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                | 
                
                Onde obter a informação: serviços de documentação; meios de 
                comunicação social; livros técnicos, obras de vulgarização e 
                manuais escolares; bibliotecas públicas e privadas; dicionários 
                e enciclopédias; meios informáticos. Algumas regras para 
                pesquisa da informação. Como organizar/arquivar a informação. 
                Saber ouvir e tomar notas. A leitura e sua classificação 
                tipológica. Condições para uma boa leitura. A leitura rápida. A 
                leitura em  voz alta. O plano ou estrutura dos textos. O resumo. |  |   |  
        
        O 
        PLANO OU ESTRUTURA DOS TEXTOS
 
        Quer tenhamos de ler  os textos, quer tomemos 
        conhecimento deles através da comunicação oral, é condição importante 
        para uma boa compreensão saber distinguir o plano estabelecido pelo 
        autor, a partir do qual foram desenvolvidas as ideias.   
        
        Do 
        mesmo modo que o nosso corpo, constituído pelos diferentes membros e 
        órgãos, necessita de um suporte ósseo devidamente estruturado e 
        articulado, envolvido pelos músculos, para bem nos exprimirmos, 
        oralmente ou por escrito, necessitamos de estabelecer previamente o 
        esqueleto do texto, ou seja, torna-se necessário um plano de 
        desenvolvimento, que deveremos estabelecer e respeitar.  Todo o 
        enunciado produzido que apresente uma certa importância deve seguir um 
        plano, quer se trate de uma modesta intervenção, quer de uma conferência, 
        de um trabalho ou de um relatório de grande importância.  Até mesmo uma 
        simples conversa, desde que se proponha um objectivo mais sério, apesar 
        da maior liberdade de expressão inerente à situação de diálogo, deverá 
        obedecer a um plano prévio, sem o que a sua progressão se fará de 
        maneira desarticulada. 
        
        Elaborar um plano de desenvolvimento, embora necessário, torna-se por 
        vezes difícil de realizar. Se há pessoas que, com relativa facilidade, 
        conseguem elaborar um plano harmonioso e coerente, outras acabam por 
        sair frustradas ao procurarem concebê-lo. Uma das melhores maneiras de 
        vencer este obstáculo consistirá em procurar descobrir os planos de 
        desenvolvimento a partir de textos já existentes. É esta, aliás, a mesma 
        técnica que usa, por exemplo, um principiante nas Belas-Artes, ou um 
        pintor que deseja desenvolver as suas técnicas. É a partir de trabalhos 
        de artistas consagrados, pela análise das suas técnicas, que as nossas 
        próprias capacidades poderão ser desenvolvidas e aperfeiçoadas.  Será, 
        pois, extremamente útil, quando assistimos a uma palestra, a uma 
        conferência ou a um discurso, ou quando lemos um texto, procurarmos 
        prestar atenção, não apenas aos conteúdos ideológicos, mas a todo o 
        conjunto de técnicas utilizadas para exposição dessas mesmas ideias. 
        
        Vejamos o caso concreto da situação do discurso ou da conferência. Mesmo 
        tratando-se da apresentação de uma breve mensagem, se lhe prestarmos a 
        devida atenção, constataremos que apresenta uma determinada estrutura. 
        Geralmente, notaremos a existência de uma ideia principal ou tema, 
        apoiada e complementada por um conjunto de ideias secundárias, que 
        convergem para a principal, confirmando-a ou refutando-a, enriquecendo-a 
        negativa ou positivamente, de acordo com a intencionalidade do orador.  
        E na base das ideias, verificaremos que existe uma determinada sequência 
        ou estrutura de desenvolvimento, que permite uma harmonia e coerência de 
        todo o conjunto. 
        
        Vejamos, de maneira ainda mais concreta, por que motivo afirmamos que a 
        ideia principal pode ser enriquecida com ideias secundárias com carga 
        negativa ou positiva. Suponhamos que o orador pretende abordar o tema da 
        poluição, procurando acentuar-lhe os perigos. Após uma primeira chamada 
        de atenção, de uma maneira geral, para o perigo da poluição, o orador 
        passa a aspectos mais particulares, enriquecendo a afirmação geral a 
        partir de vários exemplos concretos, todos eles de valor negativo, que 
        reforçarão a ideia-chave. 
        
        Contrariamente, se pretende mostrar as virtudes ou as vantagens de 
        determinado produto, ideia ou princípio, irá utilizar uma estratégia 
        idêntica à anterior, mas de sinal contrário. Os casos particulares que 
        irá apresentar terão todos uma carga positiva, valorizando a ideia-chave. 
        
        Além 
        do recurso às palavras, no caso da situação da comunicação oral, o 
        orador recorre a outros elementos extra-verbais, aos quais deveremos 
        igualmente prestar atenção: a mímica, o gesto, e a voz, mais ou menos 
        rápida, com maior ou menor intensidade, com determinadas entoações, com 
        pausas expressivas  e, sobretudo, com o recurso a certas palavras ou 
        articuladores do discurso, tais como fórmulas de introdução, fórmulas de 
        enumeração, apresentação de exemplos, etc. 
        
        Do 
        mesmo modo que podemos detectar todas as características anteriormente 
        apontadas em situações de comunicação oral, também nos textos escritos
        
        
        
        
        ─ 
        e nestes de maneira ainda mais fácil, porque permitem uma análise mais 
        pormenorizada
        ─ 
        as poderemos destacar. 
        
        De 
        uma maneira geral, em todos os textos encontramos uma estrutura mais ou 
        menos de acordo com o esquema:  
        
        I - 
        INTRODUÇÃO 
        - parte inicial do texto, que apresenta o tema ou a ideia principal, que 
        irá ser desenvolvida na sequência do texto. Por vezes, além da ideia 
        principal, enumera antecipadamente todos os pontos ou aspectos que irão 
        ser desenvolvidos. 
        
        II - 
        DESENVOLVIMENTO 
        - todo o conjunto de ideias ou aspectos que vão sendo sucessivamente 
        expostos, de maneira lógica e coerente, a fim de comprovar ou explicar 
        convincentemente a ideia-chave. 
        
        III - 
        CONCLUSÃO 
        - parte final de toda a exposição ou texto, que resume tudo quanto foi 
        exposto ou demonstrado, podendo levar a uma resposta ou a uma solução. 
        
        Deveremos desde já fazer notar que, frequentemente, quando se trata da 
        análise de excertos de capítulos ou de textos mais longos, é por vezes 
        difícil encontrar uma estrutura que esteja de acordo com o esquema atrás 
        referido. 
        
        Antes 
        de abordarmos um texto, seja ele qual for, e de procurarmos a sua 
        estrutura e ideias, há uma primeira etapa que importa respeitar: não se 
        pode entender a globalidade da mensagem se não eliminarmos previamente 
        as dificuldades inerentes à linguagem. Assim, a primeira preocupação, 
        após a leitura global do texto, deverá ser a de reflectirmos sobre os 
        problemas da linguagem. Deveremos efectuar o levantamento de todo o 
        vocabulário difícil e procurar descodificá-lo com a ajuda de um 
        dicionário. Do mesmo modo, quando deparamos com expressões cujo sentido 
        nos escapa plenamente, deveremos efectuar uma pausa para reflectirmos 
        mais profundamente sobre elas. 
        
        Desbravadas todas as dificuldades linguísticas, estaremos aptos a passar 
        à etapa seguinte: descobrir a ideia fundamental. 
        
        A 
        ideia fundamental vem frequentemente expressa no começo ou no fim do 
        texto. Por vezes encontra-se condensada no próprio título. No entanto, 
        convirá adoptar uma atitude de desconfiança perante os títulos pois, 
        frequentemente, para atrair a atenção do leitor, especialmente nos  
        meios jornalísticos, são centrados sobre aspectos secundários ou 
        parciais. Ao mesmo tempo que procuramos destacar a ideia fundamental ou 
        ideia-chave, é vantajoso sublinhar as expressões relativas às ideias 
        secundárias. 
        
        À 
        medida que efectuamos o levantamento da ideia-chave e das ideias 
        secundárias, poderemos começar a distinguir e a anotar no 
        texto os diferentes momentos. Para facilitar a «releitura» do texto, 
        podemos ir dando subtítulos a essas partes ou momentos, que podem ir 
        desde uma frase curta até uma simples palavra que resuma o conteúdo 
        dessa parte. 
        
        Convirá igualmente, para desenvolvimento da nossa técnica expositiva, 
        prestar atenção às articulações lógicas que se podem utilizar ao longo 
        da exposição das ideias, quer dentro dos parágrafos, quer sobretudo na 
        ligação entre eles. Estes articuladores do discurso, além de 
        estabelecerem a ligação entre as diferentes ideias, ajudam a descobrir 
        as etapas no desenvolvimento da exposição. 
        
        Podemos considerar quatro grandes classes de articuladores do 
        discurso: de enunciação, que anunciam ou sublinham que aquilo 
        que vai ser dito é apenas um momento na exposição das ideias; de 
        ligação, que permitem ligar o que foi com o que vai ser dito; de 
        chamada ou de lembrança, que reenviam para aquilo que já foi dito; 
        de conclusão, que indicam o termo de um desenvolvimento, o fim de 
        uma enumeração, a conclusão. Estes articuladores são vários e encontram-se 
        indicados no quadro da figura 6, juntamente com alguns exemplos. Convirá 
        notar que, para além dos exemplos indicados, poderemos encontrar muitas 
        outras formas de articulação do discurso. No quadro da figura 6 apenas 
        foram indicadas as mais importantes e frequentes. Encontramos diferentes 
        articuladores, quer a nível das conjunções, quer dos advérbios. 
         Figura 6: Diferentes 
        classes de articuladores do discurso. Apresentação de alguns exemplos.
 
        
        Sugestão de trabalho 4 
        Leia 
        atentamente o texto a seguir   transcrito, procurando: 
        1 - 
        Destacar a sua estrutura; 
        2 - 
        Dar um título a cada uma das partes e sintetizar as ideias; 
        3 - 
        Registar os articuladores do discurso nele presentes. (Verifique se já 
        estão indicados no quadro da figura 6; caso contrário, acrescente-os).
 
        
        Observação: Poderá ampliar os três recortes do jornal «clicando» 
        sobre eles. 
          
        
         
 
 
        
         
 
  
        
        Dissemos já que um texto correctamente elaborado deverá obedecer a uma 
        estrutura organizada, a um plano previamente estabelecido, constituído 
        normalmente por três partes: uma introdução, um desenvolvimento e uma 
        conclusão. Vimos também que, para o desenvolvimento das ideias, as 
        diferentes partes se encontram ligadas por meio de diferentes tipos de 
        articuladores do discurso.
 
        
        Será 
        agora conveniente analisarmos as técnicas de elaboração de planos, 
        ou seja, reflectirmos um pouco sobre as diferentes estruturas 
        de que nos podemos servir para a elaboração de um plano de 
        desenvolvimento. 
        
          
        
        A 
        estrutura mais simples e mais primitiva consiste na técnica da adição. 
        É a técnica que, numa primeira fase, todos temos tendência a utilizar. 
        Até mesmo uma criança a utiliza espontaneamente para contar, por exemplo, 
        o que fez quando brincou com os colegas: «Fizemos isto, depois aquilo, 
        em seguida... e depois...» 
        
        Consiste em enumerar ou inventariar factos, colocando-os uns após 
        os outros segundo uma determinada sequência: cronológica; crescente; 
        decrescente; de causa-efeito; etc. 
        
        O 
        plano por adição é por vezes posto de maneira mais evidente através de 
        diversos processos: através da apresentação de uma fórmula introdutória, 
        que anuncia cada um dos elementos da enumeração; pela numeração seguida 
        dos diferentes elementos; pelo emprego de expressões que indicam a 
        justaposição dos elementos ou das acções (primeiro ou em primeiro lugar, 
        ... depois...  em seguida ...  finalmente.) 
        
        Este 
        tipo de plano apresenta a grande vantagem de permitir uma exposição 
        clara, bem ordenada e de fácil elaboração. É a técnica que ultimamente é 
        mais utilizada pelos meios de comunicação social e também em certos 
        discursos políticos. No primeiro momento, na introdução, apresentam-se 
        dois ou três factos; no momento seguinte, no desenvolvimento, retoma-se 
        e desenvolve-se adequadamente cada um dos aspectos apresentados na 
        introdução; na conclusão, faz-se a síntese de tudo quanto foi 
        apresentado, indicando-se a solução ou a conclusão final a que se chegou. 
        
        Quando acontece que um número de elementos a abordar é bastante elevado, 
        pode-se utilizar uma técnica mais elaborada mas decorrente da primeira. 
        Utiliza-se como que uma adição de segundo grau. Agrupam-se os 
        diferentes elementos por categorias, procedendo-se depois à análise de 
        cada uma delas. 
        
        Além 
        da técnica mais elementar, intuitiva e espontânea, como é a da adição, 
        poderemos utilizar outras: o movimento linear; a oposição ou contraste; 
        o raciocínio; o silogismo. 
        
        O 
        movimento linear é também uma técnica bastante fácil de seguir e 
        corresponde às duas dimensões do universo humano: o espaço e o tempo. É 
        a técnica que encontramos com frequência, quer quando elaboramos, por 
        exemplo, uma descrição, quer quando narramos acontecimentos segundo a 
        sua ordem cronológica. 
        
        No 
        caso de uma descrição, utilizamos normalmente uma sequência de tipo 
        espacial, começando num determinado ponto e seguindo um movimento linear 
        até ao ponto extremo. A partir desta técnica do movimento linear, torna-se 
        fácil introduzir pequenas variações na apresentação daquilo  que se 
        pretende descrever[1]. 
        Quando apresentamos a narração de acontecimentos, recorre-se geralmente 
        à ordem temporal ou cronológica. O tempo flui sempre linearmente, as 
        horas e os minutos sucedem-se regularmente às horas e aos minutos, os 
        dias aos dias, os anos aos anos, e assim sucessivamente. Deste modo, 
        poderemos utilizar um plano linear, com base no fluir cronológico, 
        apresentando os factos de acordo com o seu desenrolar temporal. É este 
        esquema o mais habitual no desenvolvimento de factos subordinados ao 
        decurso temporal. É o que encontramos, por exemplo, na apresentação de 
        textos de carácter histórico. No domínio da ficção literária, embora 
        seja este o esquema mais usual,  poderemos encontrar variações a esta 
        estrutura.  Por exemplo, em algumas obras, a acção começa na parte 
        final; a certa altura, dá-se um recuo no tempo e todos os acontecimentos 
        são apresentados linearmente até se voltar a alcançar o ponto de partida. 
        No entanto, outros esquemas são passíveis de ser encontrados. 
        
          
        
        A 
        oposição por contraste ou, como também é designada, a 
        estrutura 
        por simetria ou antonímia, é um tipo de estrutura frequentemente 
        utilizado.  Tal como o nome permite deduzir, é um processo que recorre à 
        colocação lado a lado de termos ou elementos antitéticos, tais como os 
        ricos e os pobres, a cidade e o campo, a noite e o dia, o magro e o 
        gordo, o masculino e o feminino, o bem  e o mal, o forte e o fraco, a 
        guerra e a paz, as vantagens e os inconvenientes, etc. 
        
        Um 
        plano de desenvolvimento pode ser elaborado tendo por base um 
        determinado tipo de raciocínio, partindo da apresentação de um 
        facto  e procurando, a partir dele, as relações de causalidade e as 
        consequências, estabelecendo-se uma sequência do tipo: I - Apresentação 
        da situação; II - As causas dessa situação e as respectivas 
        consequências; III - As conclusões finais. 
        
        Mas 
        ainda com base no raciocínio, poderemos elaborar um plano de 
        desenvolvimento tomando como ponto de partida um conjunto de hipóteses. 
        Por exemplo, suponhamos que pretendemos  realizar um determinado 
        projecto. No primeiro momento, apresentamos aquilo que iremos analisar, 
        ou seja, o tema; no segundo, no desenvolvimento do plano, apresentamos 
        um conjunto de hipóteses prováveis, prevendo-se as possíveis 
        consequências, caso as condições previstas se concretizem. Como é lógico, 
        a cada hipótese corresponderá um sub-momento, podendo estas serem 
        analisadas sequencialmente, segundo um critério decrescente de 
        probabilidades de se verificarem as condições previstas. Na terceira e 
        última parte, a conclusão, será feito o balanço de tudo quanto foi 
        analisado,  apresentando-se, em síntese, as conclusões a que se chegou. 
        
          
        
        Outro 
        tipo de raciocínio que poderá ser utilizado na elaboração de um plano de 
        desenvolvimento é o silogismo. É este um tipo de raciocínio  
        formal, que permite chegar a uma conclusão a partir de duas afirmações, 
        a que se dá o nome de premissas, respectivamente a premissa 
        maior e a premissa menor. Como ficará um plano tendo em conta 
        esta forma de raciocínio? Na primeira parte, começa-se por apresentar a 
        premissa maior, a afirmação que vai procurar demonstrar-se. Por exemplo, 
        «a evolução das modernas sociedades está condicionada pelo progresso 
        técnico». Em seguida, é apresentada a premissa menor: «a progressão 
        técnica evolui de maneira uniforme». A partir destas duas premissas, 
        poder-se-á então concluir que a evolução das sociedades terá logicamente 
        de ser também uniforme.  Apresentados os dados do problema e a 
        respectiva conclusão, na segunda parte proceder-se-ia à apresentação de 
        factos históricos que viessem comprovar a conclusão. 
        
          
        
        Além das técnicas apresentadas para a elaboração e 
        desenvolvimento de um plano de trabalho, poderemos criar outras que 
        resultem da  combinação destas. Poderemos criar um tipo de plano que 
        parta do geral para o particular ou do particular para o geral. 
        Poderemos criar planos diferentes e mais complexos, tudo dependendo dos 
        objectivos, da maior ou menor complexidade do problema a analisar e, 
        sobretudo, da capacidade de raciocínio e do maior ou menor domínio da  
        língua que se utiliza. Quer tenhamos de fazer um trabalho simples, quer 
        bastante elaborado, para todos eles se impõe a elaboração prévia de um 
        plano de desenvolvimento claro e lógico, que nos forneça um caminho 
        seguro a seguir. De uma maneira geral, toda a gente utiliza mais ou 
        menos, com maior ou menor destreza, as mesmas estruturas de raciocínio. 
        E com um pouco de reflexão a partir de textos já existentes e da prática 
        pela criação dos nossos próprios textos, todos poderemos vir a criar 
        trabalhos devidamente planificados e redigidos, quer para uma 
        intervenção escrita, quer oral[2] 
          . 
        
        Sugestão de trabalho 5 
        Leia 
        os textos a seguir apresentados e procure efectuar as seguintes 
        actividades: 
        1 - 
        Desmontar o plano ou estrutura de desenvolvimento seguido pelos autores; 
        2 - 
        Procurar subdividir as diferentes partes em momentos; 
        3 - 
        Sintetizar numa frase ou num simples título o conteúdo de cada  momento; 
        4 - 
        Procurar dar um título sugestivo para cada texto; 
        5 - 
        Procurar ver qual a técnica utilizada: adição; linear; oposição; 
        raciocínio; mista.
 
          
        Texto 
        1 
          
        
        Aos bebés americanos ausentes, o semanário «Time»
        ─ 
        quatro milhões de exemplares vendidos
        ─ 
        dedicou a capa; aos germânicos, o chanceler alemão Helmut Schmidt, uma 
        sessão de trabalho perturbante: nascerão este ano menos alemães do que 
        morrerão. A Holanda, fatalista, fechou várias maternidades; a Suécia, 
        preocupada, deseja reabrir as suas. Nas águas cinzentas do Tamisa, o 
        recém-nascido inglês apresenta-se como um reflexo do país: anémico. Se 
        dar a vida mede a fé de uma civilização, o Ocidente atravessa hoje uma 
        das mais graves crises de confiança da sua história. 
        
        Preservada até agora, a França inclina-se, por sua vez, sobre os seus 
        berços vazios. Desde o começo do ano, este país, com 52,5 milhões de 
        habitantes, situado na 15ª posição mundial, regista uma queda 
        espectacular na taxa de natalidade.  Um estudo, incidindo nas cento e 
        dez cidade mais importantes, permitiu constatar uma descida inquietante 
        dos nascimentos, no decurso dos sete primeiros meses do ano. Se esta 
        tendência se mantiver - e há todos os motivos para acreditar nela - o 
        país conhecerá, este ano, um défice nítido de noventa mil nascimentos. 
        Em 1972 nasciam ainda oitocentos e setenta e cinco mil jovens franceses. 
        Não serão mais do que setecentos e setenta mil este ano.  
        
        Mais grave ainda: os demógrafos situam em 2,1 crianças por mulher o 
        nível de crescimento demográfico zero de uma população. Até ao último 
        ano, cada Francesa punha neste mundo, em média, 2,36 crianças. Este ano, 
        a taxa de fecundidade cai para 2,05. Excluídos os períodos de guerra, a 
        nossa história não conheceu senão um precedente: 1935, ano negro da 
        natalidade francesa. 
        
        Os fenómenos de população escapam às explicações sumárias. Nenhum 
        demógrafo consegue explicar por que motivo, de repente, no Outono 
        passado, os Franceses desejaram menos crianças. Evidentemente, é 
        possível discernir as componentes do fenómeno. A mortalidade infantil 
        diminui. No começo do século XIX, um recém-nascido sobre cinco morria no 
        primeiro ano. Um bebé apenas em sessenta desaparece hoje com tenra idade. 
        
        A vida moderna prolonga os estudos, retarda a entrada na vida activa, 
        diminui o período  de fertilidade da mulher. 
        
        Estas fornecem hoje à França o terço da população activa. Esta proporção 
        vai aumentando sucessivamente. Em cem mães, trinta e quatro trabalhavam 
        em 1953. Hoje elas são mais de quarenta. «As mulheres não crêem mais que 
        vieram ao mundo com o único objectivo de fazer filhos», explica um 
        psiquiatra americano, o doutor John Blitzer. 
        
        A excessiva população urbana, a asfixia das cidades, a crise de matérias 
        primas, os problemas do crescimento sensibilizaram uma população que 
        vive diariamente, no metro, nos engarrafamentos ou nas cidades 
        dormitórios, as agressões do excesso de habitantes. 
        
        O mundo moderno é, em suma, hostil às grandes famílias. O automóvel foi 
        concebido para quatro pessoas, um «seis lugares»  torna-se já difícil de 
        encontrar. 
        
        Os peritos debatem-se com as responsabilidades do aborto. Os seus 
        partidários fazem simplesmente notar que a descida de natalidade 
        atingirá a França mesmo antes da lei ter sido votada. 
        
        Um sonho desfaz-se, o dos cem milhões de Franceses pretendidos pelo 
        general de Gaulle. Tudo faz prever que a França navegará ao longo do 
        século XXI com uma equipagem pouco mais numerosa que actualmente. 
        Consequências:  uma mutação profunda da sociedade francesa e, mais 
        genericamente, ocidental. Na França contemporânea, duas pessoas 
        trabalham para três inactivas. A descida da natalidade reduzirá ainda o 
        peso dos elementos mais dinâmicos, ao mesmo tempo que crescerá o número 
        de pessoas idosas. Revelar-se-á talvez necessário manter em actividade 
        uma parte crescente dos batalhões da terceira idade. Contrariamente às 
        campanhas sindicais, a idade da reforma deverá ser elevada e não 
        reduzida. Na Suécia, acaba recentemente de passar de sessenta e cinco 
        para sessenta e sete anos. 
        
        O peso das velhas gerações reduzirá as possibilidades de promoção 
        social. Os quadros subalternos de quarenta e cinco anos serão uma legião. 
        Sem que por isso surjam falhados. Simplesmente, o êxito social  não 
        poderá mais ser o critério decisivo do desabrochamento pessoal. 
        
        Os conflitos de geração arriscam-se a aumentar em vez de se atenuarem.  
        Os idosos são tradicionalmente mais conservadores. Quais as formas que 
        tomará a impaciência das gerações ascendentes? Ninguém pode hoje 
        responder a esta questão. A democracia é a lei do número. A juventude 
        acomodar-se-á facilmente se ela lhe for contrária? 
        
        J.-C. H., in "Paris-Match" nº 326 de 5 de Outubro de 1974, pág. 
        69.
 
        
          
        
        Texto 2 
        
          
        
        A França  tem, ao que parece, três vertentes que correspondem a três 
        caracteres diferentes. Há em França uma vertente ocidental, uma vertente 
        europeia e uma vertente mediterrânica. 
        
        Pela sua vertente ocidental, a França tem um fundo atlântico: ela 
        pertence ao Oceano, ela olha para o Ocidente, ela olha para o exterior, 
        ela está aberta às influências extra-continentais; significa isto que 
        ela está dotada, em certa medida, de um espírito de expansão e de 
        aventura; e, pelo facto de olhar para o Ocidente, ela pertence ao grupo 
        ocidental, ou seja, aos países liberais, que são a Inglaterra ou ainda 
        os Estados Unidos. Uma civilização franco-anglo-americana, tendo o seu 
        eixo no Atlântico, responde a todo um aspecto da França; mas não é este 
        mais do que um dos aspectos. 
        
        O segundo aspecto é a vertente continental europeia. A França, 
        geograficamente, pertence ao continente europeu por um laço carnal do 
        qual é inseparável. Este elo carnal, não o possui a Inglaterra e muito 
        menos a Escandinávia. Todo o nosso lado  oriental, em França, pertence 
        já à Europa central, quer se trate da Flandres, da Lorena, da Alsácia, 
        da Franche-Comté, quase, numa certa medida, da Borgonha e da Sabóia.  
        Quando nos encontramos nesta zona oriental da França, encontramo-nos já 
        na atmosfera da Europa central. Uma cidade como Lyon, como Nancy, como 
        Estrasburgo, como Mulhouse, e ainda outras, são cidades da Europa 
        central. E nós somos de tal modo inseparáveis do continente europeu que 
        é inconcebível formar uma Europa sem a França e bem difícil conceber uma 
        França tendo uma existência independente fora do continente europeu. 
        
        Terceiro aspecto, de todos o mais curioso, é o nosso aspecto 
        mediterrânico. Pela sua frente mediterrânica, a França está em contacto 
        directo com a Ásia, com a África, com o Oriente, com o Extremo-Oriente, 
        ou seja, não apenas com um mundo extra-europeu, mas com o passado 
        ilustre da humanidade. Um mediterrânico tem atrás de si dois ou três mil 
        anos de história. Ele não é  estrangeiro nem na Argélia, nem no Egipto, 
        nem mesmo na Ásia Ocidental. Ele está à vontade no mundo romano, no 
        mundo grego. Numa palavra, a nossa tradição clássica, para o 
        Mediterrâneo, é uma perfeita realidade. E, nestas condições, nós 
        pertencemos a civilizações muito antigas, a formas de cultura 
        tradicionais com as quais o Ocidente perdeu o contacto. A Inglaterra 
        perdeu este contacto, a América igualmente, enquanto nós, devido a isto, 
        temos relações familiares com tipos de civilizações que o Ocidente não 
        conhece. 
        
        Estes três aspectos, tão diferentes, unamo-los numa personalidade comum 
        e temos a França, uma França muito unida mas muito contraditória. 
        
          ANDRÉ SIEGFRIED, Aspects de la Société Française, Introdução, 
        pp. 7-9, Livraria geral de direito e de jurisprudência, 1954.  (tradução 
        livre)
   
        
        Texto 3
 
        
        Desde há séculos que nos perguntamos sem encontrar respostas: a 
        infelicidade tornar-nos-á fisicamente doentes? Durante longo tempo foi 
        necessário escolher um campo, na ausência da menor prova: admitir o 
        facto sem o compreendermos ou, pelo contrário, negá-lo, por falta de 
        justificação científica. Hoje, as coisas mudam de aspecto. Os progressos 
        espectaculares da biologia e sobretudo de duas das suas filhas, a neuro-endocrinologia 
        e a imunologia, permitem conciliar o inconciliável, e começa-se a pensar 
        que um stress ou uma depressão podem não engendrar mas desencadear uma 
        doença infecciosa, até mesmo um cancro. Começa-se a demonstrar que um 
        optimista tem mais probabilidades "de se safar" do que um pessimista, 
        tudo isto porque entre o sistema nervoso central e o sistema imunológico 
        se descobrem ligações extremamente estreitas e sistemas de informação 
        plenamente notórios. Não são mais os rumores populares e as fórmulas dos 
        curandeiros que ditam esta lei, são biologistas moleculares que estudam 
        péptidos cerebrais, endomorfinas, hormonas, linfoquinas e interleuquinas. 
        
        Sabia-se que o corpo possuía duas linguagens essenciais para viver e 
        adaptar-se a um meio ambiente simultaneamente hostil e mutável: a 
        linguagem nervosa e a linguagem imunológica. Duas maneiras muito 
        diferentes de apreender situações infinitamente variáveis. Havia de 
        certa maneira uma partilha do trabalho:  de um lado o cérebro, espécie 
        de poder executivo que vê, que ouve, que apalpa, que saboreia, que sente, 
        que toma decisões e organiza a adaptação;  do outro, o sistema 
        imunitário, espécie de exército, de polícia, que está permanentemente de 
        sentinela para impedir que os intrusos, vírus, bactérias, enxertos, 
        células anormais, venham ameaçar a integridade do território humano. 
        
        Até ao presente, tinha-se um pouco a impressão de que se tratava de dois 
        sistemas independentes, executando cada um um trabalho distinto. Pois 
        bem, não é mais o caso;  se no corpo social o poder político dirige o 
        exército e a polícia e não pode viver sem contar com a sua fidelidade, 
        do mesmo modo o corpo humano não vive com um sistema imunitário 
        independente do sistema nervoso, mas com um cérebro que orquestra tudo, 
        inclusive as nossas defesas, sabendo que em contrapartida a nossa 
        polícia o informa permanentemente da situação e da segurança nas 
        fronteiras, nos pontos quentes. Há uma espécie de diálogo permanente 
        entre as duas linguagens do corpo com predominância do cérebro. Hoje, 
        começa-se a comprová-lo. Se o cérebro não puder influir sobre as causas 
        do mal, a sua maneira de reagir intervém, para bem ou para mal, sobre a 
        maneira como o corpo se vai defender quando em dificuldades. À nossa 
        volta circulam permanentemente agressores perigosos, células tumorais. O 
        que pode mudar, em função do nosso tónus cerebral, é a maneira mais ou 
        menos forte com que os mantemos em respeito. A moral de aço, pulso de 
        ferro, poder-se-ia dizer. Quando o moral está excelente, tudo vai bem e 
        a resistência é máxima. Quando o moral baixa, as defesas diminuem e os 
        vírus, as bactérias e  os tumores podem facilmente atacar. 
        
        MARTINE ALLAIN-REGNAULT, In: "Sciences et Avenir", Janeiro, 1986, p. 24 
        
          
        
          
        
        Texto 4 
        
          
        
        Quando há um século o leitor se sentava ao canto do lume, com os pés 
        enfiados nas pantufas, podia dispor do seu tempo e bastava-lhe ver no 
        jornal no começo de uma coluna: «Na Câmara dos Deputados...» ou «No 
        Palácio...», para ler o artigo de um extremo ao outro e saber o que 
        acontecera de importante na Câmara dos Deputados ou no Palácio. A arte 
        dos títulos ainda não existia. Hoje não nos encontramos mais nessa 
        situação: o leitor tem as suas exigências sobre as quais somos 
        informados pelas sondagens dos Institutos de opinião pública. Nos 
        Estados Unidos e na Inglaterra, muito mais do que no nosso país, os 
        grandes quotidianos mandam fazer inquéritos para conhecerem os tipos de 
        artigos, de notícias ou de colaboradores que os leitores mais apreciam.  
        Eis, em algumas palavras, quais  os resultados. 
        
        A massa dos leitores
        ─ 
        é necessário falar de massa uma vez que sabemos agora que não há 
        imprensa sem grande tiragem
        ─ 
        lê com o maior agrado, por ordem de preferência, primeiro as notícias 
        relativas a grandes sinistros (inundações, terramotos, etc.); vêm 
        imediatamente a seguir aquilo que nós designaremos de grandes 
        acontecimentos ou "faits divers" (acidentes de aviação, acidentes de 
        comboios, etc.); em seguida, ou no mesmo plano, os crimes e os divórcios 
        (nos países anglo-saxónicos, os divórcios tomam muitas vezes o lugar 
        dado em França aos relatos de processos judiciais).  Noutros termos, o 
        sangue e o sexo, eis o que procura o leitor. Vêm em seguida os desportos. 
        Têm-se visto certos jornais, cuja tiragem é medíocre, decidir fazer uma 
        página desportiva e felicitarem-se por esse motivo. É somente depois que 
        vêm as notícias políticas, excepção feita, evidentemente, a 
        acontecimentos de primeira ordem como, por exemplo, a morte de Staline. 
        Na maior parte das vezes não se lê mais do que os títulos.  Quanto às 
        notícias científicas, nem vale a pena falar! 
        
           Por outras palavras, estamos numa época em que a curiosidade  do 
        público se encontra ainda num estádio primário. Parece que os leitores 
        exigem do seu quotidiano uma leitura fácil; é-lhes indispensável títulos 
        e subtítulos para saberem rapidamente o que se passou, e ilustrações 
        fotográficas e desenhos. A primeira página de certos jornais limita-se a 
        apresentar títulos e imagens. 
        
        Estamos chegados a uma questão terrível: a imprensa popular será 
        necessariamente vulgar? Teremos de abandonar a esperança de vir a ter 
        uma imprensa com certo nível intelectual e moral? É difícil responder 
        com um sim ou com um não a esta questão, porque a imprensa é o reflexo 
        da sociedade onde ela aparece. Não gostaria de aqui minimizar a 
        responsabilidade dos jornalistas; ela é grande e mesmo maior. Os 
        directores de jornais não são vulgares comerciantes. Os jornais não são 
        apenas veículos de informações, são também veículos de opiniões; eles 
        têm uma importância social que nenhuma outra mercadoria possui. Neste 
        sentido, a responsabilidade de todo o jornalista que se preze deve levá-lo 
        a tentar educar o seu público; sem dúvida, ele dar-lhe-á, numa  certa 
        medida e num certo tom, com que satisfazer-lhe a curiosidade, mas deverá 
        além disto procurar educá-lo, porque a imprensa é também um meio de 
        educação. 
        
        Todavia, muitos jornalistas a quem tem sido feita a censura de 
        estupidificar o público respondem: «Dêem-nos outra clientela! É culpa 
        nossa se as pessoas se precipitam para os jornais que lhes apresentam 
        crimes, sangue, etc.? Por que é que as escolas, de onde saem os leitores 
        de jornais, não formam leitores com outra mentalidade?» 
        
        Não se podem censurar exclusivamente os jornalistas e os directores de 
        jornais. O esforço tendo em vista melhorar a mentalidade do público deve 
        ser pedido a todos, às escolas, às igrejas, a todas as organizações 
        agrupando elites, do mesmo modo que aos jornalistas. 
        
        Parece-me que dois pontos devem ser postos em relevo. O primeiro, é que 
        os leitores deveriam consagrar um pouco mais do seu tempo à leitura dos 
        jornais. As sondagens revelam-nos que muitos deles não lêem mais do que 
        os títulos.  Como familiarizar-se com as questões importantes da nossa 
        época  se não se lê o que diz respeito à vida política, nacional ou 
        internacional? Importa, pois, saber dar um mínimo do seu tempo à leitura 
        do quotidiano na vida de todos os dias. 
        
        O segundo ponto, é o de obter jornais que tenham uma maior preocupação 
        com a dignidade do seu público, e em particular com a verdade. Todo o 
        leitor tem o direito e o dever de escrever a um director de um jornal 
        se  entender poder censurá-lo por não ter respeitado a verdade. Certos 
        jornais vendidos às centenas de milhares de exemplares parecem ter um 
        desprezo absoluto pela verdade. Quer se trate de questões políticas ou 
        de assuntos privados, sobretudo se são explosivos, borrifam-se 
        plenamente para a verdade quando a história lhes parece divertida de 
        contar. Isto é inadmissível. O poder dos leitores a este respeito é 
        muito maior do que geralmente se pensa. As suas cartas dirigidas à 
        direcção de um jornal têm muitas vezes um resultado sério. 
        
        Para concluir, gostaria de responder claramente à questão que há pouco 
        punha a mim mesmo. Sim, penso que se pode, mesmo com grandes tiragens, 
        ter uma imprensa de qualidade, nas condições que indiquei. Em todo o 
        caso é necessário desejá-lo.  Seríamos culpados de abandonar como um 
        caso desesperado esta imprensa, muitas vezes bastante vulgar porque o 
        público que a compra se resigna; está na possibilidade de cada um de nós 
        fazer um esforço para remediar esta situação, de tal modo que uma 
        imprensa de qualidade permita tirar o homem de preocupações demasiado 
        estreitas, para o fazer participar um pouco mais na vida do mundo. 
        
        P. DENOYER, Ce que réclame le lecteur d'aujourd'hui, in: "Aspects 
        de la Société Française", pp. 215-218. 
          
        
          
        
        Texto 5
 
        
        A electrónica e a informática trouxeram novos meios ao escritório, 
        tornando a comunicação, a informação e a eficiência administrativas mais 
        rápidas e completas. Vários são os produtos e serviços que estas duas 
        tecnologias colocaram ao dispor da gestão empresarial. 
        
        O audifone permite a uma empresa ou a qualquer serviço, a partir 
        de uma linha telefónica única, difundir informações a um grande número 
        de pessoas que a chamam simultaneamente. 
        
        Basicamente, o audifone funciona da seguinte maneira:  as 
        telecomunicações colocam, nas centrais telefónicas, difusores que se 
        adaptam de maneira muito flexível ao volume das chamadas. 
        
        Cada caixa difusora possui um ou dois circuitos de recepção da modulação 
        sonora (quatro por circuito) e de um a oito circuitos de modulação para 
        os auditores.  O aparelho permite todo o tipo de configurações até à 
        transmissão de uma mesma modulação para 32 canais. É possível reunirem-se 
        vários dispositivos de 32 canais no mesmo número. As aplicações do audifone consideradas mais comuns são as de promoção de um produto ou de 
        um serviço (preço, características, postos de venda), informações úteis 
        e recreativas ou de referência (farmácias, táxis, aviões, espectáculos, 
        edições). 
        
        A telescrita é outro produto recente. Permite a dois 
        interlocutores afastados trocarem simultaneamente e a grande distância 
        informações gráficas. O sistema permite trabalhar-se em conjunto e 
        trocar impressões e comunicações. Consiste esquematicamente numa placa 
        electrónica
        ─ 
        prancheta, dotada de teclas que permitem seleccionar cores, designar um 
        ponto qualquer no ecrã do televisor de recepção através de um «spot» 
        luminoso, safar parte de um desenho ou palavras, memorizar dados 
        gráficos. A esta placa está associado um processador que assegura a 
        gestão do sistema, particularmente a codificação das informações 
        gráficas, a sua emissão e recepção.  O ecrã de recepção é constituído 
        por um vulgar monitor de TV. A telescrita pode funcionar conjuntamente 
        com a teleconferência e tem-se revelado muito útil para as empresas 
        gráficas, para os criadores gráficos e, também, para as pessoas com 
        deficiências auditivas. Uma característica interessante é a dos 
        terminais de telescrita e videotex poderem ser integrados, para 
        receberem e indicarem visualmente e de uma maneira simultânea páginas de 
        informações do tipo videotex. 
        
        A teleconferência vai tornar-se, num mundo muito denso de 
        transportes e cada vez com uma maior exigência de celeridade e poupança 
        de tempo, numa ferramenta de comunicação para a empresa. 
        
        A comunicação entre grupos e equipas, indispensável à vida económica 
        moderna, apresenta alguns factos contraditórios como a necessidade de, 
        trabalhando-se em grupo, se multiplicarem contactos e reuniões e, por 
        outro lado, a necessidade de dividir e descentralizar a gestão, o que 
        obriga a que haja sempre contacto entre grupos e pessoas.  Portanto,  a 
        necessidade de contacto é cada vez mais premente. Perante estas 
        dificuldades só há duas maneiras de resolvê-las: ou da forma tradicional, 
        que é a deslocação de pessoas e grupos, comportando isso perdas de tempo 
        e gastos continuados com transportes ou, para reuniões mais frequentes, 
        utilizar a teleconferência. 
        
        Com efeito, este meio permite que se efectuem reuniões de trabalho entre 
        dois grupos afastados mesmo que longinquamente, ou mesmo três ou quatro 
        grupos. Os participantes sentam-se em redor de uma mesa dotada de 
        microfones e altifalantes e dialogam livremente entre si como se 
        estivessem numa reunião convencional.  Para trocar documentos escritos 
        podem dispor de telecópia e, para executarem grafismos, dispõem ainda de telescrita. 
        
        Empresa que queira dotar-se de um sistema de teleconferência terá de 
        dispor de um espaço próprio para este tipo de reuniões. Trata-se de um 
        estúdio que, no seu tamanho "standard", terá 2 m2 e algum tratamento 
        acústico. Os gastos com a instalação deste sistema rapidamente são pagos 
        pelas poupanças em todo o género de deslocações. A rentabilidade da 
        teleconferência é ainda mais evidente se se levar em conta a 
        contabilização de custos em tempo de deslocações das pessoas. 
        
        Se a teleconferência permite a troca verbal e o intercâmbio de 
        documentos escritos ou grafismos, a videoconferência (ou vídeo-reunião) 
        juntar-lhe-á a imagem dos intervenientes. Cada participante não só ouve 
        como vê os outros. O sistema está adequado a reuniões de quatro a seis 
        pessoas e não há necessidade de operador de imagens, já que o sistema é 
        automático e funciona por simples digitação  da pessoa que está a falar. 
        O equipamento consta de dois monitores de TV, câmaras até ao máximo de 
        seis, microfones, centro de controlo e comutação automática de imagens
        ─ 
        pode eventualmente ser manual
        ─, 
        podendo juntar-se uma câmara vertical para leitura de documentos, 
        câmaras panorâmicas, telecopiador. Este sistema está em fase de 
        lançamento, tendo obtido por parte de grandes empresas boa aceitação. 
        Prevê-se que até ao final desta presente década a videoconferência 
        esteja implantada por toda a Europa, América do Norte e Japão. 
        
        Sendo estas as formas mais avançadas de comunicação à distância, não se 
        podem esquecer as formas mais convencionadas, as quais têm sido sujeitas 
        a uma enorme evolução tecnológica e continuam a prestar muitos e bons 
        serviços. Graças ao conjunto da informática e das telecomunicações, a 
        transmissão tele-electrónica de documentos está em pleno auge com o 
        desenvolvimento de novos serviços de comunicação e transmissão de textos. 
        
        Neste contexto, o telex continua, apesar da sua «antiguidade», a 
        prestar óptimos serviços. Entre o telex tradicional e o novo telex a 
        distância é grande. Em virtude da sua grande difusão e standardização, o 
        desenvolvimento e o futuro do telex estão assegurados. As novas 
        possibilidades introduzidas pela tecnologia permitem integrar no telex 
        uma caixa de accionamento de terminal, um teclado maior e mais versátil, 
        poligrafismo, maior velocidade de batida, diminuição de ruído, maior 
        simplificação técnica, incorporação de ecrã de visualização de texto, 
        grande capacidade de memorização, inter-relação com computador tornando-se 
        num periférico para a transmissão à distância. 
        
        A telecópia é outro procedimento que podemos considerar como 
        tradicional, nascido pouco depois do telex. Depois dos aparelhos de 
        transmissão analógica, chegaram os de transmissão através de codificação 
        binária, permitindo um serviço mais rápido e de melhor qualidade. A 
        impressão e transmissão são feitas através das técnicas numéricas e a 
        telecópia inclui funções de resposta automática como a identificação do 
        transmissor. 
        
        Outro produto telemático é o teletex, uma máquina de tratamento 
        de texto que elabora documentos e faz o tratamento de texto e os 
        transmite à distância através de redes de telecomunicações. O teletex 
        permite a compatibilidade entre máquinas - mesmo internacionalmente
        ─ 
        assegurando a transmissão de textos e documentos de memória a memória. 
        
        Alguns deste produtos e serviços ainda não estão implantados em Portugal 
        mas não tardarão a surgir. A receptividade das empresas aos meios 
        telemáticos é apreciável, tanto mais que se conclui pela sua grande 
        importância não só em termos de rapidez, como de economia de meios. 
        
        Haja em vista o que ocorreu com o telefax, uma telecópia prática 
        e expedita que permite, com bastante fidelidade, o envio de mensagens e 
        grafismos. A rede de telefax é já apreciável, após cerca de cinco anos 
        de existência entre nós. 
        
        O futuro do escritório como centro principal de gestão e dos negócios 
        passa necessariamente pela Telemática. 
        
        A «Escritório '90» e «Informática '90» procuram mostrar a todos os 
        interessados aquilo que é reflexo da mudança, desde o processador de 
        texto ao mobiliário mais moderno e ergonómico, passando pelo sempre 
        presente computador, cada dia mais utilizado e mais potente. 
        
        Extraído do destacável produzido por Publimédia e publicado no jornal 
        EXPRESSO de 29-Set.-1990. 
          
 
        
        [1] - Vejam-se textos exemplificativos no capítulo onde é abordada a 
            descrição.
 
          
            
            [2] - Acerca dos problemas da codificação estrutural da mensagem escrita 
            e das condições para a sua perfeita prática, veja-se, por exemplo, a 
            sugestão fornecida por J. D. Pinto Correia, na obra já citada, pp. 
            104-109. Segundo ele, a codificação estrutural da mensagem poderá 
            fazer-se de acordo com diferentes fases, que sinteticamente 
            transcrevemos:  1) - tema - Assunto; 2) - Várias ideias - 
            criatividade; 3) - Natureza da mensagem (intenção, nível de língua, 
            doseamento da lógica/expressividade); 4) - Plano  (de acordo com os 
            objectivos); 5) - Redacção da mensagem; 6) - 1ª revisão (coerência 
            interna); 7) - 2ª revisão (aperfeiçoamento); 8) - 3ª revisão (pormenores); 
            9) - Publicação ou apresentação do trabalho. |