Verdadeiramente, nunca fiz a viagem de Munique a Lubeque, como Tonio
Kröger. Mas fui, também do Sul (Friburgo) ao Norte (Travemünde) e não
nego que sempre com o fito de imitar este herói.
Em
Lubeque era quase tudo como nas descrições dos passeios de menino e da
visita de saudade de Tonio. Quase – porque o resto da realidade e
o estilo são de Thomas Mann, evidentemente. Desde a estação de caminho
de ferro ao Arco de Holsten e à ponte com as figuras mitológicas, que a
Guerra pouco danificou, até ao rio, à "rua ventosa" e ao Mercado, em que
a intromissão de um estilo moderno marca os estragos sofridos – tudo
varia pouco do descrito na novela. A Mengstrasse está ainda em
reconstrução e a casa dos Buddenbrooks – já no tempo de Mann
visita obrigatória dos turistas – é uma Volksbank (já não uma
Volksbibliothek!) – o que se adapta muito melhor ao ser da velha
família. Trata-se de uma casa patrícia, completamente arrasada durante a
última Guerra, mas reconstruída "pedra por pedra", com um amor não raro
na Alemanha. Mas amor a Thomas Mann? Não. Os habitantes
/ IV /
de Lubeque, "amuados" desde a publicação dos "Buddenbrooks", em que viram
só uma caricatura de tipos, nunca mais perdoaram "o delito da ovelha
negra". Se fizeram do Mann já "estrangeirado" cidadão honorário
da sua própria cidade natal (o último golpe da ironia!), parece que nem
mesmo depois da morte esqueceram a antiga "falta": quando ainda o ano
passado (1959) se quis dar a um liceu feminino de Lubeque o nome de
Buddenbrook-Schule, a imprensa local protestou, com vigor
"chauvinista"...
Da Travemünde de Tony, de Tonio Kröger e de Krull, a
praia querida da infância de Mann, avista-se o Báltico e adivinha-se a
terra de Hamlet e dos Blauängigen. A nossa romagem não esqueceu
também o Kurhaus
e aquelas ondas dos "sonhos
estivais"...
A possibilidade de ter feito estas e outras deambulações
bem como a estadia na Alemanha e a frequência da Universidade de Friburgo
durante dois semestres, deve-se em boa parte ao
Prof. Dr.
/ V / PROVIDÊNCIA COSTA,
para quem vão também os meus agradecimentos pela sua dedicação como
Director e orientador de trabalhos.
Ao Prof.
Dr. ALBIN BEAU, agradeço reconhecidamente, sobretudo pelo interesse e
acção quando do concurso à bolsa a que me refiro atrás, e pelo
esclarecimento de várias dúvidas, surgidas já durante a redacção do
trabalho.
Agradeço
ainda ao Dr. DIETER WOLL, antigo leitor em Coimbra, além de tudo, pelo
interesse sempre mostrado; e ao Dr. HABEL, assistente em Friburgo, pelas
sugestões e facilidades concedidas.
Os meus
agradecimentos vão, finalmente, e de uma maneira geral, para todos os
que, em Portugal ou na Alemanha, fora ou dentro das universidades, com a
sua compreensão humana e conselhos valiosos, sempre me encorajaram.
É para
eles este trabalho, mas só se porventura disso for digno. |