciável, tanto mais que se conclui pela sua grande
importância não só em termos de rapidez, como de economia de meios.
Haja em vista o que ocorreu com o telefax, uma telecópia prática
e expedita que permite, com bastante fidelidade, o envio de mensagens e
grafismos. A rede de telefax é já apreciável, após cerca de cinco anos
de existência entre nós.
O futuro do escritório como centro principal de gestão e dos negócios
passa necessariamente pela Telemática.
A «Escritório '90» e «Informática '90» procuram mostrar a todos os
interessados aquilo que é reflexo da mudança, desde o processador de
texto ao mobiliário mais moderno e ergonómico, passando pelo sempre
presente computador, cada dia mais utilizado e mais potente.
Extraído do destacável produzido por Publimédia e publicado no jornal
EXPRESSO de 29-Set.-1990.
[1] - Vejam-se textos exemplificativos no capítulo onde é abordada a
descrição.
[2] - Acerca dos problemas da codificação estrutural da mensagem escrita
e das condições para a sua perfeita prática, veja-se, por exemplo, a
sugestão fornecida por J. D. Pinto Correia, na obra já citada, pp.
104-109. Segundo ele, a codificação estrutural da mensagem poderá
fazer-se de acordo com diferentes fases, que sinteticamente
transcrevemos: 1) - tema - Assunto; 2) - Várias ideias -
criatividade; 3) - Natureza da mensagem (intenção, nível de língua,
doseamento da lógica/expressividade); 4) - Plano (de acordo com os
objectivos); 5) - Redacção da mensagem; 6) - 1ª revisão (coerência
interna); 7) - 2ª revisão (aperfeiçoamento); 8) - 3ª revisão (pormenores);
9) - Publicação ou apresentação do trabalho.
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